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Caso esteja iniciando sua jornada na Renda Fixa, recomendamos começar pelo conteúdo “Renda Fixa: O que é preciso saber?“
A partir desta edição do relatório, incluiremos mais informações a respeito do mercado secundário de crédito privado.
Renda Fixa: tudo sobre o que passou e o que esperar.
O mês de maio teve como principais destaques a redução da incerteza global a respeito do covid-19 e seus efeitos, com algumas economias reabrindo, o que animou os mercados (inclusive o brasileiro). Com isso, as curvas DI futuro e NTN-B apresentaram fechamento em todos os vértices, tendo efeito sobre preços dos títulos de renda fixa. O Banco Central decidiu por novo corte na taxa básica de juros, Selic, de 0,75 ponto percentual, chegando a 3,0%. Continuamos vendo captação forte de ativos mais conservadores, como a poupança e Tesouro Direto, além de CDBs. O mês apresentou volume menor de emissão de debêntures, o que pode ser explicado pelo ambiente ainda relativamente incerto e pela corrida por liquidez que aconteceu em abril. O prazo médio das emissões continuou baixo, em cerca de 3 anos. O mercado secundário apresentou redução no volume de negociações em relação a abril e os spreads de crédito de ativos AAA apresentam tendência de queda. No mês, tivemos poucas ações de rating, após mês de abril intenso nesse sentido.
Para os próximos meses, esperamos novo corte na Selic, que deve terminar o ano em 2,25%. Com economias globais reabrindo e o Brasil possivelmente seguindo a mesma trajetória, é possível que as empresas tenham melhora em seus resultados, mesmo que gradual. Os temores são de uma segunda onda global do vírus e, no mercado local, que a abertura seja precipitada, o que pode ter efeitos piores para a economia. Além disso, continuam as preocupações com a situação fiscal. Caso o sentimento mais otimista perdure, podemos voltar a ver novas emissões de dívidas com prazos mais longos, uma vez que a aversão a risco se reduziria. Em relação aos spreads de crédito, continuaremos monitorando para entendermos se já existe uma tendência de fato e qual seria o “novo normal” para os prêmios de risco, que servirão então de base para novas emissões.
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Alocação recomendada
Ativos de renda fixa são recomendados para todos os perfis de investidor. O que muda, basicamente, são três quesitos importantes: o tipo de ativo, o indicador e o percentual a ser alocado. Ou seja: é muito importante manter uma carteira diversificada.
A alocação recomendada em renda fixa para cada perfil de investidor em nosso relatório Onde Investir em Junho é a seguinte:
No Radar
Destaques do mês de maio
- Novo corte na taxa Selic, de 0,75 ponto percentual, para 3,0%.
- Manutenção da curva DI futuro, embora em patamares reduzidos, continuando a refletir expectativas de novos cortes de juros no curto-prazo.
- Inclinação da curva NTN-B.
- Reabertura de economias.
- Revisão das nossas expectativas para o cenário econômico.
Como agir?
- Ainda esperamos novos cortes na Selic em 2020 e que os juros continuem baixos por mais tempo.
- Por isso, a recomendação é de busca por diversificação.
- O cenário atual exige maior cautela em relação ao perfil de risco dos emissores.
- Escolha sempre de acordo com seu perfil.
- No caso de investimentos de prazos mais longos, preferimos ativos indexados à inflação, possibilitando ganhos reais (acima do IPCA).
Veja nossa visão sobre os impactos do coronavírus na renda fixa
O mercado de Renda Fixa
Poupança
No mês de maio, a captação líquida da Poupança ficou positiva novamente, em R$ 37 bilhões. No ano, a Poupança apresenta captação líquida de R$ 63,9 bilhões.
Apesar de acreditarmos que parte dessa captação possa vir de investidores buscando ativos conservadores, vale ressaltar que o auxílio emergencial que vem sendo pago pelo governo a trabalhadores por causa da crise do covid-19 é transferido para a conta-poupança das pessoas. Entre os dias 27 de abril e 3 de junho, R$ 76,7 bilhões já tinham sido liberados.
Considerando a taxa Selic em sua mínima histórica, combinada ao rendimento da caderneta de poupança, de apenas 70% dessa taxa, essa aplicação fica cada vez menos atraente.
Veja mais sobre comparações do investimento em Poupança em relação a outras aplicações também conservadoras, como o Tesouro Selic e emissões bancárias.
Tesouro Direto
Captação Líquida
No caso do Tesouro Direto, em abril (último dado disponível) houve captação líquida recorde, de R$ 1,6 bilhão.
O principal ativo comprado por investidores foi o Tesouro Selic, historicamente o mais buscado. Isso casa, em nossa visão, com a busca por ativos mais conservadores pelos investidores, dado o cenário de incerteza e de aversão a risco.
Em linha com as elevadas compras de Tesouro Selic, com vencimento em 2025, em abril os investidores buscaram ativos de prazos mais curtos em sua maioria, entre 1 a 5 anos.
Outro destaque foi o aumento na participação de investidores mais jovens, que provavelmente passam a enxergar a importância de uma boa base para o futuro e que por isso têm boa probabilidade de passar a se interessar mais pelo tema e continuar investindo (seja no Tesouro ou em outros ativos).
