*Este texto foi atualizado às 9h30 em 21/10/2020
Os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) nunca foram tão conhecidos como atualmente e tão falados no mercado financeiro. Antes, eram colocados um pouco de lado por não serem tão acessíveis e por ter pouca liquidez, isto é, com baixa procura pela negociação desses papéis. Mas a mudança e a virada dos BDRs já começou: a CVM liberou o acesso a esse tipo de investimento para todos os brasileiros a partir de 22 de outubro de 2020 e a tendência é que a liquidez vá aumentando e tornando esse investimento cada vez mais atrativo.
Conheça mais sobre os BDRs e saiba exatamente como investir no exterior. E lembre-se sempre de respeitar o seu perfil de investidor e consultar o seu assessor antes de tomar qualquer decisão de investimentos.
O que são e como funcionam os BDRs?
“Os Brazilian Depositary Receipts Patrocinados (BDR) são valores mobiliários emitidos no Brasil, que possuem como lastro ativos, geralmente ações, emitidos no Exterior”. Essa é a definição oficial da B3. Em outras palavras, e de forma mais simplificada, esses ativos funcionam como espelhos das ações de Bolsas internacionais. É, basicamente, um instrumento financeiro disponível na Bolsa brasileira que acessa as ações oficiais de empresas lá fora de uma forma indireta.
Portanto, você pode comprar BDRs das principais empresas do mundo, mas lembre-se: diferentemente das ações, ao investir nos BDRs você não se torna sócio das companhias. O investimento contempla somente a movimentação, ou seja, acompanha a valorização ou desvalorização do ativo oficial.
Os BDRs são uma das formas de empresas estrangeiras expandirem seus horizontes e conseguir que mais investidores tenham acesso, mesmo que indiretamente, aos seus papéis.
Além disso, para os investidores brasileiros interessados em aportar dinheiro nessas companhias, esse instrumento da Bolsa brasileira é ideal considerando as inúmeras dificuldades e barreiras de se investir diretamente lá fora, como a negociação mais complexa e com mais custos, funcionamentos diferentes das corretoras e das regulações de mercado, a língua, os diferentes horários por causa dos fusos, entre outras questões.
Entenda a emissão dos BDRs
Para um BDR existir na Bolsa brasileira, é preciso que uma instituição financeira, neste caso chamada de custodiante ou depositária, se encarregue de emitir esse tipo de investimento. O emissor é a ponte que permite a criação dos BDRs para os investidores brasileiros terem acesso indireto às ações das companhias listadas nas Bolsas internacionais.
A instituição depositária emite os BDRs, estrutura e coordena o lançamento desses ativos na Bolsa brasileira, obtendo o registro do programa de BDRs com a CVM, bem como do registro de emissor estrangeiro perante a CVM, quando esse for exigido. Outras funções dos emissores de BDRs são: coordenar a distribuição no mercado brasileiro de proventos a quem investiu no papel lastreado, como, dividendos, bonificações, direitos de subscrição e outros e, também, divulgar informações sobre as ações da companhia lá fora.
Conheça os tipos de BDR
Há dois grupos de BDR atualmente na Bolsa brasileira e as diferenças entre eles influenciam para os investidores. Você pode se deparar ou com BDRs patrocinados, que são subdivididos em níveis I, II e III, e BDRs não patrocinados.
Nível I
Esse tipo de BDR não precisa do registro na CVM da companhia que tem as ações no exterior. Além disso, os BDRs Nível I só podem ser negociados em mercados de balcão e em segmentos bastante específicos. Nesse caso, a instituição depositária deve replicar, para os investidores do Brasil, todas as informações que a empresa que detém as ações na Bolsa internacional estiver divulgar no país de origem
Níveis II e III
Nesses dois tipos de BDRs, a empresa emissora das ações no exterior precisa ser registrada na CVM. Os BDRs de Nível II e III, além disso, são menos restritos. Portanto são negociados no pregão habitual da Bolsa brasileira ou em balcão.
Assim como as maiores empresas da Bolsa brasileira, que estão no Novo Mercado, a categoria mais alta do mercado acionário nacional, os BDRs desses níveis precisam seguir as mesmas regras.
A diferença entre esses dois tipos de BDRs Patrocinados é a seguinte: os de Nível II só são emitidos por meio de ofertas públicas do tipo “esforços restritos” e as de Nível III não têm essa restrição.
Não Patrocinados
Os BDRs Não Patrocinados são aqueles em que a iniciativa de se criar esse instrumento não parte das empresas estrangeiras. A importância de saber essa diferença é que a maioria dos BDRs na Bolsa são desse tipo.
