IBOVESPA -0,6% | 106.060 Pontos
CÂMBIO 0,3% | 4,18/USD
O que pode impactar o mercado hoje
Ontem o Ibovespa caiu 0,65% para 106.059, seguindo percepção de risco elevada na América Latina, principalmente devido à escalada das manifestações no Chile e incertezas quanto ao andamento das negociações comerciais entre EUA-China.
Segundo notícias, o diálogo comercial entre EUA e China atingiu um impasse em função de divergências sobre compras agrícolas. Apesar disso, o principal assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, disse em entrevista que “não se deve prestar atenção a rumores” e que está otimista sobre a perspectiva de um acordo bilateral, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou ontem que as discussões com a China “estão avançando bem rápido”.
Nesta manhã, índices futuros operam em leve alta nos EUA, ao lado das bolsas europeias e asiáticas sem direção única. O mercado segue no aguardo de notícias materiais sobre acordo entre EUA e China, enquanto a divulgação de indicadores de atividade fracos da China evidenciam os impactos da disputa sino-americana.
Na China, a produção industrial teve expansão anual de 4,7% em outubro, abaixo da expectativa de 5,2% do mercado. Também decepcionaram as vendas no varejo chinês em outubro e os investimentos em ativos fixos no acumulado dos primeiros dez meses do ano.
A agenda de indicadores internacionais desta quinta-feira traz como destaque o PIB da Zona do Euro, que apresentou expansão de 0,2% entre o segundo e o terceiro trimestres de 2019, e do Japão, que apresentou expansão de 0,1% na mesma base de comparação. Apesar de modestos, os resultados vieram em linha com a expectativa de mercado e com o nosso entendimento de que o risco de recessão das principais economias globais tem se tornado menor.
No Brasil, o comércio varejista ampliado apresentou expansão de 4,3% na base de comparação anual de setembro, surpreendendo positivamente as expectativas e reforçando o nosso entendimento de que o movimento de recuperação da economia brasileira tem se tornado cada vez mais disseminado entre os setores.
Sobre política, A reação do PSL à saída de Bolsonaro do partido e à criação de uma nova sigla foi a decisão de analisar pedidos de expulsão de Eduardo Bolsonaro por infidelidade partidária. A criação da Aliança pelo Brasil, novo partido do presidente, precisa estar aprovada pelo TSE até 5 de abril do ano que vem para permitir que ele esteja nas eleições municipais de 2020.
O secretário especial de Previdência do Ministério da Economia, Rogério Marinho, afirmou que um imposto nos moldes da antiga CPMF ainda estaria no radar. Para ele, quando vierem os resultados do programa de incentivo à contratação de jovens, ficará mais clara a necessidade de compensar a desoneração da folha de pagamentos.
Na agenda de empresas, todas as atenções estão voltadas à temporada de resultados. A JBS apresentou resultados mais fortes do que o esperado no 3T19, com EBITDA recorde de R$ 5,9 bilhões, 11% acima das nossas estimativas, com Seara e segmento de porco nos EUA como principais destaques positivos. Mantemos nossa recomendação de compra.
No caso de brMalls, tivemos uma leitura positiva dos resultados do 3T19, que trouxeram indicadores sólidos e melhora sequencial nas principais métricas operacionais. Esperamos reação positiva do mercado, e mantemos nossa recomendação de compra para os papéis.
Finalmente, a Via Varejo reportou resultados fracos no 3T19, ainda impactados negativamente pelo período de ajuste. Mesmo assim, destacamos o progresso mostrado pela empresa em diversas frentes, como (1) o impacto positivo na rentabilidade em função das renegociações comerciais com fornecedores chaves e dos novos incentivos para o time de vendas nas lojas; e (2) a retomada do crescimento da operação online de estoque próprio (1P) em Outubro e Novembro.
