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Caso esteja iniciando sua jornada na Renda Fixa, recomendamos começar pelo conteúdo "Renda Fixa: O que é preciso saber?"
Renda Fixa: tudo sobre o que passou e o que esperar.
No mês de maio, a curva de juros futuros apresentou elevação em todos os vencimentos, reflexo das contínuas pressões inflacionárias globais e locais, acrescidas de receios com a política fiscal, em meio a propostas do governo para redução de impostos para controle da inflação. Essa dinâmica de juros impactou mais uma vez negativamente os títulos prefixados e IPCA+ do Tesouro.
O volume de emissões de debêntures incentivadas e comuns desacelerou em maio. Nas ações de ratings, tendência positiva nas alterações de perspectivas e volume mais representativo de elevações nas notas em relação a rebaixamentos.
Para os próximos meses, o cenário global permanece desafiador, com inflação alta e expectativas de continuação na elevação de juros por bancos centrais em todo o mundo. Aqui no Brasil, os reflexos do cenário global e local levam o mercado a esperar novo aumento na Selic no Copom de junho. Esperamos que a Selic chegue em 13,75% dentro das próximas duas reuniões e fique estável até ao final de 2022, e projetamos 8,75% para o fim de 2023.
No Radar
Projeções dos principais indicadores
- Esperamos Selic (taxa básica de juros) de 13,75% até o final de 2022 e 8,75% para 2023.
- Para inflação, projetamos 9,2% em 2022 e 4,5% em 2023.
- Estimamos crescimento de 1,6% para o PIB este ano e de 0,5% para o ano que vem.
Destaques do mês de maio:
- A curva de juros se elevou novamente em todos os vencimentos, reflexo das contínuas pressões inflacionárias globais, consequentes indicações de altas de juros tanto nos EUA quanto no Brasil e preocupações com a política fiscal local.
- Na primeira semana de maio, o Copom decidiu por elevar a Selic em um ponto percentual, para 12,75%. O comunicado foi visto como hawkish, sinalizando a possibilidade de um novo aumento na reunião de junho.
Como agir?
- O momento requer cautela em relação ao prazo do investimento, não sendo o momento ideal para alongamentos relevantes.
- Para investimentos de curto a médio prazo, preferimos ativos pós-fixados, que acompanharão a esperada elevação na Selic. Mantivemos as alocações similares ao mês passado.
- Recomendamos também uma pequena parcela de ativos prefixados, que apresentam hoje taxas atraentes. Porém, dado o ambiente de incertezas, recomendamos para aplicações curtas e que sejam levadas até o vencimento.
- No caso de investimentos de prazos um pouco mais longos, continuamos preferindo ativos indexados à inflação, possibilitando ganhos reais (acima do IPCA). Esta estratégia é reforçada com aumento de nossa projeção de inflação.
- Trazemos indicações de alocação em nosso relatório Investindo na Renda Fixa: Junho 2022.
O mercado de Renda Fixa
Poupança
Devido à paralização dos servidores do Banco Central, não há dados atualizados sobre a captação da Poupança no mês de maio. Nos quatro primeiros meses do ano, o balanço havia sido negativo em R$ 63 bilhões.
Considerando a taxa Selic em 12,75%, a aplicação em caderneta de poupança se torna cada vez menos atraente em relação a outros investimentos.
Veja mais sobre comparações do investimento em Poupança em relação a outras aplicações também conservadoras, como o Tesouro Selic e emissões bancárias.
Tesouro Direto
Captação Líquida
O Tesouro Nacional não realizou a atualização dos dados de abril (há sempre defasagem de um mês) a tempo da publicação deste relatório. Atualizaremos caso as informações sejam divulgadas.
Consideramos o Tesouro Direto uma excelente porta de entrada ao mundo dos investimentos. Sendo assim, o crescimento é um bom indicativo não apenas para esta aplicação, mas para investimentos como um todo.
Rentabilidade
Os títulos do Tesouro Direto tiveram rentabilidade majoritariamente negativa no mês de maio. Apenas os títulos Tesouro Selic 2025 e 2027, normalmente mais estáveis pela sua remuneração pós-fixada, encerraram com valorização no mês.
No caso dos títulos prefixados ou indexados à inflação (IPCA+), houve desvalorização nos preços, principalmente para os vencimentos mais longos. O comportamento foi visto outras vezes nos últimos meses e reflete o aumento de taxas negociadas, devido a fatores externos (como elevação nos preços de commodities, inflação e alta de juros globais) e internos (aumento na percepção de risco fiscal). O Tesouro IPCA+ 2045 (sem juros semestrais), por exemplo, desvalorizou 3,7% no mês de maio e já acumula mais de 22% de queda em 12 meses.
Acompanhe os movimentos e as taxas negociadas no Tesouro Direto diariamente.
Quando ocorrem valorizações nos títulos, enxergamos que podem representar oportunidades de ganhos de capital para quem já possui os ativos, uma vez os preços dos títulos subiram. No entanto, vale ponderar se a realização dos ganhos é necessária neste momento ou quais as alternativas de alocação deste montante.
