O que aconteceu nesta semana na renda fixa?
As taxas futuras de juros fecharam mais uma semana em queda, ao longo de toda a estrutura a termo. Dentre os diversos assuntos no radar dos investidores, os principais destaques foram (i) a divulgação do IGP-M, (ii) a surpresa positiva com o PIB do Brasil; e (iii) a redução das apostas na alta de juros nos Estados Unidos.
No cenário internacional, apesar do payroll ainda apresentar um mercado de trabalho resiliente nos EUA, a aprovação do teto da dívida e alguns sinais de arrefecimento na inflação norte-americana impulsionaram o apetite a risco em Wall Street. Dessa forma, houve redução da demanda por Treasuries e uma queda singela nos yields (rendimentos). Comparando com o fechamento da sexta-feira anterior (26), a taxa de 2 anos passou de 4,54% para 4,5% e a de 10 anos saiu de 3,8% para 3,69%.
O que esperar para a próxima semana?
Na semana que vem, no Brasil, teremos uma semana menor devido ao feriado de Corpus Christi. Acerca dos indicadores, protagonismo vai para o IPCA de maio. É esperado algum arrefecimento nos preços alimentícios na comparação com a prévia mensal (IPCA-15), bem como efeito baixista na dinâmica de preços de combustíveis, após a decisão de corte pela Petrobras em 16 de maio.
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Cenário macroeconômico
No cenário internacional, o imbróglio do teto da dívida americana foi solucionado depois de acordo entre Democratas e Republicanos. Além disso, dados de emprego nos EUA mostram força e reiteram cenário de taxas de juros mais altas por mais tempo.
Na Europa, destaque para inflação mais baixa do que o esperado, mas ainda vemos necessidade de maior aperto monetário pelo Banco Central Europeu.
Já no Brasil, o destaque da semana foi a divulgação do PIB do 1º trimestre de 2023, que avançou 1,9% na comparação com o 4T22, acima das expectativas do mercado e da XP, explicado principalmente por forte crescimento das atividades agropecuárias (22% t/t). Também tivemos a divulgação da taxa de desemprego de abril surpreendendo para baixo e criação de empregos formais em linha com a expectativa da XP. Na seara fiscal, o resultado do setor público consolidado liga a luz amarela para a dinâmica das contas públicas.
Leia o resumo completo de economia da semana
Juros e inflação
As taxas futuras de juros fecharam mais uma semana em queda, ao longo de toda a estrutura a termo. Dentre os diversos assuntos no radar dos investidores, os principais destaques foram (i) a divulgação do IGP-M, (ii) a surpresa positiva com o PIB do Brasil; e (iii) a redução das apostas na alta de juros nos Estados Unidos.
O pano de fundo principal para explicar a resiliência das taxas segue sendo a melhora na perspectiva para a inflação e para o início de afrouxamento monetário nos próximos meses. A deflação mais acentuada do IGP-M em maio aumentou as expectativas dos agentes do mercado acerca da queda da Selic e/ou de uma possível sinalização do Copom sobre quando isso poderá ocorrer.
O PIB do primeiro trimestre deste ano também foi interpretado como positivo pelo mercado. Apesar do indicador ter apresentados dados acima das expectativas, o crescimento econômico foi impulsionado por fatores de oferta, como o agronegócio. Dessa forma, a resiliência da atividade econômica não deve atrapalhar a perspectiva de cortes de juros pelo Banco Central, ao mesmo tempo que um crescimento mais robusto adiante também melhoram as projeções fiscais, o que impulsiona a retirada de prêmio na ponta longa da curva.
No cenário internacional, apesar do payroll ainda apresentar um mercado de trabalho resiliente nos EUA, a aprovação do teto da dívida e alguns sinais de arrefecimento na inflação norte-americana impulsionaram o apetite a risco em Wall Street. Dessa forma, houve redução da demanda por Treasuries e uma queda singela nos yields (rendimentos). Comparando com o fechamento da sexta-feira anterior (26), a taxa de 2 anos passou de 4,54% para 4,5% e a de 10 anos saiu de 3,8% para 3,69%.
A curva de juros pode ser compreendida como as expectativas dos rendimentos médios de títulos públicos prefixados sem cupom (ou seja, sem pagamentos semestrais), de hoje até uma determinada data futura, a partir dos contratos futuros de juros (ou DI). Enquanto isso, a Taxa Selic Esperada é a rentabilidade da taxa básica de juros esperada no final de cada período. Entenda mais aqui.
Títulos públicos
Mercado primário (leilões)
Para mais informações sobre o funcionamento de leilões de títulos públicos, clique aqui.
Leilão do dia 30/05 – NTN-B e LFT
Na terça-feira, o Tesouro Nacional (TN) ofertou 950 mil Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B). Além disso, ofertou 600 mil Letras Financeiras do Tesouro (LFT), reduzindo a oferta para a primeira categoria e manutenção para a segunda, em comparação com o volume da semana anterior.
As NTN-Bs ofertadas foram parcialmente absorvidas, com todos os vencimentos com taxas inferiores a 6% a.a.. Por sua vez, o volume financeiro foi de, aproximadamente, R$ 3,7 bilhões.
