IBOVESPA 4,25% | 85.664 Pontos
CÂMBIO 1,60% | 5,45/USD
O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa fechou em forte alta de 4,25% ontem, a 85.663 pontos, seguindo alívio político no Brasil e otimismo nos mercados globais com medidas de reabertura econômica e desenvolvimentos de vacinas, apesar da guerra comercial em curso entre EUA e China.
Nesta manhã, mercados internacionais seguem o movimento positivo. Futuros do S&P 500 nos EUA sobem 2% e bolsas na Europa tem alta de 0,7%. Na Ásia, tivemos fechamento positivo, com destaque para o Japão (2,6%), que deve aprovar novo pacote de US$ 930 bi de estímulos, após os US$ 1,1 tri já aprovados em abril.
No Brasil, de acordo com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, o pagamento das duas primeiras parcelas do auxílio emergencial já totalizou cerca de R$ 65,5 bilhões. Depois de ter sido contratada com exclusividade pelo Ministério da Cidadania para fazer o pagamento do benefício, a Caixa deve anunciar ainda nesta semana parcerias com as maquininhas de cartão para conceder empréstimos a micro e pequenas empresas no novo programa de crédito com garantia do Tesouro Nacional (Pronamp). O lançamento está previsto para a próxima quinta-feira.
Como forma de evitar que o Senado aprove um tabelamento das taxas para bancos e instituições financeiras durante a pandemia, o Banco Central do Brasil estuda a possibilidade de estabelecer uma trava para os juros do cartão de crédito no país, a exemplo do que já foi feito com o cheque especial. Além disso, a equipe econômica estuda a possibilidade de pedir a transferência do lucro do Banco Central obtido no primeiro semestre de 2020 para reforçar o caixa do Tesouro Nacional.
Já a Câmara dos Deputados deve votar ainda hoje a proposta de prorrogar por dois anos a desoneração da folha de pagamento de setores intensivos em mão de obra, como uma medida para estimular a manutenção de empregos após a pandemia.
Na política, seguem os desdobramentos da divulgação da gravação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, apontada por Sergio Moro como prova de que houve tentativa de interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Com a repercussão, Bolsonaro decidiu fazer uma visita ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que é o responsável por investigá-lo no caso. A visita não foi bem recebida por integrantes do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional. No fim do dia, o presidente soltou nota pública em que afirma acreditar no arquivamento da investigação.
Nesta manhã, a Polícia Federal realiza operação no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio, Wilson Witzel. O objetivo é apurar indícios de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência em decorrência da pandemia de Covid-19.
No corporativo, a companhia aérea Latam pediu recuperação judicial nos EUA. Argentina, Brasil e Paraguai não estão incluídos no processo de reorganização. Embora não tenhamos uma opinião sobre o resultado final do processo e se as operações brasileiras serão ajustadas futuramente, notamos que (i) a LATAM (não coberta) já está operando com capacidade reduzida no Brasil em meio às políticas atuais de distanciamento social e (ii) as rotas domésticas da companhia no Brasil têm uma alta sobreposição com as rotas da Gol. Em um cenário em que as rotas domésticas no Brasil sejam reajustadas futuramente, esperaríamos um impacto mais direto para a Gol. Mantemos uma visão cautelosa para o setor no curto prazo.
Do lado das commodities, os preços de celulose de fibra curta na China tiveram queda na semana (-US$1,2/t), para US$469,8/t. Mantemos nossa visão positiva no longo prazo com recomposição de margens dos produtores de papel na China. Esperamos uma reação negativa das ações de Suzano e Klabin no pregão de hoje.
Por fim, o Magalu reportou resultados do 1T20 que foram negativamente impactados pelo fechamento temporário das lojas no final do mês de março, conforme esperado. Entretanto, a operação online (~50% das vendas) cresceu de maneira exponencial no 2T20 até o momento. Com isso, mantemos nossa recomendação de Compra e atualizamos o nosso preço-alvo para R$ 71,0 ao final de 2020 (R$ 58,0 anteriormente).
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Estratégia
O caso para se comprar Brasil – Fizemos uma série de reuniões com investidores estrangeiros na última semana, e vimos que o sentimento com Brasil está primordialmente negativo. Ao invés de desespero, vemos esse grande consenso como potencialmente positivo para preços de ativos daqui para frente.
