O mercado de renda fixa na semana manteve o sentimento de aversão ao risco fiscal, com o imbróglio ainda em curso do Orçamento de 2021, considerado "inexequível" pelo Ministério da Economia. Também pesaram sobre os negócios locais a valorização do dólar, a alta do petróleo e a piora da pandemia da Covid-19 em diferentes partes do mundo
Como a curva de juros doméstica já possuía um alto grau de inclinação e o câmbio vinha pressionado, os efeitos da deterioração das expectativas fiscais foram limitados: a inclinação da curva de juros acentuou 20 pontos-base, as taxas das NTN-Bs fecharam a semana sem direção única e os títulos públicos apresentaram valorização marginal.
Para a próxima semana, destacam-se na agenda econômica nacional a divulgação de índices de inflação referentes a março, com IGP-DI e IPCA fechado, além de vendas de veículos pela Fenabrave. Além disso, também é esperada a continuação das discussões referentes ao Orçamento de 2021 no Congresso.
No mundo, destaque para taxa de desemprego da Zona do Euro, dados de mercado de trabalho nos EUA, além da ata da última decisão do Comitê de Política Monetária do FED (FOMC), e de PMIs na China e economias desenvolvidas.
Cenário macroeconômico
Conforme relatório publicado, destaque na frente de covid-19 para a continuidade das disputas políticas entre Reino Unido e União Europeia sobre a exportação de vacinas produzidas pelo laboratório AstraZeneca. O bloco afirmou que não deve enviar mais vacinas ao Reino Unido a menos que a farmacêutica entregue sua meta de doses da vacina contra a Covid-19 para países membros. No Brasil, o mês de março ficou marcado por contar com o maior número de óbitos desde o começo da pandemia, exatos 66.573. A média móvel avançou 143% no mês. Do lado positivo, o estado de São Paulo registrou a primeira queda em ocupação de leitos desde o início da atual onda.
Ainda no cenário internacional, destaque para o anúncio pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de seu mais novo pacote fiscal, com ênfase em infraestrutura em empregos. O pacote é a primeira fase de um plano econômico de duas etapas e deve ter custo de USD 2,25 trilhões. Quanto aos indicadores, a criação líquida de 916 mil postos de trabalho em março veio bem acima do esperado (660 mil). A taxa de desemprego recuou para 6%.
Na China, o PMI do setor manufatureiro calculado pela Caixin caiu para 50,6 em março, de 50,9 em fevereiro, abaixo do consenso de 51,4. Por outro lado, o PMI oficial veio melhor do que o esperado, acelerando frente a janeiro – para 51.9. Na Zona do Euro, destacamos o Índice de confiança econômica, que atingiu em março o nível mais alto desde o início da crise pandêmica, apesar dos lockdowns recentes.
No Brasil, seguiram as discussões sobre a peça orçamentária para 2021, classificada como "inexequível" pelo próprio Ministério da Economia. Apesar do relator aceitar cancelar R$ 10 bilhões dos R$ 26 bilhões remanejados por ele antes da aprovação, o Ministério da Economia defende o veto às emendas de relator para que as despesas obrigatórias possam ser recompostas dentro do teto. Este deve continuar o tema central na semana que vem.
Na política, o presidente Jair Bolsonaro anunciou nessa semana mudanças em sua equipe ministerial, atendendo demandas de aliados do “centrão”.
Entre os indicadores econômicos divulgados, destaque para os números do mercado de trabalho. A criação de postos formais de emprego do Caged surpreendeu em fevereiro, com avanços em praticamente todos os setores produtivos. Já a PNAD Contínua apontou de desemprego em 14,2% no trimestre encerrado em janeiro, queda de 0,1% na população ocupada e queda na renda do emprego, de acordo com nossas estimativas.
Leia tudo o que aconteceu na semana em economia.
Curva DI e NTN-B
As taxas de juros futuros encerraram a semana com baixa nos vencimentos curtos e alta nos vértices longos. Como consequência, a curva de juros apresentou leve ganho de inclinação de cerca de 20 pontos-base.
O ambiente de aversão ao risco fiscal aumentou com o impasse sobre o Orçamento de 2021, com reflexos no mercado de câmbio. Os receios acerca da evolução da covid-19 no país continuaram, com novos recordes diários de casos e óbitos.
Ainda assim, o movimento das taxas de juros futuras foi marginal, sugerindo que boa parte desse cenário adverso já havia sido apreçada na curva.
O movimento das taxas dos títulos do Tesouro indexados à inflação (NTN-B) na semana mais curta de Páscoa não consolidou direção única em comparação com a semana anterior.
Leilões do Tesouro Nacional
Na última semana, o Tesouro Nacional realizou ofertas significativamente maiores que na semana anterior. Dentre os papeis ofertados, as LTNs curtas apresentaram menor procura pelo mercado.
