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Os mercados globais sofreram com a aversão ao risco após uma recuperação robusta no mês anterior. Os mercados caíram principalmente devido a dados de inflação dos EUA acima do esperado e fortes dados de consumo e mercado de trabalho, levantando preocupações sobre novos aumentos de juros pelo Federal Reserve. Enquanto isso, a principal agenda no Brasil continua sendo política e fiscal. O Ibovespa caiu 7,5% em reais e 9,8% em dólares, enquanto o real desvalorizou 3% com a valorização do dólar frente a outras moedas neste mês.
Os fluxos estrangeiros começam a enfraquecer. Após forte entrada de R$ 12,5 bilhões em janeiro, fevereiro registrou saída de R$ 1,1 bilhão de investidores estrangeiros, o primeiro fluxo negativo desde maio de 2022. Esse é um indicador relevante para acompanhar, pois o fluxo do investidor estrangeiro que vem suportando os preços dos ativos brasileiros nos últimos 12 meses.
O múltiplo de P/L do Ibovespa está menos atrativa do que antes. O mercado vem revisando o Lucro Por Ação (LPA) das empresas brasileiras, que já foi revisado para baixo em -10% para os próximos 12 meses. Isso levou o indicador Preço/Lucro (P/L) da Bolsa a subir para 7,3x, de 6,0x há alguns meses. Enquanto isso, as taxas reais de longo prazo também subiram para próximo de 6,5% (títulos NTN-B). A combinação de LPA menor e taxas de juros mais elevadas fizeram com que o prêmio de risco do Ibovespa em voltasse mais próximo de sua média histórica. Ou seja, a Bolsa brasileira ficou menos atrativa em relação às taxas de juros atuais.
Como vimos ressaltando nos últimos meses, a combinação desses fatores (taxas de juros, riscos domésticos e globais) tornou a nossa visão para as ações brasileiras tornou-se um pouco mais cautelosa. Mas isso pode mudar rapidamente, no momento em que as perspectivas para as taxas de juros melhorarem. As taxas reais nos níveis atuais limitam o potencial de valorização do Ibovespa, o que mantém nosso valor justo de 2023 para o Ibovespa em 125 mil pontos. Com uma perspectiva fiscal em deterioração, permanecemos posicionados defensivamente em nossas carteiras, evitando nomes altamente alavancados e histórias de turnaround. Seguimos com os três temas principais: 1) Commodities; 2) Histórias de crescimento secular; e 3) Qualidade a um preço razoável (“QARP”).
Por fim, para o mês de março, estamos fazendo alterações nas nossas carteiras Top 10 XP, Top Small Caps XP, Top Dividendos XP e a Carteira ESG XP.
Em fevereiro, a aversão ao risco retornou aos mercados após um forte rali no mês anterior. Uma economia resiliente e inflação (ainda) alta permaneceram como os pontos focais nos mercados. Dados de inflação dos EUA mais altos do que o esperado, assim como dados fortes de consumo e mercado de trabalho americanos, aumentaram as preocupações sobre a necessidade de novos aumentos nas taxas de juros pelo Federal Reserve.
Como resultado, os mercados globais caíram principalmente em fevereiro, com o MSCI ACWI caindo 3%, o S&P 500 caindo 2,6% e o índice Hang Seng caindo 9,5%, devido a sinais mistos da reabertura chinesa e um aumento nas tensões geopolíticas após balões e outros objetos serem avistados no território dos EUA, supostamente programas espiões chineses.
No Brasil, os riscos fiscais e políticos permanecem no radar e os ativos brasileiros também reagiram negativamente. O Ibovespa caiu 7,5% em reais e 9,8% em dólares. A moeda brasileira se desvalorizou 3% em relação ao dólar, em linha com outras moedas globais, à medida que o dólar americano recuperou força neste mês.
Olhando para os setores, vimos em fevereiro que a maioria dos setores teve um desempenho negativo. Os piores setores, no mês passado, foram Educação (-18,2%) com as empresas ainda sofrendo em meio a um cenário macro desafiador, e Serv. Utilidades (-9,7%) puxado por Eletrobras (-15%) que tem sido pressionado por preocupações com uma potencial reversão da privatização e preços de energia futuros menores. Na outra ponta, Bens de Capital (+1,4%) é o único setor positivo no mês, puxado por Weg (+3%).
