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Renda Fixa: tudo sobre o que passou e o que esperar.
No mês de agosto, tivemos novo corte na taxa básica de juros, a Selic, para 2% ao ano. Em um primeiro momento, o mercado entendeu que haveria ainda espaço para novo corte residual ainda em 2020, porém a expectativa hoje é de manutenção. Com isto, teríamos chegado ao fim do ciclo de cortes de juros. As preocupações com o cenário fiscal foram o destaque do mês, elevando as expectativas futuras de juros e aumentando a inclinação da curva. A poupança apresentou captação líquida novamente, porém acreditamos que o movimento esteja relacionado com depósitos do auxílio emergencial e do saque das contas do FGTS. Continuamos enxergando desaceleração em investimentos mais conservadores. Os spreads de crédito não apresentaram movimentos muito relevantes no mês de agosto, sendo reflexo da dinâmica natural do mercado, de forma geral. Por fim, o principal destaque em ratings foi o número de novas emissões sendo avaliadas.
Para os próximos meses, devemos acompanhar os desdobramentos da questão fiscal, que pesarão sobre as expectativas de juros e, consequentemente, os ativos de renda fixa. Enxergamos os ativos de crédito privado ainda como boa oportunidade de encontrar rentabilidades interessantes na renda fixa e à medida em que o cenário macroeconômico se recupere, novas emissões devem voltar a ocorrer.
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Alocação recomendada
A alocação recomendada em renda fixa para cada perfil de investidor em nosso relatório Onde Investir em Setembro é a seguinte:
Ativos de renda fixa são recomendados para todos os perfis de investidor. O que muda, basicamente, são três quesitos importantes: o tipo de ativo, o indicador e o percentual a ser alocado. Ou seja: é muito importante manter uma carteira diversificada.
No Radar
Destaques do mês de agosto
- A taxa Selic sofreu novo corte, para 2% ao ano. Em nossa visão, foi o último corte do ciclo.
- Preocupações com a situação fiscal brasileira se intensificaram, com receio em relação a avanço de reformas.
- Os riscos fiscais intensificaram a inclinação da curva de juros: as expectativas de juros para o curto prazo se mantiveram, enquanto que o longo prazo apresentou elevação.
- Movimento semelhante na curva da NTN-B, elevando a inclinação.
Como agir?
- Com a taxa Selic no piso histórico, é necessário buscar boas rentabilidades através de diversificação de carteiras.
- Com o cenário menos incerto, abre-se espaço para maior exposição a risco (possível também na renda fixa).
- Escolha sempre de acordo com seu perfil.
- No caso de investimentos de prazos mais longos, preferimos ativos indexados à inflação, possibilitando ganhos reais (acima do IPCA).
O mercado de Renda Fixa
Poupança
No resultado do mês de agosto, a captação líquida da Poupança foi novamente positiva, em R$ 11,4 bilhões. No ano, a Poupança apresenta captação líquida de R$ 124 bilhões.
O auxílio emergencial que vem sendo pago pelo governo a trabalhadores por causa da crise do covid-19 é transferido, em parte, para a conta-poupança das pessoas. Além disso, o saque emergencial do FGTS de R$ 1.045,00 também está sendo disponibilizado via conta-poupança. Estes efeitos inflam os dados de captação.
Considerando a taxa Selic em sua mínima histórica e perspectiva de novo corte, combinada ao rendimento da caderneta de poupança de apenas 70% desta taxa, essa aplicação fica cada vez menos atraente.
Veja mais sobre comparações do investimento em Poupança em relação a outras aplicações também conservadoras, como o Tesouro Selic e emissões bancárias.
Tesouro Direto
Captação Líquida
No caso do Tesouro Direto, em julho (último dado disponível) houve resgate líquido de R$ 226 milhões. No ano, o resultado está negativo em R$ 267 milhões.
O principal ativo comprado por investidores continuou sendo o Tesouro Selic, historicamente o mais buscado.
O número de investidores cadastrados no programa continua crescendo e atingiu 7,8 milhões em julho, evolução de 70% em relação ao mesmo mês de 2019.
Consideramos o Tesouro Direto uma excelente porta de entrada ao mundo dos investimentos. Sendo assim, o crescimento é um bom indicativo não apenas para esta aplicação, mas para investimentos como um todo.
Rentabilidade
No mês de julho, todos os títulos negociados no Tesouro Direto, com exceção do Tesouro Selic, apresentaram desvalorização. Isso se deve principalmente à elevação nas expectativas para os juros no futuro (veja em "No Radar") ao longo de toda a curva DI.
Com a desvalorização e elevação das rentabilidades nos títulos, aparece uma oportunidade para os investidores que buscam este tipo de ativo para diversificar sua carteira, uma vez que consegue acessar títulos de baixíssimo risco a preços mais baixos.
