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Zeina Latif: É hora de mostrar quem somos

Economista não tem bola de cristal. Construímos cenários e avaliamos ao longo do tempo se suas premissas básicas se confirmam ou não. Uma importante premissa adotada no último ano era que Michel Temer teria o apoio do Congresso e do setor produtivo, neste último caso para promover a necessária reorientação na agenda econômica. Conseguiria terminar […]

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Economista não tem bola de cristal. Construímos cenários e avaliamos ao longo do tempo se suas premissas básicas se confirmam ou não. Uma importante premissa adotada no último ano era que Michel Temer teria o apoio do Congresso e do setor produtivo, neste último caso para promover a necessária reorientação na agenda econômica. Conseguiria terminar seu mandato, a despeito dos riscos, pois o Judiciário exerceria um papel estabilizador que ajudaria na travessia até 2018.

Pois é, essa premissa caducou. Os sinais, por ora, são de que o apoio político a Temer se esvai. E sem governabilidade ou força para tocar as reformas, o setor produtivo passa a não apoiar mais o presidente.

Apesar de se vislumbrar mais uma transição política, desta vez não há razões para mudanças na política econômica. Pelo contrário. Afinal ela está no caminho certo. Tanto é assim que a confiança de empresários e consumidores aos poucos se recuperou, a inflação cai e o Banco Central corta os juros.

Certamente, o tumulto político prejudicará a velocidade de recuperação da economia, pelas suas consequências sobre os preços de ativos (bolsa, juros, câmbio), com contágio financeiro no setor produtivo, e sobre a confiança. O mercado de crédito poderá ser afetado. Não é possível, no entanto, dimensionar a extensão do contágio diante de tantas incertezas.

É necessário senso de urgência para que o período de volatilidade e incertezas seja curto. Não só pela economia, mas também pela política. Um processo lento de acomodação da política tornará o quadro mais suscetível a acidentes de percurso e à reação das ruas. As crises se realimentariam. A classe política sabe disso.

Fácil falar, difícil fazer. Na ausência de lideranças que consigam produzir a convergência das forças políticas, ajudando a superar a atual polarização, será difícil costurar um acordo político tempestivo que permita uma transição política segura.

O consenso terá que ser construído, e com o engajamento do Judiciário. Será necessário encontrar uma alternativa de poder que consiga minimamente reconciliar a política e que passe no teste das ruas.

Até que se tenha uma ideia do novo equilíbrio da política, a agenda legislativa pouco avançará. Para piorar, o quadro atual alimenta um viés populista no Congresso, dificultando agendas impopulares, ainda que essenciais, como é o caso da reforma da Previdência.

Espinha dorsal. Atrasos ocorrerão e a proposta de reforma da Previdência poderá ser desidratada. Seria, no entanto, precipitado afirmar que nada sairá este ano. O debate econômico no Brasil avançou bastante. Diferente do passado, hoje há compreensão mais difundida na classe política e no setor produtivo de que a reforma da Previdência é a espinha dorsal do ajuste fiscal. Sem ela, as contas públicas colapsam, com prejuízo das políticas públicas, e a inflação dispara. Era o cenário crescentemente esperado sob a gestão de Dilma.

Por essa perspectiva, o possível novo presidente teria que ser necessariamente alguém comprometido com a continuidade das reformas. E com força política, pois a reforma da Previdência tem prazo para ser aprovada, por conta do calendário eleitoral. Se demorar, corre o risco de não sair.

Esse cenário de compromisso político com a reforma da Previdência, que poderá ganhar corpo, mas não sem soluços, implica uma taxa de câmbio volátil, mas sem tendência de alta contínua. Isso ajudaria a conter o repasse inflacionário da alta do dólar e permitiria a continuidade da estratégia do BC de reduzir a taxa Selic.

Se garantida a reforma da Previdência, o instrumento monetário teria seu papel anticíclico preservado. Neste caso, seria possível a recuperação da economia ao longo do tempo. Sem a reforma, o dólar dispara e o BC não consegue cortar os juros.

O momento é de responsabilidade. Não construir o cenário benigno acima seria um erro histórico.

O Brasil não é Venezuela. Quanto antes isso ficar claro, maior a chance de essa premissa não caducar.

25 de Maio de 2017

Fonte: Artigo replicado do Estadão

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