Nesse caso, a instituição financeira habilitada a criar um BDR tem como principal objetivo ampliar o leque de investimentos aos seus clientes, sem qualquer acordo com a empresa listada lá fora, mas com a premissa de que todas as informações relevantes da companhia, cujo lastro forma o BDR, sejam devidamente divulgadas.
Conheça os 37 BDRs de ETFs disponíveis na Bolsa brasileira
Com a liberação dos BDRs para todos os investidores brasileiros, tivemos uma explosão na oferta de ativos internacionais negociados na B3. Primeiramente, os Brazilian Depositary Receipts de ações estrangeiras foram o maior ponto de atenção, com a possibilidade de investimento em empresas. Por exemplo, é possível negociar ações de empresas como Apple, Facebook e Disney através do mercado brasileiro.
No entanto, essa abertura também permitiu o investimento em BDRs de ETFs estrangeiros. Esses ETFs, também conhecidos como fundos de índice, replicam o desempenho de grandes índices disponíveis fora do Brasil. Mas é importante lembrar que os índices não são exclusivamente de ações, listando também de ativos de renda fixa e commodities – como ouro e prata.
Lista de BDRs de ETFs
Atualmente, são 37 BDRs de ETFs disponíveis na B3 – 35 de ações e 2 de commodities. Por exemplo, é possível ter o rendimento de empresas de Infraestrutura (iShares Global Infrastructure ETF), da Prata (iShares Silver Trust) e principais empresas japonesas (iShares MSCI Japan ETF). Veja a lista completa abaixo:
Regras para investir
A gestão é feita pela BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, com cerca de 7 trilhões de dólares sob seu controle. Assim, a intenção da gestora é ampliar esse número para 100 BDRs de ETFs internacionais ainda neste ano.
A única regra para investir é a de paridade, em que o investidor precisa adquirir uma determinada quantidade de ativos, para acessar uma cota inteira do fundo.
Vantagens do BDR
- Praticidade: se antes era necessário abrir conta em uma corretora estrangeira, os BDRs permitem que você faça diretamente do Brasil. Basta abrir seu homebroker e comprar como uma ação comum. Dessa forma, também não há necessidade de câmbio para a transação. Ou seja, você investe em real.
- Dividendos: você terá os mesmos direitos econômicos que um acionista direto. Ou seja, receberá dividendos – já descontado de taxas e impostos – daquela empresa.
- Diversificação: o mercado global abre grandes possibilidades. Além da diversificação natural, há abertura para novos setores e empresas não disponíveis no Brasil. Atualmente, estão disponíveis 671 BDRs na B3.
Desvantagens do BDR
- Câmbio: ao comprar um BDR, você usa o real para um ativo cotado em dólar. Desta forma, seu investimento será influenciado pela valorização e desvalorização do real em relação ao dólar. Apesar de poder representar um retorno positivo, você não se protege do risco cambial.
- Custo de emissão: para cada emissão, há uma cobrança de 5% do valor. Esse custo corresponde ao lucro da instituição que emite o BDR. Além disso, há um desconto nos dividendos.
- Impostos: os BDRs também não escapam da tributação. Neste caso, mesmo não havendo a necessidade de remessa internacional, é cobrado 15% do ganho de capital.
Ativos estrangeiros além dos BDRs
Além do BDR, existem outras formas de investir em ativos estrangeiros no Brasil e ter maior diversificação na sua carteira de investimentos. Dessa forma sua rentabilidade pode ser muito maior pensando no longo prazo. Conheça mais alguns ativos e tenha mais opções:
COE
Os Certificados de Operações Estruturadas são investimentos que combinam elementos de renda fixa e renda variável. Por exemplo, acessam retornos de ativos globais como índices de ações, moedas, inflação e outros. Da mesma forma, diversificam com riscos mais controlados.
ETFs
Assim como os BDRS, os ETF são acessados diretamente pelo home broker. Em suma, são cotas de fundos que replicam índices, como o Nasdaq 100 por exemplo. Dessa forma, os Exchange Traded Funds são conhecidos como fundos de índice.
Fundos Internacionais
Os Fundos Internacionais oferecem exposição ao exterior através de ações, títulos públicos e moedas. Como qualquer fundo, são compostos por uma série de ativos. Dessa forma, o investidor acessa-o através de cotas. Além disso, cada fundo é administrado por um gestor, que gerenciará o seu capital.