Por outro lado, desvalorizações podem representar oportunidade de compra de títulos a taxas mais elevadas, desde que faça sentido para a composição da carteira do investidor. Vale reforçar que, neste momento, cautela é a palavra-chave, dado o ambiente de incertezas em que estamos inseridos.
Entenda mais sobre a relação entre preços dos títulos e os juros aqui.
Emissões Bancárias
Em maio, houve aumento de estoque da maioria das emissões bancárias. Repetindo a tendência dos últimos meses, a exceção foram as Letras de Câmbio (LC), reduzindo seu estoque em 2,2%. Esse movimento pode ser explicado pelos vencimentos dos ativos sem o mesmo ritmo de novas emissões pelas instituições financeiras.
Os principais destaques positivos em relação ao mês anterior foram nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), com aumento de 7,8% e Letras Imobiliárias Garantidas (LIG), cujo estoque cresceu 5,5%.
Crédito Privado
Saiba tudo sobre crédito privado
Mercado Secundário
Os principais ativos de crédito privado cresceram o seu estoque valorizado em maio contra o mês anterior, principalmente os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), o que pode indicar volume emitido mais forte (e/ou maior concentração de vencimentos).
Mercado Primário
A emissão de debêntures (incentivadas ou não) atingiu R$ 21,5 bilhões no mês de maio, queda de 26% ante abril. O prazo médio das emissões caiu novamente, para 5,5 anos, ficando abaixo da média do ano, de 6,6 anos.
Debêntures incentivadas
O volume emitido de debêntures incentivadas, com foco em financiamento à infraestrutura e isentas de imposto de renda, somou R$ 2,4 bilhões em maio. Foram seis emissões no total, sendo quatro do setor de energia (Coelce, CPFL Geração, Proton Energy e RGE Sul Distribuidora), uma do setor de saneamento (Águas de Teresina) e uma do setor de telecomunicações (Unifique).
Mercado secundário
Fluxo
Nesta seção, analisamos os dados da Anbima de negociações definitivas de crédito privado, realizando um filtro cujo spread (diferença) entre os preços máximo e mínimo negociados representam mais do que 0,01% do volume negociado no dia, com o intuito de descartar o que acreditamos serem as operações diretas dentro de instituições.
No mês de maio, o volume negociado de debêntures no mercado secundário atingiu R$ 21,5 bilhões, sendo R$ 10,7 bilhões em não incentivadas e R$ 10,8 bilhões em incentivadas. O principal destaque em não-incentivadas foi a debênture participativa da Vale (CVRDA6) e em incentivadas a debênture da CSN Mineração (CMIN21).
No caso dos certificados de recebíveis, para os CRIs, o volume de negociação foi de R$ 3,0 bilhões, com destaque para o CRI da General Shopping III. Para CRAs, o volume negociado foi de R$ 4,3 bilhões, sendo o principal ativo negociado um CRA Grupo Moreno.
Ressaltamos que ativos de crédito privado também podem apresentar risco mais elevado e, portanto, boas rentabilidades, sendo uma boa alternativa para quem busca diversificar a carteira.
Leia mais aqui.
Ratings
Essas foram as ações de ratings das principais agências de classificação de risco no mês, tanto para emissores quanto para emissões.
No mês de maio, tivemos uma sinalização positiva nas classificações de crédito, que pode ser vista na diferença de volume de elevações de ratings contra volume de rebaixamentos.
Além disso, mudanças de perspectiva, que indicam a direção das notas nos próximos meses, apresentaram tendência positiva, o que significa que as agências diminuíram as suas prováveis revisões para baixo nas notas de crédito para os emissores e/ou elevaram a probabilidade de elevações.
Fonte: Fitch Ratings, S&P Global Ratings e Moody's Local | Elaboração XP
Próximos vencimentos de Debêntures
Dentro dos próximos seis meses, destacamos o mês de agosto com a maior concentração de volume de debêntures a vencer, com mais de R$ 7,6 bilhões em estoque atual e sendo mais que o dobro da média dos cinco meses anteriores.
Nos próximos três meses, considerando vencimentos a partir do dia 7 de junho até 31 de agosto, são aproximadamente R$ 14,7 bilhões de estoque em debêntures para vencer. Pode-se esperar que parte do volume a vencer seja refinanciado, voltando ao mercado na forma de novas emissões de crédito privado.
Veja como funcionam as ofertas públicas de crédito privado.
No mês de junho, são esperados R$ 5,1 bilhões em vencimentos de debêntures. O principal vencimento em volume é uma debênture comum da Via Varejo (VVAR25) emitida em 2020.
Relatórios publicados
Artigos
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Ciclos da renda fixa: analisando o momento atual
Ofertas Públicas de Renda Fixa
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Fontes
Anbima
Banco Central do Brasil
Tesouro Direto
CVM
Fitch Ratings
Moody's
S&P Global Ratings
B3
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