O que aconteceu nesta semana na renda fixa?
Depois de algumas semanas em alta, a curva de juros fechou em queda, com alívio na inclinação. As atenções dos agentes financeiros nesta semana se voltaram aos ruídos em torno das relações entre o Banco Central (BC), e o poder executivo. Ao que tudo indica, as instituições parecem agora demonstrar maior coordenação entre as políticas monetária e fiscal.
Apesar do alívio recente, entendemos que o mercado permanecerá atento a todas as movimentações em torno da política monetária e fiscal do país.
Na esteira de dados expansionistas da economia norte-americana, os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) fecharam a semana em alta. O T-note de 2 anos avançou para 4,6%, enquanto o T-note de 10 anos subiu para 3,82%.
O que esperar para a próxima semana?
No Brasil, a semana do carnaval deve contribuir para reduzir a temperatura do debate acerca dos juros e da meta de inflação. Na sexta-feira, será divulgado o índice de inflação ao consumidor de meio de fevereiro (IPCA-15).
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Cenário macroeconômico
Nesta semana, no âmbito doméstico, o presidente do Banco Central (BC) buscou reduzir a tensão entre a autoridade monetária e o governo. Em entrevista, Campos Neto afirmou que o BC deve trabalhar em conjunto com o Poder Executivo para o bem da economia brasileira, e destacou que o foco do BC é melhorar as condições sociais e o bem-estar por meio da contenção da inflação.
No campo fiscal, o Ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou que a apresentação do novo arcabouço fiscal será antecipada para março. O novo marco vai dar diretrizes sobre despesas e receitas nos próximos anos, em substituição ao atual teto de gastos. Além disso, o Presidente Lula disse mais uma vez que não há razão para os juros estarem tão altos, pois – ao seu ver – a atual alta da inflação não é impulsionada pela demanda.
Enquanto isso, nos EUA, a inflação resistente e números sólidos da atividade econômica – mercado de trabalho, vendas no varejo – começam a levantar a hipótese do banco central americano (Fed) ter que reacelerar o ritmo de alta de juros. No continente europeu, a economia da região provou ser mais resiliente do que se temia diante da guerra na Ucrânia, com o PIB revisado devendo confirmar um crescimento de 0,1% no último trimestre de 2022.
Leia o resumo completo de economia da semana
Juros e inflação
Depois de algumas semanas em alta, a curva de juros fechou em queda, com alívio na inclinação. As atenções dos agentes financeiros nesta semana se voltaram aos ruídos em torno das relações entre o Banco Central (BC), e o poder executivo. Ao que tudo indica, as instituições parecem agora demonstrar maior coordenação entre as políticas monetária e fiscal.
A melhora na percepção de risco dos agentes também foi respaldada pela confirmação do Conselho Monetário Nacional (CMN) de que não há expectativa de alterar a meta de inflação e pela declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que pode antecipar para março a apresentação da nova âncora fiscal.
Apesar do alívio recente, entendemos que o mercado permanecerá atento a todas as movimentações em torno da política monetária e fiscal do país.
Na esteira de dados expansionistas da economia norte-americana, os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) fecharam a semana em alta. O T-note de 2 anos avançou para 4,6%, enquanto o T-note de 10 anos subiu para 3,82%.
A curva de juros pode ser compreendida como as expectativas dos rendimentos médios de títulos públicos prefixados sem cupom (ou seja, sem pagamentos semestrais), de hoje até uma determinada data futura, a partir dos contratos futuros de juros (ou DI). Enquanto isso, a Taxa Selic Esperada é a rentabilidade da taxa básica de juros esperada no final de cada período. Entenda mais aqui.
Títulos públicos
Mercado primário (leilões)
Para mais informações sobre o funcionamento de leilões de títulos públicos, clique aqui.
Leilão do dia 14/02 – NTN-B e LFT
Na terça-feira, o Tesouro Nacional (TN) ofertou 800 mil Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B). Além disso, ofertou 2 milhões de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), expandindo a oferta para ambas categorias.
As NTN-Bs ofertadas foram parcialmente absorvidas em todos os vencimentos. Nos três vencimentos, as taxas ficaram acima de 6,0% a.a. e o volume financeiro foi de, aproximadamente, R$ 2,5 bilhões.
