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Morning Call XP (12.set): Melhora nas tensões comerciais e reunião do BCE em foco

Tudo o que você precisa saber sobre os mercados nacional e internacional, com análises econômicas e políticas sobre fatos que podem impactar seus investimentos.

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IBOVESPA +0,40% | 103.445 Pontos

CÂMBIO -0,3% | 4,07/USD

O que pode impactar o mercado hoje

Ontem o Ibovespa subiu 0,4% atingindo 103.445 pontos, com dados de varejo melhores que o esperado, que impulsionaram as ações do setor. Hoje, a atenção se volta aos mercados internacionais. O grande destaque foi o anúncio de Trump de que adiará em duas semanas o aumento da tarifa sobre produtos chineses originalmente programado para 1º de outubro.

Isso ocorre depois que a China anunciou algumas isenções de tarifas sobre produtos norte-americanos, enquanto relatórios apontam que Pequim está buscando aumentar as compras agrícolas para ajudar a alcançar um melhor acordo comercial. Na nossa visão, a decisão de Trump está em linha com o que temos dito – as circunstâncias devem forçar Trump a diminuir as tensões comerciais, aumentando as chances de reeleição em 2020.

Além disso, o mercado ficará atento nesta manhã à reunião do Banco Central Europeu (BCE) às 8h45 (horário de Brasília), seguida pela conferência de imprensa do presidente da autoridade monetária, Mario Draghi.

Espera-se que a autoridade monetária promova um corte de 10 pontos-base na taxa de depósitos e faça um compromisso mais forte de se encaminharem compras mensais de 30 bilhões de euros em ativos por 9 a 12 meses. Se os estímulos forem maiores que o esperado, seria positivo para os mercados.

Do lado das commodities, o petróleo continua pressionado após anúncio da OPEP de redução em sua previsão para a demanda em 2020, recuando -2,5% ontem e operando em queda de -1% nessa manhã de quinta-feira, em US$60,15/barril. O minério de ferro, por sua vez, segue sustentado no patamar dos US$94/tonelada.

No campo político no Brasil, a tentativa de recriar CPMF derruba chefe da Receita. Paulo Guedes exonerou, a pedido, o chefe da Receita Federal por divergências no projeto da reforma tributária. A recriação da CPMF ou aumento da carga tributária estão fora da reforma tributária por determinação do Presidente. Esse resumo dos eventos é o próprio Tweet de Jair Bolsonaro feito na tarde de ontem. 

Com isso, a reforma tributária deve mesmo tomar a cara das propostas discutidas na Câmara e no Senado, com um Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Não obstante, matéria da Folha aponta que Guedes ainda teria interesse na criação do Imposto sobre Transações Financeiras, mas com alinhamento prévio com o presidente.

Tópicos do dia

Brasil

  1. Política Brasil: Tentativa de recriar CPMF derruba chefe da Receita
  2. Queda de Marcos Cintra reduz sensivelmente as chances de volta da CPMF
  3. Pauta de abertura comercial do Brasil segue evoluindo positivamente
  4. Comércio varejista apresenta expansão em julho e surpreende as expectativas

Internacional

  1. Novo sinal de alívio nas tensões comercias
  2. Preços do petróleo caem com redução da previsão da demanda pela OPEP

Empresas

  1. Aéreas: Regra de distribuição de slots em Congonhas pode ser revisada
  2. Celulose: Preços baixos continuam incentivando cortes de produção
  3. Ambev (ABEV3): IPO da divisão asiática em Hong Kong continua sendo explorado pela AB Inbev


Veja todos os detalhes

Brasil

Política Brasil: Tentativa de recriar CPMF derruba chefe da Receita

  • “Tentativa de recriar CPMF derruba chefe da Receita. Paulo Guedes exonerou, a pedido, o chefe da Receita Federal por divergências no projeto da reforma tributária. A recriação da CPMF ou aumento da carga tributária estão fora da reforma tributária por determinação do Presidente.” Esse resumo dos eventos é, na verdade, um Tweet de Jair Bolsonaro feito na tarde de ontem;
  • Com isso, a reforma tributária deve mesmo tomar a cara das propostas discutidas na Câmara e no Senado, com um Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Não obstante, matéria da Folha aponta Guedes ainda teria interesse na criação do Imposto sobre Transações Financeiras, mas com alinhamento prévio com o presidente.

