IBOVESPA -5,51% | 73.426 Pontos
CÂMBIO -1,51% | 5,10/USD
O que pode impactar o mercado hoje
Após uma semana positiva para os mercados, bolsas internacionais amanhecem levemente em queda nesta segunda-feira, com Futuros do S&P 500 nos EUA estáveis e bolsas na Europa -0,7%, enquanto mercados asiáticos fecharam em queda de 1-1,5%.
Investidores estão começando a semana digerindo o fato de que a maior economia do mundo permanecerá paralisada por mais tempo depois que Trump ouviu os conselhos dos principais médicos do governo que reabrir os EUA em duas semanas correria o risco de mais mortes à medida que o coronavírus acelera. O presidente disse em uma entrevista coletiva que as diretrizes de “distanciamento social” permanecerão até pelo menos 30 de abril e que 100.000 poderão morrer.
Por outro lado, Trump assinou o pacote de alívio econômico de US$ 2.2 trilhões e sua popularidade segue nos níveis mais altos desde que assumiu o cargo. Congressistas americanos já discutem a quarta fase de estímulos econômicos para a crise, que poderá incluir mais cheques para as famílias, entre outras medidas, dependendo do tempo de quarentena. Além disso, a China cortou a taxa de empréstimo bancário de 2,4% para 2,2% (a maior redução desde 2015), injetando mais de US$ 7 bilhões no sistema bancário.
Revisamos o nosso cenário econômico (com PIB estimado em -1,9% em 2020) e estimativas para as empresas da cobertura, elevando a recomendação de Klabin e Magazine Luiza para Compra, de Neutro. Com isso, reduzimos o target do Ibovespa ao final de 2020 para 94.000 pontos, de 132.000 pontos anteriormente, dado o forte impacto esperado nos lucros das empresas. Acreditamos que a volatilidade seguirá elevada no mercado nos próximos meses e o momento continua exigindo cautela.
Do lado da cautela: i) os indicadores econômicos e das empresas continuarão se deteriorando nas próximas semanas, ii) o tempo necessário para voltarmos à normalidade permanece incerto, e iii) as notícias positivas referentes aos pacotes anunciados ao redor do mundo (EUA, Europa) ficaram para trás.
Do lado positivo: i) os pacotes de resgate que foram anunciados até agora são os maiores da história, e devem ajudar a aliviar os impactos da crise e evitar uma depressão econômica, ii) a China e a Ásia começam a dar sinais de voltar ao normal, o que é positivo para as commodities no Brasil, e iii) além disso, em nossa live com o Ministro da Economia Paulo Guedes, ficou claro que o governo tem mapeado o tamanho do problema e está agindo com um grande senso de urgência para anunciar as medidas necessárias.
Diante do aumento do número de casos de coronavírus, o BNDES anunciou ontem que fornecerá uma linha de crédito de R$ 2 bilhões para a Saúde. Os recursos devem ser utilizados para a ampliação de leitos emergenciais e compra de equipamentos médicos e hospitalares.
Na política, jornais destacam desentendimentos entre o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o presidente Jair Bolsonaro em torno das orientações do governo para o combate à disseminação do coronavírus. No domingo, o presidente decidiu dobrar a aposta na sua linha de ação, que destoa da linha do ministério, e visitou comércios em Brasília. Ele disse que estuda a edição de um decreto para permitir a volta das pessoas ao trabalho.
No Legislativo, Davi Alcolumbre anunciou que o Senado vai votar nesta segunda-feira o projeto de lei que prevê a distribuição de um voucher de R$ 600 a trabalhadores informais durante o período de pandemia. Se não houver alteração no texto, já aprovado pela Câmara, ele segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro. No projeto há outros temas de enfrentamento à crise, como regras de antecipação do pagamento de BPC (benefício de prestação continuada) e o custeio às empresas do pagamento de auxílio-doença em caso de coronavírus.
