Artigo editado em 11/12 às 00:14 - correção a respeito do volume de emissões de debêntures.
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Renda Fixa: tudo sobre o que passou e o que esperar.
No mês de novembro, além da já presente questão fiscal no Brasil, o tema da inflação crescente também foi destaque. Como resultado, nossos economistas ajustaram novamente suas projeções para o IPCA em 2020 (para cima) e 2021 (para baixo). Em relação ao mercado de renda fixa, observamos queda de cerca de 80% na captação líquida da poupança, porém novembro costuma ser um mês mais fraco, seguido de forte entrada de recursos em dezembro. O Tesouro Direto apresentou saída líquida de recursos em outubro (último dado disponível), o que pode ser explicado pelo deságio no Tesouro Selic, que assustou investidores. O fluxo de negociações no mercado secundário ficou abaixo dos últimos meses, devido em partes à boa liquidez de fundos.
Para dezembro e primeiros meses de 2021, deveremos continuar acompanhando o desenrolar da questão fiscal, com eventuais indicações de avanço em reformas necessárias. A inflação continuará sendo tema relevante, embora não esperemos, no momento, mudança em nossa expectativa para o começo da elevação da taxa Selic, que deve se dar no segundo semestre apenas. Por fim, a segunda onda da covid-19, a aprovação de vacinas e planos nacionais de vacinação serão fundamentais para ditar os rumos da economia local e global. Esperamos maior volume de emissões corporativas, que poderão se dar tanto via bancos quanto via mercado de capitais.
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No Radar
Destaques do mês de novembro
- O risco fiscal passou a dividir a cena com a inflação. Como resposta aos últimos dados, nosso time revisou as expectativas de IPCA para 2020 e 2021.
- As LFTs (títulos pós-fixados do governo) apresentaram estabilização em seus prêmios, reduzindo a volatilidade.
- A curva de juros se manteve praticamente inalterada em relação ao fechamento de outubro.
Como agir?
- É necessário buscar a diversificação de carteiras para alcançar melhores rentabilidades.
- Escolha sempre de acordo com seu perfil.
- Para investimentos de curto a médio prazo, preferimos ativos pós-fixados, que acompanharão a esperada elevação na Selic.
- No caso de investimentos de prazos mais longos, continuamos preferindo ativos indexados à inflação, possibilitando ganhos reais (acima do IPCA).
- Para a reserva de emergência, continuamos enxergando o Tesouro Selic como uma boa opção.
Alocação recomendada
A alocação recomendada em renda fixa para cada perfil de investidor para o mês de dezembro é a seguinte:
Conforme destacado no relatório Onde Investir 2021, o mês de novembro foi um dos melhores meses das bolsas globais deste século, refletindo a vitória do Governo Biden com Congresso dividido, o que não deve permitir que os democratas executem suas ideias mais polêmicas, além da divulgação do sucesso de ao menos três vacinas contra a covid-19.
No Brasil, Governo e Congresso voltaram a falar de reformas, tema de grande relevância em 2021. Em contraste ao otimismo da bolsa, o mercado continua a precificar uma trajetória da taxa Selic que se assemelha ao cenário negativo desenhado pelo nosso time de alocação, ao passo que economistas projetam algo mais parecido com o cenário neutro.
Há muitas oportunidades na renda fixa local, com prêmios altos em crédito e na curva de juros. Frente a este cenário, a exposição a ativos de inflação aumentou, uma vez que se beneficiam de reformas no Brasil, mas tem alguma defesa contra um cenário doméstico mais conturbado.
Ativos de renda fixa são recomendados para todos os perfis de investidor. O que muda, basicamente, são três quesitos importantes: o tipo de ativo, o indicador e o percentual a ser alocado. Ou seja: é muito importante manter uma carteira diversificada.
O mercado de Renda Fixa
Poupança
No mês de novembro, a captação líquida da Poupança novamente foi positiva, em R$ 1,5 bilhão. Isto representa queda de 79% em relação a outubro e de 40% em relação a novembro de 2019. Vale notar que, nos últimos anos, o mês de novembro foi fraco em captação.
No ano, a Poupança apresenta captação líquida de cerca de R$ 146 bilhões. Já o estoque da Poupança é atualmente de mais de R$ 1 trilhão.
Considerando a taxa Selic em sua mínima histórica e perspectiva de novo corte, combinada ao rendimento da caderneta de poupança de apenas 70% desta taxa, essa aplicação fica cada vez menos atraente.
O produto continua sendo o investimento preferido dos brasileiros, porém a participação na carteira vem caindo: Em 2018, representava 88% dos investimentos realizados; em 2019, já era 84%, segundo a publicação Raio X do Investidor, da Anbima.
Veja mais sobre comparações do investimento em Poupança em relação a outras aplicações também conservadoras, como o Tesouro Selic e emissões bancárias.
Tesouro Direto
Captação Líquida
No caso do Tesouro Direto, em outubro (último dado disponível) houve resgate líquido de R$ 472 milhões, contrastando com o resgate líquido de R$ 169 milhões no mês de setembro. Lembramos que, em setembro, houve movimento de desvalorização no Tesouro Selic, como explicamos em relatório, sendo que a maior queda se deu em outubro, o que pode ter impulsionado os resgates deste título. Vale ressaltar que o movimento já se estabilizou.
O principal ativo comprado por investidores foi o Tesouro IPCA+, seguido do Tesouro Selic, historicamente o mais buscado. Por outro lado, o Tesouro Selic foi o mais resgatado por investidores, provavelmente em razão da desvalorização mencionada acima.
