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Caso esteja iniciando sua jornada na Renda Fixa, recomendamos começar pelo conteúdo “Renda Fixa: O que é preciso saber?“
Em outubro, a curva de juros apresentou fechamento em relação ao mês anterior nos vencimentos mais longos. Isto foi reflexo da volatilidade inerente ao processo eleitoral interno que marcou o mês e o cenário externo que apresentou receios com uma possível recessão global. Além disso, houve manutenção da taxa Selic em 13,75% na última reunião do Copom e comunicado do Banco Central, indicando que o comitê deve manter as taxas nos níveis atuais (contracionistas) por um longo período a fim de garantir a convergência da inflação para a trajetória de metas.
A Poupança apresentou resgates líquidos de R$ 11 bilhões, seguindo a tendência dos últimos meses. Os títulos públicos tiveram uma rentabilidade positiva em outubro, performance semelhante à observada no último mês. O Tesouro Direto, por sua vez, apresentou captação líquida de R$ 1,2 bilhão em setembro (último dado disponível), com maior participação dos títulos pós-fixados. Os estoques de emissões bancárias e crédito privado continuaram a subir na maioria dos títulos, indicando mercado mais aquecido e rentabilidades mais altas.
Para novembro e próximos meses, as atenções nos mercados devem se manter no processo de transição de governo, em especial no nome a ser escolhido para a Economia. Sem ruptura fiscal, vemos espaço para cortes de juros no próximo ano, com a taxa Selic encerrando 2023 em 10,00%. Além disso, o cenário econômico externo deve continuar a ser acompanhado, uma vez que receios com uma recessão global permanecem.
No Radar
Projeções dos principais indicadores
- Esperamos Selic (taxa básica de juros) de 13,75% até o final de 2022 e 10,0% para 2023.
- Para inflação, projetamos 5,6% em 2022 e 5,2% em 2023.
- Estimamos crescimento de 2,8% para o PIB este ano e de 1,0% para o ano que vem.
Destaques do mês de outubro:
- A curva de juros apresentou retração nas taxas mais longas em relação ao fechamento do mês anterior. Isto foi reflexo, principalmente, da volatilidade inerente ao processo eleitoral interno que marcou o mês e o cenário externo que apresentou receios com uma possível recessão global.
- Houve manutenção da taxa Selic em 13,75% na última reunião do Copom e do comunicado do Banco Central, indicando que o comitê deve manter as taxas nos níveis atuais (contracionistas) por um longo período a fim de garantir a convergência da inflação para a trajetória de metas.
- A projeção da XP para a inflação do IPCA em 2022 manteve em 5,6% e, para 2023, projeta-se 5,2%.
Como agir?
- O aumento recente nas taxas dos títulos de renda fixa corroboram com a nossa visão de que as taxas continuam atraentes. Continuamos enxergando a necessidade de cautela em relação ao prazo do investimento.
- Para investimentos de curto a médio prazo, preferimos ativos pós-fixados, que acompanharão elevado nível da Selic, acima da inflação estimada para os próximos meses.
- Recomendamos também uma pequena parcela de ativos prefixados, que podem ainda oscilar a depender de volatilidade no mercado.
- No caso de investimentos mais longos, continuamos preferindo ativos indexados à inflação, possibilitando ganhos reais (acima do IPCA).
- Trazemos indicações de alocação em nosso relatório Investindo na Renda Fixa: Novembro 2022.
O mercado de Renda Fixa
Poupança
Em outubro, a Poupança apresentou captação líquida negativa em R$ 11,0 bilhões. Com isso, houve nova redução no estoque de poupança, o que levou a uma manutenção do saldo total em menos de R$ 1,0 trilhão.
Acreditamos que este comportamento de saques contínuos esteja principalmente relacionado ao elevado endividamento familiar e contração na renda das famílias. Adicionalmente, é possível que outra parcela, ainda que menor, esteja sendo destinada a outros tipos de investimentos mais rentáveis.
Considerando a taxa Selic em 13,75%, a aplicação em caderneta de poupança se torna cada vez menos atraente em relação a outros investimentos.
Veja mais sobre comparações do investimento em Poupança em relação a outras aplicações também conservadoras, como o Tesouro Selic e emissões bancárias.
Títulos Públicos
Captação Líquida – Tesouro Direto
No caso do Tesouro Direto, em setembro (último dado disponível) houve captação líquida de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. O principal ativo comprado por investidores continuou sendo o Tesouro Selic, com mais de 64% das vendas, provavelmente devido à elevada taxa básica de juros, seguido de Tesouro IPCA+, com 22,3%.
O número de investidores cadastrados no programa teve acréscimo de 495 mil novos entrantes, atingindo dois milhões de investidores ativos. Em relação aos investidores mais atuantes no Tesouro Direto, o destaque são os mais jovens, abaixo de 25 anos, que compreendem aproximadamente 37% do total.
Consideramos o Tesouro Direto uma excelente porta de entrada ao mundo dos investimentos. Sendo assim, o crescimento é um bom indicativo não apenas para esta aplicação, mas para investimentos como um todo.
Rentabilidade
Os títulos públicos tiveram uma rentabilidade positiva em outubro, performance semelhante à observada no último mês. O movimento pode ser atribuído, principalmente, ao fechamento observado nas curvas de juros. Em novembro, caso o movimento observado mais recentemente de aversão a risco devido ao processo de transição do governo se mantenha, é possível que os títulos apresentem desvalorização.
