Derivativos são um assunto um pouco complexo dentro do mercado financeiro. Por isso, gera muitas dúvidas em investidores iniciantes. Entender esse tema é importante para todos que desejam se aprofundar no mercado e diversificar a carteira.
Afinal, as aplicações em derivativos são excelentes, seja para proteger o próprio patrimônio da volatilidade do mercado ou para conseguir altos lucros em especulação, por exemplo.
O conceito de derivativos financeiros é um dos mais antigos quando se trata de questões econômicas. Inclusive, é possível identificar práticas que remetem ao tema desde a época de Aristóteles.
Ficou curioso para saber o que são derivativos e os riscos ligados a esse tipo transação? Então, continue com a leitura. Daremos dicas de como investir no mercado, entre outros pontos.
Boa leitura!
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Então, o que são derivativos?
Derivativos financeiros são ativos que estão vinculados a outros ativos, como ações, índices, dólar, petróleo, café e soja. Isso significa que eles não possuem um valor intrínseco, pois o seu preço depende do valor base do ativo de referência.
Ou seja, derivativos são um tipo de contrato financeiro entre duas partes.
Nele, os investidores acordam condições prévias referentes a preço e quantidade de compra ou venda de um ativo e determinam um prazo futuro para que os termos sejam executados.
Sendo assim, quando um investidor adquire derivativos de ações, por exemplo, ele não está comprando a ação em si. O que ele compra é um “documento” com o valor da ação acordado naquele momento.
Apenas quando o contrato for executado no futuro é que a pessoa poderá ter as ações propriamente ditas.
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Como funciona o mercado de derivativos?
O mercado de derivativos surgiu por conta das relações comerciais de produtos agrícolas, cujos preços flutuavam bastante. Sendo assim, negociantes, prevendo mudanças relacionadas às safras, tomavam ações para aumentar os seus lucros ou evitar perdas significativas.
Atualmente, todas as negociações dos derivativos são feitas por meio de contratos bem definidos e com regras para liquidação, e funcionam atrelados à bolsa de valores, possuindo dois objetivos principais:
- Proteger financeiramente empresas ou investidores;
- Movimentar os preços por meio de especulação e alavancagem, o que pode gerar altos lucros para pessoas experientes.
Para saber mais sobre o termo alavancagem, leia o conteúdo abaixo. Fique por dentro:
Exemplo prático do que são derivativos
Ainda não ficou muito claro? Então, veja exemplos práticos para ajudar a entender melhor o que são derivativos.
Imagine que João é produtor de café e vai colher sua safra em 90 dias. No momento atual, o kg da saca está custando R$60.
Com medo desse preço diminuir depois da colheita, João cria um contrato futuro com liquidação para daqui a 90 dias e fixa o valor da saca de café em R$60. Sendo assim, independentemente do preço subir ou descer na data limite, ele vai receber pelo valor atual.
Esta é uma ótima forma do produtor se proteger de variações bruscas nos preços e controlar melhor sua receita.
Os derivativos também podem se transformar em uma estratégia de especulação por parte do comprador. Afinal, este adquire o contrato acreditando que o kg do café estará valendo mais de R$60 na data final.
Assim, ele compra mais barato e poderá revender por um preço mais alto, obtendo lucro.
Vantagens de utilizar os derivativos financeiros
Existem várias vantagens de fazer aplicações em derivativos financeiros. As principais são:
1. Proteção ou hedge
Como explicamos acima, é possível usar derivativos para se proteger de variações de preço, seja de commodities e/ou taxa cambial, assim como ter maior previsibilidade de receitas ou pagamentos.
2. Alavancagem e especulação
Os derivativos são uma ótima maneira de trabalhar com projeções e comprar ativos que você acredita que vão se valorizar no futuro por um valor mais barato no presente, como mostramos no exemplo do café.
