IBOVESPA -0,50% | 100.625 Pontos
CÂMBIO 1,0% | 4,19/USD
O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa caiu 0,5% ontem, enquanto o dólar fechou em alta, superando R$4,18, maior patamar desde setembro de 2018. A percepção de risco continua alta no internacional, com tensão comercial elevada e preocupação na Europa, enquanto a situação na Argentina está cada vez mais desafiadora. A terça-feira não amanheceu muito diferente, os mercados globais operam em leve queda.
No Brasil, o foco segue no avanço da reforma tributária. O Ministério da Economia ainda não enviou formalmente sua versão da proposta para o Congresso, com muito debate em relação à inclusão ou não da CPMF e mudanças no imposto de renda.
Enquanto isso, o relator da proposta que caminha no Senado disse que apresentará seu texto na CCJ em 15 ou 20 dias e que, depois, espera aprovação pelo plenário em mais 30 dias. Nesse calendário, que nos parece otimista, a PEC seria aprovada na Casa até o fim do ano e seria discutida na Câmara em 2020.
O importante é que as discussões em relação à reforma tributária avançam e devemos ter em breve um desenho mais claro da proposta e do calendário.
Ainda no Brasil, divulgamos ontem a pesquisa XP/Ipespe de setembro, mostrando que a avaliação do presidente Bolsonaro oscilou de 33% para 30% em relação à divulgação anterior. A desaprovação subiu de 38% para 41% (LINK). O Datafolha, também publicado ontem, mostrou a mesma tendência. 38% consideram o governo de Jair Bolsonaro ruim ou péssimo e 29% bom ou ótimo.
No internacional, as tensões comerciais seguem em foco. Apesar do respiro ao longo das últimas semanas, a Bloomberg reportou que ainda não houve confirmação de uma rodada de negociações presenciais para setembro, após novas tarifas terem entrado em vigor em 1ro de setembro, o que preocupa os mercados.
Na Europa, o recém chegado primeiro ministro britânico, Boris Johnson, ameaçou chamar uma eleição geral em 14 de outubro se os parlamentares conseguirem bloquear uma saída da União Europeia, Brexit, sem acordo. Lembramos que Johnson disse recentemente que não pediria um adiamento do Brexit à UE “sob nenhuma circunstância”, declarando que o Reino Unido estará preparado para sair do bloco comum em 31 de outubro.
Do lado das commodities, o petróleo iniciou a semana recuando -2,17% ontem e opera em queda de -0,8% nesse manhã de terça-feira, em US$57,9/barril, ainda pressionado pelo receio dos impactos do furacão Dorian na Flórida e preocupações com o crescimento global. Por outro lado, os preços de minério seguem em recuperação, com mais um dia de alta ontem (+2,25%), retomando o nível dos US$91/t, o que vemos como um patamar atrativo para a Vale.
Por fim, os preços de celulose tiveram mais uma semana de queda, recuando -US$1,8/t e atingindo US$478,2/t. Reconhecemos que os preços parecem estar próximos de um piso, mas a visibilidade permanece baixa. No entanto, temos uma visão positiva para a dinâmica de oferta/demanda no médio-longo prazo e vemos um maior risco de alta do que de baixa nas ações da Suzano. Mantemos Compra.
Tópicos do dia
Brasil

- Política Brasil: Roberto Rocha apresentará seu texto na CCJ em 15 ou 20 dias
- Governo articula mudança nas regras fiscais para facilitar a adoção de ajustes nas contas públicas
Internacional

- Brexit é principal preocupação em todos os mercados
Empresas

- Cessão Onerosa: Rodrigo Maia afirmou que, se não em novembro, o leilão será realizado em janeiro
- Minério de ferro: Preços recuperam; Vale segue o movimento – Reiteramos Compra
- Caixa: Prévia do 2T19; Lucro líquido cresce 13%
Renda Fixa

