O Banco Central elevou a taxa Selic para 3,50% ao ano, na reunião de 5 maio, diante das expectativas de inflação em alta e de incertezas no ambiente doméstico e externo. Nesse cenário, como proteger seus investimentos da alta da inflação ou mesmo preservar seu poder compra?
Existem diversos investimentos atrelados a índices de preços em que você pode ganhar com a alta da inflação. Confira abaixo as opções para ganhar com a alta de preços no Brasil e proteger seu patrimônio. Veja a live dos analistas da XP sobre a decisão do Copom e confira a perspectiva para a política monetária.
Preços em alta, poupança em baixa
O índice de inflação, medido pelo IPCA, acumula alta de 6,10% em 12 meses até março e a inflação projetada pelo mercado no Boletim Focus de 30 de abril, considerando a mediana das expectativas, era de 5,04% para o fim deste ano e de 3,61% para o fim de 2022.
A incerteza em relação à política fiscal, as contas públicas e o cenário eleitoral para 2022 têm contribuído para aumentar a volatilidade dos ativos domésticos, incluindo a taxa de câmbio, o que acaba afetando os preços e as expectativas de inflação. Além disso, a retomada esperada da atividade econômica com o avanço da vacinação e o cenário de preços de commodities em patamar elevado contribuem para aumentar ainda mais as expectativas de inflação no Brasil, fazendo que isso seja repassado para os preços dos produtos e serviços.
Isso deve levar o Banco Central a promover novas altas da taxa Selic para conter o avanço das expectativas de inflação e garantir que a inflação fique dentro da meta, que é de 3,75% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A projeção da equipe de análise da XP é de uma alta da taxa Selic para 5% para o fim deste ano, com o IPCA devendo encerrar 2021 em 4,9%. Confira as nossas projeções macroeconômicas.
Nesse cenário, deixar o dinheiro parado na poupança faz com que você perca o poder de compra, pois a remuneração atual da poupança hoje, que oferece 70% da taxa Selic mais Taxa Referencial (TR), que no momento encontra-se zerada, não é suficiente para proteger seu patrimônio. Isto é, o seu rendimento descontado a inflação, será negativo. Isso significa que você está Perdendo seu poder de compra e com a mesma quantia de dinheiro poderá comprar menos coisas.
Por isso, ter posições em investimentos indexados à inflação na carteira – desde títulos públicos, papéis de crédito privados a ativos corrigidos por índices de preços como os fundos imobiliários- não só contribui para a diversificação do portfólio, como protege o poder de compra em um cenário de maior incerteza nos mercados doméstico e externo.
Papéis atrelados à inflação e com isenção fiscal
Alguns papéis de emissores privados, como empresas, tais como o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e debêntures incentivadas oferecerem uma remuneração atrelada a índices de inflação, como o IPCA e o IGP-M, mais uma taxa de juros prefixada. Esses papéis oferecem um retorno maior que o dos títulos públicos de mesmo prazo, porém, a liquidez e o risco de crédito também são maiores. Confira abaixo os detalhes de cada um deles.
Debêntures indexadas ao IPCA
As debêntures incentivadas são títulos emitidos por empresas (de capital aberto ou não) para captar recursos para financiar investimentos em projetos ou expansão, nos setores de energia, infraestrutura (como rodovias, portos e aeroportos) e saneamento definidos pela Lei 12.431/11. É esperado, por exemplo, que parte dos investimentos para a companhia de saneamento do Rio de Janeiro, Cedae, leiloada no dia 30 de abril, seja financiada com a emissão de debêntures de infraestrutura. No caso das debêntures, esses papéis podem ser conversíveis, isto é, podem convertidos em ações da empresa emissora, ou não conversíveis, que não podem ser convertidas em ações da empresa emissora.
Esses papéis contam com isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos e IOF para investidores pessoas físicas. O índice que acompanha uma carteira desses papéis, o IDA-IPCA Infraestrutura, acumulava alta de 0,5776% no ano, até 4 de maio, e de 14,7688% em 12 meses de acordo com a Anbima.
É importante lembrar que, como qualquer papel privado que não possui a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), esses investimentos estão sujeitos aos riscos de calote de pagamento por parte do emissor, de execução do projeto e também de liquidez. Assim, papéis pouco negociados no mercado secundário podem tornar a saída desse investimento mais difícil.
Por isso, uma opção para reduzir esse risco e diversificar o portfólio é contar como uma gestão profissional, investindo em fundos de debêntures incentivadas. Conheça os fundos selecionados pela XP para compor a carteira do fundo Selection Debentures Incentivadas FIC FIM CP.
CRI e CRA – investimentos atrelados a imóveis e ao agronegócio
Assim como as debêntures incentivadas, os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) têm a remuneração atrelada a índices de inflação como o IPCA e o IGP-M mais uma taxa prefixada. Esses papéis são emitidos por companhias securitizadoras e também contam com isenção de IR e IOF para pessoa física.
No caso do CRA, o pagamento desses papéis está atrelado aos recebíveis de originários de negócios realizados, em sua maioria, por produtores rurais ou suas cooperativas, relacionados ao financiamento da atividade agropecuária. Já no caso do CRI, os pagamentos são atrelados a projetos imobiliários. Esses títulos podem contar ou não como uma garantia real, como a alienação da terra, do imóvel ou da produção.
Também não há garantia do FGC, ou seja, se a emissora quebrar, você perde seu dinheiro.