3. Arbitragem
Quem atua com arbitragem pode utilizar os derivativos financeiros para realizar compra e venda de ativos em bolsas de diferentes países ou de mercados variados e lucrar com as variações de preços.
Uma forma interessante de utilizar os derivativos é por meio dos contratos futuros de dólar. Aqui o investidor negocia uma quantidade de dólares, seja para compra ou venda, com base em uma cotação atual e determina uma data futura para liquidação.
Esse tipo de transação pode ser usada como hedge ou para alavancagem.
No primeiro caso, imagine que o investidor vai viajar daqui a seis meses e acredita que a moeda terá uma alta nesse período. Então, ele faz uma compra hoje de mini dólar com uma cotação mais baixa e evita ter custos mais elevados no futuro.
Isso também funciona para alavancagem. Só que o objetivo do investidor, neste caso, será comprar mais barato e vender posteriormente quando a taxa de câmbio estiver mais elevada, gerando lucro.
Há riscos em investir com derivativos?
Sim. O mercado de derivativos é extremamente volátil, afinal ele trabalha com projeções futuras. Sendo assim, quem não tem muito conhecimento financeiro pode ter altos prejuízos.
Dessa maneira, esse mercado é indicado para pessoas experientes, que acompanham com regularidade o cenário político e econômico. Além disso, é importante ter um perfil de investidor mais agressivo para lidar com as possíveis perdas.
Para ficar a par de tudo o que acontece no Brasil e no mundo, acompanhe as nossas colunas. Aproveite e abra sua conta, para já começar a investir!
Tipos de derivativos: os 4 principais!
Agora você já sabe o que são derivativos. Então, chegou o momento de nos aprofundarmos um pouco mais no tema e entender como essa categoria de ativos pode ser dividida.
De modo geral, existem quatro tipos de derivativos negociados na bolsa de valores. São eles:
- Mercado futuro;
- Mercado a termo;
- Opções;
- Swaps.
Entenda, detalhadamente, cada um desses derivativos:
Mercado futuro
No mercado futuro, os investidores negociam contratos, no qual ambas as partes assumem obrigações de compra ou venda que possuem datas específicas de vencimento.
Neste caso, as contrapartes não estão vinculadas entre si. Isso significa que elas podem repassar o contrato para outra pessoa a qualquer momento, o que gera maior liquidez.
Além do mais, as alterações de preços são ajustadas diariamente. Sendo assim, vendedor e comprador realizam desembolsos frequentes para apurar perdas e ganhos.
Isso proporciona maior transparência para a negociação, porém também exige que os investidores realizem movimentações financeiras constantes, o que desestabiliza o fluxo de caixa.
Veja um exemplo:
João tem 100 ações da Vale que, na data atual, custam R$30 cada. Ele cria um contrato futuro com a Ana para vender este lote daqui a seis meses a R$35 cada ação.
Em dois meses, o preço da ação subiu para R$40. Sendo assim, João já precisa depositar a diferença entre o valor acordado (R$35) e o preço de mercado (R$40) para Ana.
Depois de dois meses, o valor das ações diminuiu e foi para R$32. Nesse mesmo momento, é a vez de Ana depositar para João a diferença de valores. E isso vai sendo feito até a data final de liquidação, quando completarem os seis meses.
Para saber mais sobre esse tipo de derivativo, confira o conteúdo abaixo:
Mercado a termo
O mercado a termo é um dos tipos de derivativos mais simples. Ele funciona de modo muito parecido com o mercado futuro, porém é mais “engessado”. Nele, vendedor e comprador são obrigados a levar o contrato até o prazo final da liquidação. Consequentemente, não há muita liquidez nesse tipo de acordo.
Em contrapartida, os ajustes de valores ocorrem apenas ao final do contrato, o que não prejudica o fluxo de caixa, mas gera pouca transparência.
Vamos tomar como base o exemplo anterior da negociação entre João e Ana. No mercado a termo, o acordo entre ambos seria o mesmo, com a diferença de não haver os desembolsos frequentes relacionados aos ajustes de preço.