Rentabilidade
No mês de maio, quase todos os títulos negociados no Tesouro Direto apresentaram valorização. Isso se deve principalmente ao alívio nas expectativas para os juros no futuro (veja em “No Radar”) ao longo de toda a curva DI.
Vale notar, no entanto, que as rentabilidades, principalmente de ativos mais longos, estão mais elevadas do que no início do ano/antes da crise do covid-19. Isso representa uma oportunidade para quem busca ativos conservadores a taxas atraentes.
Entenda mais sobre a relação entre preços dos títulos e os juros aqui.
Emissões Bancárias
O estoque de emissões bancárias apresentou evolução de 4,5% no mês de maio em relação a abril de 2020.
O principal destaque foi novamente o aumento em CDBs, da ordem de 6% no mês. Atribuímos o contínuo crescimento à necessidade de captação dos bancos em um cenário de incerteza, com maior necessidade de liquidez, combinado ao interesse de investidores por ativos de menor risco.
Do lado negativo, o estoque de LCI caiu 1,5% no mês, possivelmente como reflexo de atividade imobiliária mais fraca.
Crédito Privado
Mercado Primário
Estoque (DEB, CRI e CRA), indexadores e emissão de debêntures
O estoque de ativos de crédito privado se manteve praticamente constante no mês de maio em relação a abril.
Como pode ser visto no segundo slide (acima), ativos pós-fixados continuam predominando tanto no estoque quanto em novas emissões de debêntures.
No terceiro slide, vemos que a emissão de debêntures (incentivadas ou não) atingiu R$ 5,3 bilhões no mês, sendo quase um quarto do volume emitido no mês de maio de 2019 e metade do que foi emitido no mês passado.
Isso pode ser explicado por dois fatores:
- Em abril, muitos emissores foram a mercado para garantir liquidez em um momento de forte incerteza pela crise do covid-19.
- Em maio, menos emissores tinham a necessidade de reforço de liquidez, dado o movimento de abril, o que reduziu o volume emitido no mês.
O prazo médio das emissões do mês caiu novamente em maio, para 2,9 anos. Esse prazo médio relativamente curto, principalmente ao compararmos com o pré-crise, que estava em cerca de 7 anos, pode ser explicado pelos fatores acima. Resumidamente, empresas buscando reforço de caixa.
No entanto, como taxas ainda não haviam voltado aos patamares do começo do ano, os prazos são curtos para possibilitar refinanciamento no curto prazo, quando se espera que o mercado esteja mais favorável aos emissores.
Além disso, dado o cenário adverso que atravessamos atualmente, o apetite ao risco se reduziu, portanto novas emissões devem continuar saindo com prazos mais curtos do que no começo do ano.
Debêntures incentivadas
O volume emitido de debêntures incentivadas, com foco em financiamento à infraestrutura e isentas de imposto de renda, apresentou aumento em maio, em razão de uma emissão de R$ 310 milhões do setor de saneamento (Manaus Ambiental) e de R$ 800 milhões do setor de transporte (Rumo S.A.).
Acreditamos que a tendência de alta de emissões deva continuar, embora provavelmente com certa lentidão dado o cenário atual. Apesar de nossa expectativa de recessão para este ano, investimentos em infraestrutura serão importantes para a retomada da economia. Além disso, entendemos que a participação privada nos projetos reduz riscos de execução, o que reforça nossa visão.
Mercado secundário
Fluxo
No mês de maio, o volume negociado de debêntures no mercado secundário atingiu R$ 15,9 bilhões (vs. R$ 29 bilhões em abril). Os ativos mais negociados foram novamente do setor elétrico.
No caso de CRIs, o volume de negociação foi de R$ 1,3 bilhão em maio e para CRAs, o volume negociado foi de R$ 1,6 bilhão. As maiores negociações foram o CRI SER Educacional e o CRA Zilor.
O que pode ajudar a explicar a redução nos volumes é o fechamento dos spreads de crédito, diminuindo as rentabilidades dos ativos de forma geral. Além disso, os resgates de fundos de crédito diminuíram em relação a março e abril, o que teve efeito sobre os negócios do mercado secundário.
Próximos vencimentos
No mês de junho, são esperados R$ 2,3 bilhões em vencimentos de debêntures, mas é possível enxergar no gráfico acima que a concentração de vencimentos se dará em dezembro, com mais de R$ 11 bilhões.
Spreads de crédito
Em maio, pudemos ver um movimento de fechamento de spreads de crédito de alguns emissores AAA após dois meses de alta como resultado de um mercado mais estressado com a crise do covid-19.
O que pode ajudar a explicar a tendência para os ativos mencionados é o fato de serem nomes conhecidos e, portanto, que costumam ter maior volume de negociação.
Acreditamos ser necessário continuar acompanhando os movimentos antes de entendermos se há uma tendência e qual seria o “novo normal” em termos de prêmio de risco de crédito.
Ratings
No mês de maio, foram realizadas principalmente ações de mudança de perspectiva, em sua maioria negativas, em grande parte por decorrência dos desdobramentos da crise do covid-19.
Essas foram as ações de ratings das principais agências de classificadoras de risco no mês:
Veja mais
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