Para melhor experiência de leitura, recomendamos navegação através do índice na parte inferior da tela.
Caso esteja iniciando sua jornada na Renda Fixa, recomendamos começar pelo conteúdo “Renda Fixa: O que é preciso saber?“
Renda Fixa: tudo sobre o que passou e o que esperar.
No mês de agosto, os receios se assemelharam àqueles do mês anterior, com predominância do cenário inflacionário no Brasil e da escalada no risco fiscal. Assim, tivemos nova elevação das expectativas de juros pelo mercado ao longo de toda a curva de juros. O movimento na curva resultou em desvalorização de todos os títulos do Tesouro Direto, com exceção do Tesouro Selic. O mercado primário de debêntures apresentou desaceleração no mês, com volume de emissões R$ 10 bilhões, porém é cedo para dizer se isso indica uma tendência.
Para os próximos meses, continua no radar a evolução da inflação, além de preocupações fiscais, que se intensificaram com a instabilidade política e a tensão entre os Poderes, o que deve atrasar o andamento de discussões importantes no Senado. Devemos continuar vendo volatilidade relevante nas expectativas de juros, impactando os preços dos ativos de renda fixa. Para as próximas reuniões do Copom, esperamos 100bps em setembro, 50bps em outubro e 50bps em dezembro. A tendência de elevação da Selic deve continuar a atrair os investidores para a renda fixa, como temos visto nos últimos meses.
No Radar
Destaques do mês de agosto:
- A curva de juros apresentou abertura em todos os vértices novamente, como reflexo de maiores preocupações com inflação e com o risco fiscal.
- Com isso, os títulos tendem a desvalorizar, pela relação inversa entre taxa e preço.
- No início de agosto, houve nova elevação da taxa Selic pelo Banco Central, para 5,25% ao ano.
- Já em setembro, a mudança da bandeira tarifária e energia elétrica para a “escassez hídrica” levou nosso time de economistas da XP a revisar as expectativas de inflação e PIB.
- Diante do cenário atual, esperamos Selic em 7,25% em 2021 e 2022 e IPCA de 7,7% em 2021 e de 3,7% em 2022.
Como agir?
- Trazemos indicações em nosso relatório Investindo em Setembro 2021: Renda Fixa
- Para investimentos de curto a médio prazo, preferimos ativos pós-fixados, que acompanharão a esperada elevação na Selic.
- Recomendamos também uma pequena parcela de ativos prefixados, que podem se beneficiar de redução nos juros e inflação esperados em relação à precificação atual na curva.
- No caso de investimentos de prazos mais longos, continuamos preferindo ativos indexados à inflação, possibilitando ganhos reais (acima do IPCA), principalmente frente ao cenário atual de alta dos preços.
O mercado de Renda Fixa
Poupança
No mês de agosto, a Poupança apresentou resgates líquidos pela primeira vez desde março, da ordem R$ 5,5 bilhões. Conforme ressaltado nos relatórios anteriores, apesar do auxílio emergencial ter sido estendido, os longos meses sob a pressão do cenário de covid-19 poderia levar mais pessoas a sacarem recursos da poupança, contrabalanceando os depósitos do auxílio (em valor inferior ao inicial). Somou-se a isso a inflação elevada, que acumulou alta de quase 9% nos últimos 12 meses, comprimindo o poder de compra da população. Acreditamos que o efeito observado no mês de agosto possa ter relação com este cenário.
Considerando a taxa Selic em 5,25%, combinada ao rendimento da caderneta de poupança de apenas 70% desta taxa, essa aplicação é pouco atraente.
Veja mais sobre comparações do investimento em Poupança em relação a outras aplicações também conservadoras, como o Tesouro Selic e emissões bancárias.
Tesouro Direto
Captação Líquida
No caso do Tesouro Direto, em julho (último dado disponível) houve captação líquida de R$ 934 milhões. No mês, o principal ativo comprado por investidores foi o Tesouro Selic, seguido de perto pelo Tesouro IPCA+, o que pode novamente ter sido reflexo das maiores preocupações de investidores com relação à inflação.
O número de investidores cadastrados no programa continua crescendo e atingiu 11,9 milhões em julho, evolução de 53% em relação ao mesmo mês de 2020. O número de mulheres representou 33,1% do total de investidores.
Consideramos o Tesouro Direto uma excelente porta de entrada ao mundo dos investimentos. Sendo assim, o crescimento é um bom indicativo não apenas para esta aplicação, mas para investimentos como um todo.
Rentabilidade
No mês de agosto, assim como no mês anterior, quase todos os títulos do Tesouro Direto, com exceção do Tesouro Selic, apresentaram desvalorização, como reflexo principalmente da marcação a mercado causada pela abertura da curva de juros.