Entenda mais sobre a relação entre preços dos títulos e os juros aqui.
Emissões Bancárias
O estoque de emissões bancárias apresentou evolução de 1% no mês de agosto em relação a julho de 2020.
Os principais destaques foram o aumento em LCAs, de 4,4% e em LIGs, de 3,0%.
O crescimento no estoque de CDBs apresentou nova desaceleração, chegando a 1,5% no mês. O movimento está alinhado à nossa visão de cenário menos incerto e, portanto, menor busca por ativos mais conservadores.
No entanto, vale ressaltar que ainda é possível encontrar rentabilidades interessantes em comparação com o começo do ano.
Do lado negativo, o estoque de LCIs caiu novamente 2,2% no mês.
Crédito Privado
Saiba tudo sobre crédito privado
Mercado Primário
Estoque (DEB, CRI e CRA), indexadores e emissão de debêntures
O estoque de ativos de crédito privado apresentou leve queda de 0,4% em relação a julho, com efeito principalmente do estoque de CRAs (-1,9%), movimento contrário ao observado nas emissões bancárias de mesmo foco (setor agrícola).
A queda de estoque pode ocorrer mesmo com aumento de emissões, pois há vencimentos e amortizações que podem superar o volume emitido.
Como pode ser visto no segundo slide (acima), ativos pós-fixados continuam predominando no estoque. No entanto, em relação às novas emissões de debêntures, houve maior participação de ativos indexados ao IPCA, seguindo tendência de aumento observada em julho.
No terceiro slide, vemos que a emissão de debêntures (incentivadas ou não) atingiu R$ 10,8 bilhões no mês, quase o dobro do volume emitido em julho.
O prazo médio das emissões do mês caiu para 4 anos. Vale destacar, no entanto, emissão de R$ 3,55 bilhões da B3 - Brasil, Bolsa e Balcão, de prazo de 4 anos. Se não considerarmos esta emissão, o prazo médio seria de 5,8 anos.
Debêntures incentivadas
O volume emitido de debêntures incentivadas, com foco em financiamento à infraestrutura e isentas de imposto de renda, apresentou leve queda em agosto. No mês, houve duas emissões do setor de energia elétrica (CESP e Light SESA) totalizando R$ 2,1 bilhões.
Mercado secundário
Fluxo
No mês de agosto, o volume negociado de debêntures no mercado secundário atingiu R$ 16,5 bilhões (vs. 13,7 bilhões em julho). O ativo mais negociado foi uma debênture da Telefônica, com vencimento em novembro deste ano. Logo em seguida, outro ativo com forte fluxo foi a debênture da Iguá Saneamento, emitida em julho.
No caso de CRIs, o volume de negociação foi de R$ 1,8 bilhão, semelhante ao mês de julho. O principal ativo negociado foi o FIP GLP III.
Para CRAs, o volume negociado foi de R$ 3 bilhões, quase metade do observado no mês de julho. O destaque de negociação foi novamente o CRA BRF.
Ressaltamos que ativos de crédito privado também podem apresentar risco mais elevado e, portanto, boas rentabilidades, sendo uma boa alternativa para quem busca diversificar a carteira.
Próximos vencimentos de debêntures
No mês de setembro, são esperados R$ 3,6 bilhões em vencimentos de debêntures, mas é possível enxergar no gráfico acima que a concentração de vencimentos se dará em dezembro, com cerca de R$ 12 bilhões.
O principal vencimento do mês agosto é uma debênture da Natura (NATU19).
Spreads de crédito
Acima, podemos observar as 20 maiores aberturas e os 20 maiores fechamentos de spreads no mês de debêntures incentivadas. Os movimentos de abertura não apresentaram tendência relevante, de forma geral e são resultado da dinâmica natural de mercado.
No caso dos fechamentos, assim como vimos nos últimos meses, tem efeito para o movimento a demanda mais alta do que a oferta de novos papéis, uma vez que as novas emissões ainda não são suficientes para suprir o mercado. Isso pôde ser visto na queda de estoque de crédito privado no mês, por exemplo.
Além disso, o aumento da inclinação da curva (elevação de expectativas de juros para o longo prazo) também pode gerar fechamento de spreads, mantendo assim a rentabilidade nominal dos ativos.
Ratings
Essas foram as ações de ratings das principais agências de classificadoras de risco no mês, tanto para emissores quanto para emissões.
Note que pode ser necessário rolar a tabela para visualizar tudo.
No mês de agosto, pudemos observar mais rebaixamentos do que elevações de ratings, porém o destaque fica para o grande número de novas emissões avaliadas, indicando possível reaquecimento do mercado de crédito.
Veja mais
Fontes
Anbima
Banco Central do Brasil
Tesouro Direto
S&P Global
Fitch Ratings
Moody's
B3

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