O que aconteceu nesta semana na renda fixa?
Em um movimento de alívio na percepção de risco, as taxas de juros fecharam a semana em queda por toda a extensão da curva. A queda foi direcionada principalmente pelas reduções das incertezas devido à promulgação da PEC da Transição, que passou pelo Congresso mais “desidratada”, anúncio de novos nomes para os ministérios do governo eleito, que ficaram em linha com a expectativa do mercado, e outros indicadores positivos, como o IPCA-15 de dezembro um pouco abaixo do consenso.
Contudo, o nível dos prêmios continua elevado no mercado de juros de curto prazo, ainda na faixa dos 13%.
Nos últimos dias da semana, houve redução relativa da liquidez, quando comparada a semanas anteriores, à medida que muitos agentes financeiros desaceleraram o ritmo com a proximidade das festas de fim de ano e com o ciclo da PEC já concluído.
O que acompanhar na próxima semana?
Para a última semana do ano, no Brasil, os destaques são o índice de confiança para o consumidor, resultado primário do governo central, IGP-M de dezembro, e resultado primário do setor público.
No resto do mundo, dados de atividade no Japão, PMIs (índices de gerentes de compras, importante dado sobre atividade) da China e alguns dados de atividade nos EUA terão o olhar atento do mercado.
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Cenário macroeconômico
Nos Estados Unidos, as expectativas de inflação de 12 meses cederam de 7,1% para 6,7% em dezembro, a leitura mais baixa desde setembro de 2021. Essa redução é consistente com a dinâmica recente dos preços ao consumidor, que mostram sinais de alívio. Ademais, o Índice da Associação Nacional de Construtores de Casas dos EUA sugere que a recessão do setor imobiliário está se aprofundando, o índice caiu para 31 em dezembro (34 esperados), atingindo patamar semelhante ao observado nos piores momentos da pandemia de Covid-19. O mercado está reagindo à disparada nas taxas de hipoteca e aos altos custos de produção.
Na Europa, a inflação desacelerou ligeiramente para 11,3% em novembro, de uma alta de 11,6% no mês anterior, à medida que os preços da energia diminuíram e institutos econômicos revisaram suas previsões para 2023, agora prevendo uma contração mais branda de 0,3% no próximo ano. No mercado alemão, a confiança do consumidor melhorou pelo terceiro mês consecutivo, mas sua recuperação ainda é refém dos mercados de energia, disse a empresa de pesquisa de mercado GfK nesta quarta-feira.
Enquanto isso, no Brasil, o Congresso promulgou a “PEC da Transição”. O Senado validou, em dois turnos, as mudanças que foram promovidas pela Câmara dos Deputados na terça-feira. A versão final prevê a elevação do teto de gastos em R$ 145 bilhões, somente no exercício de 2023, além de liberar investimentos em até R$ 23 bilhões decorrentes de “receitas extraordinárias” (ou seja, custo fiscal total de até R$ 168 bilhões).
Apesar de avaliarmos as mudanças na PEC como positivas, o impacto fiscal ainda é bastante elevado. Ademais, acreditamos que o aumento de despesas – majoritariamente obrigatórias – será permanente e, neste sentido, não vemos efeito econômico significativo da alteração do prazo de vigência da emenda constitucional, de dois anos para um ano.
Além disso, a prévia da inflação oficial no país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) subiu 0,52% em dezembro, após alta de 0,53% em novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a menor para um mês de dezembro desde 2018 (-0,16%). Em dezembro de 2021, o IPCA-15 subiu 0,78%. Com o resultado de dezembro, o IPCA-15 fechou o ano de 2022 com alta de 5,90% (vs. 10,42% em 2021). Até novembro, o resultado em 12 meses era de 6,17%.
Leia o resumo completo de economia da semana
Juros e inflação
Em um movimento de alívio na percepção de risco, as taxas de juros fecharam a semana em queda por toda a extensão da curva. A queda foi direcionada principalmente pelas reduções das incertezas devido à promulgação da PEC da Transição, que passou pelo Congresso mais “desidratada”, anúncio de novos nomes para os ministérios do governo eleito, que ficaram em linha com a expectativa do mercado, e outros indicadores positivos, como o IPCA-15 de dezembro um pouco abaixo do consenso.
