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Resumo: Mesmo com a semana mais curta devido ao feriado de carnaval, a curva de juros fechou com alta significativa, sinalizando aumento de expectativas das taxas de juros em todos os vértices com os desdobramentos do conflito na Ucrânia, como pressão nas commodities e cadeia produtiva global. Fizemos um relatório especial sobre os impactos de uma semana após a invasão russa.
Já as taxas dos títulos do Tesouro indexados à inflação (NTN-B) tiveram uma alta suave. As taxas de juro real apresentam aspecto linear nos vencimentos intermediários e longos, mas com prêmios maiores no curto prazo devido a inflação implícita reduzida pela possibilidade de desoneração de impostos federais sobre o diesel e gás de cozinha, assim como cobrança menor de ICMS pelos estados e municípios.
Para a semana que vem, esperamos a publicação de índices de inflação ao consumidor nos Estados Unidos, Alemanha e China referentes a fevereiro. Além disso, a agenda traz o índice de inflação ao produtor e estatísticas de crédito e setor externo da economia chinesa, também relativos ao mês passado.
No Brasil, o IPCA de fevereiro e os dados de produção industrial (PIM) e vendas no varejo (PMC) de janeiro são esperados pela agenda econômica. No campo político, destaque para a possível apresentação de medidas de estímulo pelo Ministério da Economia e retomada das discussões sobre a desoneração dos combustíveis.
Cenário macroeconômico
No cenário internacional, o conflito entre Rússia e Ucrânia continua. Sanções são aplicadas pelos países ocidentais contra a Rússia em resposta às agressões da invasão, que incluem congelamento de ativos de bancos, oligarcas e políticos russos no exterior. Empresas também cortaram vendas para a Rússia e diversos contratos foram desfeitos. Além disso, foram retirados do sistema internacional de pagamentos SWIFT diversos bancos do país, o que somente havia sido feito com o Irã em 2012.
O Banco Central da Federação Russa teve ativos congelados no exterior, tornando ineficaz boa parte das reservas internacionais acumuladas pelo país, que somavam cerca de 600 bilhões de dólares. Estas medidas provocaram uma corrida bancária no país, a interrupção de diversas cadeias produtivas, marcação a zero de títulos russos (perda de valor de mercado), classificações de crédito da dívida rebaixadas como “lixo” e desvalorização de quase 50% do rublo.
Também devido à guerra no leste europeu, as commodities permanecem em alta e acirram risco de inflação global. Vemos um possível cenário de estagflação global (crescimento baixo com inflação em alta). O time de Macroeconomia da XP explora os possíveis impactos da crise na Ucrânia para a economia e mercados em novo relatório publicado aqui.
Enquanto isso, no Brasil o PIB de 2021 surpreendeu positivamente. A economia brasileira cresce 4,6% em 2021 (XP: 4,6%; consenso: 4,5%) e fica 0,5% acima do patamar pré-pandêmico. O PIB cresceu 0,5% no 4º trimestre de 2021 em relação ao trimestre anterior (XP: 0,4%; consenso: 0,1%), com melhora no setor de serviços e na agropecuária a despeito da queda da indústria.
No campo político, a votação do Projeto de Lei dos Combustíveis é adiada para semana que vem e possível pacote de novas medidas econômicas está no radar. Caso aprovado o PL dos Combustíveis, com desoneração do diesel, estimamos impacto de 19 bilhões de reais em perda de arrecadação e um impacto de 0,02 pp na inflação.
A imprensa noticiou que o ministro Paulo Guedes deverá soltar uma série de medidas para fortalecer a economia que incluem a isenção de IR para estrangeiros que compram dívida privada no Brasil, entre outras, com impacto fiscal ainda desconhecido. Essa é uma medida importante para avaliar o fluxo estrangeiro futuro que pode fomentar o mercado de crédito doméstico.
Leia tudo o que aconteceu nesta semana em economia.
Juros e inflação
Mesmo com a semana mais curta devido ao feriado de carnaval, a curva de juros fechou com alta significativa, sinalizando aumento de expectativas das taxas de juros em todos os vértices com os desdobramentos do conflito na Ucrânia, como pressão nas commodities e cadeia produtiva global. Fizemos um relatório especial sobre os impactos de uma semana após a invasão russa.
