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Tudo sobre Renda Fixa em março de 2022 (e o que esperar)

Leia aqui sobre os principais indicadores macroeconômicos e como impactam os produtos de renda fixa, além do desempenho de títulos públicos e o que esperar para os próximos meses.

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Caso esteja iniciando sua jornada na Renda Fixa, recomendamos começar pelo conteúdo “Renda Fixa: O que é preciso saber?

Renda Fixa: tudo sobre o que passou e o que esperar.

No mês de março, a curva de juros futuros apresentou elevação nos prazos curtos e queda na parte de vencimentos médios e longos. As taxas de curto prazo acompanharam as sinalizações de política monetária pelo Banco Central de fim do ciclo de alta da Selic em 12,75% no mês que vem. Já as taxas mais longas reverteram a tendência de alta dos últimos meses com ajuda da apreciação do câmbio e alívio no preço de commodities. Essa dinâmica de juros impactou positivamente os títulos prefixados e IPCA+ do Tesouro.

Mais uma vez, os resgates na caderneta de poupança sinalizaram um aperto na renda dos brasileiros. Mesmo com os dados de desemprego caindo, o rendimento real médio apresentou queda, prejudicado ainda pela inflação elevada. O volume de emissões de debêntures incentivadas e comuns acelerou em março, e os volumes de negociações de debêntures, CRIs e CRAs também ganharam tração em comparação com os dois primeiros meses do ano. Nas ações de ratings, sinais equilibrados de elevações e rebaixamentos, com destaque para o volume de novas classificações atribuídas, o que é uma evidência de aquecimento nas emissões novas.

Para os próximos meses, esperamos um cenário de aperto monetário mais agressivo pelo FED (banco central americano) em resposta ao ambiente inflacionário global, agora agravado pelos impactos da guerra na Ucrânia e sanções do ocidente à Rússia. Aqui no Brasil, o arrefecimento do câmbio e discurso persistente do Banco Central de encerrar o ciclo de alta da taxa Selic na reunião do COPOM de maio deve manter a parte curta da curva de juros mais ancorada, porém ainda com volatilidade na parte média e longa. Esperamos agora que a Selic chegue em 12,75% e fique estável até ao final de 2022, e projetamos 8,25% para o fim de 2023.

No Radar

Destaques do mês de março:

  1. A curva de juros, que sofreu elevações consecutivas nos últimos meses, apresentou queda nas taxas com alívio no câmbio e preço internacional das commodities.
    • Com isso, os títulos de renda fixa prefixados e atrelados à inflação compensaram parte das perdas do ano.
  2. A inflação corrente mais alta que o esperado e os impactos mais duradouros da guerra elevaram nossas projeções de inflação. Câmbio mais apreciado e energia elétrica mais baixa ajudam a conter o avanço dos preços, mas projetamos IPCA de 7,0% em 2022 e 4,0% em 2023.
  3. Mantemos nossa projeção para o pico da Selic em 12,75%. Conforme o aperto monetário vai fazendo efeito, entendemos que o Banco Central encontrará espaço para iniciar um ciclo de redução de juros apenas no ano que vem.

Como agir?

  1. O momento requer cautela em relação ao prazo do investimento: busque prazos de médio a curto, dada a incerteza à frente.
  2. Para investimentos de curto a médio prazo, preferimos ativos pós-fixados, que acompanharão a esperada elevação na Selic. Mantivemos as alocações bem similares ao mês passado.
  3. Recomendamos também uma pequena parcela de ativos prefixados, que apresentam hoje taxas atraentes. Esses ativos podem se beneficiar de eventual redução nos juros e inflação esperados em relação à precificação atual na curva. Porém, recomendamos para aplicações que sejam levadas até o vencimento.
  4. No caso de investimentos de prazos um pouco mais longos, continuamos preferindo ativos indexados à inflação, possibilitando ganhos reais (acima do IPCA). Estratégia reforçada agora que aumentamos nossa projeção de inflação também.
  5. Trazemos indicações de alocação em nosso relatório Investindo na Renda Fixa: Abril 2022.

O mercado de Renda Fixa

Poupança

No mês de março, a Poupança apresentou captação líquida negativa em R$ 20,8 bilhões. Foi uma redução no estoque de poupança que faz o primeiro trimestre de 2022 já ser mais contracionista na caderneta do que o ano de 2021. Esse comportamento é relacionado ao nível de atividade econômica em desaceleração e a inflação em alta. Apesar de o desemprego estar diminuindo nesse começo de ano, o rendimento médio salarial do brasileiro está em queda.

Considerando a taxa Selic em 11,75%, combinada ao rendimento da caderneta de poupança de apenas 0,5% ao mês, essa aplicação é pouco atraente.

Veja mais sobre comparações do investimento em Poupança em relação a outras aplicações também conservadoras, como o Tesouro Selic e emissões bancárias.

Tesouro Direto

Captação Líquida

No caso do Tesouro Direto, em fevereiro (último dado disponível) houve captação líquida de R$ 1,5 bilhão. O principal ativo comprado por investidores continuou sendo o Tesouro Selic, com quase 60% das vendas, devido à elevação na taxa básica de juros, seguido de Tesouro IPCA+ com 28,8%.

O número de investidores cadastrados no programa teve acréscimo de 430 mil novos entrantes, uma desaceleração frente ao mês de janeiro que contou com 340 mil novos cadastros.

Nos investidores mais atuantes no Tesouro Direto o destaque são para os mais jovens, cujo percentual dos investidores abaixo de 25 anos é de mais de 35% do total.

Desde janeiro de 2022, a taxa de custódia dos títulos passou de 0,25% para 0,20% ao ano, fator positivo para os investidores.