A semana tem ainda a expectativa pela publicação do plano do governo para auxílio a empresas e trabalhadores formais, além de discussões no Congresso sobre a PEC que cria um “Orçamento de Guerra” para o período da crise e sobre outra PEC, que permite ao Banco Central a compra direta de ativos públicos e privados no período de calamidade.
Tópicos do dia
Coronavírus
Tempos de guerra – revisando o target da Bolsa
Revisão setorial: Novas estimativas e Preços alvo
Live com o Ministro Paulo Guedes
Os efeitos do coronavírus na economia
Pesquisa XP Março: Qual é o impacto do coronavírus nas empresas do Brasil?
Medidas econômicas para combater o coronavirus no Brasil
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Brasil
- Política Brasil: desentendimentos entre Mandetta e Bolsonaro
- BNDES anuncia linha de crédito de R$ 2 bilhões para a área da Saúde
- Mercado reduz projeção de PIB para -0,48% em 2020
- PEC do Orçamento de Guerra deve flexibilizar a regra de ouro
Internacional
- Petróleo: Preços despencam para as mínimas de 17 anos com desaparecimento da demanda
Empresas
- Varejo: Esperando o melhor, mas nos preparando para o pior; Magalu COMPRA
- Atualização do setor de Papel & Celulose. Elevando recomendação de Klabin para Compra
- Klabin (KLBN11): Aquisição do negócio de embalagens da IP Brasil por R$330 milhões
- Bancos: bancos privados e governo financiam o pagamento de salários
Veja todos os detalhes
Brasil
Política Brasil: desentendimentos entre Mandetta e Bolsonaro
- Na política, jornais destacam desentendimentos entre o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o presidente Jair Bolsonaro em torno das orientações do governo para o combate à disseminação do coronavírus. No domingo, o presidente decidiu dobrar a aposta na sua linha de ação, que destoa da linha do ministério, e vistou comércios em Brasília. Ele disse que estuda a edição de um decreto para permitir a volta das pessoas ao trabalho;
- No Legislativo, Davi Alcolumbre anunciou que o Senado vai votar nesta segunda-feira o projeto de lei que prevê a distribuição de um voucher de R$ 600 a trabalhadores informais durante o período de pandemia. Se não houver alteração no texto, já aprovado pela Câmara, ele segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro. No projeto há outros temas de enfrentamento à crise, como regras de antecipação do pagamento de BPC e o custeio às empresas do pagamento de auxílio-doença em caso de coronavírus;
- A semana tem ainda a expectativa pela publicação do plano do governo para auxílio a empresas e trabalhadores formais, além de discussões no Congresso sobre a PEC que cria um “Orçamento de Guerra” para o período da crise e sobre outra PEC, que permite ao Banco Central a compra direta de ativos públicos e privados no período de calamidade.
BNDES anuncia linha de crédito de R$ 2 bilhões para a área da Saúde
- O número de casos de pessoas infectadas pelo coronavírus no Brasil tem se tornado cada vez maior. E diante do receio de sobrecarga do sistema de saúde, diversas medidas têm sido anunciadas;
- O BNDES, por exemplo, anunciou ontem uma linha de crédito de R$ 2 bilhões para a ampliação de leitos emergenciais e compra de equipamentos médicos e hospitalares. Com isso, o total de recursos investidos pelo banco para o combate aos efeitos do coronavírus chegou a R$ 97 bilhões;
- Nesse cenário de incertezas, sabemos que fazer projeções torna-se bastante difícil, até porque as projeções dependem, em grande medida, da eficácia das políticas econômicas adotadas pelo governo e demais instituições. Mas diante dos últimos acontecimentos, revisamos nossa projeção de crescimento do PIB de 2020 para -1,9% e de 2021 para +2,6%. Quanto à inflação, passamos nossa projeção para 2,50% ao final de 2020 e 3,30% ao final de 2021. A taxa de câmbio, ao nosso ver, deve ser de 4,70 ao final de 2020 e 4,60 ao final de 2021. E o nosso entendimento quanto à Selic continua de que a taxa encerrará os anos de 2020 e 2021 em 3,25% e 4,75%, respectivamente.