Já as taxas dos títulos do Tesouro indexados à inflação (NTN-B) tiveram uma alta suave. As taxas de juro real apresentam aspecto linear nos vencimentos intermediários e longos, mas com prêmios maiores no curto prazo devido a inflação implícita reduzida pela possibilidade de desoneração de impostos federais sobre o diesel e gás de cozinha, assim como cobrança menor de ICMS pelos estados e municípios.
De acordo com os preços de mercado, é esperado uma taxa Selic de 13,37% ao final de 2022, contra a expectativa da XP de 12,25%, 11,38% em 2023 (vs. 7,5% da XP), 10,89% em 2024 e 11,13% em 2025. Para inflação, o mercado aponta estimativa de cerca de 6,27% em 2022 (vs. 5,2% da XP, com viés de alta), e 6,11% em 2023 (vs. 3,25%). Para 2024 e 2025, o mercado espera 5,85% para ambos os anos. Dessa forma, a inflação esperada sobe todos os quatro anos a frente.
A curva de juros pode ser compreendida como as expectativas dos rendimentos médios de títulos públicos prefixados sem cupom (ou seja, sem pagamentos semestrais), a partir dos contratos futuros de juros (ou DI). Entenda mais aqui.
Títulos públicos
Mercado primário (leilões)
Para mais informações sobre o funcionamento de leilões de títulos públicos, clique aqui.
Leilão do dia 03/03 – LTN e NTN-F
Esta semana tivemos apenas o leilão de quinta-feira. O Tesouro Nacional divulgou a realização dos leilões de vendas de 3 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) e apenas 200 mil Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F).
O TN vendeu integralmente a oferta de LTNs e o volume financeiro somou R$ 2,362 bilhões, divididos em três vencimentos. Adicionalmente, vendeu 150 mil NTN-Fs apenas do vencimento de 2029 e o volume financeiro foi de R$ 142 milhões, ainda abaixo dos valores negociados antes do estresse causado pelo conflito no leste europeu.
Mercado Secundário
O IMA-B representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos indexados ao IPCA (NTN-B). O IRF-M representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos prefixados (LTN e NTN-F). Ambos são calculados pela Anbima.
Nesta semana, por conta do vencimento das LFTs de vencimento em março de 2022, houve uma demanda de realocação para os títulos de mesma série com vencimento curto em 2023 e um pouco mais longo no 2027. Nos prefixados, um movimento parecido, com rolagem da LTN 2022 para 2023. Na quinta-feira, destaque para fluxos de venda da NTN-F 2025.
Na série indexada ao IPCA, as NTN-Bs tiveram fluxo comprador em toda a curva por conta das expectativas de inflação com a guerra. Na sexta vimos alocadores concentrando nos vencimentos de 2023 e 2024.
Tesouro Direto
O preço dos títulos sobe quando a expectativa de juro futuro cai (e vice-versa) devido à relação inversa entre os dois. Esse mecanismo que mostra o efeito dos juros sobre preços é a marcação a mercado. Entenda mais aqui.
A plataforma do Tesouro Direto realizou a troca de vencimentos em títulos disponíveis, alongando os prazos de compra, mas sem modificar as características de venda dos títulos anteriores. Com isso, alguns títulos novos ainda não possuem um histórico grande de preços de negociação no TD. Entenda melhor aqui!
A volatilidade nas taxas gerada com os impactos da guerra na Ucrânia marcaram a semana pós carnaval pelo aspecto de desvalorização dos títulos do Tesouro.
As séries de títulos pós-fixados, Tesouro Selic, possuem preços mais estáveis e menos correlacionados com mudanças de perspectivas futuras do juros e inflação, mas apresentaram abertura essa semana da parcela prefixada de remuneração do título com vencimento em 2027, fazendo o seu preço de venda do dia 04/02 ficar abaixo do seu preço de compra do dia 25/02.
