O que você vai encontrar nesse relatório:
Janeiro foi marcado por uma alta forte nos mercados globais impulsionada principalmente pelas expectativas de que o Federal Reserve esteja desacelerando o ritmo de alta dos juros. Além disso, a economia global tem se mostrado mais resiliente, e a temporada de resultados do 4T22 para as empresas americanas está indo melhor do que o esperado. No Brasil, o mês também foi positivo, mas marcado por muita volatilidade. A Bolsa subiu 3,4% em reais, e, ajudada por uma valorização do real contra o dólar, 7,3% em dólares.
A política está sempre nas notícias no Brasil, mas ela realmente afeta os mercados? Desde os anos 2000, o país passou por alguns momentos marcantes na esfera política: 1) a invasão do Congresso Nacional em 2013; 2) o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (iniciado em dezembro/2015 e encerrado em agosto/2016); 3) Joesley Day (quando o presidente Michel Temer teve áudios de suas conversas com o presidente da JBS (JBSS3) vazados, em 2017); e agora 4) a recente invasão dos Três Poderes em janeiro de 2023. Mas a pergunta é: esses momentos de instabilidade política afetam a Bolsa brasileira? Analisamos mais a fundo nesse Raio-XP.
No mundo, a reabertura da China tem sido um tema muito relevante. O fim da política de zero-Covid levou a um rali em commodities, como cobre e minério de ferro, e tem contribuído para alguns setores da bolsa brasileira. Uma lista de ações brasileiras com grande exposição à China subiu +36% desde outubro, contra apenas +4% do Ibovespa no período.
Nós continuamos enxergando a Bolsa brasileira como atrativa, negociando em um P/L de 6,9x, mais de 40% de desconto em relação à média histórica. Porém, mantemos o valor justo do Ibovespa em 125 mil pontos ao final de 2023. As altas taxas de juros no Brasil atualmente (juros reais dos títulos NTN-B acima de 6,4%) acabam por limitar o potencial de valorização das ações brasileiras. Logo, para vermos uma alta mais forte da Bolsa, é necessário que vejamos uma queda nas taxas de juros ao longo do ano - principalmente as taxas de longo prazo, que variam mais com a política fiscal e expectativas. Por isso, a seleção de ações bem feita deverá ser mais importante do que nunca.
Por fim, para o mês de fevereiro, estamos fazendo alterações nas nossas carteiras Top 10 XP, Top Small Caps XP, Top Dividendos XP e a Carteira ESG XP.
Já é cliente XP? Faça seu login
Invista melhor com as recomendações
e análises exclusivas dos nossos especialistas.
Janeiro foi marcado por uma alta nos mercados globais impulsionada principalmente pelas expectativas de que o Federal Reserve esteja desacelerando o ritmo de alta dos juros. Além disso, a temporada de resultados do 4T22 para as empresas americanas está indo melhor do que o esperado, com cerca de 70% das empresas do S&P 500 superando as estimativas, mas as expectativas já haviam sido revisadas para baixo e a barra já estava mais baixa. Como resultado, os mercados globais subiram 7,1% no mês passado, com o S&P 500 encerrando seu melhor janeiro desde 2019 e o Nasdaq registrando seu melhor janeiro desde 2001.
No Brasil, o mês também foi positivo, mas marcado por muita volatilidade. Nos primeiros dias de 2023, os mercados reagiram de forma muito negativa ao primeiro discurso do recém-eleito presidente Lula. E no dia 8 de janeiro, os investidores foram surpreendidos com a invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF). Na mesma semana, a Americanas (AMER3) divulgou um fato relevante anunciando a renúncia do CEO e do CFO, devido a inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões (Veja todos os detalhes aqui).
Apesar desses eventos, os ativos brasileiros ainda tiveram um janeiro sólido. O Ibovespa subiu 3,4% em reais e 7,4% em dólares, ainda amparado pelo fluxo de capital estrangeiro de mais de R$ 10 bilhões no mês passado. E o real continuou se valorizando em relação ao dólar, subindo 4,1%.
Olhando para os setores, vimos em Janeiro alguma reversão do desempenho do ano passado. O setor de Varejo acumula agora a melhor performance, depois de alguns anos em território negativo, seguido pelo setor Imobiliário, que tem mostrado grande resiliência. Em commodities, Mineração e Siderurgia continua a subir impulsionado pelo fim da política zero-Covid na China.