- Even inicia conversas para oferta de ações
- Recursos ao MCMV podem ser destravados em 2019
Veja todos os detalhes
Brasil
Política Brasil: Roberto Rocha apresentará seu texto na CCJ em 15 ou 20 dias
- O relator da proposta da Reforma Tributária que caminha no Senado, Roberto Rocha (PSDB-MA), disse que apresentará seu texto na CCJ em 15 ou 20 dias e que, depois, espera aprovação pelo plenário em mais 30 dias. Nesse calendário otimista, a PEC seria aprovada na Casa até o fim do ano e seria discutida na Câmara em 2020;
- O relator da reforma na Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou em entrevista que a Casa deve rejeitar criação de imposto no molde da CPMF, como quer o governo. Porém, admitiu que a comissão especial tem intenção de discutir mudanças no Imposto de Renda, algo também ventilado pela equipe econômica;
- O Ministério da Economia ainda não enviou formalmente sua versão da proposta da Reforma Tributária para o Congresso. Mesmo após o presidente rejeitar a volta da CPMF, a equipe econômica prepara defesa da volta do tributo. O argumento central é o foco na desoneração de empresas, em especial, da folha de pagamentos.
- Divulgamos ontem a pesquisa XP/Ipespe de setembro, mostrando que a avaliação do presidente Jair Bolsonaro oscilou de 33% para 30% em relação à divulgação anterior. A desaprovação subiu de 38% para 41% (o relatório completo pode ser acessado aqui). O Datafolha, também publicado ontem, mostrou a mesma tendência. 38% consideram o governo de Jair Bolsonaro ruim ou péssimo e 29% bom ou ótimo. O presidente reagiu atacando as pesquisas, em especial o levantamento eleitoral conduzido pela Folha, que mostrou que se a eleição fosse hoje, Haddad venceria Bolsonaro no 2º turno.
Governo articula mudança nas regras fiscais para facilitar a adoção de ajustes nas contas públicas
- De acordo com o Estadão, o Governo e o Congresso Nacional articulam uma mudança nas regras fiscais do País para poder promover mais facilmente possíveis ajustes nas contas públicas, como a proibição a aumentos salariais e a redução da jornada e remuneração de servidores;
- Atualmente o governo não tem espaço para manobras, pois precisa respeitar, ao mesmo tempo, três regras principais: o teto de gastos, a meta de resultado primário e a regra de ouro do Orçamento;
- A alteração evitaria a situação atual de paralisação da máquina pública, pois o governo poderia redirecionar gastos e diminuir o bloqueio de verbas para os ministérios. Para isso, poderia optar por descumprir a meta fiscal, mas adotaria medidas de ajustes.
Internacional
Brexit é principal preocupação em todos os mercados
- O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, sinalizou que pretende convocar novas eleições para 14 de outubro caso os parlamentares consigam aprovar alguma lei que bloqueie um Brexit sem acordo. De acordo com o primeiro-ministro, ele não pedirá à União Européia outra postergação do Brexit;
- Em resposta, o líder do Partido Conservador do governo e ex-ministro das Finanças, Philip Hammond, disse ainda hoje que se prepara para a sua maior luta política e que possui apoio de um número suficiente de parlamentares para aprovar a lei que adie o Brexit;
- Com isso, a libra esterlina atingiu o seu menor nível desde 2016, cotada a US$1,20 na manhã dessa terça, enquanto o juro do bônus britânico de 10 anos opera em sua mínima histórica. Tanto Brexit quanto as tensões comerciais entre EUA e China seguirão como maior fonte de volatilidade nos mercados nas próximas semanas, o que deve trazer um impacto negativo às moedas de mercados emergentes.
Empresas
Cessão Onerosa: Rodrigo Maia afirmou que, se não em novembro, o leilão será realizado em janeiro
- Segundo o Valor Econômico, Rodrigo Maia defendeu que o Congresso vote a PEC da Cessão Onerosa, mas afirma que a partilha seja discutida, de modo a não prejudicar o Rio de Janeiro (estado de sua bancada);
- O leilão da Cessão Onerosa está marcado para o dia 6 de novembro, porém como o TCU ainda não concluiu o edital ele pode não ocorrer esse ano. Segundo a legislação, o edital precisa ser divulgado no máximo 60 dias antes do leilão. Maia afirmou que se não em novembro, o certamente será realizado em janeiro;
