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Renda Fixa: tudo sobre o que passou e o que esperar.
No mês de junho, novamente tivemos corte da taxa Selic, como já esperado, de 0,75 ponto percentual. Com isso, a taxa básica de juros atingiu nova mínima histórica, de 2,25% ao ano. O mês foi marcado por forte liquidez nos mercados globais, após diversas medidas de bancos centrais para conter os efeitos do covid-19. Isso, combinado a notícias positivas de aberturas de economias ao redor do mundo e de testes de vacinas, levou a otimismo dos mercados, inclusive no Brasil, levando investidores a buscarem ativos de risco novamente. Poupança e Tesouro Direto tiveram captação líquida positiva no mês, embora em menor escala. Estoque de CDBs continuou crescendo, ao contrário de ativos de crédito privado, que se mantiveram praticamente estáveis em junho. O mercado secundário apresentou volume mais baixo do que em maio, com efeito sobre os spreads de crédito, que abriram principalmente em ativos mais curtos. Por fim, as ações de rating continuaram predominantemente negativas, dado o cenário ainda arriscado, embora melhor do que há poucos meses.
Para os próximos meses, esperamos mais um corte na taxa Selic, que deve encerrar o ano em 2,0%. Isso irá requerer ainda mais que investidores busquem diversificação para ativos de maior risco, sempre alinhados a seu perfil. Os temores de uma possível segunda onda do covid-19 se reduzem à medida que países abrem suas economias e o fato de estarmos cada vez mais próximos de uma vacina ajuda no otimismo global. Com a gradual retomada da economia, esperamos que novas emissões aconteçam, com taxas mais elevadas do que no começo do ano, dado o cenário mais arriscado. Além disso, já pudemos observar alongamento do prazo médio de novas emissões, o que deve continuar nos próximos meses.
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Alocação recomendada
Ativos de renda fixa são recomendados para todos os perfis de investidor. O que muda, basicamente, são três quesitos importantes: o tipo de ativo, o indicador e o percentual a ser alocado. Ou seja: é muito importante manter uma carteira diversificada.
A alocação recomendada em renda fixa para cada perfil de investidor em nosso relatório Onde Investir em Julho é a seguinte:
No Radar
Destaques do mês de junho
- Novo corte na taxa Selic, de 0,75 ponto percentual, para 2,25%.
- Leve redução de inclinação da curva DI futuro, mas em patamares reduzidos, continuando a refletir expectativas de novos cortes de juros no curto-prazo.
- Redução na curva da NTN-B, especialmente nos vencimentos mais curtos.
- Revisão das nossas expectativas para o cenário econômico.
Como agir?
- Há indicações de que novo corte de 0,25 ponto percentual na Selic é possível, reduzindo ainda mais os juros no Brasil.
- Por isso, a recomendação é de busca por diversificação.
- Escolha sempre de acordo com seu perfil.
- No caso de investimentos de prazos mais longos, preferimos ativos indexados à inflação, possibilitando ganhos reais (acima do IPCA).
O mercado de Renda Fixa
Poupança
No mês de junho, a captação líquida da Poupança ficou positiva novamente, em R$ 20 bilhões. No ano, a Poupança apresenta captação líquida de R$ 84 bilhões.
Apesar de acreditarmos que parte dessa captação possa vir de investidores buscando ativos conservadores, vale ressaltar que o auxílio emergencial que vem sendo pago pelo governo a trabalhadores por causa da crise do covid-19 é transferido, em parte, para a conta-poupança das pessoas.
Considerando a taxa Selic em sua mínima histórica, combinada ao rendimento da caderneta de poupança, de apenas 70% dessa taxa, essa aplicação fica cada vez menos atraente.
Veja mais sobre comparações do investimento em Poupança em relação a outras aplicações também conservadoras, como o Tesouro Selic e emissões bancárias.
Tesouro Direto
Captação Líquida
No caso do Tesouro Direto, em maio (último dado disponível) houve captação líquida de R$ 759 milhões.
O principal ativo comprado por investidores foi o Tesouro Selic, historicamente o mais buscado. Isso casa, em nossa visão, com a busca por ativos mais conservadores pelos investidores, dado o cenário de incerteza e de aversão a risco.
Rentabilidade
No mês de maio, quase todos os títulos negociados no Tesouro Direto apresentaram valorização. Isso se deve principalmente ao alívio nas expectativas para os juros no futuro (veja em “No Radar”) ao longo de toda a curva DI.
Entenda mais sobre a relação entre preços dos títulos e os juros aqui.