O cenário atual no Brasil continua incerto
Globalmente, a principal discussão permanece sobre o caminho de aperto monetário necessário para trazer a inflação de volta ao objetivo de 2%, e se isso exigirá uma recessão ou um “hard landing” para alcançar esse objetivo. Enquanto isso, no Brasil, a principal agenda continua sendo os riscos políticos e fiscais da política.
Em fevereiro, vimos tensões crescentes entre o governo e o Banco Central, com entrevistas de ambos os lados acirrando a discussão, especialmente em torno da mudança da meta de inflação. Esse debate alimentou ainda mais a deterioração da perspectiva política e colocou pressão adicional nas expectativas de inflação. Como resultado, o Banco Central deve manter a taxa Selic no nível atual de 13,75%, o que tem o efeito colateral de elevar o custo da dívida pública. Para ver uma reversão desse cenário, precisamos ver uma âncora fiscal crível e um caminho claro para a sustentabilidade fiscal.
Como esse cenário impacta a Bolsa?
1. Os fluxos estrangeiros estão começando a enfraquecer
2022 registrou um recorde de entradas de capital estrangeiro no Brasil, com mais de R$100 bilhões entrando na Bolsa, o que tem sido o principal suporte para as altas das ações brasileiras. No entanto, no final do ano passado, após as eleições, os ativos brasileiros começaram a ter desempenho inferior em relação a seus pares globais devido a preocupações com o ruído político.
Como resultado, estamos começando a ver saídas de investidores estrangeiros. Após fortes entradas de R$12,5 bilhões em janeiro, fevereiro registrou uma saída de R$ 1,1 bilhões por estrangeiros, o primeiro fluxo negativo desde maio de 2022. Este é um indicador-chave a seguir, já que os investidores estrangeiros têm sido o comprador final de ativos brasileiros, enquanto os investidores locais migraram para renda fixa.
2. O prêmio de risco do Ibovespa já está mais próximo de sua média histórica
O Lucro por Ação (LPA) para os próximos 12 meses projetado pelo mercado para o Ibovespa já caiu mais de 10% desde o pico recente, enquanto para o S&P 500, as estimativas de LPA foram revisadas em 6%. Como resultado, o Preço/Lucro do Ibovespa aumentou para cerca de 7,3x das mínimas de 6,0x, e o Prêmio de Risco (Rendimento de Lucros – Taxas de Longo Prazo Reais) retornou a níveis próximos de sua média histórica – também impactado pelo aumento das taxas de juros reais.
Devido a essa combinação (lucros menores e taxas de juros mais altas), não vemos mais o Ibovespa tão atrativo quanto estava alguns meses atrás. Ou seja, a Bolsa brasileira ficou menos atrativa em relação às taxas de juros atuais.
Qual é o múltiplo P/L justo do Ibovespa?
Um debate crucial em nossas conversas com investidores é se o Brasil é uma “Value Trap” (armadilha) ou um “Value Play” (oportunidade). Utilizamos a decomposição da fórmula de crescimento de Gordon para estimar o múltiplo justo Preço/Lucro para o Ibovespa, usando as duas fórmulas bem conhecidas abaixo:
Assumindo um custo de capital (Ke) de 15,5% e um crescimento nominal de 5,5% (g), chegamos a um múltiplo justo em torno de 6,5-7x P/L, próximo aos níveis atuais. Em outras palavras, uma queda nas taxas de juros é um fator determinante por trás de múltiplos mais altos (ou mais baixos).
Embora a análise acima mostre que as ações brasileiras podem estar ao redor de um valor justo, ainda as vemos atrativas em relação a outros mercados. No geral, dado que a perspectiva fiscal tem se deteriorado – e afetado as taxas de longo prazo – mantemos uma visão cautelosa para as ações brasileiras. Uma mudança na visão sobre as taxas de juros poderia rapidamente mudar essa dinâmica, já que o risco-retorno ainda é favorável.
Como se posicionar nesse cenário?
Os riscos de recessão ainda permanecem na economia global – e seguem no radar depois dos fortes dados de inflação e consumo dos Estados Unidos – enquanto os riscos políticos e fiscais são os principais no Brasil. Portanto, devemos continuar vendo alta volatilidade nos mercados e por isso continuamos a preferir posições mais defensivas.
