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Produção industrial apresenta expansão de 8,0% na comparação mensal de julho e surpreende as expectativas

Para agosto, esperamos que a produção industrial apresente expansão de 3,7% m/m, o equivalente a uma retração de 2,4% a/a.

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Resumo:

Surpreendendo positivamente tanto as nossas expectativas (+5,5% m/m e -6.1% a/a) quanto as expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg (+5,9% m/m e -6,0% a/a), a produção industrial brasileira apresentou contração de apenas 3,1% na comparação interanual de julho (jul20 / jul19), o equivalente a uma expansão de 8,0% na comparação mensal desse mesmo período (jul20 / jun20).

A surpresa positiva vinda do setor industrial na primeira divulgação referente ao segundo semestre de 2020 traz um viés positivo para a performance dos indicadores de atividade econômica nos próximos meses. Ainda que diversos setores continuem apresentando bastante dificuldade em se recuperar de forma mais consistente (como o setor de serviços), o setor industrial e o setor varejista denotam estar respondendo a todas as fontes de estímulos vigentes na economia hoje, especialmente ao auxílio emergencial, estímulos creditícios e monetárias (exemplificados pelas baixas taxas de juros e novas linhas de crédito).

Ainda que esta seja a primeira divulgação referente à performance setorial no início do segundo semestre de 2020, o resultado positivo vem em linha com o nosso entendimento de que o os indicadores de atividade econômica devem apresentar recuperação no terceiro trimestre desse ano. Continuamos projetando expansão do PIB de 6,8% T/T no terceiro trimestre e contração de 4,8% em 2020. Quanto à política monetária, acreditamos que as surpresas positivas vindas dos indicadores de atividade econômica de curto prazo e seus efeitos na inflação elevam a probabilidade de que a taxa Selic permaneça no atual nível de 2,00% a.a. até meados de 2021.

Olhando para frente, é importante ressaltar que, apesar das surpresas positivas nos indicadores de curto prazo, os riscos permanecem elevados. O mercado de trabalho brasileiro, que tende a reagir com certa defasagem aos ciclos econômicos, pode começar a apresentar sinais de fragilidade mais acentuados quando os programas sustentados pelo governo para atenuar os impactos da pandemia começarem a ser gradativamente retirados da economia. Nesse cenário de maior fragilidade do mercado de trabalho, o setor industrial, intensivo em mão de obra qualificada, também poderia começar a apresentar mais gradualidade no ritmo de recuperação apresentado.

Confira, a seguir, os principais destaques da pesquisa industrial referente a julho:

  • A alta apresentada pela produção industrial em julho foi sustentada tanto pela performance da indústria extrativa (+6,7% m/m e +0,9% a/a), quanto pela indústria de transformação (+8,6% m/m e -3,5% a/a).
  • O maior destaque positivo veio, novamente, do setor de veículos automotores, reboques e carrocerias (+43,9% m/m), que sustentaram o ritmo de recuperação apresentado pela produção de bens de consumo duráveis (+42% m/m).
  • O aumento da produção de bens de capital no mês (+15% m/m) também chamou a atenção. O resultado foi sustentado, principalmente, pela produção de bens de capital destinados à construção civil (+70,5% m/m) e ao setor de transportes (+25,9% m/m).
  • Outro destaque positivo do resultado foi que, pela primeira vez em muito tempo, a performance positiva da produção industrial não ficou concentrada em poucos setores. Mesmo na comparação com julho do ano passado, 14 dos 25 setores industriais apresentaram expansão no mês. As maiores altas foram apresentadas pela produção de alimentos (+9,4% a/a), bebidas (+15,9% a/a), informática (+9,1% a/a) e perfumaria, cosméticos e produtos de limpeza (+10,8% a/a). O principal destaque negativo ficou com a Impressão e Reprodução de Gravações (-48,9% a/a e -40,6% m/m).
  • A produção de insumos típicos para a construção civil também continuou em ritmo de recuperação em julho, apresentando alta de 3,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado e de 12% na comparação com junho de 2020.
  • Como consequência da performance positiva generalizada no mês, os nossos principais índices de difusão mostraram um aumento no percentual de setores que vêm apresentando ritmo de crescimento consistente nos últimos 6 e 12 meses.
  • Para agosto, esperamos que a produção industrial apresente expansão de 3,7% m/m, o equivalente a uma retração de 2,4% a/a.
  • Para 2020, esperamos que o PIB da indústria apresente contração de 4,9%. E para 2021, projetamos expansão de 5,8%.
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