O que aconteceu nesta semana na renda fixa?
Em um movimento de aversão a risco, as taxas de juros fecharam a semana em alta por toda a extensão da curva, com os vértices no longo prazo se afastando da casa dos 12% - marca registrada na semana anterior. As diretrizes de mercado nos últimos dias se devem a componentes internos e externos.
Outro fator que contribui para a abertura da curva é o aguardo, por parte dos investidores, de uma nova rodada de deterioração das expectativas no Boletim Focus, na próxima segunda-feira (22). O Focus desta semana trouxe alta da mediana projetada para o IPCA. Para 2023, o indicador saiu de 5,36% para 5,39%, 2024 de 3,50% para 3,70%, e 2025 de 3,30% para 3,50%.
No mercado externo, as taxas também apresentaram alta devido aos discursos de austeridade monetária defendidos pelos dirigentes do Fed, que buscam levar a inflação norte-americana para a meta. Segundo Patrick Harker, o objetivo é desacelerar "modestamente" a economia, alinhando oferta e demanda, sem provocar recessão.
O que esperar para a próxima semana?
No cenário internacional, serão publicadas as prévias dos PMIs de Alemanha, Zona do Euro, China e EUA de janeiro. No caso do último, destaque também para o PIB do 4º tri, o deflator do PCE e os dados de gasto, consumo e renda pessoal. No Brasil, o foco será na divulgação do IPCA-15 de janeiro, além de números de crédito, arrecadação federal, setor externo e criação de vagas formais (CAGED) em dezembro.
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Cenário macroeconômico
No campo doméstico, há novas sinalizações de política econômica para 2023. Em comentários feitos no Fórum Econômico Mundial, Haddad prometeu o envio do novo arcabouço fiscal até abril. Além disso, ao tratar da reforma do imposto de renda, afirmou a intenção de enviar a proposta ainda no segundo semestre.
Acerca do salário-mínimo, há divergências nos discursos dos ministros Haddad e Tebet. Em entrevista para o jornal O Globo, a Ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou ‘não haver espaço’ para reajuste do salário-mínimo para R$ 1.320. Por outro lado, o ministro Fernando Haddad disse que a decisão será tomada após negociação com centrais sindicais.
Na seara internacional, destaca-se o crescimento da economia chinesa acima das projeções. No último trimestre de 2022, a economia da China cresceu 2,9% em relação ao mesmo período de 2021, bem acima do consenso (1,8%), mas com claro efeito da política de zero-Covid. Com a suspensão das medidas de restrição à mobilidade no país, estimamos crescimento de 5,0% em 2023, com viés baixista no curto prazo por conta do aumento recente das infecções por Covid.
No continente europeu, a taxa anual do índice de preços ao consumidor na Zona do Euro desacelerou para 9,2% a/a e -0,4% m/m em dezembro, ante 10,1% em novembro. Após atingir a máxima histórica de 10,6% em outubro, o indicador apresentou números em linha com as projeções.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o Federal Reserve (o banco central norte-americano), indica estagnação e desinflação da economia americana. Em comunicações recentes, alguns diretores do FED indicam que a autoridade monetária deve subir ainda mais os níveis correntes de juro em vista a deter a inflação, ao redor de 5% por um período mais prolongado.
Leia o resumo completo de economia da semana
Juros e inflação
Em um movimento de aversão a risco, as taxas de juros fecharam a semana em alta por toda a extensão da curva, com os vértices no longo prazo se afastando da casa dos 12% - marca registrada na semana anterior. As diretrizes de mercado nos últimos dias se deve a componentes internos e externos.
No campo doméstico, parte relevante do movimento está atrelado às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à independência do Banco Central e à atual meta de inflação, a última muito baixa de acordo com a sua avaliação. O discurso do atual presidente foi visto como “populistas” e na contramão da sinalização de austeridade fiscal do Ministro da Fazenda.
Na seara internacional, dados fracos da economia norte-americana e o discurso “hawkish” (contracionista) do presidente do Federal Reserve complementaram o cenário de aversão ao risco.
Outro componente que contribui para a abertura da curva é o aguardo, por parte dos investidores, de uma nova rodada de deterioração das expectativas no Boletim Focus, na próxima segunda-feira (22). O Focus desta semana trouxe alta da mediana projetada para o IPCA. Para 2023, o indicador saiu de 5,36% para 5,39%, 2024 de 3,50% para 3,70%, e 2025 de 3,30% para 3,50%.
No mercado externo, as taxas também apresentaram alta devido aos discursos de austeridade monetária defendidos pelos dirigentes do Fed, que buscam levar a inflação norte-americana para a meta. Segundo Patrick Harker, o objetivo é desacelerar "modestamente" a economia, alinhando oferta e demanda, sem provocar recessão.
A curva de juros pode ser compreendida como as expectativas dos rendimentos médios de títulos públicos prefixados sem cupom (ou seja, sem pagamentos semestrais), de hoje até uma determinada data futura, a partir dos contratos futuros de juros (ou DI). Enquanto isso, a Taxa Selic Esperada é a rentabilidade da taxa básica de juros esperada no final de cada período. Entenda mais aqui.