Emissões Bancárias
O estoque de emissões bancárias apresentou evolução de 1,6% no mês de junho em relação a maio de 2020.
O principal destaque foi o aumento em LIGs, de 5,3%. O estoque de CDBs cresceu novamente, em 3,6% no mês. Atribuímos o contínuo crescimento ao interesse de investidores por ativos de menor risco, atrelado a prêmios de risco mais elevados.
Do lado negativo, o estoque de LCs caiu 3,4% no mês.
Crédito Privado
Mercado Primário
Estoque (DEB, CRI e CRA), indexadores e emissão de debêntures
O estoque de ativos de crédito privado se manteve praticamente constante no mês de junho em relação a maio, com aumento no estoque de CRAs.
Como pode ser visto no segundo slide (acima), ativos pós-fixados continuam predominando tanto no estoque quanto em novas emissões de debêntures. A proporção de indexadores se manteve inalterada em relação a maio.
No terceiro slide, vemos que a emissão de debêntures (incentivadas ou não) atingiu R$ 9,2 bilhões no mês, o que pode indicar uma recuperação do apetite do mercado de capitais após um mês de maio mais fraco.
O prazo médio das emissões do mês subiu significativamente em junho, para 6,2 anos. Esse prazo foi inflado pelo refinanciamento de US$ 1 bilhão da Intercement, com prazo de sete anos.
Sem esse efeito, o prazo médio das emissões de junho teria sido de 5,5 anos. Esse prazo ainda assim seria superior ao mês de maio, potencialmente já indicando maior abertura a risco de investidores, ao contrário do que havíamos previsto em nosso último relatório.
Debêntures incentivadas
O volume emitido de debêntures incentivadas, com foco em financiamento à infraestrutura e isentas de imposto de renda, apresentou aumento em maio (último relatório disponível), em razão de uma emissão de R$ 310 milhões do setor de saneamento (Manaus Ambiental) e de R$ 800 milhões do setor de transporte (Rumo S.A.).
Mercado secundário
Fluxo
No mês de maio, o volume negociado de debêntures no mercado secundário atingiu R$ 12,2 bilhões (vs. R$ 15,9 bilhões em abril). O ativo mais negociado foi novamente uma debênture emitida pela Copel.
No caso de CRIs, o volume de negociação foi de R$ 2 bilhões em maio e para CRAs, o volume negociado foi de R$ 5 bilhões. O forte volume de CRAs pode ser explicado por emissões recentes, como o CRA Raízen e Minerva.
Temos observado que com a redução da percepção de risco nos mercados, investidores têm migrado para ativos de maior risco, como a renda variável.
Ressaltamos que ativos de crédito privado também podem apresentar risco mais elevado e, portanto, boas rentabilidades, sendo uma boa alternativa para quem busca diversificar a carteira.
Próximos vencimentos
No mês de julho, são esperados R$ 3,4 bilhões em vencimentos de debêntures, mas é possível enxergar no gráfico acima que a concentração de vencimentos se dará em dezembro, com cerca de R$ 11 bilhões.
Os principais vencimentos do mês julho são debêntures da TIM S.A. e PDG.
Spreads de crédito
Assim como havíamos mencionado em nosso último relatório mensal, é necessário continuar acompanhando os movimentos dos spreads de crédito para entendermos se há uma tendência e qual seria o novo patamar justo dos ativos em termos de prêmio de risco de crédito.
Como podemos observar no gráfico abaixo, os ativos que vêm sendo acompanhados nos últimos meses apresentaram comportamentos distintos no mês de junho, entre aberturas e fechamentos.
Para ser possível uma leitura melhor do mercado secundário de crédito, adicionamos no segundo slide abaixo as 20 maiores aberturas e os 20 maiores fechamentos de spreads no mês de debêntures incentivadas.
Conforme apresentado na seção “No Radar”, a curva DI apresentou fechamento no mês, principalmente em vencimentos mais curtos. Isso faz com que as taxas nominais dos ativos caiam, reduzindo atratividade aos investidores pessoa física (que muitas vezes não escolhem pelo prêmio).
Com queda na demanda, os prêmios acabaram sofrendo principalmente para ativos de vencimentos mais curtos.
Ratings
No mês de junho, foram realizadas principalmente ações de rebaixamento e de mudança de perspectiva, em sua maioria negativas.
Essas foram as ações de ratings das principais agências de classificadoras de risco no mês, tanto para emissores quanto para emissões.
Note que pode ser necessário rolar a tabela para visualizar tudo.
Veja mais
Fontes
Anbima
Banco Central do Brasil
Tesouro Direto
S&P Global
Fitch Ratings
Moody’s
B3
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