IBOVESPA -1,28% | 95.336 Pontos
CÂMBIO 1,08% | 5,25/USD
O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa encerrou o pregão de ontem em queda de -1,28%, aos 95.336 pontos, interrompendo uma sequência de altas por uma realização de lucros em meio a temores de uma segunda onda do coronavírus e o aumento da tensão política. A curva DI apresentou ontem alta principalmente na parte mais longa, como efeito de investidores se antecipando a novas emissões de títulos públicos após anúncio do Tesouro Nacional de leilões no segundo semestre. Já na ponta curta, as taxas tiveram leve alta, à espera de informações sobre a política monetária e potencial novo corte na taxa Selic. DI jan/21 abriu 2 bps para 2,04%; DI jan/23 foi para 4,17% de 4,14% na sexta-feira e jan/25 encerrou o dia em 5,9%, de 5,82% no fechamento anterior.
Novamente houve descolamento da nossa bolsa frente aos índices globais, com o S&P 500 e o Dow Jones subindo 0,59% e 0,66% e o Nasdaq encerrando o pregão em alta de 1,11%. Nesta manhã, mercados globais operam em alta generalizada, com o futuro do S&P subindo +0,74% e bolsas europeias operando em alta entre 1,5% a 2,0%. Tal movimento reflete o otimismo com os dados do PMI composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços e que subiu de 31,9 em maio para 47,5 em junho. Tal é o maior patamar para o dado em quatro meses e superou a expectativa de mercado coletada pelo The Wall Street Journal, de 40,9. A leitura abaixo de 50 ainda indica que a atividade econômica do bloco segue em ritmo de contração, mas reforça a mensagem de que os piores efeitos da pandemia sobre a economia foram concentrados nos primeiros meses do ano.
A alta dos índices globais também reflete um movimento de recuperação após uma volatilidade inicial causada pelo assessor comercial da Casa Branca Peter Navarro, que afirmou a um veículo de notícias de que o acordo comercial entre Estados Unidos e China haveria “acabado” em vista da falta de transparência do outro país sobre a pandemia do coronavírus. No entanto, o próprio Navarro se retratou pouco tempo depois, afirmando que sua fala foi tirada “fora de contexto”, e o presidente americano Donald Trump afirmou em sua conta do Twitter que o acordo comercial com a China está “completamente intacto”.
Indo para o Brasil, o presidente Jair Bolsonaro descartou ontem a manutenção do auxílio emergencial no valor de R$ 600 por mais de três meses, contrariando a opinião do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Segundo o presidente, a alternativa mais viável é o pagamento de mais duas parcelas em uma quantia menor do que a atual.
De acordo com o Valor Econômico, após reuniões com o ministro da Economia e com o presidente do Senado, a presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Senadora Simone Tebet, afirmou que o governo deve abandonar a PEC emergencial e aproveitar alguns de seus pontos na proposta do chamado Pacto Federativo. A ideia é unificar as duas propostas em um formato mais enxuto, em que medidas consideradas “controversas” sejam excluídas, como a extinção de municípios menores e com arrecadação própria inferior a 10% do orçamento. O senador Marcio Bittar, relator da PEC do Pacto Federativo, ficará com a proposta unificada, que ainda está em discussão pelo governo.
Na política, senadores discutem hoje proposta de adiamento das eleições municipais — ainda sem certeza de aprovação posterior entre deputados. Caso a data seja mesmo alterada, cria-se uma janela maior no início do segundo semestre para discussão no Congresso da agenda pós-pandemia. Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, falou que pretende ter o texto da reforma tributária pronto para ser discutido e votado na comissão especial de deputados até o meio de julho.
Finalmente, do lado das commodities, os preços de celulose de fibra curta na China tiveram mais uma queda na semana (-US$1,3/t), para US$464,1/t. Mantemos nossa visão positiva no longo prazo com recomposição de margens dos produtores de papel na China. Esperamos uma reação negativa das ações de Suzano e Klabin no pregão de hoje.
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Empresas

- Papel & Celulose: Queda no preço da celulose de fibra curta na China
- Setor Elétrico: ANEEL deve desistir de regulamentar ativo regulatório no pacote de socorro ao setor elétrico
- Shoppings (IGTA3, MULT3): Suspensão das atividades de shoppings reabertos
- Frigoríficos (JBSS3, BRFS3): Justiça autoriza reabertura gradual do complexo da BRF em Goiás, e fecha planta da JBS em Rondônia de novo
Veja todos os detalhes
Empresas
Papel & Celulose: Queda no preço da celulose de fibra curta na China
- Os preços de celulose de fibra curta na China tiveram queda na semana (-US$1,3/t), para US$464,1/t. Mantemos nossa visão positiva no longo prazo com recomposição de margens dos produtores de papel na China;
- Esperamos uma reação negativa das ações de Suzano e Klabin no pregão de hoje. Temos recomendação de Compra para ambos os nomes, com preço-alvo de R$47 e R$22/ação para Suzano e Klabin, respectivamente.
