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Impacto da alta dos juros na gestão dos fundos de ações

Contrariando os que acreditam que as ações (renda variável) perdem atração de forma generalizada com a alta dos juros, as gestoras Encore e Kiron Capital acreditam que o impacto do aumento da taxa de juros é baixo para o seu dia-a-dia, focado na busca por boas empresas a preços atrativos.

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Contrariando os que acreditam que as ações (renda variável) perdem atração de forma generalizada com a alta dos juros, as gestoras Encore e Kiron Capital acreditam que o impacto do aumento da taxa de juros é baixo para o seu dia-a-dia, focado na busca por boas empresas a preços atrativos.

Apesar do novo ciclo de alta na taxa da Selic, elevada novamente na reunião de ontem do Copom para 6,25% (anteriormente em 5,25%), os juros de curto prazo ainda seguirão abaixo da inflação atual, IPCA, que nos últimos 12 meses está em 9,68%.

Ou seja, mesmo sabendo que a atratividade da Renda Fixa aumenta com a elevação dos juros, não deveríamos deixar de lado a regra básica de ter uma carteira diversificada, principalmente para objetivos de médio e longo prazos. Sabendo disso, também não deveria faltar, em todo portfólio que busque rentabilidades acima da inflação, uma dose de risco; e um possível caminho ter investimentos em Renda Variável.

Para compararmos as duas classes de ativos, Renda Fixa e Renda Variável, a melhor forma seria analisar o comportamento dos juros reais que é a taxa nominal projetada de juros (estimada ~8,5%) descontando da inflação (estimada em 8,4%). Nessa análise, podemos perceber que os juros reais começam a sair do campo negativo, mesmo assim ainda seguem muito baixos, conforme gráfico abaixo.

Quando falamos em investir em Renda Variável, que potencialmente oferece uma expectativa de retorno acima da Renda Fixa (prêmio de risco), a maioria das pessoas já pensa no Ibovespa. O Ibovespa é sem dúvidas o principal índice de ações da nossa bolsa de valores (B3), acompanhamos a sua cotação diariamente nos jornais e redes sociais, entretanto, ele está longe de ser a única e/ou a melhor forma de investir em ações no Brasil, ainda mais em um momento em que o cenário macroeconômico traz grandes  desafios.

Desse ponto em diante, passamos então para um outro desafio de como analisar e selecionar ações de empresas que apresentem os melhores resultados e, consequentemente, trazer maiores rentabilidades para nossos investimentos. Tarefa árdua de se realizar sozinho, considerando que a maioria das pessoas não tem tempo e/ou conhecimento para analisar balanços, fluxos de caixas, múltiplos e diversas outras métricas para saber se uma ação está cara ou barata e qual o potencial de valorização delas.

Para ajudar nesse processo, além de análises  com diversas informações para auxiliar na tomada de decisão, , os investidores têm a seu dispor gestores profissionais, com grande expertise, realizando essa tarefa diariamente E se para os investidores não profissionais já pudemos perceber que investir em Renda Variável é sempre atrativo, imagina para os gestores de fundos de ações que têm processos, e muita experiência para aproveitar um momento, como o atual, para analisar os impactos da alta da taxa Selic no valor das empresas e como isso afeta a rentabilidade dos produtos sob suas responsabilidades.

Para trazer essa visão de gestão e comentar quais critérios são utilizados na construção de um portifólio nesse momento de maior volatilidade na bolsa de valores, convidamos os gestores de ações João Luiz Braga da Encore Asset Management, e Francisco Utsch da Kiron Capital, para compartilhar visões sobre os ativos de renda variável frente ao aumento da taxa de juros no Brasil, com um panorama de estratégias para extrair as oportunidades frente aos desafios macroeconômicos atuais.

Desmistificando a correlação entre Selic e Bolsa

Ambos gestores reforçam que a atratividade da renda variável está relacionada a curva de juros longa – que é determinada pelo mercado e não pela “ponta curta” determinada pelo COPOM – através das mudanças na taxa Selic. Isso acontece pois o valor presente de um ativo é composto pela soma dos valores futuros de caixa descontados por uma taxa, nesse caso, pelos juros longos. 

Para fins explicativos, quando falamos em taxa de juros é comum encontrar o termo: “curva de juros”, que se trata de uma representação gráfica da relação entre a taxa de juros e o tempo. Dessa forma, é comum ouvir os termos “ponta curta” para se referir aos juros no curto prazo e “curva longa” para se referir ao comportamento dos juros ao longo do tempo.

