Como amplamente esperado, o Banco Central, em mais uma reunião de seu Comitê de Política Monetária (Copom), elevou a taxa Selic em 0,75 p.p. para 4,25% ao ano, subindo pela terceira vez no ano os juros básicos brasileiros.
O destaque foi a remoção da referência à normalização parcial da taxa de juros, indicando que encerrará o ciclo com a Selic no patamar neutro, em linha com o cenário base do time de Economia da XP.
Nossa visão: continuamos otimistas com a Bolsa
Para a Bolsa, vários investidores nos perguntam se a alta da taxa de juros impactará a trajetória do Ibovespa e, principalmente, se afetará o fluxo de renda fixa para ações.
Primeiramente, o dividend yield (rendimento de dividendos) das empresas do Ibovespa, que foi bem abaixo da taxa Selic ao longo dos últimos vinte anos, continua em níveis bem competitivos com a taxa básica de juros, apesar da sua alta recente.
Além disso, os juros reais (juros nominais subtraído da inflação) devem continuar próximos de zero. Levando em consideração que a nossa expectativa de inflação é em 6,2%, e da Selic em 6,5% para o final de 2021, as taxas reais continuarão baixas, prevendo ainda um baixo retorno real para investidores em renda fixa.
Ações pagadoras de dividendos ainda superam taxa de juros; saiba quais são elas
Apesar da alta na taxa Selic, de 3,50% para 4,25% ao ano, as ações conhecidas por distribuir bons e recorrentes dividendos ainda superam a taxa básica de juros.
Nesse sentido, os rendimentos de dividendos acima da taxa de juros para algumas empresas são vistos como uma boa oportunidade pois os investidores possuem uma “garantia” de retorno, além de seus possíveis ganhos com a performance da ação. Ou seja, além da possibilidade de ganho de capital, o investidor conta também com uma rentabilidade adicional na forma de proventos.
Dessa forma, listamos as 18 ações da nossa cobertura que podem pagar um dividend yield (rendimento dos dividendos) acima de 4,5% ao ano. Confira:
Entenda melhor as maiores pagadoras de dividendos da nossa cobertura:
AES Brasil (AESB3) - Compra
Setor de atuação: geração de energia elétrica
A AES Brasil (antiga AES Tietê TIET11) usualmente apresenta lucros consistentes, embora possa haver um certo grau de volatilidade dependendo da incidência de chuvas. Em 2020 a companhia apresentou um payout de 88% que se traduz em um dividend yield de 5,4% no ano, o que reforça nossa visão de que a AES Brasil é uma das nossas preferidas como pagadora de dividendos. Estimamos um dividend yield de 8,5% em 2021-22 para as ações. Temos recomendação de compra em AESB3 com preço-alvo de R$ 18/ação.
Banco do Brasil (BBAS3) - Compra
Setor de atuação: Financeiro
O banco combina: i) preço atrativo, pela sua carteira de crédito defendida e pela soma das partes atraente; e ii) uma frente digital competitiva. Desta forma, acreditamos que haja poucas avenidas de crescimento de valor ao banco, tornando a distribuição de dividendos uma alternativa atrativa. Devido ao limite de distribuição de dividendos imposto pelo Banco Central em 2020, estimamos um payout de 50% em 2021 e vemos um dividend yield de 7,1%. Temos recomendação de Compra para Banco do Brasil e preço-alvo de R$ 43/ação.
BB Seguridade (BBSE3) - Compra
Setor de atuação: financeiro
Esperamos que a seguradora se beneficie principalmente de: i) crescimento de prêmios impulsionado pela retomada da atividade econômica; e ii) da capacidade de distribuição pelas agências do Banco do Brasil. Desta forma, dada a baixa necessidade de capital, a BB Corretora apresenta margens altas impulsionando os retornos da companhia. Portanto, vemos um dividend yield de 6,7% em 2021 e temos recomendação de Compra para a BB Seguridade com preço-alvo de R$ 35/ação.
CESP (CESP6) - Compra
Setor de atuação: geração de energia elétrica
A companhia vem reforçando sua sólida geração de caixa nos últimos trimestres. Com isso, acreditamos que a companhia deve continuar a distribuir pelo menos o dividendo mínimo de R$1,85/ação previsto pelo seu estatuto. Em 2020 a companhia atingiu uma distribuição de 49% sobre o lucro líquido, reforçando a nossa visão de que a CESP é uma das nossas preferidas como pagadora de dividendos. Estimamos um dividend yield de 7,6% entre 2021 e 2022. Reiteramos nossa recomendação de Compra na CESP, com um preço-alvo de R$ 36/ação.
Copel (CPLE6) - Compra
Setor de atuação: geração de energia elétrica
A companhia divulgou uma nova e robusta política de dividendos em janeiro de 2021. De acordo com a nova política as propostas de dividendos regulares serão calculadas conforme os critérios: (i) alavancagem abaixo de 1,5x = 65% do Lucro Líquido Ajustado, (ii) alavancagem entre 1,5x e 2,7x = 50% do Lucro Líquido Ajustado e (iii) alavancagem acima de 2,7x = 25% do Lucro Líquido Ajustado. Com isso, estimamos um dividend yield de 12,4% em 2021-22 para CPLE6. Mantemos nossa recomendação de Compra nas ações da Copel, com um preço-alvo de R$ 7,5/ação para CPLE6 e R$ 37,50/unit para CPLE11.