Em nosso relatório mensal de investimentos em renda fixa, destacamos três ativos do Tesouro Direto: Tesouro Selic 2024, Tesouro Prefixado 2024 e Tesouro IPCA+ 2026.
Escolhemos o Tesouro Selic para gestão de caixa e reserva de emergência. O Tesouro IPCA+ é uma alternativa interessante e mais conservadora (em caso de manutenção até o vencimento) para proteção da carteira contra o efeito da inflação. Já o Tesouro Prefixado demonstra ser uma boa opção para investidores que buscam este tipo de remuneração, uma vez que o mercado parece precificar alta de juros mais elevada do que esperamos que ocorra de fato. Mantivemos o prazo mais curto por causa das incertezas que ainda se apresentam para prazos mais longos.
Entenda mais sobre a relação entre preços dos títulos e os juros aqui.
Emissões Bancárias
Para enxergar melhor uma curva específica, clique sobre a legenda para “desativar” os ativos não desejados.
Em agosto, pudemos ver novamente aceleração no volume de CDBs dentre o estoque de emissões bancárias, depois de diversos meses praticamente estáveis. O mesmo movimento pode ser observado no caso de LCAs. É preciso acompanhar os movimentos dos próximos meses para identificar se trata-se de uma tendência após longo período sem necessidade de captação por parte dos bancos, uma vez que reforçaram o caixa no começo da pandemia da covid-19.
Crédito Privado
Saiba tudo sobre crédito privado
Mercado Primário
Estoque (DEB, CRI e CRA), indexadores e emissão de debêntures
Para enxergar melhor uma curva específica, clique sobre a legenda para “desativar” os ativos não desejados.
O estoque de ativos de crédito privado cresceu em agosto de forma geral. Como pode ser visto no segundo slide (acima), ativos pós-fixados (que inclui ativos em CDI+) continuam predominando no estoque e foram maioria também em termos de novas debêntures emitidas. Logo em seguida, novamente pudemos observar a participação de títulos atrelados à inflação.
No terceiro slide, vemos que a emissão de debêntures (incentivadas ou não) atingiu R$ 10,2 bilhões no mês, sendo praticamente metade do mês anterior. O prazo médio das emissões permaneceu inalterado em relação a agosto, em 6,6 anos.
Debêntures incentivadas
O volume emitido de debêntures incentivadas, com foco em financiamento à infraestrutura e isentas de imposto de renda, somou R$ 1,6 bilhão em agosto, sendo apenas emissões do setor de energia (Aliança Geração, CEEE-D, Comgas, Itamaracá Transmissora e Usina Santo Antônio).
Mercado secundário
Fluxo
No mês de agosto, o volume negociado de debêntures no mercado secundário atingiu R$ 27,8 bilhões (vs. R$ 22 bilhões em julho), sendo R$ 17,7 bilhões em não incentivadas e R$ 10,1 bilhões em incentivadas. O principal destaque em debêntures não-incentivadas foi uma emissão da Kroton em incentivadas, uma debênture da Eletrobras.
No caso de CRIs, o volume de negociação foi de R$ 5,7 bilhões (vs. R$ 4,5 bilhões em julho), com destaque para MRV. Para CRAs, o volume negociado foi de R$ 4,2 bilhões (vs. R$ 3,7 bilhões em julho), sendo o principal ativo negociado um CRA da Minerva.
Em nosso relatório mensal de investimentos em renda fixa, destacamos ativos de crédito privado indexados à inflação (IPCA), que enxergamos ter boa relação risco-retorno: CRA Minerva 2028 (CRA021000RX), CRI MRV 2031 (21D0001232), Debênture Movida 2028 (MVLV16) e CRA Vix 2026 (CRA0210012X).
Ressaltamos que ativos de crédito privado também podem apresentar risco mais elevado e, portanto, boas rentabilidades, sendo uma boa alternativa para quem busca diversificar a carteira.
Ratings
Essas foram as ações de ratings das principais agências de classificadoras de risco no mês, tanto para emissores quanto para emissões.
Note que pode ser necessário rolar a tabela para visualizar tudo.
No mês de agosto, houve número menor de ação de ratings pelas agências, embora as ações positivas continuem sendo maioria, indicando melhora, de forma geral, na qualidade de crédito dos emissores. Continua chamando atenção o forte número de novos ratings, o que pode indicar novas ofertas que deverão vir a mercado nos próximos meses.
Próximos vencimentos de debêntures
No mês de setembro, que concentra o maior volume de vencimentos dos próximos seis meses, são esperados R$ 5 bilhões em vencimentos de debêntures. O principal vencimento do mês é uma debênture da Eletropaulo (Enel SP).
Veja mais
Fontes
Anbima
Banco Central do Brasil
Tesouro Direto
CVM
Fitch Ratings
Moody’s
B3
Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!