O número de investidores cadastrados no programa continua crescendo e atingiu 8,7 milhões em outubro, evolução de 65% em relação ao mesmo mês de 2019. O número de mulheres alcançou 32,2% do total de investidores.
Consideramos o Tesouro Direto uma excelente porta de entrada ao mundo dos investimentos. Sendo assim, o crescimento é um bom indicativo não apenas para esta aplicação, mas para investimentos como um todo.
Rentabilidade
No mês de novembro, todos os títulos negociados no Tesouro Direto apresentaram valorização, embora leve, seguindo alívio na percepção de risco pelo mercado e maior abertura à negociação de títulos públicos de vencimentos mais longos.
Ressaltamos o Tesouro Selic que, continuou a valorizar no mês passado, demonstrando retorno ao comportamento normal do título. Sendo assim, para quem ainda não tem reserva de emergência, continuamos enxergando o Tesouro Selic como uma excelente opção, por aliar segurança e liquidez.
Leia sobre a desvalorização dos títulos pós-fixados
Entenda mais sobre a relação entre preços dos títulos e os juros aqui.
Emissões Bancárias
Para enxergar melhor uma curva específica, clique sobre a legenda para "desativar" os ativos não desejados.
O estoque de emissões bancárias ficou estável no mês de novembro em relação a outubro de 2020.
Os principais destaques foram o aumento em LCAs, de 2,7% e em LIGs, de 4,5%. Do lado negativo, o estoque de LFs caiu 2,9% no mês.
Crédito Privado
Saiba tudo sobre crédito privado
Mercado Primário
Estoque (DEB, CRI e CRA), indexadores e emissão de debêntures
Para enxergar melhor uma curva específica, clique sobre a legenda para "desativar" os ativos não desejados.
O estoque de ativos de crédito privado cresceu 5,5% em novembro em relação a outubro, com destaque para crescimento de 6,4% em debêntures.
Como pode ser visto no segundo slide (acima), ativos pós-fixados continuam predominando no estoque, porém os ativos indexados à inflação foram destaque nas emissões do mês.
No terceiro slide, vemos que a emissão de debêntures (incentivadas ou não) atingiu R$ 8,2 bilhões no mês, muito próximo ao observado em outubro. O prazo médio das emissões do mês se manteve praticamente inalterado, em 6,4 anos.
Mencionamos em nosso último relatório que era esperado que houvesse aumento do volume emitido de debêntures a partir de novembro, o que ainda não foi observado. A expectativa se mantém para dezembro e para os próximos meses, principalmente ao considerarmos volume relevante de debêntures a vencer (mais detalhes abaixo). Vale notar que, com o aumento da oferta de papéis, os spreads de crédito devem abrir, o que pode representar boas oportunidades.
Debêntures incentivadas
O volume emitido de debêntures incentivadas, com foco em financiamento à infraestrutura e isentas de imposto de renda, apresentou crescimento em novembro. No mês, houve emissões do setor de energia (Adecoagro) e de saneamento (Águas de Juturnaíba) totalizando R$ 517 milhões. Houve também uma emissão classificada como 12.431 da B2W, companhia de varejo, no volume de R$ 3,1 bilhões.
Mercado secundário
Fluxo
No mês de outubro, o volume negociado de debêntures no mercado secundário atingiu R$ 13,3 bilhões (vs. R$ 21 bilhões em outubro). Os ativos mais negociados foram debêntures da NCF, com vencimento em dezembro, e da Localiza.
No caso de CRIs, o volume de negociação foi de R$ 886 milhões, inferior ao mês de outubro. Para CRAs, o volume negociado foi de R$ 1,2 bilhão, cerca de metade do mês de outubro.
Dentre os motivos que podem ser apontados para o menor volume de negociações estão: forte liquidez dos fundos de investimentos (saques reduziram de forma significativa, não gerando a necessidade de venda por parte dos gestores); emissões primárias não tem se mostrado atraentes o suficiente para que gestores queiram vender posições.
Ressaltamos que ativos de crédito privado também podem apresentar risco mais elevado e, portanto, boas rentabilidades, sendo uma boa alternativa para quem busca diversificar a carteira.
Próximos vencimentos de debêntures
No mês de dezembro, são esperados R$ 10,7 bilhões em vencimentos de debêntures, maior volume entre os últimos e próximos meses. Os principais vencimentos do mês são duas debêntures de securitizadoras.
Spreads de crédito
Aberturas e fechamentos podem ocorrer em resposta à percepção de maior ou menor risco pelo mercado, respectivamente. Outros fatores também podem influenciar, como oferta e demanda ou até mesmo a expectativa de uma nova emissão por um mesmo emissor, que pode balizar os prêmios dos títulos que já estão em circulação.
Ao longo do mês de novembro, pudemos observar certa estabilização nos spreads, tanto em papeis mais longos quando mais curtos. O que parece explicar o movimento é o mercado começando a olhar novos papeis emitidos no primário. Já ao fim do mês, foi possível notar início de movimento de abertura dos prêmios de forma geral, com investidores realizando "troca" de papeis que detinham por novas emissões.
Ratings
Essas foram as ações de ratings das principais agências de classificadoras de risco no mês, tanto para emissores quanto para emissões.
Note que pode ser necessário rolar a tabela para visualizar tudo.
No mês de novembro, pudemos observar mais elevações do que rebaixamentos de ratings, além de diversos novos ratings de emissão. Esses movimentos de elevações indicam cenário melhor sob o ponto de vista as agências e novos ratings antecipam novas emissões, o que também indica recuperação de certa forma.
Veja mais
Fontes
Anbima
Banco Central do Brasil
Tesouro Direto
CVM
S&P Global
Fitch Ratings
Moody's
B3
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