A XP oferece fundos das maiores gestoras internacionais para você investir. Confira as opções em nossa plataforma de fundos de investimentos.
Como investir em BDRs? Saiba o passo a passo
Como já vimos as diferenças entre os tipos de BDRs, para investir se nota também essas distinções. Para a identificação dos BDRs é preciso saber os tickers, isto é, os códigos de negociação de cada um, e isso varia conforme o tipo. Veja o modelo abaixo:
XXXXYY
XXXX = 04 letras maiúsculas que representam o nome da empresa
YY = número que representa o BDR P Nível I
XXXX32
XXXX = 04 letras maiúsculas que representam o nome da empresa
32 = número que representa o BDR P Nível II
XXXX33
XXXX = 04 letras maiúsculas que representam o nome da empresa
33 = número que representa o BDR P Nível III
Agora que você já reconheceu o ticker do BDR que você quer investir, é hora de saber qual é o passo a passo que você deve seguir.
1) Abra uma conta em uma corretora
Primeiramente, para investir em BDRs você deve ter uma conta em uma corretora. No caso, vamos explicar como funciona com a plataforma da XP Investimentos. Se você ainda não tem conta na XP, abra a sua aqui.
2) Entre na sua conta
Entre na sua conta da XP e acesse o Home Broker, a plataforma utilizada para fazer operações na Bolsa. Para acessar é preciso estar na área logada, portanto, insira seu login e senha para entrar na conta. Ao fazer isso, é possível ir direto para o Home Broker se você quiser. Mas antes disso, faça uma transferência para a conta na corretora para investir nos produtos. Feito isso, basta clicar no campo onde está escrito “Direto para o Home Broker”.
3) Acesse o Home Broker na área logada
É possível acessar o home broker por meio da área logada, caso você não opte por ir da forma direta. Assim que você loga, aparece a página inicial de sua carteira de investimentos. Na parte de cima, clique na aba “Home Broker”. Em seguida, surgirá a página da plataforma de negociação.
4) Escolha o BDR que você quer comprar ou vender
Chegou a hora de escolher o BDR que você pretende comprar ou vender. Como fazer isso? Na parte de cima do Home Broker há dois botões, um verde e um amarelo, dizendo “vender” e “comprar”.
Ao clicar em qualquer um dos campos, aparecerá uma caixa de negociação, na qual você pode fazer qualquer ordem básica. Para escolher a ação, insira o ticker do BDR no campo “Ativo”. O ticker é o código de negociação de um ativo na Bolsa. Por exemplo, apenas para fins ilustrativos: Apple (Ticker: AAPL34)
5) Insira a quantidade
O próximo passo é definir a quantidade de compra ou venda. Os BDRs costumavam negociar suas ações por lotes-padrão, que eram pacotes contendo 100 ou 10 títulos, a depender do BDR. Mas para fomentar o investimento e atrair mais investidores, a B3 resolveu não trabalhar com um lote e sim com a unidade. Ou seja, você pode investir, por exemplo, em 80 unidades de um BDR escolhido, não precisando mais adquirir um pacote fechado preestabelecido de 100 ou 10 unidades, como era antes.
Fique atento aos custos de corretagem e operacionais. Verifique com o seu assessor ou leia no regulamento da corretora para saber mais informações. E sempre tenha a diversificação de ativos como um de seus princípios básicos para tentar minimizar os riscos.
6) Confirme sua assinatura eletrônica para enviar a ordem
O último passo, por fim, é inserir a sua assinatura eletrônica para enviar a ordem e confirmar a transação.
Como investir diretamente no exterior?
Por outro lado, é possível investir diretamente no exterior. No entanto, há um série de burocracias e exigências a se seguir. Assim, o principal limitante é que algumas corretoras não abrem contas para não residentes. Caso encontre uma que faça, você precisará ter alguns papeis em mãos:
- Cópia do CPF
- Declaração do Imposto de Renda
- Informações sobre empregador ou comprovantes de renda
- Cópia do passaporte
- Comprovante de residência
- W-8 BEN: documento que isenta de pagar imposto no país da corretora
Ao escolher sua corretora, é necessário se atentar também aos registros em órgãos reguladores. Os principais são:
- Securities and Exchange Comission (SEC)
- Financial Industry Regulatory Authority (Finra)
- Securities Investor Protection Corporation (SIPC)
Posteriormente, basta enviar o dinheiro para sua conta no exterior. Todavia, você será tributado seja por IOF ou Remessa Internacional.
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!