Mercado reduz projeção de PIB para -0,48% em 2020
- O mercado reduziu sua projeção de inflação para 2020 de 3,04% para 2,94%. Para 2021, a projeção passou de 3,60% para 3,57%;
- A projeção de PIB para 2020 passou de 1,48% para -0,48% e para 2021 permaneceu estável em 2,50%;
- A projeção da taxa de câmbio permaneceu em 4,50 em 2020 e passou de 4,29 para 4,30 em 2021. Enquanto isso, a projeção da taxa Selic passou de 3,75% para 3,50% em 2020 e de 5,25% para 5,00% em 2021. Clique aqui para acessar a análise completa.
PEC do Orçamento de Guerra deve flexibilizar a regra de ouro
- De acordo com o Valor Econômico, a PEC do Orçamento de Guerra deve estabelecer uma flexibilização da regra de ouro (mecanismo que proíbe o governo de fazer dívidas para pagar despesas correntes) e liberar uma série de outras obrigações fiscais durante o período de calamidade pública;
- A medida temporária deve autorizar ainda a contratação de pessoal, obras e serviços de forma menos burocrática, dispensar a exigência de apresentação de fonte de recursos, permitir que o Congresso tenha até cinco dias para analisar os pedidos de gastos extras e criar um comitê de gestão de crise presidido pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta;
- O texto ainda está sendo finalizado por técnicos do Legislativo e pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e deve ser apresentado aos líderes partidários ainda nesta semana.
Internacional
Petróleo: Preços despencam para as mínimas de 17 anos com desaparecimento da demanda
- Em vista da contínua queda de demanda com as quarentenas impostas para proteger a população de contaminação com o Coronavírus, os preços de petróleo nesta manhã caem nesta manhã cerca de -5%, com o Brent em US$26,5/barril e o WTI aos US$20,4/barril. Tais são os menores patamares de preços em 17 anos;
- O mercado está estimando quedas da demanda de petróleo de cerca de -15% a -20% (15 a 20 milhões de barris ao dia) em vista da paralização das atividades econômicas. De acordo com a Bloomberg, a demanda de querosene de aviação, por exemplo, caiu cerca de 75% ou 5 milhões de barris ao dia com a paralização do setor de aviação comercial. Soma-se a isso o fato de Arábia Saudita e Rússia estarem praticando uma guerra de preços neste exato momento, com a Reuters mencionando que uma autoridade saudita afirmou que não está havendo nenhuma negociação com os russos apesar da pressão dos Estados Unidos;
- Neste contexto, a Reuters cita que as perturbações à cadeira de produção de óleo e gás podem desencadear efeitos como redução da produção de refinarias e interrupção de poços de produção de petróleo, em vista da falta de capacidade para estocagem de óleo cru e derivados com a queda abrupta de demanda.
Empresas
Varejo: Esperando o melhor, mas nos preparando para o pior; Magalu COMPRA
- O setor de varejo tem sido um dos mais impactados pela crise desencadeada pelo coronavírus. Medidas preventivas têm provocado uma queda relevante no fluxo de pessoas nas lojas e, consequentemente, nas vendas. Nesse contexto, as ações da nossa cobertura já acumulam uma queda de -33,5% desde o início de fevereiro (vs. -35,5% para o IBOV);
- Fica claro que uma parte importante dessa desaceleração está relacionada a uma ruptura de curto prazo na demanda em função da quarentena e dos fechamentos de shoppings e de lojas de rua. Hoje Lojas Renner, Vivara, C&A, Via Varejo e Magazine Luiza estão com todas as suas lojas fechadas por tempo indeterminado. Mas será que o consumo será apenas afetado no curto prazo?;
- Ainda não sabemos… Com as dificuldades observadas em diversos segmentos (turismo, aviação, serviços, comércios pequenos e médios, etc.), as possíveis implicações negativas da crise podem fazer com que o impacto no consumo seja mais profundo e duradouro do que esperamos. Especialmente tendo em vista a evolução de variáveis chave como emprego, confiança do consumidor e renda disponível;
- Estamos tomando uma posição mais cautelosa em relação ao setor, dada a falta de visibilidade sobre a evolução dos resultados e da geração de caixa das varejistas no curto prazo. Estamos atualizando as nossas preferências (“top-picks“) dentro do setor de varejo. Dividimos cada uma delas em dois grupos: (1) Ganhadores de curto prazo e (2) Ganhadores de longo prazo;
- Neste relatório estamos alterando a nossa recomendação para as ações da Magazine Luiza de Neutro para Compra. Clique no LINK para conferir o relatório completo.