Tópicos do dia
Agenda de resultados hoje
Cemig (CMIG4): Após o fechamento
Sabesp (SBSP3): Após o fechamento
Clique aqui para acessar o calendário completo
Clique aqui para acessar nossa visão sobre a temporada de resultado
Brasil

- Política Brasil: PSL reage à saída de Bolsonaro do partido
- Comércio varejista apresenta expansão em setembro e reforça o nosso entendimento de recuperação da atividade econômica brasileira
Empresas

- JBS (JBSS3): Resultados superam estimativas, novamente
- Via Varejo (VVAR3): Resultados do 3T19. Ainda fracos, mas continuamos a ver melhorias; Compra
- brMalls (BRML3): Acima das expectativas; Positivo
- TAESA (TAEE11): Destaques dos resultados do 3T19
- Eletrobras (ELET6): Secretário do Tesouro afirma que recursos com venda da Eletrobras podem ficar para 2021
- Bradesco (BBDC4): Next vai ser uma subsidiária independente até o fim do 1T20
Renda Fixa

- Construtoras reduzem projetos no MCMV por receio de falta de Recursos
Veja todos os detalhes
Brasil
Política Brasil: PSL reage à saída de Bolsonaro do partido
- A reação do PSL à saída de Bolsonaro do partido e à criação de uma nova sigla foi a decisão de analisar pedidos de expulsão de Eduardo Bolsonaro por infidelidade partidária. O objetivo é “tomar na justiça o mandato do filho do presidente”, com base na suposta traição dele à legenda ao “tramar” contra o comando da sigla;
- A criação da ‘Aliança pelo Brasil’, novo partido do presidente, precisa estar aprovada pelo TSE até 5 de abril do ano que vem para permitir que ele esteja nas eleições municipais de 2020. Isso dá menos de 5 meses para recolher 500 mil assinaturas de apoio de eleitores e a estratégia, além do uso da biometria, é recorrer a movimentos conservadores e aos evangélicos.
Comércio varejista apresenta expansão em setembro e reforça o nosso entendimento de recuperação da atividade econômica brasileira
- Em setembro de 2019, o comércio varejista ampliado apresentou expansão de 4,31% na base de comparação anual (set19 / set18), em linha com as nossas expectativas (4,3%) e levemente abaixo das expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg (4,8%). Na base de comparação mensal (set19 / ago19), o indicador apresentou expansão de 0,95%, também em linha com as nossas expectativas (1,0%) e levemente abaixo das expectativas de mercado (1,2%);
- A leitura positiva do varejo em setembro foi generalizada. Nove das categorias analisadas para a elaboração da pesquisa mensal do comércio apresentaram expansão entre agosto e setembro de 2019, com destaque para a categoria de móveis e eletrodomésticos, que apresentou expansão de 5,2% na base de comparação mensal. A única categoria que apresentou contração foi a de equipamentos e materiais para escritório;
- Em linhas gerais, os indicadores de comércio apontam para um movimento de recuperação cada vez mais disseminado entre os setores. A recuperação que antes era apresentada apenas por produtos duráveis, hoje já começa a ser apresentada por outros setores da economia, principalmente por aqueles que são mais sensíveis aos estímulos monetários e ao crédito. Olhando para frente, acreditamos que a recuperação das vendas de produtos duráveis continuará sendo um dos principais vetores de crescimento do comércio nos próximos meses, mas entendemos que a partir do momento que o mercado de trabalho começar a apresentar uma recuperação mais sólida, mais setores da economia começarão a se beneficiar do ciclo econômico. Clique aqui para acessar a nossa análise completa do resultado.
Empresas
JBS (JBSS3): Resultados superam estimativas, novamente
- A JBS apresentou resultados mais fortes do que o esperado no 3T19, com EBITDA recorde de R$ 5,9 bilhões, 11% acima do nosso (+ 34% A/A), enquanto Seara e segmento de porco nos EUA foram os principais destaques positivos. A margem EBITDA de 11,3% se compara a nossa estimativa de 10,2% e 9% no 3T18;
- O fluxo de caixa livre foi forte em R$ 3,7 bilhões, enquanto a alavancagem (dívida líquida/EBITDA) caiu para 2,6x, ante 2,8x no 2T19. Reiteramos nossa recomendação de compra. Clique aqui para relatório completo.
