Resumo
Conflito militar entre Israel e Irã eleva a tensão na região e preço do petróleo sobe para US$ 75 por barril.
Autoridades dos Estados Unidos e da China anunciaram que chegaram a um desenho para um possível acordo comercial após dois dias de negociações.
Nos Estados Unidos, índices de inflação vêm abaixo do esperado, tanto aos consumidores quanto aos produtores. Na Zona do Euro, a produção industrial registrou o pior desempenho desde julho de 2023.
No Brasil, foi publicada a Medida Provisória (MP) que eleva tributos para compensar a revisão no decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O Congresso, no entanto, sinaliza dificuldades de aprovar as medidas de aumento de impostos.
Na economia, a inflação medida pelo IPCA desacelerou para 5,32% em maio (5,53% em abril). Por fim, as vendas no varejo e a produção no setor de serviços perderam força em abril, mas seguem ritmo sólido.

Tudo sobre as tarifas de Trump
Gráfico da Semana
Veja na seção “Tensões no Oriente Médio elevam preço do petróleo”.

Cenário Internacional
Tensões no Oriente Médio elevam preço do petróleo
O Brent (referência para preço do petróleo) subiu para US$ 75 por barril após ataques de Israel ao Irã. O valor representa uma valorização de 12,6% em relação ao preço mínimo foi de US$ 66,60 por barril de semana passada.
As tensões seguem elevadas. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que os ataques “continuarão por quantos dias forem necessários para remover essa ameaça”, enquanto o Líder Supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que Israel “pagará um preço muito alto” e deve “esperar uma resposta severa das forças armadas do Irã”.
Vale lembrar que o preço do petróleo em alta é positivo para a arrecadação de impostos e para a balança comercial brasileira, mas traz efeitos perversos para a inflação, refletindo-se em alta nos preços de combustíveis e insumos para a indústria.
Negociações entre EUA e China têm desfecho positivo em Londres
Após acusações de não cumprimento do acordo feito em Genebra, Estados Unidos – representado por Scott Bessent, secretário do Tesouro - e China – representado por He Lifeng, vice-primeiro-ministro - anunciaram que chegaram a um acordo comercial depois de dois dias de negociações em Londres. Os Estados Unidos terão uma tarifa de 55% sobre as importações chinesas, enquanto a China taxará com uma alíquota de 10% os produtos americanos.
As principais divergências se tratavam sobre restrições de exportações de terras raras chinesas e controle de exportação de chips dos EUA. O próximo passo é a aprovação desse acordo por Donald Trump e Xi Jinping.
Inflação norte-americana desacelera em maio
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), avançou 0,1% em maio (exp.: 0,2%), desacelerando em relação ao 0,2% registrados em abril. Em termos anualizados, a inflação fechou maio em 2,4%. A inflação recuou também no atacado.
Por sua vez, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) desacelerou para 2,6%, menor patamar desde agosto de 2024.
A desaceleração da inflação registrada em maio e o possível acordo comercial com a China aumentam a probabilidade de um corte de juros pelo Fed no segundo semestre. Mesmo assim, a inflação americana deve acelerar nas próximas divulgações, refletindo o impacto da elevação de tarifas.
Produção industrial na Zona do Euro decepciona
A produção industrial na Zona do Euro caiu 2,4% em abril ante março (exp.: -1,7%), a maior contração desde julho de 2023. O grupo que apresentou maior queda foi o de bens não duráveis (-3,0%). Em comparação com abril de 2024, a produção industrial avançou 0,8%, abaixo das expectativas de 1,2%.
Enquanto isso, no Brasil...