Títulos públicos
Mercado primário (leilões)
Para mais informações sobre o funcionamento de leilões de títulos públicos, clique aqui.
Para o ano de 2023, o Tesouro Nacional incluiu novos títulos: NTN-B 2023 e NTN-B 2050, LFT 2026 e LTN 2025.
Leilão do dia 17/01 – NTN-B e LFT
Na terça-feira, o Tesouro Nacional (TN) ofertou 1,05 milhão de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B). Além disso, ofertou 1,5 milhão de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), aumentando a oferta para a primeira categoria e reduzindo para a segunda.
As NTN-Bs ofertadas foram parcialmente absorvidas e apenas o vencimento de 2026 obteve demanda para a totalidade dos títulos. Nos três vencimentos, as taxas ficaram acima de 6,0% a.a. e o volume financeiro foi de, aproximadamente, R$ 3,7 bilhões.
O TN obteve performance semelhante com as LFTs, uma vez que a demanda foi abaixo da oferta. No vencimentos, o volume financeiro somado foi cerca de R$ 4,5 bilhões.
Leilão do dia 19/01 – LTN e NTN-F
No leilão de quinta-feira, houve oferta de 450 mil Letras do Tesouro Nacional (LTN), com vencimentos para os próximos três anos, e 100 mil Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F), divididas em duas séries de vencimentos em 2029 e 2033. Para ambos os títulos, houve redução da oferta.
O TN não obteve demanda para o vencimento em 2024 para as LTNs. Em contrapartida, os vencimentos em 2025 e 2026 foram totalmente colocados, conseguindo atingir um volume financeiro de R$ 215 milhões.
As NTN-Fs, por sua vez, também foram totalmente colocadas. Nos dois vencimentos, as taxas ficaram abaixo de 12,8% a.a. e o volume financeiro foi de R$ 87 milhões.
Mercado Secundário
O IMA-B representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos indexados ao IPCA (NTN-B). O IRF-M representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos prefixados (LTN e NTN-F).
Ambos são calculados pela Anbima e podem sofrer variações devido à dinâmica de oferta e demanda de títulos no mercado, reflexo das movimentações no cenário econômico.
O preço dos títulos sobe quando a expectativa de juro futuro cai (e vice-versa) devido à relação inversa entre os dois. Esse mecanismo que mostra o efeito dos juros sobre preços é a marcação a mercado. Entenda mais aqui.
Em um movimento de aversão a risco, as taxas de juros fecharam a semana em alta por toda a extensão da curva, com os vértices no longo prazo se afastando da casa dos 12% - marca registrada na semana anterior. As diretrizes de mercado nos últimos dias se deve a componentes internos e externos - vide seção "Juros e Inflação" para mais detalhes. Com isso, a maioria dos títulos públicos federais apresentaram desvalorização. Além disso, as taxas de títulos mais longos de inflação se afastaramdo patamar de IPCA + 6,3% e os prefixados de longo prazo ficou acima dos 13%.
Acompanhe as taxas do títulos do Tesouro Direto disponíveis para compra e para resgate
Crédito Privado
Fluxo
Nesta seção, analisamos os dados da Anbima de negociações definitivas de crédito privado, realizando um filtro cujo spread (diferença) entre os preços máximo e mínimo negociados representam mais do que 0,01% do volume negociado no dia, com o intuito de descartar o que acreditamos serem as operações diretas dentro de instituições.
Na última semana, o fluxo médio diário de negociações em debêntures não incentivadas foi de R$ 719 milhões (ante R$ 1001 milhões na semana anterior), R$ 292 milhões em debêntures incentivadas (vs. R$ 585 milhões), R$ 106 milhões em CRIs (vs. 170 milhões) e R$ 194 milhões em CRAs (vs. R$ 298 milhões).
Os papéis mais negociados por classe de ativos foram as debêntures da Tupy (TUPY14), a debênture incentivada da Eneva (ENEV39), CRI da GTIS e, por fim, CRA da BRF.
Como não são disponibilizados a tempo da publicação do relatório, os dados desta sexta-feira não são considerados.
Ações de rating
Ratings são notas atribuídas por agências classificadoras de risco de crédito que podem impactar diretamente seus investimentos em Renda Fixa. Entenda mais aqui.
O que esperar - Semana de 23/01 a 27/01
Agenda econômica
No cenário internacional, serão publicadas as prévias dos PMIs de Alemanha, Zona do Euro, China e EUA de janeiro. No caso do último, destaque também para o PIB do 4º tri, o deflator do PCE e os dados de gasto, consumo e renda pessoal. No Brasil, o foco será na divulgação do IPCA-15 de janeiro, além de números de crédito, arrecadação federal, setor externo e criação de vagas formais (CAGED) em dezembro.
Leilões do Tesouro Nacional
Vencimentos de debêntures da próxima semana
Relatórios recentes em destaque
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