Atualização do setor de Papel & Celulose. Elevando recomendação de Klabin para Compra
- Atualizamos nossas estimativas para o setor de papel e celulose para incorporar potenciais impactos do Covid-19. Com a alta do dólar, as estimativas do setor foram elevadas e compensaram parcialmente um risco maior atribuído à avaliação das ações e um preço de celulose mais baixo (XPe US$500/t vs. US$520/t anteriormente);
- Com isso, elevamos a recomendação de Klabin para Compra, com preço-alvo de R$18,5/ação (vs. R$20,5/ação anteriormente) e mantivemos nossa recomendação de Compra na Suzano, com novo preço-alvo de R$40/ação (vs. R$45/ação anteriormente);
- Clique aqui para acessar o relatório completo.
Klabin (KLBN11): Aquisição do negócio de embalagens da IP Brasil por R$330 milhões
- A Klabin anunciou a aquisição do negócio de embalagens da International Paper Brasil (IP) por R$330 milhões. De acordo com a companhia, o múltiplo de aquisição foi de 4x EV/EBITDA (considerando captura de sinergias);
- Com capacidade de 305 mil toneladas por ano de produção de papel para embalagens e papelão ondulado, a IP possui 6,6% de participação no mercado brasileiro, de acordo com a ABPO;
- A Klabin espera obter captura de sinergias via diluição de custo fixo, administrativo, logístico e comercial. Entretanto, apesar do impacto na alavancagem ser muito baixo, é importante monitorar a alavancagem da companhia nos próximos 2 anos com a execução do projeto Puma II. Seguimos com estimativa de 4x Dívida Líquida/EBITDA ao final de 2020. Adicionalmente, é importante acompanhar também a evolução da participação de mercado consolidada da companhia;
- Vemos esta aquisição de forma positiva, pois acreditamos ser atrativo o preço pago (~R$1.100/t) e potenciais sinergias. Temos recomendação de Compra para a Klabin com preço-alvo de R$18,50/ação.
Bancos: bancos privados e governo financiam o pagamento de salários
- Na última sexta-feira (28), o Banco Central anunciou a disponibilização de R$ 40 bilhões em linhas de crédito para financiar o pagamento de salários;
- O financiamento deve se dividir em 15% dos bancos privados e 85% do governo, e todos os derivados da operação (inadimplência, taxas de juros, PMTs) deve ser compartilhados na mesma proporção. Pequenas e médias empresas devem ser alvo principal, dado que as empresas devem ter receita anual de R$ 360 mil a R$ 10 milhões para serem elegíveis. Ainda não está claro quais bancos irão originar esses empréstimos, mas assumindo a FEBRABAN como referência, os bancos tradicionais deverão dividir a linha. As taxas de juros ter o CDI como referência (3,75% neste momento);
- Nossa visão é positiva. Embora as baixas taxas de juros da linha destruam valor para os bancos, o efeito geral pode ser positivo, pois pode ajudar as PMEs a sobreviver nesse tempo de crise e, consequentemente, evitar maiores inadimplências em outras linhas nos quais em os bancos teriam o risco de 100% da inadimplência.
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