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Produção industrial emite sinais mistos em junho

A produção da indústria andou de lado no final do 2º trimestre. A demanda segue em trajetória de crescimento, com destaque para a expansão dos investimentos. Por sua vez, restrições na oferta de matérias-primas afetam atividades manufatureiras importantes, sobretudo o setor automotivo.

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A produção industrial brasileira ficou estável entre maio e junho, já descontados os efeitos da sazonalidade, resultado em linha com as expectativas. Com isso, o setor industrial contraiu 2,5% no 2º trimestre deste ano em relação ao trimestre imediatamente anterior. No entanto, é importante ressaltar a herança estatística bastante negativa deixada pelo fraco desempenho da produção manufatureira em março, quando as restrições de distanciamento social para combate ao contágio da Covid-19 afetaram sobremaneira a atividade doméstica.

Considerando as principais categorias industriais, destaque positivo para a produção de Bens de Capital, que registrou a terceira expansão mensal consecutiva em junho (1,4% em relação a maio) e permaneceu em níveis elevados. Vale mencionar também os resultados sólidos apresentados pela Indústria Extrativa, cuja produção saltou 4,8% no 2º trimestre a despeito da contração de 0,7% vista em junho.

Por outro lado, a categoria de Bens de Consumo Duráveis apresentou a sétima queda consecutiva na comparação mensal (-0,6% em jun/mai), mais uma vez muito influenciada pelos resultados deprimidos do setor automotivo - a produção de veículos automotores contraiu 3,8% entre maio e junho, ficando 18,5% abaixo do nível observado em dezembro de 2020.

De fato, a produção industrial segue prejudicada por restrições na oferta de insumos, especialmente na indústria automotiva (falta de semicondutores e chips como exemplos importantes). E não há sinais de resolução dos problemas na cadeia de suprimentos das montadoras no curto prazo.

No que se refere às perspectivas para a indústria doméstica em geral, a demanda por bens manufaturados deverá ser firme ao longo deste semestre, ainda que com taxas de crescimento moderadas. A (I) reabertura econômica possibilitada pelos avanços na vacinação contra a Covid-19, os (II) pagamentos de auxílio emergencial para as famílias mais vulneráveis, (III) a recuperação sólida da demanda internacional e (IV) a expansão dos investimentos (destaque para os resultados robustos no segmento imobiliário residencial) sustentam este prognóstico favorável para o setor industrial no curto prazo. A tendência altista da confiança do empresariado também aponta nesta direção. Mais informações sobre nosso cenário para a atividade doméstica podem ser encontradas no relatório O Pulso da Atividade: Diálogos com o setor real e projeções desagregadas do PIB, publicado em 30 de julho.

Isto posto, reconhecemos que a já mencionada escassez de matérias-primas (embora menos generalizada neste momento) e os custos de insumos pressionados (preços do aço e derivados no centro das atenções) elevam as incertezas sobre o ritmo de crescimento da atividade manufatureira nos próximos meses.   

Nossa expectativa para o PIB do 2º trimestre, a ser divulgado pelo IBGE em 01/09, corresponde a uma ligeira alta de 0,2% ante o 1º trimestre, após ajuste sazonal (expansão de 12,8% ante o 2º trimestre de 2020). Com base nas projeções desagregadas, acreditamos que o PIB da Indústria Total tenha contraído 1,4% entre o 2T21 e o 1T21, principalmente devido ao recuo expressivo do PIB da Indústria de Transformação (-2,3% no 2T21/1T21). Este desempenho ruim da indústria no trimestre passado parece ter sido compensado pela recuperação do setor de serviços - estimamos elevação de 1,3% para o PIB do setor terciário no período.

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