Com o dólar mais caro, quem pretende viajar nos próximos meses pode ficar na dúvida durante o planejamento: devo comprar dólar agora ou esperar para adquirir mais perto da viagem?
Se você não quer que o câmbio atrapalhe seus sonhos ou busca uma proteção para sua carteira de investimento diante da incerteza na economia, é bom começar a se planejar o quanto antes. Veja abaixo os principais fatores que podem influenciar a cotação da moeda norte-americana e quais as opções disponíveis para ter dólar na carteira.
- O dólar pode subir mais?
- Fatores que influenciam a cotação do dólar
- Comprar dólar ou vender?
- Como faço para investir em dólar?
O dólar pode subir mais?
No final de novembro de 2024, a taxa de câmbio superou os R$ 6 por dólar, ante R$ 5,85 no final de outubro, acumulando depreciação de cerca de 20% no ano.
Segundo o time de economia da XP destacou no último relatório Brasil Macro Mensal, considerando que o Real já está desvalorizado em relação a seus fundamentos – termos de troca, paridade do poder de compra, diferencial de taxas de juros –, vemos a taxa de câmbio se consolidado em torno dos patamares atuais.
Continuamos a ver espaço para alguma apreciação do Real em 2025, como reflexo, principalmente, da reação mais tempestiva do Banco Central que passamos a incorporar no cenário.
Projetamos a taxa de câmbio em R$ 5,85 por dólar no final de 2025. Entretanto, incertezas no ambiente macroeconômico doméstico – especialmente sobre a condução das políticas fiscal e parafiscal – podem novamente trazer alta volatilidade à taxa de câmbio, especialmente à medida que se aproxima o período eleitoral. Assim, projetamos R$ 6 por dólar no final de 2026.
A mediana das projeções dos analistas divulgadas no Boletim Focus (09/12) apontava dólar a R$ 5,95 no fim de 2024, R$ 5,77 no fim de 2025 e R$ 5,73 no fim de 2026.
É importante destacar que essas são as projeções para o fim desses anos, e isso não quer dizer que não vamos ter solavancos na moeda brasileira no caminho. Muito pelo contrário; o câmbio é uma das variáveis macroeconômicas com maior volatilidade.
Os cenários macroeconômico, geopolítico e as tendências dos mercados globais influenciam a cotação da moeda norte-americana por aqui.
A seguir, explicamos os principais fatores desse quebra-cabeça e como você pode se preparar para ter uma posição em dólar na carteira.
Fatores que influenciam a cotação do dólar
Cenários doméstico e externo
A recente depreciação do Real reflete a intensificação de preocupações fiscais e políticas, após o pacote de contenção de despesas ser lido como insuficiente. Fatores externos, como a eleição de Donald Trump nos EUA e a queda dos preços das commodities este ano, contribuem para o movimento. Entendemos que os vetores que levaram à depreciação recente do Real não se dissiparão no curto prazo.
Política monetária
O ciclo de alta da taxa Selic é outro fator que influencia a cotação do câmbio no Brasil. Uma taxa básica de juros mais alta tende a atrair mais capital para o país, dado a atratividade relativa do retorno. Os analistas da XP projetam a taxa Selic a 15,00% no pico do ciclo de alta da taxa de juros.
“O risco continua inclinado para cima, caso a desancoragem das variáveis nominais (taxa de câmbio, expectativas inflacionárias) permaneça nos próximos meses”, aponta o relatório Macro Mensal de dezembro.
Além disso, o movimento global do dólar frente a outras moedas é influenciado pela política monetária norte-americana. Taxas de juros mais altas nos Estados Unidos tendem a atrair investidores para o país, uma vez que aumentam o retorno relativo de investimentos, especialmente em renda fixa como títulos do Tesouro americano. Assim, países considerados de maior risco, como o Brasil, tendem a ver suas moedas prejudicadas pelo menor fluxo de moeda estrangeira (ou efetiva saída de capital).
A “Onda Vermelha” provavelmente intensificará os impactos econômicos da eleição de Donald Trump: maior crescimento nos EUA (e menor em outras regiões); fortalecimento do dólar; pressões inflacionárias adicionais; taxas de juros mais altas; ampliação das preocupações fiscais; e maiores barreiras comerciais (especialmente com a China).
Esperamos que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) corte os juros mais uma vez em dezembro e os reduza em reuniões alternadas no próximo ano, chegando a uma taxa terminal de 3,5%.
Para 2026, projetamos manutenção neste nível. De qualquer forma, esperamos mais um ano de alta volatilidade nos títulos do Tesouro (Treasuries), à medida que os mercados seguem com dúvida sobre a taxa de juros terminal pós-pandemia. Esta volatilidade tende a se refletir nos preços dos ativos globais.
Fluxo de recursos externos para o Brasil
O patamar da taxa de câmbio também reflete o fluxo de recursos estrangeiros que entram no mercado local, seja para investimentos no mercado de capitais, em renda fixa ou ações – que buscam por rendimentos mais altos (como discutido acima) –, ou no setor produtivo, em projetos ou empresas.