Opções
No mercado a termo e mercado futuro, investidores negociam obrigações de compra e venda. Já no mercado de opções, o que ocorre é a negociação do direito de executar uma ação e a obrigação da contraparte de realizá-la.
Isso significa que na data da liquidação do contrato, a pessoa que adquiriu o direito de compra/venda pode ou não finalizar a transação. Porém, caso ela opte por fazê-la, o vendedor da opção é obrigado a efetivá-la.
Esse é um dos tipos de derivativos que proporciona maior liberdade para o tomador, porém exige que ele faça um desembolso inicial, conhecido como prêmio. Isto é uma espécie de taxa, proporcional à quantia negociada, que é paga ao lançador do contrato.
Exemplo:
Marcos é produtor de soja e estima colher mil sacas de produto daqui a 60 dias. Atualmente, o preço da saca custa R$150. Com receio do valor cair na época da colheita, ele compra uma opção de venda atrelada a esse preço para daqui a dois meses.
No referido período, Marcos vai analisar qual o preço à vista da saca de soja. Se o valor estiver em R$130 ele provavelmente irá reivindicar seu direito de venda a R$150.
Contudo, caso o preço esteja em R$170, o mais provável é que ele não finalize o contrato e prefira vender as sacas no mercado à vista.
Swaps
Para finalizar esta lista com os principais tipos de derivativos, temos as swaps. Elas funcionam como um contrato a termo, com prazo para finalizar e no qual as partes ficam vinculadas entre si até o término da negociação.
Todavia, aqui os envolvidos realizam uma troca de indicadores financeiros, sendo algo muito usado por empresas.
Exemplo:
A empresa X é uma exportadora e recebe pagamentos em dólar. Porém, o contrato de locação do prédio onde está situada é reajustado pelo índice nacional do IPCA.
Do outro lado temos a companhia Y, que trabalha no mercado local. Ela reajusta o valor dos seus produtos com base no IPCA, porém contraiu uma dívida internacional que precisa ser paga em dólares.
Essas duas empresas podem utilizar um contrato de swap entre dólar e IPCA e trocar os fluxos de pagamentos das suas obrigações. Dessa forma, a empresa X anula o risco de perder dinheiro com a inflação, e a Y de ter problemas por conta da variação cambial.
Aprofunde seus conhecimentos:
Dicas para investir no mercado de derivativos
Entender o que é mercado de derivativos é o primeiro passo para começar a investir nesse segmento.
Porém, para conseguir bons retornos financeiros, é importante estudar muito. Além disso, as dicas abaixo vão ajudá-lo a fazer negociações mais bem-sucedidas.
1. Certifique-se a respeito do seu perfil de investidor
Como mencionamos, o mercado de derivativos é indicado para investidores de perfil mais agressivo, que conseguem lidar com possíveis perdas financeiras.
Ademais, é importante que a pessoa tenha tempo para acompanhar as operações e planejar estratégias.
Então, antes de realizar aplicações nesse tipo de ativo, analise se você se encaixa nessas características.
2. Conte com uma corretora de investimentos
Para negociar derivativos, é necessário ter uma conta em uma corretora de investimentos. Afinal, é a corretora que vai intermediar as operações, pois todas são feitas na bolsa de valores.
Aqui na XP Investimentos, você abre sua conta de forma online e gratuita.
3. Realize uma boa análise
Depois de entender o que são derivativos, realize uma análise minuciosa de todos os tipos disponíveis no mercado. Para isso, estude relatórios daqueles que chamam a sua atenção.
Muitas corretoras liberam esses dados, mas também é possível procurá-los na internet ou em publicações financeiras especializadas.
Ter esse hábito vai ajudá-lo a entender as vantagens e desvantagens de cada operação.
