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Caso esteja iniciando sua jornada na Renda Fixa, recomendamos começar pelo conteúdo “Renda Fixa: O que é preciso saber?“
Em agosto, a curva de juros apresentou queda relevante em relação ao fechamento do mês anterior, resultado principalmente dos dados de inflação e queda nos preços internacionais de petróleo, aliada ao corte dos preços de combustíveis no país.
A curva dos títulos públicos indexados ao IPCA também apresentou queda, com exceção dos vencimentos curtos, refletindo a deflação esperada no curto prazo.
A Poupança apresentou captação líquida negativa em R$ 22 bilhões. Com isso, houve nova redução no estoque de poupança, o que levou o saldo total a menos de R$ 1,0 trilhão pela primeira vez desde agosto de 2020. Os títulos públicos tiveram rentabilidade majoritariamente positiva em agosto, revertendo tendência observada nos últimos meses, e o Tesouro Direto apresentou captação líquida de R$ 1,7 bilhão em julho (último dado disponível).
Para os próximos meses, com as expectativas de inflação se estabilizando, o Banco Central deve interromper o ciclo de aperto monetário. Sem ruptura fiscal, vemos espaço para cortes de juros no próximo ano, com a taxa Selic encerrando 2023 em 10,00%. Recentemente, a projeção da XP para a inflação do IPCA em 2022 recuou de 6,8% para 6,1%, com efeito da queda de impostos e desinflação global. A previsão para 2023 recuou de 5,5% para 5,3% devido à menor inércia.
No Radar
Projeções dos principais indicadores
- Esperamos Selic (taxa básica de juros) de 13,75% até o final de 2022 e 10,0% para 2023.
- Para inflação, projetamos 6,1% em 2022 e 5,3% em 2023.
- Estimamos crescimento de 2,8% para o PIB este ano e de 1,0% para o ano que vem.
Destaques do mês de agosto:
- A curva de juros apresentou queda relevante em relação ao fechamento do mês anterior, resultado principalmente dos dados de inflação e queda nos preços internacionais de petróleo, aliada ao corte dos preços de combustíveis no país.
- No começo do mês, houve mais um aumento na taxa Selic, para 13,75%. Parte do mercado acredita que foi a última alta do ciclo.
- A curva dos títulos públicos indexados ao IPCA também apresentou queda, com exceção dos vencimentos curtos, refletindo a deflação esperada no curto prazo.
- No começo de setembro, nosso time de economistas realizou nova revisão em suas projeções, com expectativa de crescimento mais forte do PIB e inflação mais baixa tanto em 2022 quanto em 2023.
Como agir?
- Apesar da retração recente nas taxas dos títulos de renda fixa devido à mudança de percepção de risco, acreditamos que as taxas continuam atraentes e que um fim de ciclo de alta da Selic pode beneficiar ativos de prefixados e híbridos. Continuamos enxergando a necessidade de cautela em relação ao prazo do investimento: prazos muito curtos devem ser influenciados ainda por dados de deflação e prazos muito longos são mais sensíveis a alterações no sentimento em relação a risco fiscal.
- Para investimentos de curto a médio prazo, preferimos ativos pós-fixados, que acompanharão o nível de Selic atual, acima da inflação estimada para os próximos meses.
- Recomendamos também uma pequena parcela de ativos prefixados, que apresentam hoje taxas atraentes. Elevamos marginalmente a recomendação para as carteira neste mês.
- No caso de investimentos mais longos, continuamos preferindo ativos indexados à inflação, possibilitando ganhos reais (acima do IPCA).
- Trazemos indicações de alocação em nosso relatório Investindo na Renda Fixa: Setembro 2022.
O mercado de Renda Fixa
Poupança
Em agosto, a Poupança apresentou captação líquida negativa em R$ 22 bilhões. Com isso, houve nova redução no estoque de poupança, o que levou o saldo total a menos de R$ 1,0 trilhão pela primeira vez desde agosto de 2020.
Acreditamos que este comportamento de saques contínuos esteja relacionado ao elevado endividamento familiar e a inflação ainda em alta, apesar da deflação recente.
Considerando a taxa Selic em 13,75%, a aplicação em caderneta de poupança se torna cada vez menos atraente em relação a outros investimentos.
Veja mais sobre comparações do investimento em Poupança em relação a outras aplicações também conservadoras, como o Tesouro Selic e emissões bancárias.
Títulos Públicos
Captação Líquida – Tesouro Direto
No caso do Tesouro Direto, em julho (último dado disponível) houve captação líquida de R$ 1,7 bilhão. O principal ativo comprado por investidores continuou sendo o Tesouro Selic, com quase 50% das vendas, provavelmente devido à elevação na taxa básica de juros, seguido de Tesouro IPCA+ com 37,7%.
O número de investidores cadastrados no programa teve acréscimo de 354 mil novos entrantes, atingindo dois milhões de investidores ativos.
Nos investidores mais atuantes no Tesouro Direto o destaque são os mais jovens, abaixo de 25 anos, que compreendem aproximadamente 36% do total.
Consideramos o Tesouro Direto uma excelente porta de entrada ao mundo dos investimentos. Sendo assim, o crescimento é um bom indicativo não apenas para esta aplicação, mas para investimentos como um todo.