Os preços das commodities lá fora, por exemplo, têm peso relevante para o fluxo de recursos que entram no Brasil, uma vez que o país é um grande exportador de matérias-primas e a elevação de suas cotações pode significar mais dólares entrando no país. Além de maior valorização das empresas ligadas ao setor (e, muitas vezes, mais investimentos entrando por esta via).
Comprar dólar ou vender?
Como vimos acima, a cotação da moeda norte-americana depende de uma série de fatores, o que implica maior volatilidade. Por isso, se você pretende viajar para o exterior, fazer um intercâmbio ou precisa mandar dinheiro para um familiar que mora lá fora, uma opção indicada é comprar a moeda americana aos poucos, conseguindo, assim, alcançar uma cotação média até a data do seu objetivo.
Além disso, ter uma posição em moedas fortes na carteira de investimentos, como dólar ou Euro, ajuda a proteger seu portfólio do “risco Brasil”, ou seja, do risco puramente doméstico. Essa estratégia é importante independente do período.
Por ser uma moeda forte, o dólar é um dos principais ativos para estar na sua carteira de investimentos (direta ou indiretamente), segundo os analistas da XP.
Como faço para investir em dólar?
Quer investir diretamente em dólar ou ter exposição a dólar nos seus investimentos? Veja as principais opções disponíveis:
Moeda
A compra de papel moeda não é a melhor das opções para quem quer ter uma proteção na carteira. Mas, caso precise do dinheiro para uma viagem, por exemplo, o melhor é ir comprando aos poucos, em momentos distintos, para conseguir uma cotação média. Você pode aproveitar os dias de queda do dólar frente ao real para ir comprando a quantidade da moeda que você precisa.
Dólar futuro
Uma alternativa para quem quer se proteger da alta da moeda americana é comprar um contrato de dólar no mercado futuro. Nesse caso, o investidor compra um contrato para determinada data a determinada cotação. Se no dia do vencimento o dólar estiver acima do valor da negociação, o comprador se beneficia. Caso o contrário, será preciso pagar a diferença dessas cotações. Mas atenção: um contrato cheio custa cerca de US$ 50 mil.
Minidólar
Não tem o valor de um contrato cheio de dólar? A alternativa para investidores pessoa física são os minicontratos de dólar. Neste caso, o valor do contrato é de US$ 10 mil. Mas atenção, tanto os contratos de dólar padrão como os minicontratos exigem depósito de margem, ou seja, uma quantia em dinheiro ou ativos que tem que ficar depositada com a corretora para cobrir eventuais oscilações do mercado.
Ações de empresas brasileiras com exposição ao dólar
Outra maneira de ter dólar na carteira é investir em ações de empresas exportadoras ou com receita em dólar.
Ações de empresas estrangeiras
Além de investir em ações de empresas brasileiras, também é possível investir em empresas lá de fora para obter a exposição ao dólar. Isso pode ser feito através do XP Internacional, isto é, com uma conta lá fora e fazendo investimentos diretos nas ações negociadas nas bolsas dos EUA.
BDRs
As Brazilian Depositary Receipts (BDRs) são recibos de ações listadas em bolsas estrangeiras negociadas na B3, como Microsoft, Coca-Cola, etc. Por se tratar de investimentos em papéis atrelados a ações listados lá fora, esses ativos estão sujeitos à variação cambial.
Fundos cambiais
Uma opção para quem quer proteger patrimônio em momentos turbulentos são os fundos que têm em suas carteiras ao menos 80% dos investimentos atrelados à variação da moeda estrangeira, no caso o dólar. Veja mais detalhes aqui.
Fundos globais (sem hedge cambial)
Outra forma de ter uma exposição a dólar na carteira é por meio de fundos de investimentos internacionais, ativos ou indexados, que investem em ativos globais de renda variável ou renda fixa, desde que não façam a operação de hedge cambial, ou seja, mantenham a exposição dos ativos em dólar (ou em outras moedas, como o euro). A vantagem aqui é que eles oferecem não só exposição ao dólar, mas também a uma carteira de ativos globais que podem ter boa performance mesmo se o câmbio não estiver a seu favor (e vice-versa).
Confira as carteiras recomendadas pelo time de estratégia global
Bonds
Normalmente, quando se pensa em investir em renda fixa, o primeiro pensamento é investir em títulos brasileiros. No entanto, quando expandimos os horizontes, há um mercado muito maior à disposição: são os bonds corporativos, títulos de renda fixa emitidos por empresas em moeda estrangeira e negociados no mercado externo, como nos EUA.
Apesar de bonds serem títulos em dólar, não são apenas empresas dos EUA que podem emiti-los. Na verdade, inclusive empresas brasileiras possuem títulos de renda fixa negociados também no mercado norte americano. Saiba mais aqui.
Treasuries
As Treasuries são títulos de dívida emitidos pelo governo dos EUA com a finalidade de levantar recursos para alguma finalidade específica. Assim como governos de outros países, os EUA também têm a opção de se financiar via aumento de impostos ou endividamento. Esta dívida pode ser com organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou com investidores como nós, que compram títulos públicos esperando receber o valor investido, corrigido, no futuro. Saiba mais aqui.
Confira as recomendações para investir em renda fixa
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