Queda de Marcos Cintra reduz sensivelmente as chances de volta da CPMF

  • A queda do secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, praticamente reduz a zero as chances da volta da CPMF, pois Cintra era o principal concebedor e articulador da volta do imposto;
  • Resta saber se o ministro da economia, Paulo Guedes, seguirá defendendo a volta da CPMF e como irá adequar seu discurso em face à queda de Cintra. Além de Cintra, Guedes sempre foi um árduo defensor do retorno da CPMF e o noticiário recente confirma que Guedes estava bastante envolvido com a defesa desse imposto e de sua associação necessária à desoneração da folha de pagamentos;
  • Por fim, também resta entender até onde vai a influência da presidência nos assuntos ministeriais. A despeito de entendermos que a volta da CPMF não seria uma boa opção por se tratar de um imposto essencialmente regressivo, acreditamos que o envolvimento presidencial direto em decisões ministeriais não é saudável para a Economia e possui o potencial de contaminar o canal de formação de expectativas dos agentes de mercado.

Pauta de abertura comercial do Brasil segue evoluindo positivamente

  • De acordo com o jornal O Globo, o governo brasileiro já negocia acordos comerciais com Coreia, Canadá e Cingapura, além de seguir negociando maior abertura comercial com os Estados Unidos;
  • Ao que tudo indica o cronograma de negociações já está definido e contempla conversas com Coreia do Sul neste mês, Canadá em outubro e Cingapura em dezembro. As exportações brasileiras atualmente representam um volume ínfimo do que esses países importam do mundo e, portanto, existe um grande potencial comercial com esses países;
  • Entendemos que essa pauta é extremamente positiva e que possui grande capacidade de elevar o crescimento potencial do Brasil. Resta entender quão rápido serão as negociações, que dependem em algum grau da possível participação do Mercosul, e a implementação dessa agenda, que depende do ambiente político interno.

Comércio varejista apresenta expansão em julho e surpreende as expectativas

  • Em julho de 2019, o comércio varejista ampliado apresentou expansão de 7.7% na comparação anual (jul19 / jul18), surpreendendo positivamente tanto as nossas expectativas (4.9%) quanto as expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg (4.0%);
  • Na base de comparação mensal (jul19 / jun19), o indicador apresentou expansão de 0.7%, também acima das nossas expectativas (-0.5%) e das expectativas de mercado (-0.8%);
  • O bom resultado do varejo em julho foi generalizado, mas o maior destaque positivo foi a melhora dos indicadores do comércio de bens não-duráveis (como a categoria de supermercados) e de semi-duráveis (como artigos de uso pessoal e doméstico). Clique aqui para ver a análise do varejo na íntegra

Internacional

Novo sinal de alívio nas tensões comercias

  • Ontem à noite, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu adiar em duas semanas a aplicação de tarifas adicionais de US$250 bilhões em produtos chineses como um gesto de “boa vontade”. Assim, as tarifas que seriam aplicadas em 1º de outubro passarão para o dia 15;
  • Segundo Trump, o adiamento foi pedido pelo vice-primeiro-ministro chinês Liu He, em razão da comemoração do 70º aniversário da fundação da República Popular da China, no próximo dia 1º. O anúncio de Trump veio horas depois da decisão chinesa de isentar 16 tipos de produtos dos EUA de tarifas extras por um ano, a partir do dia 17;
  • Hoje, o Ministério de Comércio da China expressou satisfação com a decisão do presidente dos Estados Unidos e disse que empresas chinesas começaram a fazer levantamentos de preços de bens agrícolas americanos para possivelmente retomar as compras desses produtos, que estão suspensas desde o mês passado, quando houve forte deterioração na relação comercial entre as duas maiores economias do mundo. As decisões de ambos os presidentes trouxeram um novo sinal de alívio nas tensões comercias e foram bem recebidas pelos mercados.