Rentabilidade
Os títulos públicos tiveram rentabilidade majoritariamente positiva em agosto, revertendo tendência observada nos últimos meses. O movimento pode ser atribuído, principalmente, pelo fechamento observado nas curvas de juros. Caso setembro demonstre comportamento semelhante da curva, é possível que observemos novas valorizações no mês.
Acompanhe os movimentos e as taxas negociadas no Tesouro Direto diariamente.
Quando ocorrem valorizações nos títulos, enxergamos que podem representar oportunidades de ganhos de capital para quem já possui os ativos, uma vez os preços dos títulos subiram. No entanto, vale ponderar se a realização dos ganhos é necessária neste momento ou quais as alternativas de alocação deste montante.
Por outro lado, desvalorizações podem representar oportunidade de compra de títulos a taxas mais elevadas, desde que faça sentido para a composição da carteira do investidor. Vale reforçar que, neste momento, acreditamos que os níveis altos de taxas representam oportunidades interessantes de aporte, com maior cautela na aplicação nos vencimentos mais longos, dado o ambiente de incertezas em que estamos inseridos.
Entenda mais sobre a relação entre preços dos títulos e os juros aqui.
Emissões Bancárias
Em agosto, houve aumento de estoque da maioria das emissões bancárias, o que sinaliza uma soma de captação líquida positiva pelas instituições financeiras com a valorização dos ativos, em taxas de remuneração cada vez mais elevadas, de maneira geral. O destaque positivo foram os CDBs, cujo estoque cresceu 16,2% em relação ao mês anterior. Repetindo a tendência dos últimos meses, a exceção foram as Letras de Câmbio (LC), no mês de julho com queda de 2,0% no estoque.
Crédito Privado
Saiba tudo sobre crédito privado
Mercado Primário
A emissão de debêntures (incentivadas ou não) atingiu R$ 21,7 bilhões no mês de agosto, aumento de 17% ante julho. O prazo médio caiu para 4,6 anos nas emissões realizadas no mês, mas no ano a média continua acima de seis anos.
Debêntures incentivadas
O volume emitido de debêntures incentivadas, com foco em financiamento à infraestrutura e isentas de imposto de renda, somou R$ 2,1 bilhões em agosto. Foram duas emissões no total.
É importante destacar que o volume somado em 2022 é de aproximadamente R$ 49 bilhões e já ultrapassa todos os anos anteriores completos destacados no gráfico, demonstrando o alto potencial deste tipo de instrumento de captação para as empresas atuantes no setor de infraestrutura.
Mercado Secundário
Estoque
Em agosto, o estoque valorizado de crédito privado cresceu em relação a julho para todos os tipos de ativos – debêntures, CRIs e CRAs, principalmente os dois últimos, que tiveram elevação de 4%. Assim como no caso de emissões bancárias, o crescimento de estoque é uma combinação de maior captação líquida e taxas mais altas de remuneração.
Fluxo
Nesta seção, analisamos os dados da Anbima de negociações definitivas de crédito privado, realizando um filtro cujo spread (diferença) entre os preços máximo e mínimo negociados representam mais do que 0,01% do volume negociado no dia, com o intuito de descartar o que acreditamos serem as operações diretas dentro de instituições.
Em agosto, o volume negociado de debêntures no mercado secundário atingiu R$ 26,7 bilhões, sendo R$ 16,1 bilhões em não incentivadas e R$ 10,6 bilhões em incentivadas. O principal destaque em não-incentivadas foi a debênture da CSN (CSNAA1). Para as debêntures incentivadas, o maior volume negociado foi da debênture da Enel São Paulo (ELPLA7), mas destaca-se também a debênture da Helio Valgas Solar (HVSP11).
No caso dos certificados de recebíveis, para os CRIs, o volume de negociação foi de R$ 3,1 bilhões, com destaque para um CRI da Brookfield. Para CRAs, o volume negociado foi de R$ 4,6 bilhões, sendo o principal ativo negociado o CRA Marfrig.
Ressaltamos que ativos de crédito privado também podem apresentar risco mais elevado e, portanto, boas rentabilidades, sendo uma boa alternativa para quem busca diversificar a carteira.
Leia mais aqui.
Ratings
Essas foram as ações de ratings das principais agências de classificação de risco no mês, tanto para emissores quanto para emissões em escala nacional.
Em agosto, tivemos uma sinalização positiva nas classificações de crédito dos emissores, que pode ser vista na diferença de volume de elevações de ratings contra volume de rebaixamentos. Porém, nas mudanças de perspectivas o mês foi dividido, tendo sete elevações e sete rebaixamentos.
Fonte: Fitch Ratings, S&P Global Ratings e Moody’s Local | Elaboração XP
Próximos vencimentos de Debêntures
Dentro dos próximos seis meses, destacamos o mês de outubro com a maior concentração de volume de debêntures a vencer, com cerca de R$ 4,5 bilhões ainda em estoque. Além disso, até o fim do ano o volume em estoque atual para vencer é de mais de R$ 15 bilhões. Pode-se esperar que parte do volume a vencer seja refinanciado, voltando ao mercado na forma de novas emissões de crédito privado.
Veja como funcionam as ofertas públicas de crédito privado.
O principal vencimento em volume é uma debênture comum da UTE GNA II Geração de Energia (UTEG11) emitida em março de 2022.
Relatórios publicados
Veja mais
Fontes
Anbima
Banco Central do Brasil
Tesouro Direto
CVM
Fitch Ratings
Moody’s
S&P Global Ratings
B3
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