Via Varejo (VVAR3): Resultados do 3T19. Ainda fracos, mas continuamos a ver melhorias; Compra
- A Via Varejo reportou resultados referentes ao terceiro trimestre de 2019 (3T19) ainda impactados negativamente pelo período de ajuste pelo qual a empresa está passando. Conforme esperado, os números do 3T19 foram fracos de maneira geral, com um desempenho particularmente negativo em Agosto, que de acordo com os comentários da empresa foi impactado por problemas de integração;
- A receita líquida atingiu R$ 5,7 bilhões (6% abaixo das nossas expectativas), uma queda de 10,7% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. O EBITDA ajustado alcançou R$ 99 milhões no trimestre, acima da nossa estimativa de R$ 23 milhões. Finalmente, o prejuízo de R$ 205 milhões foi relativamente em linha com a nossa estimativa de R$ 220 milhões;
- Mesmo assim, acreditamos que o foco dos investidores deve provavelmente ser o progresso mostrado pela empresa em diversas frentes, conforme apontado pela gestão da empresa nos comentários da divulgação de resultado. Dentre eles, nós destacamos: (1) as renegociações comerciais com fornecedores chave e novos incentivos para o time de vendas nas lojas já começaram a mostrar um impacto positive na rentabilidade; (2) a queda nas vendas online de estoque próprio da Via Varejo estabilizou em Setembro e a operação retomou o crescimento em Outubro e Novembro;
- Ainda vemos um risco-retorno atraente para as ações da Via Varejo e mantemos a nossa recomendação de Compra e o nosso preço-alvo de R$ 8,60 no final de 2020. Para mais detalhes, acesse o relatório completo aqui.
brMalls (BRML3): Acima das expectativas; Positivo
- A brMalls reportou resultados acima das nossas expectativas e também das expectativas do mercado. Apesar de um trimestre ainda desafiador no campo econômico, a empresa entregou (i) aumento na taxa de ocupação média do portfólio, ~0,7p.p. maior em relação ao trimestre passado (atingindo 97%), (ii) crescimento de Vendas Mesmas Lojas (SSS) de 2,2%, acima daquilo que esperávamos, (iii) redução de ~1,5 p.p. no turnover de lojistas, e (iv) redução mais forte que a esperada em algumas linhas de custos, resultando assim em margem superior à esperada;
- Vale relembrar que a companhia concluiu durante o 3T19 a compra de uma participação no shopping Iguatemi Caxias e a venda de sete ativos, movimento que gerou efeito não recorrente positivo no trimestre (~R$ 77,8 milhões). No geral, tivemos uma leitura positiva dos resultados do 3T19, que trouxeram indicadores sólidos e melhora sequencial nas principais métricas operacionais. Esperamos reação positiva do mercado, e mantemos nossa recomendação de compra para os papéis. Para acessar nosso comentário completo, basta acessar esse link.
TAESA (TAEE11): Destaques dos resultados do 3T19
- A TAESA reportou Lucro Líquido de R$357,6 milhões, muito acima da nossa estimativa de R$ 245,2 milhões, com a melhora nos resultados refletindo o impacto não caixa de margem de construção de R$128,0 milhões relacionado à evolução dos projetos em construção;
- A TAESA anunciou a distribuição de proventos totais (divididos entre dividendos e JCP) de R$ 186,5 milhões (R$ 0,54/unit ou 1.9% de yield). As ações serão negociadas ex-dividendos em 21 de novembro 2019, e o pagamento será efetuado em 29 de novembro de 2019;
- Mantemos nossa recomendação de Neutra nas ações da TAESA por acreditar que negociam no seu preço-justo, com projeção de 8,1% de dividendos nos próximos 2 anos em comparação a uma média de 9,0% para as maiores pagadoras de dividendos do setor elétrico (TIET, EGIE e TRPL).