Enquanto isso, o TN obteve performance semelhante com as LFTs, com demanda menor que a oferta. O volume financeiro foi cerca de R$ 3,8 bilhões.
Leilão do dia 01/06 – LTN e NTN-F
No leilão de quinta-feira, houve oferta de 17,5 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), com vencimentos para os próximos três anos, e 3,0 milhões de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F), divididas em duas séries de vencimentos em 2029 e 2033. Houve redução da oferta para a primeira categoria e aumento para a segunda, em comparação com o volume da semana anterior.
O TN obteve demanda para a totalidade das LTNs ofertadas. O volume financeiro atingiu R$ 13,2 bilhões. Além disso, vale mencionar que quase todos os vértice fecharam abaixo do patamar de 13% a.a., apenas o vencimento de outubro de 2023 ficou acima.
As NTN-Fs, por sua vez, também foram totalmente colocadas. Com taxas inferiores a 12% a.a., o volume financeiro foi de R$ 2,9 bilhões.
Mercado Secundário
O IMA-B representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos indexados ao IPCA (NTN-B). O IRF-M representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos prefixados (LTN e NTN-F).
Ambos são calculados pela Anbima e podem sofrer variações devido à dinâmica de oferta e demanda de títulos no mercado, reflexo das movimentações no cenário econômico.
O preço dos títulos sobe quando a expectativa de juro futuro cai (e vice-versa) devido à relação inversa entre os dois. Esse mecanismo que mostra o efeito dos juros sobre preços é a marcação a mercado. Entenda mais aqui.
Acompanhe as taxas do títulos do Tesouro Direto disponíveis para compra e para resgate
Crédito Privado
Fluxo
Nesta seção, analisamos os dados da Anbima de negociações definitivas de crédito privado, realizando um filtro cujo spread (diferença) entre os preços máximo e mínimo negociados representam mais do que 0,01% do volume negociado no dia, com o intuito de descartar o que acreditamos serem as operações diretas dentro de instituições.
Na última semana, o fluxo médio diário de negociações em debêntures não incentivadas foi de R$ 1.148 milhões (ante R$ 954 milhões na semana anterior), R$ 441 milhões em debêntures incentivadas (vs. R$ 497 milhões), R$ 228 milhões em CRIs (vs. 200 milhões) e R$ 335 milhões em CRAs (vs. R$ 308 milhões).
Os papéis mais negociados por classe de ativos foram as debêntures da Itausa (ITSA15), a debênture incentivada da CCR (CCROB6), o CRI do JK Financial Center e, por fim, o CRA da Klabin.
Como não são disponibilizados a tempo da publicação do relatório, os dados desta sexta-feira serão considerados no acumulado da próxima semana.
Ações de rating
Ratings são notas atribuídas por agências classificadoras de risco de crédito que podem impactar diretamente seus investimentos em Renda Fixa. Entenda mais aqui.
O que esperar - Semana de 05/06 a 09/06
Agenda econômica
Na seara internacional, teremos uma agenda de indicadores relativamente mais calma. O índice de gerentes de compra (PMI, sigla em inglês) para o setor de serviços será divulgado na Europa e nos Estados Unidos. Na China, a balança comercial e a inflação ao consumidor serão divulgadas. Ademais, os índices de inflação ao consumidor serão divulgados nos principais países da América Latina. Todas essas publicações são referentes a maio.
No Brasil, por sua vez, teremos semana encurtada pelo feriado de Corpus Christi. Nos indicadores, protagonismo para o IPCA de maio, para qual a XP e o consenso de mercado esperam avanço mensal de 0,35%, condizente com 4,06% na comparação interanual. É esperado algum arrefecimento nos preços alimentícios na comparação com a prévia mensal (IPCA-15), bem como efeito baixista na dinâmica de preços de combustíveis, após a decisão de corte pela Petrobras em 16 de maio.
Do lado fiscal, o foco da próxima semana continua no Congresso. No Senado, o relator da proposta do novo arcabouço fiscal, senador Omar Aziz (PSD-AM), discute a possibilidade de alterações como a retirada do Fundeb e do Fundo Constitucional do Distrito Federal do limite de despesas e a mudança do artigo que permite a expansão das despesas em 2,5% acima da inflação no próximo ano. Por sua vez, o grupo de trabalho da reforma tributária sobre os impostos indiretos deve apresentar seu relatório. Segundo fontes da imprensa, o novo IVA (imposto sobre valor agregado) será dual, o que garante maior autonomia aos entes subnacionais, terá 4 regimes especiais (combustíveis, setor financeiro, seguros e construção civil) e alíquotas diferenciadas por setores. Além disso, deve eliminar os incentivos fiscais existentes, mas preservar o simples nacional. A expectativa do governo é de que o projeto seja aprovado ainda no primeiro semestre deste ano na Câmara.
Leilões do Tesouro Nacional
Vencimentos de debêntures da próxima semana
Não há debêntures programadas para a semana que vem
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