Os melhores setores da Bolsa em 2021

Projetando os melhores setores da Bolsa para 2021, os EXPERTs da XP protagonizaram um dos painéis mais aguardados do evento, com as recomendações de empresas listadas para o ano que vem. Confira abaixo o resumo do bate-papo entre os especialistas.

ENERGIA, PETRÓLEO & GÁS

Segundo o analista de petróleo e elétricas da XP, Gabriel Francisco, 2020 foi um no muito desafiador para preços de petróleo, reflexo dos impactos da pandemia na demanda de combustíveis. No auge da crise do petróleo, por volta de abril, a demanda por derivados de petróleo caiu aproximadamente 30%, queda significativa que pressionou o preço e levou ao aumento de estoques. Somou-se a isso, o desacordo dentro da OPEP+ sobre medidas para reduzir a produção, que acabou gerando em uma guerra de preço entre Arábia Saudita e Rússia. Deste então a OPEP conseguiu chegar a um acordo para limitar produção o que permitiu uma normalização dos estoques. Junto a isso, uma maior flexibilidade das quarentenas trouxe uma retomada da demanda. Olhando para a frente, ele tem uma visão positiva de médio prazo. No curto prazo ainda pode haver uma volatilidade temporária principalmente devido à segunda onda do coronavírus em alguns países. O grande foco do mercado está nas expectativas das vacinas, e isso ocorrendo mais rápido do que o esperado se espera uma normalização da demanda de petróleo.

Com isso, ele acredita que a Petrobras (PETR4 e PETR3) deve apresentar resultados cada vez melhores, mesmo com preços de petróleo mais baixos dado que já vem demostrando maior resiliência, principalmente devido aos seus ativos de pré-sal. Além disso espera-se ter uma agenda forte de desinvestimento de ativos e desalavancagem da companhia.

Do lado das elétricas, Gabriel explica que os papeis se comportam como um ativo de renda fixa por conta da previsibilidade de caixa. Como métrica setorial, o analista destaca a taxa de retorno (TIR) que hoje o diferencial dessa taxa com um ativo livre de risco está baixo, por isso ele não enxerga grandes oportunidades no setor. Os juros mais baixos já estão precificados e com isso não vê nenhuma grande assimetria no setor no momento. Apesar disso, Francisco afirma que olhando no detalhe é possível achar nomes ainda atrativos, como suas preferencias no setor que são Omega (OMGE3) e Cesp (CESP6).

Petrobras (PETR4 e PETR3): o analista tem uma perspectiva positiva para preços de petróleo, além disso vê a companhia como cada vez mais resiliente a baixos preços de petróleo graças aos ativos mais eficientes da companhia. Por fim, espera notícias na frente de venda de ativos no ano de 2021.

Omega Geração (OMGE3): o analista enxerga uma assimetria no preço atual das ações. 2020 foi ano muito movimentado para as ações, com aquisição de ativos muito atrativos, mas ainda enxerga muito espaço para crescimento. A companhia se mostrou muito coerente nos retornos nos ativos que ela incorpora. Por fim, o segmento de energias renováveis está em alta no momento pelo movimento ESG. ​[19:26] Gabriel Fortes  

MINERAÇÃO, SIDERURGIA, PAPEL & CELULOSE

Yuri Pereira, especialista de Mineração & Siderurgia e Papel & Celulose, discorreu sobre as preferências de cada setor e os principais fatores de crescimento das companhias. Para o setor de Mineração e Siderurgia, Yuri ressalta a preferência por empresas de mineração, cujos dados devem ser puxados principalmente pela demanda forte da China; já no setor de Papel & Celulose, a preferência é em relação às empresas de papéis e embalagem, que deverão ser impactadas pelo aumento da demanda no Brasil.

No que diz respeito ao impacto do dólar alto nas operações das empresas, existe uma variabilidade conforme a exposição ao mercado externo de cada companhia, porém, na média de ambos os setores, 65% das receitas são dolarizadas. Dessa forma, se por um lado o dólar em queda impacta o faturamento, por outro, pode haver uma redução de alavancagem. Ainda assim, segundo Yuri, as perspectivas frente às commodities são positivas e mais que compensam uma eventual apreciação do câmbio.

Em se tratando do setor de siderurgia, Yuri reforça a necessidade de acompanhar o desempenho do setor automotivo e da construção civil. Com relação ao setor automotivo, Yuri ressalta que o setor foi altamente impactado pela pandemia e é muito dependente da reabertura econômica. De acordo com os dados recentes da Anfavea, a produção de automóveis vem se recuperando, porém ainda muito aquém de períodos anteriores. No entanto, é esperada uma melhora mais significativa em 2021. Já no setor de construção civil, houve pouco impacto (e melhora, em algumas regiões) com a pandemia, uma vez que o segmento foi classificado como atividade essencial. Segundo Yuri, as perspectivas são positivas para 2021, puxada pela permanência de juros baixos e pela manutenção da demanda por aços longos, sustentada pelos lançamentos de imóveis ao longo de 2020.

Para o analista, as ações preferidas do setor de Mineração & Siderurgia são as da Vale (VALE3) e, para o setor de Papel & Celulose, Klabin (KLBN11). Em relação à Vale, a escolha se dá principalmente por (1) demanda forte por aço na China, em decorrência dos estímulos monetários nos últimos anos em face à guerra comercial; (2) distribuição robusta de dividendos, no qual o analista espera um dividendo mínimo de 7% em 2021. Já do lado da Klabin, a expectativa de forte desempenho no ano que vem decorre da (1) retomada do preço da celulose, ainda que gradual por conta de uma demanda não tão forte; (2) forte desempenho do mercado de papéis e embalagens, com o mercado batendo recordes sucessivos de expedições.