No Brasil, a política está sempre nas notícias, mas ela realmente afeta os mercados?
Uma semana após a posse do presidente Lula, manifestantes invadiram e destruíram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Embora houvesse uma preocupação inicial de uma crise institucional, o evento foi contornado pelos mercados com bastante facilidade, depois que a invasão foi rapidamente contida pela polícia e as autoridades condenaram os atos. No entanto, a instabilidade política não é novidade no Brasil.
Desde os anos 2000, o país passou por alguns momentos marcantes na esfera política: 1) a invasão do Congresso Nacional em 2013; 2) o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (iniciado em dezembro/2015 e encerrado em agosto/2016); 3) Joesley Day (quando o presidente Michel Temer teve áudios de suas conversas com o presidente da JBS (JBSS3) vazados, em 2017); e agora 4) a recente invasão dos Três Poderes em janeiro de 2023.
Mas a pergunta é: esses momentos de instabilidade política afetam o mercado brasileiro?
Analisamos o desempenho das ações e do Real contra o Dólar nos eventos mencionados acima, comparando-o com os desempenhos do MSCI ACWI e MSCI EM no mesmo período:
Pela tabela, eventos menores que foram rapidamente contidos pela polícia, como as invasões de 2013 e 2023, não tiveram impacto forte ou duradouro no Ibovespa ou na moeda brasileira.
Eventos mais intensos, como o Joesley Day e a greve dos caminhoneiros, impactaram negativamente o Ibovespa, que teve um desempenho bem pior que seus pares. Quando analisamos o Real nesses dois eventos, apenas o primeiro teve um impacto significativo sobre a moeda, possivelmente porque ameaçou diretamente o gabinete presidencial, sendo Michel Temer um presidente bem visto pelo mercado.
Já no caso do impeachment de Dilma Roussef, o impacto foi relativamente positivo tanto para o Ibovespa - que superou seus pares globais - quanto para a moeda brasileira, tendo em vista que o governo e suas políticas fiscais não foram muito bem vistos pelo mercado.
Fora do Brasil, a reabertura da China tem sido um dos principais temas
A postura do governo chinês está finalmente clara: o país, após três anos de rígidas restrições de mobilidade, vai reabrir. Espera-se agora que a China passe pelo período de recuperação econômica visto em outras regiões do mundo anteriormente, quando reabriram.
Com o fim da política de zero-Covid, o país deve finalmente entrar em um ciclo de recuperação econômica. Nossa equipe de Economia Global espera que o PIB cresça 5,5% em 2023. Esperamos uma forte recuperação da atividade econômica devido ao dinamismo interno do país, e que ela consiga compensar uma possível queda nas exportações globais com a perspectiva de desaceleração de outras economias. A reabertura deve ser impulsionada principalmente pelo consumo, já que os chineses economizaram um recorde de 33% de sua renda disponível em 2022 como resultado das restrições.
Como mencionamos em nosso último Xpresso: Onde está o consenso do mercado agora?, um dos principais temas para os investidores globais adicionarem ativos brasileiros em sua carteira, é que o Brasil é visto como um beneficiário direto da reabertura da economia chinesa em 2023, dada a alta exposição a commodities no índice e na balança comercial. O Ibovespa tem 38% de exposição a commodities e a China responde por 25% da balança comercial do país.
Olhando para as empresas mais diretamente expostas à reabertura econômica da China, vemos que elas se recuperaram bastante com as notícias de flexibilizações no país. Uma cesta de ações brasileiras - distribuídas com pesos iguais - com mais de 10% de seu faturamento vindo da China subiu 36% desde outubro do ano passado, comparado a apenas 4% do Ibovespa no mesmo período.
Como se posicionar nesse cenário?
Mesmo com sinais de reabertura econômica da China, os riscos de recessão ainda estão presentes na economia global e os riscos políticos e fiscais no Brasil permanecem. Devemos continuar vendo alta volatilidade nos mercados e, portanto, preferimos nos posicionar de forma mais defensiva.
Continuamos a evitar ações com altos valuations, portanto, ações de Crescimento, como e-commerce, ações do setor de Varejo em meio a um cenário macro ainda muito desafiador, e ações que se correlacionaram muito negativamente com taxas crescentes de juros, como Construtoras, que também são afetadas pelas incertezas na política fiscal.