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Internacional
- Política: Internacional: Noticiário internacional reflete tensões entre EUA e China
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Empresas
- Magazine Luiza (MGLU3): Surpresa negativa no 1T20, mas online cresce exponencialmente no 2T20; Compra
- Papel & Celulose: Queda no preço da celulose de fibra curta na China
- Setor Elétrico: ANEEL define teto do empréstimo para socorrer setor elétrico em R$15,6 bilhões
- Companhias aéreas (AZUL4, GOLL4): LATAM adere ao “Chapter 11” nos EUA, afiliada brasileira não está inclusa
- Multiplan (MULT3): Reabertura do ParkShopping Barigui
- Vale (VALE3): Vale entra em negociação exclusiva para a venda da Vale Nova Caledônia (VNC)
Veja todos os detalhes
Internacional
Política: Internacional: Noticiário internacional reflete tensões entre EUA e China
- Após falar em “nova guerra fria”, o governo chinês afirmou que tomará “todas as medidas necessárias” se os “EUA insistirem em ferir os interesses da China”. As declarações foram resposta a ameaça dos EUA de impor sanções a Hong Kong e China caso nova lei de segurança que amplia o controle de Pequim sobre o território seja aprovada. Beijing explicou que a independência do judiciário de Hong Kong não será afetada;
- O ministro das relações exteriores do país repudiou sanções impostas a empresas chinesas pelos EUA por violações aos direitos humanos.
Empresas
Magazine Luiza (MGLU3): Surpresa negativa no 1T20, mas online cresce exponencialmente no 2T20; Compra
- O Magalu reportou resultados do 1T20 que foram negativamente impactados pelo fechamento temporário das lojas no final do mês de março, conforme esperado. A receita no período veio em linha com as nossas expectativas, com a operação física apresentando uma queda de vendas no conceito mesmas lojas de -4,5% A/A (+8,0% ex-COVID), enquanto o e-commerce reportou um crescimento de vendas de +72,6% na comparação anual. Por outro lado, o EBITDA reportado ficou 22% abaixo da nossa projeção, com uma pressão de -3,9 p.p em relação ao 1T19;
- Entretanto, a operação online do Magalu (~50% das vendas) cresceu de maneira exponencial no 2T20 até o momento (+138% A/A em abril e +203% em maio até o dia 20). Na nossa visão, o ritmo da aceleração é uma surpresa positiva e mostra como a companhia está bem posicionada não só para atravessar os desafios impostos pela crise atual, mas também para continuar acelerando os seus esforços de ganho de participação de mercado e de aumento da monetização da plataforma;
- Neste relatório estamos incorporando os resultados reportados pela companhia no 1T20 e atualizando as nossas projeções para refletir principalmente (i) uma maior aceleração de vendas (GMV) no curto prazo, combinada com (ii) uma maior pressão de margem, tanto em função da maior participação do e-commerce quanto pelos investimentos em crescimento realizados pela companhia;
- Com isso, atualizamos o nosso preço-alvo para R$ 71,0 por ação ao final de 2020 (R$58,0 anteriormente). Aumentamos as nossas estimativas de receita entre 2020-2022 em 6%, em média. Por outro lado, revisamos negativamente as nossas estimativas de EBITDA no mesmo período em -20%, em média. Clique aqui para conferir o conteúdo completo.
Papel & Celulose: Queda no preço da celulose de fibra curta na China
- Os preços de celulose de fibra curta na China tiveram queda na semana (-US$1,2/t), para US$469,8/t. Mantemos nossa visão positiva no longo prazo com recomposição de margens dos produtores de papel na China;
- Esperamos uma reação negativa das ações de Suzano e Klabin no pregão de hoje. Temos recomendação de Compra para ambos os nomes, com preço-alvo de R$47 e R$22/ação para Suzano e Klabin, respectivamente.
Setor Elétrico: ANEEL define teto do empréstimo para socorrer setor elétrico em R$15,6 bilhões
- Segundo a Reuters, a ANEEL definiu que a operação de socorro ao setor elétrico devido ao aumento de inadimplência e queda da carga de energia (Conta-COVID) terá um teto de R$15,6 bilhões. Não foram apresentados maiores detalhes sobre a operação, a ser coordenada por um sindicato de bancos liderados pelo BNDES;
- Segundo o Valor Econômico, o Ministério de Minas e Energia afirmou que inadimplência no setor de distribuição de energia como resultado da pandemia da COVID-19 foi de 10,16% no período entre 18 de março e 17 de maio de 2020, o que se compara à média de 2,4% no primeiro semestre de 2019. O impacto financeiro estimado para as distribuidoras foi de R$5,56 bilhões, R$3,27 bilhões dos quais se referem à inadimplência;
- Conforme afirmação do Diretor-Geral da Agência, André Pepitone, o empréstimo da Conta-COVID será amortizado em 60 meses a partir de 2021. Sem a operação, haveria um reajuste de 11,5% nas contas de luz para compensar os efeitos da pandemia. O próximo passo é a edição de uma resolução pela ANEEL na qual constará o valor teto da operação e a divisão por companhia do segmento de distribuição de energia. Após a apresentação, o texto ficará em consulta pública pelo prazo de uma semana. A relatora do processo na ANEEL é a diretora Elisa Bastos;
- O Sr. Pepitone ainda afirmou que os acionistas das empresas de distribuição terão que arcar com parte dos custos do financiamento da Conta-COVID. Isso se dará na inclusão pela ANEEL do benefício financeiro do empréstimo nos reajustes tarifários futuros das concessionárias, que deverão ressarcir consumidores. Apesar da reação positiva das ações de distribuidoras de energia na bolsa aos anúncios preliminares, pode haver um movimento subsequente de realização conforme ficarem claros a magnitude dos valores a serem repassados às distribuidoras e a parcela que as companhias terão que retornar a consumidores em reajustes futuros. Mantemos nossa visão cautelosa com respeito ao segmento no futuro em vista dos impactos negativos da deterioração da economia sobre o setor.