Acompanhe os movimentos e as taxas negociadas no Tesouro Direto diariamente.
Quando ocorrem valorizações nos títulos, enxergamos que podem representar oportunidades de ganhos de capital para quem já possui os ativos, uma vez os preços dos títulos subiram. No entanto, vale ponderar se a realização dos ganhos é necessária neste momento ou quais as alternativas de alocação deste montante.
Por outro lado, desvalorizações podem representar oportunidade de compra de títulos a taxas mais elevadas, desde que faça sentido para a composição da carteira do investidor. Vale reforçar que, neste momento, acreditamos que os níveis altos de taxas representam oportunidades interessantes de aporte, com maior cautela na aplicação nos vencimentos mais longos, dado o ambiente de incertezas em que estamos inseridos.
Entenda mais sobre a relação entre preços dos títulos e os juros aqui.
Emissões Bancárias
Em outubro, houve aumento de estoque em praticamente todas emissões bancárias, com exceção dos LFs que decresceram -0,3% ante setembro. O destaque positivo foram as LIGs, cujo estoque cresceu 4,9% em relação ao mês anterior.
O resultado geral pode sinalizar captação líquida positiva pelas instituições financeiras com a valorização dos ativos, em taxas de remuneração cada vez mais elevadas, de maneira geral.
Crédito Privado
Saiba tudo sobre crédito privado
Mercado Primário
A emissão de debêntures (incentivadas ou não) atingiu R$ 11,9 bilhões no mês de outubro, uma contração expressiva de 54% ante o mês anterior. O prazo médio das emissões realizadas no mês caiu para 5,4 anos. A média no ano, por sua vez, também decaiu de 6 para 5,8 anos.
Debêntures incentivadas
O volume emitido de debêntures incentivadas, com foco em financiamento à infraestrutura e isentas de imposto de renda, somou R$ 100 milhões em outubro, com apenas uma emissão no mês.
É importante destacar que o volume total emitido em 2022 é de R$ 48,8 bilhões e já ultrapassa o observado em todos os anos anteriores, destacados no gráfico, demonstrando o alto potencial deste tipo de instrumento de captação para as empresas atuantes no setor de infraestrutura.
Mercado Secundário
Estoque
Em outubro, o estoque valorizado de crédito privado cresceu em praticamente todos os títulos, com exceção das Debêntures que decresceram -0,3% ante setembro. Assim como no caso de emissões bancárias, o crescimento de estoque pode ser interpretado como uma combinação de maior captação líquida e taxas mais altas de remuneração.
Fluxo
Nesta seção, analisamos os dados da Anbima de negociações definitivas de crédito privado, realizando um filtro cujo spread (diferença) entre os preços máximo e mínimo negociados representam mais do que 0,01% do volume negociado no dia, com o intuito de descartar o que acreditamos serem as operações diretas dentro de instituições.
Em outubro, o volume negociado de debêntures no mercado secundário atingiu R$ 19,6 bilhões, sendo R$ 12,5 bilhões em não incentivadas e R$ 7 bilhões em incentivadas. O principal destaque em não-incentivadas foi a debênture da Rede D’Or (RDORC3). Para as debêntures incentivadas, o maior volume negociado foi da debênture da CCR (CCROB6), com uma margem elevada para o segundo colocado, AES Cajuína (AESB11).
No caso dos certificados de recebíveis, para os CRIs, o volume de negociação foi de R$ 2,5 bilhões, com destaque para um CRI do Grupo Matheus. Para os CRAs, o volume negociado foi de R$ 5,2 bilhões, sendo o principal ativo negociado o CRA de ECTP.
Ressaltamos que ativos de crédito privado também podem apresentar risco mais elevado e, portanto, boas rentabilidades, sendo uma boa alternativa para quem busca diversificar a carteira.
Leia mais aqui.
Ratings
Essas foram as ações de ratings das principais agências de classificação de risco no mês, tanto para emissores quanto para emissões em escala nacional (no link abaixo).
Em outubro, tivemos uma sinalização mista nas classificações de crédito dos emissores, com predominância de cenários mais positivos, uma vez que houve mais elevações do que rebaixamentos no mês. Nas mudanças de perspectivas no mês, pudemos observar a mesma tendência.
Fonte: Fitch Ratings, S&P Global Ratings e Moody’s Local | Elaboração XP
Próximos vencimentos de Debêntures
Dentro dos próximos seis meses, destacamos o mês de dezembro com a maior concentração de volume de debêntures a vencer, R$ 6,5 bilhões ainda em estoque. Além disso, até o fim do ano o volume em estoque atual para vencer é de quase R$ 13 bilhões. Pode-se esperar que parte do volume a vencer seja refinanciado, voltando ao mercado na forma de novas emissões de crédito privado.
Veja como funcionam as ofertas públicas de crédito privado.
O principal vencimento em volume é uma debênture comum da Gerdau (GGBRA5) emitida em novembro de 2018.
Relatórios publicados
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Fontes
Anbima
Banco Central do Brasil
Tesouro Direto
CVM
Fitch Ratings
Moody’s
S&P Global Ratings
B3
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