Quando o Banco Central atua na taxa de juros, é tentando realizar um equilíbrio entre os juros atuais e a expectativa de juros no longo prazo. No gráfico a seguir é possível verificar que essas projeções mudam de acordo com momentos de mercado, a curva de janeiro por exemplo, muda em relação a curva de agosto (que devido ao cenário aumentou consideravelmente).

Francisco Utsch, destaca que apesar da correlação ser vinculada aos juros longos, os impactos de curto prazo não são desprezados nas análises. O aumento de custo de capital, em especial para empresas mais endividadas, é um fator de atenção pois o aumento de juros compromete o fluxo financeiro da empresa, tornando a dívida mais cara. Por esse motivo, é necessário ter atenção ao risco macro atual, não com um viés de previsão, mas de sensibilidade em relação aos resultados da empresa. Além disso, o gestor frisa que no processo de seleção dos ativos da Kiron grande parte da carteira é composta por empresas sub-alavancadas, ou com caixas líquidos, e por isso o impacto é menor (já que as empresas não são endividadas).

O micro, o macro e as oportunidades na Renda Variável

Prefiro prever o resultado de ações do que das variáveis macro.”

Francisco Utsch, gestor da Kiron Capital

Para ambas gestoras, o grande diferencial na análise de ações está na análise micro, ou seja, na identificação de empresas que vão passar por uma valorização operacional ao longo dos anos, pensando na compra para longo prazo, pelo menos em horizonte de 3 a 5 anos, (variando entre posições). Nesse caso, o peso maior na seleção é para os aspectos qualitativos do negócio, através de uma opinião qualificada, que envolve o modelo de negócios, profissionais envolvidos, fornecedores, cadeia de suprimentos como um todo, entre outros fatores.  

Gestores ressaltam que o macro entra sim na seleção, porém um aspecto levado em consideração por eles é que as variáveis macro mudam com bastante frequência, nesse caso servindo para interpretação, e não antecipação e previsão de cenário. Isto é, basicamente a análise macro servirá como um GPS, fornecendo as coordenadas em relação ao atual momento econômico e trazendo para o gestor uma visão em relação a precificação do ativo.

Em relação ao atual ciclo de alta da taxa de juros, os dois gestores demonstraram uma visão positiva em relação a tomada de decisão do COPOM, reforçando que quando o Banco Central aumenta a taxa Selic de forma mais austera (rígida) é buscando controlar a inflação e os juros longos, equilibrando a economia. E se os juros longos estão em equilíbrio isso é positivo para a bolsa.

Para Braga da Encore, na recente crise econômica causada pela pandemia, os Bancos Centrais de todo o mundo atuaram transformando um problema desconhecido (COVID 19) em um problema conhecido (inflação), através da flexibilização das políticas monetárias, com injeção de liquidez e redução da taxa básica de juros, o que por si não é uma ação negativa, mas  gera consequências que precisam ser trabalhadas nesse momento.

Francisco e João Braga reforçam que um cenário de queda na bolsa nesse contexto abre muitas oportunidades, já que em muitos casos os fundamentos das ações não foram alterados – apenas a precificação em si, muitas vezes por cautela e acompanhando outros ativos, sem ter uma relação direta com a empresa em questão. Além disso, reforçam que estão otimistas em relação aos papeis que estão posicionados.

Reflexos nas posições dos fundos de investimentos

A função de um gestor em um momento como esse é entender o contexto da empresa, testar a sensibilidade de juros e câmbio nos modelos para avaliar o risco e retorno. Normalmente com o custo de capital mais alto, os múltiplos das empresas tendem a ser menores, porém o mercado costuma exagerar na compressão desses múltiplos. Francisco Utsch cita como exemplo a Localiza, segunda maior posição do seu fundo, que sem contar os benefícios da sua recente fusão com a Unidas, teve seu múltiplo reduzido para algo como 17x, versus uma média histórica de 21x. Ele analisa, que no mínimo os múltiplos da empresa tenderão a convergir para a média histórica, oferecendo uma excelente valorização das suas ações.

Nada melhor do que ouvir diretamente dos gestores, esses e outros exemplos, além de ter um panorama das principais mudanças nas posições dos fundos, para isso basta assistir os vídeos abaixo:  

Ouça João Luiz Braga da Encore, gestor dos fundos Encore Ações Advisory FIC FIA e Encore Long Bias Advisory FIC FIM:

Com a palavra Francisco Utsch, gestor dos fundos Kiron FIC FIA e Kiron Institucional FIA:

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