O TN obteve performance semelhante com as LFTs, uma vez que foram parcialmente absorvidas também. Nos vencimentos, o volume financeiro somado foi cerca de R$ 12,7 bilhões.
Leilão do dia 16/02 – LTN e NTN-F
No leilão de quinta-feira, houve oferta de 10 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), com vencimentos para os próximos três anos, e 650 mil Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F), divididas em duas séries de vencimentos em 2029 e 2033. Houve manutenção da oferta para a primeira categoria de título e redução para a segunda.
O TN obteve demanda para uma parcela das LTNs ofertadas. O volume financeiro totalizou R$ 6,7 bilhões.
As NTN-Fs, por sua vez, também foram parcialmente colocadas. Nos dois vencimentos, as taxas ficaram acima de 13% a.a. e o volume financeiro foi de R$ 550 milhões.
Mercado Secundário
O IMA-B representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos indexados ao IPCA (NTN-B). O IRF-M representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos prefixados (LTN e NTN-F).
Ambos são calculados pela Anbima e podem sofrer variações devido à dinâmica de oferta e demanda de títulos no mercado, reflexo das movimentações no cenário econômico.
O preço dos títulos sobe quando a expectativa de juro futuro cai (e vice-versa) devido à relação inversa entre os dois. Esse mecanismo que mostra o efeito dos juros sobre preços é a marcação a mercado. Entenda mais aqui.
Depois de algumas semanas em alta, a curva de juros fechou em queda, com alívio na inclinação. As atenções dos agentes financeiros nesta semana se voltaram aos ruídos em torno das relações entre o Banco Central (BC), e o poder executivo - vide seção "Juros e Inflação" para mais detalhes. Nessa semana, os títulos públicos federais apresentaram valorização. Além disso, as taxas de títulos mais longos de inflação ficaram abaixo do patamar de IPCA + 6,3% e os prefixados fecharam abaixo de 13%.
Acompanhe as taxas do títulos do Tesouro Direto disponíveis para compra e para resgate
Crédito Privado
Fluxo
Nesta seção, analisamos os dados da Anbima de negociações definitivas de crédito privado, realizando um filtro cujo spread (diferença) entre os preços máximo e mínimo negociados representam mais do que 0,01% do volume negociado no dia, com o intuito de descartar o que acreditamos serem as operações diretas dentro de instituições.
Na última semana, o fluxo médio diário de negociações em debêntures não incentivadas foi de R$ 887 milhões (ante R$ 1.351 milhões na semana anterior), R$ 349 milhões em debêntures incentivadas (vs. R$ 285 milhões), R$ 137 milhões em CRIs (vs. 95 milhões) e R$ 248 milhões em CRAs (vs. R$ 210 milhões).
Os papéis mais negociados por classe de ativos foram as debêntures da Eletrobras (ELET13), a debênture incentivada da Cemig (CMGD28), CRI do Corp. HSI Bemol e, por fim, CRA da ECTP.
Como não são disponibilizados a tempo da publicação do relatório, os dados desta sexta-feira não são considerados.
Ações de rating
Ratings são notas atribuídas por agências classificadoras de risco de crédito que podem impactar diretamente seus investimentos em Renda Fixa. Entenda mais aqui.
O que esperar - Semana de 20/02 a 24/02
Agenda econômica
A semana do carnaval deve contribuir para reduzir a temperatura do debate acerca dos juros e da meta de inflação. Na sexta-feira, será divulgado o índice de inflação ao consumidor de meio de fevereiro (IPCA-15).
No cenário internacional, o destaque será a inflação. Nos EUA serão divulgados os dados de consumo e deflator do consumo das famílias. O deflator do consumo é a medida favorita de inflação do Fed. Um número mais forte pode aquecer as apostas na reaceleração dos juros. Teremos também inflação ao consumidor na Alemanha e no México.
Leilões do Tesouro Nacional
Devido ao carnaval, não haverá leilão na terça-feira (21).
Vencimentos de debêntures da próxima semana
Não há vencimentos para a próxima semana.
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