Assim como as debêntures incentivadas esses títulos também contam com o risco de liquidez, ou seja, o investidor que compra esses papéis tem que pensar em levá-los até o vencimento, pois são papéis de médio a longo prazos.
Por isso, uma possibilidade de diversificar o risco da carteira e reduzir o risco de liquidez é investir em fundos de recebíveis imobiliários.
Fundos imobiliários, ganho com tijolos
Os fundos imobiliários são também uma boa alternativa para proteger o patrimônio da alta da inflação. Como a maioria dos contratos de aluguel negociados pelos ativos presentes em cada fundo é reajustado pelo IGP-M ou pelo IPCA, você pode se beneficiar de um cenário de alta de preços.
Existem os fundos imobiliários listados na bolsa, cujas cotas são negociadas como uma ação, e os não listados.
O retorno do fundo imobiliário ocorre principalmente a partir da distribuição de seus rendimentos, como o pagamento de aluguel de um imóvel.
Existe quatro tipos de fundos imobiliários no mercado:
- Fundos de tijolo: que têm na carteira imóveis como lajes corporativas, hospitais, shoppings e galpões logísticos.
- Fundos de recebíveis: cuja carteira é composta por títulos de crédito atrelados ao setor imobiliário, como CRI, Letra de Crédito Imobiliária, Letras Hipotecárias, etc, cujos retornos podem ser atrelados a um índice de preços mais uma taxa prefixada. Veja a visão dos nossos analistas sobre o produto.
- Híbridos: que possuem uma carteira mista e investem tanto em imóveis como títulos imobiliários ou até mesmo cotas de outros FIIs. Veja a visão dos nossos analista sobre esse produto.
- Fundos de fundos: que investem em cotas de outros fundos imobiliários.
Para ter isenção de Imposto de Renda sobre a distribuição dos rendimentos (dividendos), o fundo deve obedecer a algumas regras: ter cotas negociadas em bolsa ou mercado de balcão; ter no mínimo 50 cotistas e não ter nenhum cotista com mais de 10% das cotas.
Apesar de ter isenção de IR para a distribuição de rendimentos, a venda da cota do fundo na bolsa não é isenta e conta com uma tributação com alíquota de 20% sobre o ganho de capital. Saiba como declarar os FIIs clicando aqui.
É importante lembrar que aos fundos imobiliários sofrem a influência de outros fatores como taxa de vacância (porcentagem de espaço não locado) dos imóveis e risco de inadimplência do aluguel. Assim como ações, o valor das cotas é determinado pela negociação no mercado. O Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (IFIX) acumulava queda de 0,43% no ano.
A isenção de Imposto de Renda e valor mínimo de investimento na casa dos R$ 100 também garantem a atratividade dos FIIs. Saiba como montar uma carteira de fundos imobiliários e veja o relatório dos analistas da XP. Veja a carteira de maio de FIIs recomendados pela XP.
Tesouro IPCA+, opção com liquidez contra alta da inflação
Por fim, os títulos do Tesouro atrelados a índices de preços, chamados de Tesouro IPCA+, são uma alternativa para proteger os investimentos da alta da inflação e que oferecem maior liquidez. Saiba mais como investir via Tesouro Direto neste link.
Os títulos do Tesouro não são isentos de IR e a tributação incidente varia de 22,5% a 15%, sendo a última para aplicações acima de dois anos, além de possuir taxa de custódia de 0,25% cobrada anualmente pela B3. Com investimento a partir de R$ 30, os papéis do Tesouro são uma opção de investimento bem acessível e que oferecem maior liquidez, já que o prazo para liquidação em caso de retirada é de apenas D+1. Saiba como declarar esses papéis no Imposto de Renda.
Esses papéis são títulos públicos que pagam IPCA mais uma taxa de juros prefixada. Nesse caso, os investidores cobram um prêmio para financiar o governo. Quanto pior o perfil da dívida pública, maior é o risco de calote do governo brasileiro e maior vai ser a taxa cobrada pelos investidores para financiá-lo.
Para quem busca um complemento de renda, vale observar o Tesouro IPCA+ com juros semestrais, que paga cupons de juros semestralmente ao investidor.
Contudo, isso não quer dizer que são isentos de risco. A volatilidade desses papéis aumenta conforme se estende o prazo de vencimento, mas essas oscilações de preço só são colocadas em prática em caso de resgate do ativo antes do vencimento.
O IMA-B, Índice de Mercado Anbima – que acompanha a variação de uma carteira formada por papéis do Tesouro atrelada à inflação, acumula perda de 2,85% no ano até o dia 4 de maio. O índice IMA-B5+que acompanha o desempenho da carteira com papéis com prazos superior a cinco anos, no entanto, caía 5,6% no período, enquanto o índice IMA-B5, com papéis até cinco anos, subia 0,4% no período.
Por se tratar de títulos do governo, que têm o mais baixo risco de crédito dentre os papeis no mercado local, queda nos preços pode representar uma oportunidade de compra dos ativos. Porém é importante entender se o prazo e o risco se adequam ao seu perfil de investidor e objetivos.
Quer saber mais opções de investimentos para diversificar seu portfólio em tempos de inflação e taxa de juros em alta? Acesse a plataforma Aprenda a Investir da XP.
Confira a Carteira XP de Renda fixa de maio e veja as sugestões de papéis dos nossos analistas.
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!