CSN Mineração (CMIN3) - Compra
Setor de atuação: mineração
Acreditamos em um forte potencial de valorização das ações da CSN Mineração e é a nossa top pick do setor de mineração. Na nossa visão, a forte geração de caixa, aliada à manutenção do preço do minério de ferro em patamares elevados e alavancagem baixa deverá render altos dividendos aos acionistas. Estimamos um retorno com dividendos de 15,1% em 2021, considerando um preço de minério de ferro médio em US$135/t (vs. US$220/t atualmente) e um payout de 80% do Lucro Líquido da companhia. Em termos de valuation, também vemos as ações em patamares atrativos, negociando a 3,2x EV/EBITDA 2021 (vs. média do setor em 5,5x). Temos recomendação de Compra para CMIN, com preço-alvo de R$14/ação.
Cyrela (CYRE3) - Compra
Setor de atuação: incorporadora
Vemos a Cyrela bem posicionada para o ciclo imobiliário positivo para os próximos anos pela combinação de: i) extenso banco de terrenos; ii) execução sólida e executivos com vasta experiência no mercado imobiliário; iii) exposição a diversos segmentos (da baixa até alta renda). Ainda, a combinação de forte geração de caixa e balanço patrimonial sólido deve continuar alimentando as robustas distribuições de dividendos para os próximos anos. Dito isso, recomendamos compra e preço-alvo de R$33,0/ação.
Engie (EGIE3) - Neutro
Setor de atuação: geração de energia elétrica
A Engie Brasil se destaca por sua capacidade diferenciada de se proteger de efeitos hidrológicos adversos, somada a sua diversificação de portifólio com a entrada nos setores de transmissão de energia e transporte de gás. Acreditamos que a companhia deverá manter uma prática de distribuição de 100% do Lucro Líquido aos acionistas em 2021, assim como ocorreu em 2020. Estimamos um dividend yield 9,6% em 2021. Temos recomendação neutra em EGIE3 com preço-alvo de R$ 44/ação.
Isa CTEEP (TRPL4) - Neutro
Setor de atuação: transmissão de energia elétrica
O segmento de transmissão de energia é baseado em receitas fixas corrigidas pela inflação e margens elevadas, proporcionando um estável fluxo de dividendos. Além disso, a CTEEP recebe elevados fluxos de caixa como indenizações relacionadas a ativos não amortizados existentes até maio de 2000 (denominados RBSE). Também notamos que a CTEEP tem, desde 2018, uma política de dividendos que prevê a distribuição de, no mínimo, 75% do lucro a acionistas, desde que o endividamento se mantenha sob controle. Dado que a CTEEP é uma companhia com poucas dívidas, não descartamos o pagamento de dividendos extraordinários no futuro. Estimamos um dividend yield de 5,5% em 2021.
Vale (VALE3) - Compra
Setor de atuação: mineração
Seguimos otimistas com Vale e com a manutenção dos preços de minério de ferro em patamares elevados. Por um lado, esperamos que os estímulos econômicos na China mantenham a demanda pela commodity. Já do lado da oferta, esperamos um cenário mais desafiador, com a produção no Brasil próxima ao fundo do guidance das mineradoras brasileiras. Esperamos um retorno com dividendos mínimo de 6,0% em 2021, considerando um preço de minério de ferro médio em US$135/t (vs. US$220/t atualmente). Nós estimamos os dividendos aplicando a política retomada recentemente pela companhia: 30% da diferença entre o EBITDA e os investimentos em manutenção. Em termos de valuation, vemos as ações em patamares atrativos, negociando a 3,4x EV/EBITDA (vs. média do setor em 5.5x), abaixo de sua média histórica. Reiteramos nossa recomendação de Compra para a Vale, com preço-alvo de R$122/ação.
Entenda mais sobre os dividendos:
O que são dividendos?
Dividendos são uma parte do lucro de uma determinada empresa que é distribuído aos seus acionistas.
De acordo com a Lei das S.A., as empresas de capital aberto têm que distribuir no mínimo 25% dos seus lucros a acionistas.
Tal lucro também pode ser distribuído na forma de Juros Sobre Capital Próprio (JCP). Esta é uma forma diferente de distribuir os lucros de uma empresa entre os seus acionistas.
Qual é a diferença entre dividendos e Juros sobre Capital Próprio?
O JCP é tributado em 15% pela Receita Federal na data do depósito, enquanto dividendos são isentos de tributação.
Como funciona a distribuição de dividendos?
Primeiro, o Conselho de Administração da companhia verifica se a empresa obteve lucro ao longo do exercício para distribuir uma parte aos acionistas.
Em afirmativo, a empresa deve deliberar sobre os dividendos a distribuir, e informar publicamente os valores e datas de pagamento.
A periodicidade de pagamento de dividendos varia de empresa para empresa, podendo ser mensal, trimestral ou anual.
O que é dividend yield?
O cálculo do dividend yield é feito com base na divisão do valor esperado em dividendos pelo preço das ações.
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