Consideramos o Tesouro Direto uma excelente porta de entrada ao mundo dos investimentos. Sendo assim, o crescimento é um bom indicativo não apenas para esta aplicação, mas para investimentos como um todo.

Rentabilidade

Os títulos do Tesouro Direto tiveram resultados positivos de rentabilidade no mês de março, devido a tendência de queda das taxas de juros nominais e reais nas duas últimas semanas do mês.

Os títulos pós-fixados, Tesouro Selic 2025 e 2027, encerraram com valorização no mês, com destaque para o vencimento mais curto que, por conta do fechamento da parcela prefixada, obteve valorização de mais de 1% em março.

Já as séries prefixadas e indexadas à inflação (IPCA+), recuperaram parte das perdas no acumulado dos últimos 12 meses com o recuo das taxas negociadas. Nos vencimentos mais longos, acima de 10 anos, foi possível observar rentabilidade acima de 3% no mês de março.

O Tesouro Direto realizou em fevereiro uma readequação dos títulos disponíveis, alongando alguns dos prazos das séries disponíveis para compra.

Quando ocorrem valorizações nos títulos, enxergamos que podem representar oportunidades de ganhos de capital para quem já possui os ativos, uma vez os preços dos títulos subiram. No entanto, vale ponderar se a realização dos ganhos é necessária neste momento ou quais as alternativas de alocação deste montante.

Por outro lado, desvalorizações podem representar oportunidade de compra de títulos a taxas mais elevadas, desde que faça sentido para a composição da carteira do investidor. Vale reforçar que, neste momento, cautela é a palavra-chave, dado o ambiente de incertezas em que estamos inseridos.

Entenda mais sobre a relação entre preços dos títulos e os juros aqui.

Emissões Bancárias

Em março, tivemos aumento de estoque valorizado de maioria das emissões bancárias, com exceção das Letras de Câmbio (LC), mantendo a tendência de queda dos últimos meses.

As maiores elevações se deram ao Certificado de Depósito Bancário, Letra Financeira e Letra de Crédito do Agronegócio, com aumento respectivo de R$ 42 milhões, R$ 16,1 milhões e R$ 15,7 milhões.

Crédito Privado

Saiba tudo sobre crédito privado

Mercado Primário

Estoque (DEB, CRI e CRA) e emissão de debêntures

Os principais ativos de crédito privado cresceram o seu estoque valorizado em março, em comparação com os últimos 12 meses.

Vemos que a emissão de debêntures (incentivadas ou não) atingiu R$ 20,7 bilhões no mês, mais que o dobro do mês de janeiro que teve R$ 7,5 bilhões. O prazo médio das emissões caiu de 5,8 anos para 5,5 no mês contra mês. O encurtamento de prazo de emissões geralmente indica menor apetite a risco pelo mercado, porém a amostragem ainda é pequena para afirmar que este foi o motivo da redução no prazo médio. Outro fator que pode influencias são as taxas mais elevadas na curva de juros, devido aperto monetário dos próximos dois anos a frente pelo Banco Central.

Debêntures incentivadas

O volume emitido de debêntures incentivadas, com foco em financiamento à infraestrutura e isentas de imposto de renda, somou R$ 1,17 bilhão março. Tivemos quatro emissões, sendo três do setor de energia, somando R$ 895 milhões, e uma do setor de transportes de um total emitido de R$ 275,2 milhões.

Mercado secundário

Fluxo

No mês de março, o volume negociado de debêntures no mercado secundário atingiu R$ 33,9 bilhões (vs. R$ 24 bilhões em fevereiro), sendo R$ 21,3 bilhões em não incentivadas e R$ 12,6 bilhões em incentivadas. O principal destaque em debêntures não-incentivadas foi a debênture da BB Leasing Arrendamento Mercantil (BBLS13) e em incentivadas a debênture da EDP São Paulo Distribuidora de Energia (EBENA1).

No caso dos certificados de recebíveis, para os CRIs, o volume de negociação foi de R$ 10,1 bilhões (vs. R$ 6,6 bilhões em fevereiro), com destaque para o CRI da General Shopping III. Para CRAs, o volume negociado foi de R$ 4,5 bilhões (vs. R$ 4,3 bilhões em fevereiro), sendo o principal ativo negociado um CRA da Gaia.

Ressaltamos que ativos de crédito privado também podem apresentar risco mais elevado e, portanto, boas rentabilidades, sendo uma boa alternativa para quem busca diversificar a carteira.
Leia mais aqui.

Ratings

Essas foram as ações de ratings das principais agências de classificação de risco no mês, tanto para emissores quanto para emissões.

No mês de março, tivemos um volume significativo de novas classificações de créditos de emissores e emissões pelas agências, o que pode sinalizar demanda por captação de crédito no mercado.

Um ponto positivo para destacar é o maior volume de elevações de ratings em comparação com as ações de rebaixamento das notas.

Fonte: Fitch Ratings, S&P Global Ratings e Moody’s Local | Elaboração XP

Próximos vencimentos de Debêntures

Dentro dos próximos seis meses, destacamos o mês de agosto com a maior concentração de volume de debêntures a vencer, com mais de R$ 7,8 bilhões em estoque atual e sendo mais que o dobro da média dos cinco meses anteriores.

Nos próximos três meses, são quase R$ 10 bilhões de estoque em debêntures para vencer. Pode-se esperar que parte do volume a vencer nos próximos meses será reaplicado, aproveitando o momento de retornos atrativos, voltando ao mercado na forma de novas emissões também.

No mês de abril, é esperado R$ 4 bilhões em vencimentos de debêntures. O principal vencimento em volume é uma debênture da Eletrobras (ELET12) emitida em 2019.

Veja mais

Fontes

Anbima
Banco Central do Brasil
Tesouro Direto
CVM
Fitch Ratings
Moody’s
S&P Global Ratings
B3

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