Medida Provisória que substitui o aumento do IOF deve ser insuficiente
O governo apresentou uma Medida Provisória (MP) com foco em medidas de arrecadação para compensar as mudanças do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A discussão concentrou-se principalmente em medidas de aumento de receita, mas alterações nas despesas também foram incluídas. No final, estimamos um impacto potencial de R$ 18,9 bilhões em 2026. Em nossa visão, a arrecadação não será suficiente para compensar integralmente a redução do IOF (assumindo que um terço de seus efeitos será mantido). Além disso, as alterações no lado das despesas são positivas, mas estão longe de garantir a sustentabilidade do limite de gastos no próximo ano. Para detalhes, leia nosso relatório “Pacote fiscal: Medida provisória pode ter impacto de cerca de R$ 19 bilhões em 2026”.
A MP ainda tem que passar pelo Congresso, mas o presidente da Câmara, Hugo Motta, diz que votará urgência para derrubar alta do IOF, após reunião com líderes partidários na quinta-feira. Segundo ele, “o clima na Câmara não é favorável para o aumento de impostos.”, indicando que o Governo enfrentará resistência no Legislativo.
Inflação desacelera em meio à valorização do real
A inflação brasileira desacelerou em maio, com o IPCA subindo 0,26% contra abril, abaixo das expectativas, enquanto a inflação acumulada em 12 meses caiu de 5,53% para 5,32%. Os destaques foram os preços dos bens industrializados, que subiram apenas 0,06% na esteira da valorização do real. A inflação dos serviços subjacentes continuou pressionada, atingindo 6,75% em 12 meses, apesar da recente moderação. Os preços dos alimentos desaceleraram fortemente, enquanto os preços da energia elétrica pressionaram a inflação devido à ativação da bandeira amarela.
Os principais riscos para a inflação continuam sendo os estímulos fiscais, o mercado de trabalho superaquecido e as expectativas elevadas. Nossa projeção para o IPCA em 2025 se mantém em 5,5%.
Pesquisas do setor de varejo e serviços corroboram cenário de desaceleração
As vendas no varejo ampliado recuaram 1,9% em abril ante março, abaixo das expectativas (XP: -1,2%; Mercado: -1,3%). Por sua vez, o varejo restrito – que exclui Veículos, Materiais de Construção e Atacado de Alimentos e Bebidas – caiu 0,4%, encerrando uma sequência de três altas consecutivas (XP e Mercado: -0,5%). Em linhas gerais, as vendas de abril sinalizam enfraquecimento das atividades sensíveis ao crédito, embora os resultados devam ser analisados com cautela, dada a base de comparação elevada. Em nossa avaliação, o cenário ainda é de desaceleração gradual do consumo das famílias.
Quanto ao setor de serviços, a receita real avançou 0,2% em abril ante março, em linha com as expectativas, marcando a terceira alta consecutiva. Em comparação a abril de 2024, a receita subiu 1,8%. De forma geral, os dados corroboram nosso cenário de desaceleração gradual das atividades mais sensíveis ao ciclo econômico. A nosso ver, o mercado de trabalho robusto (com crescimento sustentado do emprego e da renda real), combinado a medidas de estímulo de curto prazo, compensam os efeitos das condições monetárias mais apertadas. Por fim, com as primeiras informações de abril, nossa estimativa para o crescimento do PIB no segundo trimestre frente ao primeiro está em 0,5%
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Destaques da próxima semana
No cenário internacional, as atenções seguirão sobre os conflitos militares no Oriente Médio e seus desdobramentos sobre preços de ativos. Na agenda econômica, os destaques serão decisões de juros nos Estados Unidos, Japão, Reino Unido e China. Além disso, indicadores de atividade econômica da China referentes a maio serão publicados no final de semana, ao passo que a produção industrial e as vendas no varejo americanas do mês anterior serão publicadas ao longo da semana.
No Brasil, o destaque será a decisão da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na 4ª-feira. Acreditamos que o Copom manterá a taxa básica de juros em 14,75%, em linha com que endereçou nas últimas comunicações oficiais. Vale destacar que o mercado segue dividido: cerca de 60% esperam alta de 0,25 p.p. e os outros 40%, como nós, esperam manutenção.