Preços do petróleo caem com redução da previsão da demanda pela OPEP

  • Ontem, a OPEP anunciou uma redução em sua previsão para a demanda de petróleo em 2020 devido à desaceleração da economia global. A previsão do grupo é agora um aumento de +1,08 milhões de barris/dia na demanda de petróleo, uma queda de -60 mil barris/dia em relação às expectativas anteriores devido a uma redução no crescimento global para 3,1% vs. 3,2% anteriormente;
  • Em seu relatório mensal, a OPEP destacou que o menor crescimento global combinado com a produção adicional de concorrentes como os EUA reforça a responsabilidade para que o grupo dos maiores produtores estabilize o mercado de petróleo. Segundo o ministro do petróleo do Iraque, o grupo discutirá em uma reunião nesta quinta-feira se são necessários cortes adicionais na produção da commodity;
  • Os preços do Brent caíram -2,5% ontem e caíram -1% nesta manhã.

Empresas

Aéreas: Regra de distribuição de slots em Congonhas pode ser revisada

  • De acordo com o Valor, o governo está preparando uma nova proposta para a alocação de slots no aeroporto de Congonhas (SP), com o intuito de aumentar a concorrência;
  • Atualmente as empresas perdem seus slots apenas em caso de descumprimento da exigência de 90% de regularidade, e no mecanismo sob análise os indicadores semestrais das empresas seriam comparados entre si (duas vezes por ano) e quem tiver o pior desempenho perderia 2,5% dos slots. Dessa forma, seriam redistribuidos 5% dos slots ao ano;
  • Os novos critérios serão discutidos pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em audiência pública que deve ser aberta, segundo o secretário nacional de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, no fim de 2019 ou no início de 2020.

Celulose: Preços baixos continuam incentivando cortes de produção

  • De acordo com a consultoria RISI, a chilena CMPC confirmou essa semana que ampliará o número de dias da parada programada prevista para novembro na linha 1 da fábrica de Guaíba, no Rio Grande do Sul, e antecipar para 2019 uma parada programada para 2020 na fábrica de Santa Fé, no Chile. A empresa já havia indicado que medidas dessa natureza poderiam ser avaliadas caso os preços da celulose continuassem em baixa. Detalhes quanto ao volume de produção que poderá ser cortado não foram fornecidos;
  • Somado a isso, segundo fontes de mercado, ainda que a demanda tenha melhorado, os estoques de celulose seguem elevados nos portos chineses, dado que eventos climáticos recentes impactaram negativamente os embarques. A expectativa, com isso, é que os estoques recuem nos próximos dias, frente à normalização desses eventos;
  • Vemos a redução dos estoques adiante e potenciais novos cortes de produção como uma sinalização positiva para os preços e seguimos com uma visão positiva para a dinâmica de oferta/demanda no médio-longo prazo.

Ambev (ABEV3): IPO da divisão asiática em Hong Kong continua sendo explorado pela AB Inbev

  • A AB InBev informou ontem que retomou o pedido de listagem de uma oferta de participação minoritária de ações da sua subsidiária na Ásia-Pacífico, a Budweiser Brewing Company, na Bolsa de Hong Kong;
  • Segundo o comunicado, não há garantias de que a transação será concluída, e a decisão de prosseguir dependerá de um número de fatores e das condições de mercado. Vale lembrar que o IPO (oferta pública inicial) da subsidiária da AB Inbev começou a ser noticiada em julho, com potencial de levantar US$9,8bi, o que ajudaria a reduzir seu endividamento. Em julho, contudo, a empresa desistiu da operação, por conta “das condições prevalecentes no mercado”;
  • Na nossa visão, se concluído, o risco da AB InBev vender ações da Ambev diminuiria, o que vemos como positivo. Vale lembrar que entrou em vigor o novo acordo de acionistas da Ambev, que encerra o período de restrição à venda das ações que a AB InBev detém na Ambev (62%).
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