As séries prefixadas e indexadas à inflação (IPCA+) com vencimentos acima de dez anos apresentaram desvalorização na semana de mais de 2%. O título do Tesouro IPCA+ 2045 sem pagamento de juros semestrais acumula uma queda de 27,20% nos últimos 12 meses, reforçando o ponto de cautela ao se investir em títulos longos quando existe a possibilidade de precisar resgatar antes do vencimento.
Crédito Privado
Fluxo
Na última semana, o fluxo médio diário de negociações em debêntures não incentivadas foi de R$ 678 milhões (ante R$ 862 milhões na semana anterior), R$ 342 milhões em debêntures incentivadas (vs. R$ 436 milhões), R$ 563 milhões em CRIs (vs. R$ 553 milhões) e R$ 151 milhões em CRAs (vs. R$ 354 milhões).
Os papeis mais negociados por classe de ativos foram as debêntures da Magazine Luiza (MGLU19), a debênture de infraestrutura da Usina São Simão (UHSM12) , CRI Bluemacam Catuai 3 e CRA Lar.
Como não são disponibilizados a tempo da publicação do relatório, os dados desta sexta-feira não são considerados e podem alterar o apresentado. Para trazer uma aproximação do resultado em cinco dias, os dados abrangem desde a sexta-feira da semana anterior até a quinta-feira da semana corrente. Nessa semana especificamente, foram abordados apenas três dias úteis por conta do feriado de carnaval.
Ações de rating
Ratings são notas atribuídas por agências classificadoras de risco de crédito que podem impactar diretamente seus investimentos em Renda Fixa. Entenda mais aqui.
Spreads de Crédito
No gráfico abaixo, apresentamos a movimentação dos spreads de crédito consolidados de debêntures com volume relevante de negociação no mercado, de forma a buscar refletir os níveis médios de spreads do mercado de crédito privado. As informações são apresentadas com base em dados da quinzena anterior, de 01/02 a 15/02, devido à data de disponibilização pela Cetip para a realização de nossa análise.
Vale notar que, dada a dinâmica do mercado secundário no Brasil, os movimentos de abertura ou fechamento de spreads não necessariamente refletem maior ou menor risco dos emissores, podendo apenas ser resultado de questões técnicas (como demanda reduzida ou elevada por papeis, por exemplo).
É possível observar que os spreads médios das debêntures incentivadas de prazo inferior a 3 anos apresentaram movimentos mistos, com abertura de um a dois pontos base nos ratings AAA e AA+ e fechamento nos ratings AA e AA-. Já as debêntures de prazo superior a 4 anos tiveram abertura nos prêmios, com exceção dos ratings AA-, que ficou estável, e A+, que sinalizou um fechamento de 4 pontos base. Ressaltamos que estes papeis são atrelados ao IPCA.
Por fim, as debêntures tradicionais em CDI+ com prazo inferior a três anos não tiveram direção única, mas com destaque para o fechamento do spread médio ponderado do rating AA+, que teve fechamento de 1,2 pontos percentuais no período estudado.
Utilizamos este prazo para esses papeis por concentrar o maior volume de negociação, sendo, portanto, mais representativo do movimento geral no mercado.
O que esperar – Semana de 07/03 a 11/03
Agenda econômica
No cenário internacional, o conflito na Ucrânia segue em destaque. Os mercados ficam atentos aos impactos sobre o comércio global, preços de commodities e ativos financeiros.
Na seara de indicadores, destaque para a publicação de índices de inflação ao consumidor nos Estados Unidos, Alemanha e China referentes a fevereiro. Além disso, a agenda traz o índice de inflação ao produtor e estatísticas de crédito e setor externo da economia chinesa, também relativos ao mês passado.
No Brasil, o IPCA de fevereiro e os dados de produção industrial (PIM) e vendas no varejo (PMC) de janeiro estarão no centro das atenções. No campo político, destaque para a possível apresentação de medidas de estímulo pelo Ministério da Economia e retomada das discussões sobre a desoneração dos combustíveis.
Leilões do Tesouro Nacional
Vencimentos de debêntures da próxima semana
Para a próxima semana, não teremos vencimentos programados de debêntures em nenhum dia.
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