4. Defina boas estratégias
De posse de todos os conhecimentos anteriores, é necessário definir sua estratégia de investimento. Ou seja, o seu objetivo ao aplicar em derivativos.
Você está em busca de uma operação de hedge ou quer ganhar lucros com especulação? Ter isso claro é de vital importância para se posicionar corretamente no mercado.
Como investir no mercado de derivativos
Depois de entender o que são derivativos, é o momento de começar a aplicar na prática. Esse processo pode ser dividido em alguns passos simples:
Abra a conta que possui na corretora de valores;
- Entre na aba “home broker” do sistema para visualizar os derivativos disponíveis para negociação;
- Escolha o ativo que lhe interessa;
- Transfira da sua conta bancária para a conta da corretora o valor correspondente à transação;
- Na corretora de valores, emita sua ordem de compra ou de venda e acompanhe o investimento feito até a data da liquidação.
Aprenda mais sobre derivativos
Como deu para notar, derivativos é um assunto complexo. Por isso mesmo, é importante estudar o tema constantemente para aumentar seus conhecimentos e realizar aplicações melhores.
Uma forma de aprender mais é acompanhando publicações financeiras em jornais, revistas ou sites especializados.
Aqui na XP Investimentos possuímos vários conteúdos sobre o tema. Inclusive, fizemos dois vídeos com informações bem completas:
- Desmistificando Opções: como trazer eficiência para seu portfólio através dos derivativos;
- Mercado de derivativos e câmbio para clientes Corporate e suas aplicações para as empresas.
Também é possível conferir livros sobre o assunto. Alguns interessantes são:
- Introdução aos Derivativos, de Antônio C. Figueiredo;
- Mercado de derivativos e análise de risco, de André Martins;
- Fundamentos dos mercados futuros e de opções, de John Hull;
- Investindo em opções: como aumentar seu capital operando com segurança, de Mauricio Bastter Hissa.
Caso prefira algo mais abrangente, vale a pena assistir a filmes, documentários e séries que abordam o funcionamento do mercado financeiro. Aqui indicamos:
- Traders;
- American Greed;
- O lobo de Wall Street
- Million Dollar Traders;
- O Mago das Mentiras;
- Becoming Warren Buffett;
- Enron: os mais espertos da sala;
- Capitalismo: uma história de amor;
- Wall Street: o dinheiro nunca dorme;
- Quants: os alquimistas de Wall Street.
Principais dúvidas sobre derivativos
Para finalizar o artigo de hoje sobre o que são derivativos, vamos responder as quatro dúvidas mais comuns de investidores relacionadas ao tema.
1. Quais os principais tipos de derivativos?
Os tipos de derivativos mais comuns são:
- Mercado de opções;
- Mercado a termo;
- Mercado futuro;
- Swaps.
2. Vale a pena utilizar derivativos?
Sim. Principalmente em situações de alavancagem, em que você deseja ganhar com as oscilações de mercado, e de proteção de capital, com o objetivo de evitar prejuízos decorrentes da volatilidade de preços e cotações.
Porém, contém seus riscos, como mencionado. Obtenha sempre o máximo de conhecimento possível!
3. O que é hedge de derivativos?
Hedge de derivativos são operações financeiras que visam proteger o patrimônio do investidor ou de uma empresa contra a volatilidade dos preços.
4. Qual a diferença entre ações e derivativos?
Ações são ativos que representam parte de uma empresa, e o investidor as adquire no mercado à vista. Já os derivativos possuem seu valor vinculado a outro ativo, seja uma ação, um índice ou um item físico, como café.
Quem investe em derivativos de ações, compra ou vende um contrato futuro vinculado ao valor da ação.
Entretanto, apenas quando a transação for liquidada estará, de fato, adquirindo ou cedendo para outra pessoa a ação propriamente dita.
Gostou de saber o que são derivativos e sua importância nas transações financeiras? Então, não deixe de conhecer outros termos do mercado financeiro no nosso blog.