Companhias aéreas (AZUL4, GOLL4): LATAM adere ao “Chapter 11” nos EUA, afiliada brasileira não está inclusa
- De acordo com um fato relevante divulgado ontem, o grupo LATAM (não coberto) e suas afiliadas no Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos iniciaram uma reestruturação voluntária de suas dívidas sob a proteção do Chapter 11 nos EUA, arcabouço similar ao da recuperação judicial no Brasil, com o apoio de seus maiores acionistas, as famílias Cueto e Amaro e a Qatar Airways. Os acionistas deverão fornecer até US$ 900 milhões em empréstimo de acordo com a companhia. As afiliadas da LATAM na Argentina, Brasil e Paraguai não estão incluídas no procedimento. As operações domésticas no Brasil representaram ~30% da oferta (ASK) da LATAM;
- O Chapter 11 é um arcabouço legal sob o qual a LATAM e suas afiliadas terão a oportunidade de redimensionar suas operações para o novo ambiente de demanda e reorganizar seus balanços. De acordo com o fato relevante, (i) a LATAM e suas afiliadas continuarão a voar conforme as condições permitirem durante o processo, (ii) espera-se que todos os bilhetes atuais e futuros sejam honrados e (iii) as agências de viagens e outros parceiros comerciais não terão interrupção em suas interações com o grupo LATAM;
- Embora não tenhamos uma opinião sobre o resultado final do processo e se as operações brasileiras serão ajustadas futuramente, notamos que (i) a LATAM já está operando com capacidade reduzida no Brasil em meio às políticas atuais de distanciamento social e (ii) as rotas domésticas da companhia no Brasil têm uma alta sobreposição com as rotas da Gol. Em um cenário em que as rotas domésticas no Brasil sejam reajustadas, esperaríamos um impacto mais direto para a Gol. Mantemos uma visão cautelosa para o setor no curto prazo.
Multiplan (MULT3): Reabertura do ParkShopping Barigui
- A Multiplan anunciou ontem, via Fato Relevante, que retomou as atividades do ParkShopping Barigui, localizado na cidade de Curitiba/PR, ontem (dia 25 de maio), em horário reduzido, das 12h às 20h. O shopping estava fechado desde o dia 20 de março, e representou cerca de 6% da receita de aluguel total de 2019 da companhia;
- Desde meados de março, a maioria dos shoppings brasileiros, além de outros estabelecimentos comerciais não considerados como essenciais, teve suas atividades suspensas por tempo indeterminado, seguindo políticas restritivas de distanciamento social. Essas políticas têm sido gradualmente flexibilizadas em algumas cidades brasileiras, apesar de ainda operarem com horários reduzidos e seguindo protocolos rígidos de higiene;
- O afrouxamento das políticas de distanciamento social é positivo para as operadoras de shoppings. No entanto, vale relembrar que as empresas de forma geral têm flexibilizado suas políticas de aluguel de forma a prover liquidez para os lojistas em meio à paralisação de suas atividades. Para frente, será importante monitorar (i) a evolução do tráfego e das vendas nesses ativos após a reabertura, e (ii) a evolução da taxa de vacância e inadimplência de lojistas. Clique aqui para acessar nosso monitoramento sobre os shoppings que já tiveram suas atividades retomadas.
Vale (VALE3): Vale entra em negociação exclusiva para a venda da Vale Nova Caledônia (VNC)
- A Vale anunciou o início da negociação da venda de sua participação na VNC com a New Century Resources. Segundo a Vale, as negociações incluem um plano de transição para a continuidade das operações e suporte para financiamento, com busca pelo engajamento do Estado francês;
- Como a Vale registrará como ativo mantido para venda, deve reconhecer uma perda por redução ao valor recuperável (impairment) de US$400 milhões no 2T20. Vemos uma potencial venda de VNC como positiva para a Vale, uma vez que aumenta o foco da companhia em seus ativos mais rentáveis. Reiteramos nossa recomendação de Compra.
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