Leilão do dia 30/03 - NTN-B
Na última terça-feira, o Tesouro Nacional realizou leilão de Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-Bs) no qual os lotes ofertados foram integralmente colocados no mercado. O volume de 1,8 milhão de papeis ofertados representou avanço significativo frente aos 880 mil papeis ofertados no leilão da última semana.
A instituição vendeu 1 milhão de títulos com vencimento em agosto de 2024, a taxas máxima e média de 3,123%, com corte de 45,80%; 500 mil papeis para agosto de 2028, a taxas máxima e média de 3,889%, corte de 66,50%; e 500 mil títulos para agosto de 2040, a taxas máxima e média de 4,2800% e corte de 41,49%.
Leilão do dia 01/04 - LTN, NTN-F e LFT
Após a expressiva redução de lotes das Letras do Tesouro Nacional (LTN) no leilão da quinta-feira passada para apenas 150 mil, o Tesouro voltou a aumentar a oferta nesta quinta-feira para 10 milhões. Enquanto isso, a oferta de Notas do Tesouro Nacional série F (NTN-F) permaneceu estável em relação a semana anterior em 100 mil títulos e a de Letras Financeiras do Tesouro (LTF) apresentou contração de 2,5 milhões para 1,5 milhão.
Ressalta-se que as LTNs e NTN-Fs são ofertadas em lotes individuais, enquanto as LFTs são ofertadas em leilão híbrido, com vencimentos em lotes agrupados.
A demanda para LTNs com vencimento em 2022 foi inferior à oferta, sendo que o Tesouro colocou no mercado 4,3 milhões dos 5 milhões ofertados. Já as LTNs com vencimento em 2023 e 2024 foram absorvidas integralmente pelo mercado, com corte de 1,0% e 4,3%, respectivamente.
Todo o lote de NTNF-s foi colocado no mercado, ao passo que 1,2 milhão de LFTs foram vendidas.
Tesouro Direto
Apesar das preocupações com o cenário fiscal ainda em evidência, na maior parte dos títulos públicos foi observada devolução de parte da desvalorização ocorrida na semana anterior.
O preço dos títulos sobe quando a expectativa de juro futuro cai (e vice-versa) devido à relação inversa entre os dois. Esse mecanismo que mostra o efeito dos juros sobre preços é a marcação a mercado. Entenda mais aqui.
Crédito Privado
Fluxo
Foi registrado um fluxo médio diário de negociações de R$ 700 milhões em debêntures (vs. R$ 879 milhões na semana anterior), R$ 282 milhões em CRAs (vs. R$ 142 milhões) e R$ 173 milhões em CRIs (vs. R$ 135 milhões). Vale lembrar que, como não são disponibilizados a tempo da publicação do relatório, os dados da sexta-feira não são considerados e podem alterar o apresentado.
Os papeis mais negociados por classe de ativos foram debêntures da CTEEP (CTEE29), CRI iTower e CRA BTG Pactual Commodities.
Spreads de crédito
Em virtude do cenário de incertezas, os investidores aumentaram o apetite por debêntures de vencimentos mais curtos classificadas como “AAA” e “AA” (de maior qualidade). Por outro lado, a procura por ativos de menor qualidade ou alta qualidade com vencimentos longos foi inferior. Com isso, todas as curvas de debentures ganharam inclinação expressiva na semana.
Assim como nos dados de fluxo, os números da sexta-feira para os spreads de crédito também não são considerados e podem alterar o apresentado.
As curvas são extraídas a partir de debêntures precificadas diariamente pela ANBIMA (DI Percentual, DI+spread e IPCA+spread) e refletem estruturas de spread zero-cupom sobre a curva soberana para diferentes níveis de risco.
Ações de rating
Relatórios publicados na semana de 29/03 a 01/04
Renda Fixa
Início de cobertura
Atualizações de resultados
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Agenda econômica
Em relatório publicado pelo time Macro da XP, destacam-se na agenda econômica nacional da próxima semana a divulgação de índices de inflação referentes a março, com IGP-M e IPCA fechado, além de vendas de veículos pela Fenabrave. Além disso, também é esperada a continuação das discussões referentes ao Orçamento de 2021 no Congresso.
Na seara internacional, destaque para taxa de desemprego da Zona do Euro, dados de mercado de trabalho nos EUA, além da ata da última decisão do Comitê de Política Monetária do FED (FOMC), e de PMIs na China e economias desenvolvidas.
Acesse aqui o Boletim Focus do dia 05/04 (disponível a partir de segunda-feira)
Leilões do Tesouro Nacional
Vencimentos de debêntures da próxima semana
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