Setor Elétrico: ANEEL deve desistir de regulamentar ativo regulatório no pacote de socorro ao setor elétrico
- Segundo o Broadcast, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pretende desistir de propor a regulamentação de um ativo regulatório referente ao socorro para as distribuidoras de energia (Conta-COVID). A recomendação de suprimir o artigo 15 da minuta de resolução proposta pela relatora original do caso, Elisa Bastos Silva, teria vindo da área técnica da agência reguladora;
- A proposta de reconhecimento de um ativo regulatório para registro no balanço das distribuidoras de energia foi alvo de diversos questionamentos. A importância de tal registro é que seria uma forma das distribuidoras minimizarem o risco de violação de cláusulas restritivas (ou covenants) de financiamentos, o que poderia desencadear o vencimento antecipado de dívidas ou penalização dos custos. Porém, houve diversos receios com a possibilidade de que tal ativo poderia configurar reconhecimento prévio do direito a revisão tarifária extraordinária. Assim, após apresentarem os pedidos, as distribuidoras considerariam o registro prévio como piso dos futuros reajustes;
- Além disso, o relator do pedido de vista, Efrain Pereira da Cruz, pretende propor que as revisões tarifárias ex-distribuidoras da Eletrobras e duas ouras distribuidoras (Energisa Tocantins e a DMED de Poços de Caldas, MG) também possam ter parte de seus efeitos incorporados na Conta-COVID, de modo a aliviar a pressão do aumento de tarifas para consumidores. Por fim, sobre as revisões tarifárias, ainda não há consenso sobre como a diretoria vai votar. A reunião da Aneel que vai definir o tema está marcada para hoje (23) às 9h.
- Independente da solução de curto prazo para o setor de distribuição de energia, mantemos uma visão negativa para o setor no médio prazo em vista da potencial deterioração de resultados e indicadores como perdas não técnicas e inadimplência com a deterioração da economia, da renda das famílias e do desemprego.
Shoppings (IGTA3, MULT3): Suspensão das atividades de shoppings reabertos
- A Iguatemi e a Multiplan informaram ontem a suspensão da atividade de alguns de seus shoppings que já haviam sidos reabertos. As companhias também informaram que os shoppings na cidade de Porto Alegre/RS continuam abertos somente para as atividades consideradas essenciais, em horário reduzido;
- A Iguatemi informou o fechamento do Iguatemi Campinas e Shopping Galleria (Campinas/SP), Iguatemi Esplanada (Sorocaba/SP) e I Fashion Outlet Novo Hamburgo (Novo Hamburgo/RS). Todos estarão abertos apenas para atividades essenciais. Os empreendimentos representam cerca de 31% da ABL de shoppings e ~25% da Receita de Aluguel de 2019;
- Já a Multiplan informou a suspensão das atividades não consideradas essenciais do ParkShopping Canoas (Canoas/RS). O ativo representa ~6% da ABL de Shoppings e correspondeu a ~2% da Receita de Aluguel de 2019;
- Para acompanhar os shoppings que já tiveram suas atividades retomadas, bem como a data de abertura, a representatividade na receita e a operadora, acesse nosso relatório de acompanhamento, que será sempre atualizado conforme novos ativos forem reabertos.
Frigoríficos (JBSS3, BRFS3): Justiça autoriza reabertura gradual do complexo da BRF em Goiás, e fecha planta da JBS em Rondônia de novo
- Segundo o Valor Econômico, a BRF retomou nesta segunda-feira (22) a produção no complexo industrial de Rio Verde, em Goiás. A unidade ficou duas semanas fechada por determinação da prefeitura e é uma das principais da empresa. Em nota, a empresa informou que a retomada é gradativa, e a planta ainda não estaria operando a plena capacidade. Em Rio Verde, a BRF tem mais de 8,5 mil funcionários, e todos foram testados para covid-19;
- Em outra notícia do setor, segundo o G1, o Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (TRT-14) suspendeu, pela segunda vez, as atividades de uma planta da JBS em São Miguel do Guaporé (Rondônia) devido ao aumento da contaminação na cidade. A unidade já havia sido fechada no dia 27 de maio após registro de surto de covid-19 entre funcionários, mas o local foi reaberto em 5 de junho. Procurada pela reportagem, a JBS disse ‘não comentar processos judiciais em andamento’. Até o último boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), São Miguel do Guaporé tinha 677 casos de Covid-19, sendo que destes, 532 pacientes já estão recuperados;
- Como destacamos no nosso último relatório sobre o setor de proteínas, tais aberturas e fechamentos de plantas podem vir a aumentar a volatilidade das margens do setor no curto prazo. No médio-longo prazo, porém, mantemos nossa visão positiva, com recomendação de Compra para as três empresas, com preço-alvo de R$ 35 para JBS, R$ 30 para BRF e R$ 18 para Marfrig.

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