Continuamos a evitar ações com altos valuations, portanto, ações de Crescimento, como e-commerce, ações do setor de Varejo em meio a um cenário macro ainda muito desafiado, e empresas altamente alavancadas ou histórias de turnaround.
Aumentamos nossa posição em exportadoras com receitas em dólares, adicionando Suzano (SUZB3) e substituindo empresas com menos potencial de valorização a curto prazo, como JBS (JBSS3).
Por fim, continuamos a focar nos principais temas: 1) commodities; 2) histórias de crescimento secular e 3) Qualidade a um preço razoável (“QARP”).
Continuamos a ver as ações brasileiras como atrativas
Continuamos a ver as ações brasileiras negociando em níveis de valuation atraentes, com um P/L projetado para os próximos 12 meses de 7,3x, um desconto de mais de 30% em relação a média de 15 anos em 11,0x. Quando retiramos Commodities ou Vale e Petrobras do índice, o P/L vai para 9,0x e 8,6x, respectivamente, ambas abaixo de suas médias históricas. Também vemos que a maioria dos setores está negociando com múltiplos P/L projetados abaixo ou em suas médias históricas.
Porém, como mencionamos acima, a combinação de estimativas de lucros menores e taxas de juros mais altas levaram a uma deterioração das métricas de valuation para as ações brasileiras.
Mantemos o nosso valor justo do Ibovespa em 125.000 pontos
Neste mês, mantemos nosso valor justo para o Ibovespa em 125.000 para o ano de 2023. Nosso valor justo para o Ibovespa é calculado como uma média de três metodologias: 1) um modelo de Fluxo de Caixa Descontado, que atualmente assume um Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) de 12,1% 2) um modelo P/L alvo, que assume um múltiplo de 8,5x, ainda abaixo da média histórica de 11x, e 3) modelo de EV/EBITDA de 5,5x, também abaixo da média histórica de 6,5x.
Para ver mais vantagens no valor justo do Ibovespa, precisaríamos ver: 1) estimativas lucros sendo revisadas para cima e/ou 2) uma correção nos múltiplos, que pode vir de fortes fluxos pra Bolsa, bem como juros reais mais baixos.
Top 10 ações XP
Essa carteira de ações é composta por 10 papéis que são os top picks dos nossos analistas do Research XP. A composição da carteira é analisada mensalmente pelos analistas da equipe, e ela pode ou não sofrer alterações a cada mês. O objetivo da Carteira Top 10 é superar o desempenho do índice Ibovespa no horizonte de longo prazo.
Na Carteira Top 10 Ações, trocamos um papel do setor de Frigoríficos por outro de Papel & Celulose. Além disso, retiramos um papel de Energia e substituímos por outro do mesmo setor, e retiramos um papel do setor de Óleo e Gás e substituímos por um papel do setor de Alimentos.
Clique aqui para ver todos os detalhes da nossa Carteira Top 10 XP.
Top Dividendos XP
Para quem é essa carteira: para o investidor em busca de ações que têm boa perspectiva de distribuição contínua de lucros. O investimento em dividendos oferece uma alternativa para quem busca menor volatilidade e oportunidade de criar um fluxo de renda recorrente, além do crescimento do valor de mercado do portfólio pela valorização das ações.
Na Carteira Top Dividendos XP, retiramos um papel do setor Financeiro, e distribuímos o peso em um papel do mesmo setor e em outro do setor de Energia
Clique aqui para ver todos os detalhes da nossa Carteira Top Dividendos XP.
Top Small Caps XP
Para quem é essa carteira: para o investidor que busca alocação em ações com alto potencial de crescimento. A carteira Top Small Caps XP é composta pelas ações de menor valor de capitalização que são as top picks dos nossos analistas do Research.
Na Carteira Top Small Caps XP, optamos por retirar uma empresa do setor de Óleo e Gás.
Clique aqui para ver todos os detalhes da nossa Carteira Top Small Caps XP.
Top ESG XP
Esta carteira é composta pelas 10 principais ações (com peso semelhante de 10% cada) que combinam altos padrões ESG e fundamentos sólidos, com o objetivo de superar o índice B3 ISE no longo prazo. Ela é revisada mensalmente e pode ou não mudar a cada mês.
Na Carteira Top ESG XP desse mês, optamos por não realizar nenhuma mudança.
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