SETOR FINANCEIRO

Segundo o analista Marcel Campos, sua visão é positiva para o setor bancário em 2021. Em 2020, o setor bancário performou muito abaixo do índice na bolsa, impulsionado pela falta de visibilidade quanta a inadimplência que está por vir. Consequentemente, foi necessário aumentar muito o nível de provisionamento devido a deterioração econômica. No entanto, em sua visão, o nível atual de provisionamento já está confortável e deve diminuir em 2021, melhorando assim a expectativa de lucros para os bancos.

A melhora deve ser impulsionada por 3 fatores:

Mix de Crédito. Em 2020, foram originadas muitas linhas de crédito menos rentáveis (linhas do governo para PMEs e linhas para grandes empresas). No entanto, para 2021 já se espera uma expansão de carteira de crédito e uma mudança para um mix de crédito mais rentável.

Volumes. Em 2020, os volumes tanto de concessões de crédito como de receitas de varejo foram muito afetados devido as medidas de contenção. Por isso, espera-se melhora dos volumes em 2021 impulsionado tanto pelo varejo (retomada da atividade econômica) quanto pelo atacado (mercado de capitais, entre outros).

Custos. O bom resultado apresentado em 2020 de redução de custos deve ser um tema que continuará sendo relevante em 2021. A exemplo do Bradesco que planejou fechar 300 agências em 2020 e deve alcançar cerca de 1200 fechamentos.

Banco do Brasil é o nosso papel favorito do setor financeiro

Em sua visão, dado o cenário de baixa visibilidade quanto à inadimplência, devido aos auxílios do governo e do período de carência, e do risco de disrupção com novos entrantes, Marcel acredita que o Banco do Brasil (BBAS3) esteja bem posicionado devido a: i) sua posição operacionalmente bem defendida, com uma carteira de crédito com baixo risco de inadimplência, ii) digitalmente competitivo, com a maior base de clientes digitalizados entre os bancos incumbentes, e iii) valuation atrativo, sendo negociado a 0,8x P/VP, implicando desconto de 20% ao valor patrimonial.

VAREJO

A analista de varejo, Danniela Eiger, comentou em sua fala que tem como preferência para 2021 o varejo tradicional, ressaltando que atualmente com a pandemia desencadeada pela covid-19, as companhias são cada vez mais multicanais. A analista acredita que os varejistas com presença física devem ter uma performance superior aos demais em 2021, muito por conta do consumo desse segmento ter sido prejudicados em 2020, como por exemplo o declínio do consumo de moda. Uma vez que a vacina seja distribuída e a vida volte à normalidade, as pessoas voltam com essa demanda reprimida e com uma poupança acumulada em 2020, por conta do auxílio emergencial fornecido pelo governo.

Em relação ao setor de supermercados, a analista acredita que foi um ano muito forte, pois as pessoas passaram consumir muito em casa e em 2021 deve apresentar uma desaceleração nesse sentido, com pessoas comendo mais em bares e restaurantes, mas isso favorece o atacarejo, que fornece para bares e restaurantes. Já as empresas do setor de e-commerce devem sair um pouco do foco em 2021, muito por conta de que as vendas digitais devem desacelerar com a normalização do canal físico. Por fim, no o setor de farmácias é mais resiliente e pessoas postergaram cirurgias eletivas em 2020, então tem demanda reprimida por medicamentos com a retomada de cirurgias. Além disso, um ponto positivo é a mudança do papel da farmácia (como a realização testes de covid), a farmácias começaram a oferecer serviços de saúde e não só um lugar para comprar medicamentos.

Em sua fala, Danniela comenta que a principal questão do setor é saber qual é o novo nível normal de digitalização do varejo. Os consumidores ficaram mais digitais (muito por conta da eficiência) mas ainda tem uma parte importante do varejo físico. O varejo físico se torna um ecossistema, com players como Amazon nos EUA comprando Wholefoods. Mesmo as varejistas tradicionais aprenderam que também é um diferencial ser omnichannel, é importante ter uma integração entre o online e o offline. Em 2021 as empresas caminham para a evolução do canal multicanal.

Vale ressaltar que as pessoas tiveram que se adaptar ao ambiente digital de comprar online por conta da pandemia. Além disso, a analista acredita que deve ter uma desaceleração do digital em 2021, mas a participação do digital deve ficar em níveis mais altos e ir crescendo com o tempo.

Sobre os estímulos monetários que foram fornecidos em 2020 e as discussões do fim do auxílio emergencial, Danniela comentou que o auxílio emergencial beneficiou o setor de supermercados, mas não é possível saber ao certo. O impacto do alimentar foi positivo, mas não foi algo transformacional, pois a cesta básica faz parte do orçamento mensal das famílias. Em setembro o auxílio já caiu pela metade e não há desaceleração, ´pelo contrário, as vendas ainda continuam com aceleração. Em resumo, esse auxílio protegeu a renda das famílias.

Para Danniela, as ações preferidas para 2021 são: C&A e Pague Menos. Em relação a C&A (CEAB3), Danniela acredita que o setor de varejo físico foi muito prejudicado em 2020 e deve apresentar fortes crescimentos em 2021, além disso, a C&A tem diversas iniciativas internas para melhorar a parte logística e lançaram um marketplace recentemente (Galeria C&A). A C&A negocia a 23% de desconto com comparáveis de varejo e 30% em relação a Lojas Renner. Em relação a Pague Menos (PGMN3), acredita que tem um potencial alto de valorização das ações por conta de iniciativas que a empresa está implementando.

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