Contudo, o nível dos prêmios continua elevado no mercado de juros de curto prazo, ainda na faixa dos 13%.
Nos últimos dias da semana, houve redução relativa da liquidez, quando comparada a semanas anteriores, à medida que muitos agentes financeiros desaceleraram o ritmo com a proximidade das festas de fim de ano e com o ciclo da PEC já concluído.
A curva de juros pode ser compreendida como as expectativas dos rendimentos médios de títulos públicos prefixados sem cupom (ou seja, sem pagamentos semestrais), de hoje até uma determinada data futura, a partir dos contratos futuros de juros (ou DI). Enquanto isso, a Taxa Selic Esperada é a rentabilidade da taxa básica de juros esperada no final de cada período. Entenda mais aqui.
Títulos públicos
Mercado primário (leilões)
Para mais informações sobre o funcionamento de leilões de títulos públicos, clique aqui.
Nesta semana, não houveram leilões de títulos públicos. O funcionamento voltará a normalidade a partir de 2023.
Mercado Secundário
O IMA-B representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos indexados ao IPCA (NTN-B). O IRF-M representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos prefixados (LTN e NTN-F).
Ambos são calculados pela Anbima e podem sofrer variações devido à dinâmica de oferta e demanda de títulos no mercado, reflexo das movimentações no cenário econômico.
O preço dos títulos sobe quando a expectativa de juro futuro cai (e vice-versa) devido à relação inversa entre os dois. Esse mecanismo que mostra o efeito dos juros sobre preços é a marcação a mercado. Entenda mais aqui.
Ao longo dos últimos dias, as taxas esperadas de juros apresentaram queda por toda a extensão da curva à melhora percepção de risco fiscal - vide seção "Juros e Inflação" para mais detalhes. Com isso, os títulos públicos federais apresentaram valorização, com exceção dos pós-fixados (LFT). Além disso, as taxas de títulos mais longos de inflação permaneceram no patamar de IPCA + 6,3% e os prefixados ficaram abaixo de 13%.
Acompanhe as taxas do títulos do Tesouro Direto disponíveis para compra e para resgate
Crédito Privado
Fluxo
Nesta seção, analisamos os dados da Anbima de negociações definitivas de crédito privado, realizando um filtro cujo spread (diferença) entre os preços máximo e mínimo negociados representam mais do que 0,01% do volume negociado no dia, com o intuito de descartar o que acreditamos serem as operações diretas dentro de instituições.
Na última semana, o fluxo médio diário de negociações em debêntures não incentivadas foi de R$ 672 milhões (ante R$ 456 milhões na semana anterior), R$ 434 milhões em debêntures incentivadas (vs. R$ 415 milhões), R$ 241 milhões em CRIs (vs. 123 milhões) e R$ 379 milhões em CRAs (vs. R$ 230 milhões).
Os papéis mais negociados por classe de ativos foram as debêntures da Rede D'Or (RDORC9), a debênture incentivada da Petro Rio (PEJA11), CRI da Green Towers e, por fim, CRA da BRF.
Como não são disponibilizados a tempo da publicação do relatório, os dados desta sexta-feira não são considerados.
Ações de rating
Ratings são notas atribuídas por agências classificadoras de risco de crédito que podem impactar diretamente seus investimentos em Renda Fixa. Entenda mais aqui.
O que esperar - Semana de 26/12 a 30/12
Agenda econômica
Para a última semana do ano, no Brasil, os destaques são o índice de confiança para o consumidor, resultado primário do governo central, IGP-M de dezembro, e resultado primário do setor público.
No resto do mundo, dados de atividade no Japão, PMIs (índices de gerentes de compras, importante dado sobre atividade) da China e alguns dados de atividade nos EUA terão o olhar atento do mercado.
Leilões do Tesouro Nacional
Os leilões retomarão em 2023.
Vencimentos de debêntures da próxima semana
Relatórios recentes em destaque
Renda Fixa
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