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Quais são os maiores consensos do mercado atualmente?

Quais são os atuais consensos de mercado hoje, no Brasil e globalmente? Nesse XPresso, iremos contrastar os maiores consensos hoje no mercado com as nossas visões para 2023.

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Neste XPresso, discutiremos quais são os maiores consensos hoje nos mercados e na economia (em contraste com as nossas próprias visões para 2023), por que devemos ter cuidado com o consenso e o que o investidor contrário à manada deveria fazer hoje.

Globalmente, os investidores estão pessimistas e esperando uma recessão branda

Os indicadores mostram que os investidores globais estão, de modo geral, pessimistas com os mercados e a direção da economia global para 2023. Além disso, a grande maioria dos economistas espera uma recessão nos países desenvolvidos.

A probabilidade de uma recessão nos próximos 12 meses é atualmente de 67% nos EUA e 70% na Europa, segundo economistas consultados pela Bloomberg. É por isso que essa recessão vem sendo chamada de “a recessão mais esperada de todos os tempos”.

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Normalmente, os economistas demoram a observar uma recessão, e só a projetam quando ela já está ocorrendo – e não antes – como vimos em 2008 e 2020. Por outro lado, quando esses índices estavam acima de 60% no passado o resultado final sempre foi uma recessão. Os economistas estarão certos desta vez?

Os relatórios de Year Ahead da maioria dos economistas e estrategistas denotaram um forte consenso de que uma recessão é provável em 2023, tanto nos EUA quanto na Europa. No entanto, esse consenso está apontando apenas para uma recessão leve, que será resolvida rapidamente à medida que os mercados de trabalho e as economias permanecerem resilientes.

Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 18/1/2023.

Agora, em relação ao sentimento dos investidores em geral, o indicador de sentimento de otimismo dos AAIs nos EUA permanece perto das mínimas recordes, o que mostra um sentimento negativo em relação à Bolsa americana. Apesar de uma melhora recente, apenas 24% dos AAIs estão otimistas com a direção dos mercados de renda variável, de acordo com o índice. Esse é um dos níveis mais baixos de todos os tempos, desde que o índice começou a ser medido.

Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 18/1/2022.

No Brasil, duas visões opostas

No Brasil, há duas visões de consenso muito distintas. Os investidores locais continuam cautelosos e ainda evitando ações brasileiras e assumir riscos, devido ao cenário de altas taxas de juros e preocupações locais, como os riscos políticos e fiscais.

Como a nossa Pesquisa com assessores XP mostra, a maioria dos investidores locais está atualmente com uma baixa exposição à renda varável e não está disposta a aumentar sua alocação. 84% dos entrevistados dizem que seus clientes estão dispostos a manter ou reduzir sua exposição a renda variável no Brasil. Além disso, 74% dos investidores têm uma alocação em renda variável entre 0-25% atualmente.

Fonte: XP Research. Dados de 18/1/2023.
Fonte: XP Research. Dados de 18/1/2023.

Além disso, os resgates de fundos de ações locais continuam elevados, enquanto a renda fixa continua recebendo investimentos. Esse é outro indicador de que os investidores locais estão pessimistas em ações e mudando para os produtos de renda fixa em busca de taxas altas e baixa volatilidade.

Os investidores globais, por outro lado, têm opiniões opostas sobre o Brasil, e mais construtivas. Vemos a contínua disposição dos investidores globais em aumentar os ativos brasileiros por vários motivos:

1) Beneficiário da reabertura da China: o Brasil é visto como beneficiário direto da reabertura da economia chinesa em 2023, dada a alta exposição a commodities no Ibovespa e na balança comercial.

2) Valuations atrativos: os ativos brasileiros oferecem um alto prêmio de risco para os investidores, à medida que as taxas de juros reais são uma das mais altas do mundo, o múltiplo de Preço/Lucro (P/L) projetado está em 6x – quase 50% abaixo das médias históricas – e o Real ainda está mais fraco em relação à outras moedas dos Mercados Emergentes.

3) Altas taxas de juros: o alto nível das taxas de juros no Brasil atraem não apenas investidores de renda fixa, mas também investidores de renda variável, pois há uma visão de que a moeda não deve desvalorizar substancialmente devido ao alto carry trade.

4) Mercados Emergentes são os favoritos em 2023: os investidores buscam reduzir a exposição aos EUA, enquanto adicionam exposição à Europa, China e Mercados Emergentes em 2023, e o Brasil está se beneficiando dessa tendência.

Fonte: B3, XP Research. Dados até 29/12/2022.
Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 29/12/2022.

O consenso está sempre errado?

A pergunta óbvia é: seguir o consenso é sempre uma má ideia? E os investidores, devem sempre se esforçar para fazer algo completamente diferente do consenso? Não necessariamente.

O consenso geralmente está certo e é doloroso apostar contra ele, especialmente quando as tendências são duradouras. Por exemplo, o setor de Tecnologia foi um consenso entre os investidores por muitos anos e apresentou uma performance significativamente melhor que o mercado na última década. O investidor que tentou ir contra o consenso acabou perdendo muito dinheiro nesse caso, até pouco tempo atrás.

No entanto, o ponto a se ter em mente é que um grande consenso é geralmente descontado pelos preços de mercado, e o “big money”, como Howard Marks descreve tão bem, se resume em encontrar as oportunidades que estão indo contra a multidão.

O que o investidor contrário ao consenso faria?

De acordo com uma carta recente aos investidores do famoso fundo multimercado Bridgewater, “os mercados estão descontando que nenhuma grande contração ocorrerá, que a inflação se normalizará mesmo sem essa contração, e que os bancos centrais poderão começar a diminuir as taxas de juros em meados de 2023. Nós vemos essa combinação de circunstâncias como improvável”.

Dessa forma, os investidores contrários devem apostar em: 1) uma recessão muito mais profunda do que o esperado, ou 2) nenhuma recessão. Ambos têm resultados de mercado muito diferentes, mas também são diferentes ao nível geral de preços nos mercados globais atualmente.

No Brasil, o investidor “do contra” estaria comprando nomes expostos domesticamente e altamente alavancados, que poderiam se beneficiar de uma potencial queda de juros adiante.

Qual é a nossa visão?

Conforme discutimos em nosso recente Onde Investir em 2023, temos uma visão cautelosa para ativos de risco em 2023. Globalmente, também prevemos uma alta probabilidade de recessão nos mercados desenvolvidos, mas vemos a história de reabertura da China como um amortecedor para a profundidade e a duração dessa contração de mercado. Além disso, vemos o Brasil como um claro beneficiário dessa reabertura chinesa, bem como do fluxo para Mercados Emergentes e para fora dos EUA.

Do lado doméstico, os riscos fiscais e políticos continuam sendo os principais e devem determinar se o Banco Central poderá iniciar um ciclo de redução das taxas de juros ou não, e se o apetite a risco dos investidores locais voltará. As altas taxas de juros no Brasil acabam por reduzir o apetite dos investidores de tomarem risco, além de reduzir a potencial valorização das ações brasileiras. O nosso valor justo para o Ibovespa (de 125 mil pontos) oferece apenas 10% de potencial de valorização atualmente, e para se ter uma valorização maior, é preciso assumir taxas de juros menores adiante (abaixo de 5% de juros reais, ao invés dos 6,2% atualmente).

No entanto, diferentemente dos EUA e outros mercados, acreditamos que a alta margem de segurança dos ativos brasileiros (ou seja, seus valuations bastante descontados) favorecem o aumento das alocações em ações e renda fixa no país.

Fonte: Bloomberg, XP Research. Dados até 18/1/2023.
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