Seguimos posicionados em exportadores com receita em dólar como JBSS3, e substituímos empresas com upside limitado no curto prazo (como BEEF3) por empresas com perfil defensivo para 2023 (como BLAU3).
Por fim, continuamos a focar nos principais temas: 1) commodities; 2) histórias de crescimento secular e 3) Qualidade a um preço razoável (“QARP”).
Continuamos a ver as ações brasileiras como atrativas
Continuamos a ver as ações brasileiras negociando em níveis de valuation atraentes, com um P/L projetado para os próximos 12 meses de 6,9x, um desconto de quase 40% em relação a média de 15 anos em 11,0x. Quando retiramos Commodities ou Vale e Petrobras do índice, o P/L vai para 9,5x e 9,1x, respectivamente, ambas abaixo de suas médias históricas. Também vemos que a maioria dos setores está negociando com múltiplos P/L projetados abaixo ou em suas médias históricas.
Por fim, o Prêmio de Risco para ações brasileiras, que compara o rendimento dos rendimentos com taxas de juros reais, mostra que as ações brasileiras estão baratas mesmo considerando o alto nível dos juros locais. O valor atual do Prêmio de Risco está em 8,8%, ainda acima da média histórica.
Mantemos o nosso valor justo do Ibovespa em 125.000 pontos
Neste mês, mantemos nosso valor justo para o Ibovespa em 125.000 para o ano de 2023. Nosso valor justo para o Ibovespa é calculado como uma média de três metodologias: 1) um modelo de Fluxo de Caixa Descontado, que atualmente assume um Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) de 12,2% 2) um modelo P/L alvo, que assume um múltiplo de 8x, ainda abaixo da média histórica de 11x, e 3) modelo de EV/EBITDA de 5,5x, também abaixo da média histórica de 6,5x.
Para ver mais vantagens no valor justo do Ibovespa, precisaríamos ver: 1) estimativas de consenso de lucro por ação subindo e/ou 2) múltiplos revaluations, que podem vir de fortes entradas, bem como juros reais locais mais baixos cotações.
Top 10 ações XP
Essa carteira de ações é composta por 10 papéis que são os top picks dos nossos analistas do Research XP. A composição da carteira é analisada mensalmente pelos analistas da equipe, e ela pode ou não sofrer alterações a cada mês. O objetivo da Carteira Top 10 é superar o desempenho do índice Ibovespa no horizonte de longo prazo.
Na Carteira Top 10 Ações desse mês, trocamos um papel do setor de Transportes por outro do mesmo setor.
Clique aqui para ver todos os detalhes da nossa Carteira Top 10 XP.
Top Dividendos XP
Para quem é essa carteira: para o investidor em busca de ações que têm boa perspectiva de distribuição contínua de lucros. O investimento em dividendos oferece uma alternativa para quem busca menor volatilidade e oportunidade de criar um fluxo de renda recorrente, além do crescimento do valor de mercado do portfólio pela valorização das ações.
Na Carteira Top Dividendos XP desse mês, optamos por não realizar nenhuma alteração.
Clique aqui para ver todos os detalhes da nossa Carteira Top Dividendos XP.
Top Small Caps XP
Para quem é essa carteira: para o investidor que busca alocação em ações com alto potencial de crescimento. A carteira Top Small Caps XP é composta pelas ações de menor valor de capitalização que são as top picks dos nossos analistas do Research.
Na Carteira Top Small Caps XP desse mês, retiramos um papel do setor de Agro e substituindo por um papel do setor de Saúde.
Clique aqui para ver todos os detalhes da nossa Carteira Top Small Caps XP.
Top ESG XP
Esta carteira é composta pelas 10 principais ações (com peso semelhante de 10% cada) que combinam altos padrões ESG e fundamentos sólidos, com o objetivo de superar o índice B3 ISE no longo prazo. Ela é revisada mensalmente e pode ou não mudar a cada mês.
Na Carteira Top ESG XP desse mês, estamos tirando um nome do setor de Bebidas e adicionando um papel do setor de Papel e Celulose.
Clique aqui para ver todos os detalhes da nossa Carteira Top ESG XP.