Eletrobras (ELET6): Secretário do Tesouro afirma que recursos com venda da Eletrobras podem ficar para 2021
- Segundo o Valor Econômico, ontem a assessoria do secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, informou que os recursos obtidos com a venda da Eletrobras correm o risco de ficar para 2021. O motivo do adiamento da inclusão na proposta orçamentária, prevista inicialmente para 2020, é que o processo de desestatização depende de aprovação de projeto de lei (PL) pelo Congresso;
- Notamos que a afirmação causou um mal-entendido, dado que o secretário falava da questão de um ponto de vista orçamentário, e não sobre um adiamento do processo de privatização por si só. Mansueto alertou que o PL sobre a desestatização teria de ser aprovado até março para não haver atraso orçamentário;
- Segundo sua assessoria, o secretário avaliou que a resistência no Congresso à venda da Eletrobras diminuiu bastante. Mesmo assim, ainda é preciso construir um consenso político em torno da operação, o que pode ser complexo em um ano eleitoral. A notícia levou a uma queda significativa das ações durante o pregão de ontem, mas com recuperação parcial ao final do dia, encerrando em queda de -1,8%.
Bradesco (BBRD4): Next vai ser uma subsidiária independente até o fim do 1T20
- Otávio de Lazari, presidente do Bradesco, afirmou ontem que o banco pretende fazer do Next uma subsidiária digital até março de 2020.
- Além dos motivos relacionados a cultura, agilidade e independência, o Bradesco quer que o seu banco digital seja regulado de maneira proporcional as outras fintechs e bancos digitais. O Next hoje é enquadrado no mais elevado dos cinco segmentos regulatórios, ao lado de grandes bancos como Itaú, Banco do Brasil, Santander, Caixa e do próprio Bradesco.
- Uma vez realizada a transição, o Next é desobrigado de cumprir as mesmas regras que as grandes instituições, o que aumenta seu nível de competitividade. Essas obrigações vão desde remessa de demonstrativos para o BACEN até exigências na estrutura capital do banco.
- Acreditamos que o movimento é positivo para o Bradesco, pelas seguintes razões: i) deixa o Next mais ágil, fora da estrutura da cidade de Deus e da hierarquia do Bradesco; e ii) coloca o banco digital em pé de igualdade regulatória frente a fintechs.
Renda Fixa
Construtoras reduzem projetos no MCMV por receio de falta de Recursos
- Segundo o Estadão, a MRV e a Direcional têm a intenção de fazer parte de seus próximos lançamentos fora do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Eles pretendem continuar com foco em famílias de baixa renda, porém sem contar com financiamento do FGTS, que é a forma que ocorre hoje no MCMV. A Tenda também está passando por ajuste no perfil de seus projetos procurando ganho de eficiência a fim de evitar a corrosão de rentabilidade;
- No caso da MRV, maior operadora do programa, a redução se dará de forma gradual, do nível atual de 80% para cerca de 40% nos próximos anos. No lugar desses projetos, a empresa lançará empreendimentos de preço similar ao teto do MCMV, em torno de R$300 mil, podendo ser financiadas por linhas de crédito financiadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE);
- Mesma estratégia será seguida pela Direcional, que lançará imóveis com preços das unidades um pouco acima do teto do MCMV. Segundo o presidente da incorporadora, Ricardo Ribeiro, há oportunidade para o setor com mudanças no cenário macroeconômico, com demanda por imóveis;
- A possibilidade de migração de foco dessas empresas para projetos fora do MCMV é positiva, mas a incerteza quanto ao funding do MCMV deve ser monitorada. Eventuais efeitos negativos serão sentidos principalmente por empresas menores e com grande dependência do programa.