- A PEC 98/2019 permite que a União compartilhe com Estados e municípios os recursos arrecadados nos leilões do pré-sal, sobretudo da Cessão Onerosa, procedimento pelo qual o governo garantiu à Petrobras o direito de explorar uma área do pré-sal por 40 anos. Atrasos potenciais no leilão dos barris excedentes da Cessão Onerosa e discussões sobre se o reembolso do governo à Petrobras necessita de autorização legislativa poderiam ser interpretados como negativos para as ações, embora ainda consideramos que os incentivos estão alinhados para viabilizar o evento. Na nossa visão, o leilão dos barris excedentes seria uma oportunidade para a Petrobras expandir suas reservas com menores riscos exploratórios, pois tais campos já estão com plataformas em operação;
- Para entender mais sobre a Cessão Onerosa e nossa estimativa do seu impacto para a Petrobras Clique aqui.
Minério de ferro: Preços recuperam; Vale segue o movimento – Reiteramos Compra
- Depois da recuar aproximadamente -25% em agosto, o minério de ferro voltou a superar o nível de US$90/t ontem, o que vemos como um patamar atrativo para a Vale. No ano, os preços acumulam alta de +26%;
- Além de um tom mais suave quanto às negociações comerciais, as declarações do Conselho de Estado chinês reforçando estímulos econômicos e destacando o foco do governo no desenvolvimento de projetos de infraestrutura deram impulso adicional aos preços;
- A Vale, por sua vez, acompanhou o movimento, fechando o pregão de ontem com alta de +1%. Na nossa visão, a gradual normalização das operações deve permitir que as ações da Vale voltem gradualmente a negociar com base em fundamentos. Vemos as ações negociando a 4,0x EV/EBITDA 2020, atrativo em nossa visão, com uma rentabilidade de 10-15% de sua geração de caixa em 2019-20. Reiteramos Compra, preço-alvo de R$68/ação.
Caixa: Prévia do 2T19; Lucro líquido cresce 13%
- A Caixa Econômica Federal reportou ontem no IFData os resultados do 2T19 (a serem divilgados oficialmente) com lucro líquido de R$3,9 bilhões, expandindo 12,9% A/A e 7,9% no tri. A carteira de crédito do banco fechou junho em R$682,4 bilhões, caindo 1,8% A/A;
- De acordo com o Valor Econômico, o banco devolveu R$10,3 bilhões ao Tesouro em forma de instrumentos financeiros neste ano e sua meta, de acordo com o presidente do banco Pedro Guimarães, é de retornar R$20 bilhões até o fim de 2019. Esta meta não leva em conta a venda de ativos e itens extraordinários.
Renda Fixa
Even inicia conversas para oferta de ações
- De acordo com o Valor Econômico, a Even, incorporadora, está em conversas com bancos para fazer um follow on (oferta subsequente de ações). Os recursos seriam utilizados para aumentar a liquidez dos papéis e para financiar novo ciclo de crescimento, a exemplo de outras empresas do setor. A empresa teria negado a informação;
- A empresa tem apresentado geração de caixa trimestralmente, além de ter reduzido seu estoque pronto ao menor patamar no 2T19 desde o 4T16. A alavancagem, medida por dívida líquida/PL, atingiu 34,2% no 2T19, redução significativa em relação ao mesmo período de 2018 (42,9%). A empresa reportou ter construído landbank bem localizado, o que garantiria bom volume de lançamentos nos próximos anos;
- Analisando esses resultados, o follow on poderia ser positivo, a princípio, para realização do novo ciclo de crescimento da empresa sem impactar negativamente a alavancagem.
Recursos ao MCMV podem ser destravados em 2019
- De acordo com o Estadão, o governo ampliou limites de três ministérios, possibilitando quitação de compromissos em aberto, dentre eles os recursos para pagamento de despesas do Minha Casa Minha Vida (MCMV). Os repasses de mais de R$5 bilhões ao programa habitacional estão atualmente travados devido a cerca de R$20 milhões que faltam do governo;
- A notícia é positiva para empresas que atuam no segmento, que terão seus resultados do terceiro trimestre de 2019 impactados pelo atraso, mas poderão recuperar ao menos parte das perdas ainda em 2019. Acreditamos que as mais afetadas pelo atraso sejam as pequenas e médias empresas, uma vez que as grandes construtoras possuem capacidade para absorver esse impacto.

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!