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Pacote fiscal: Medida provisória pode ter impacto de cerca de R$ 19 bilhões em 2026

Confira a visão dos nossos especialistas sobre os impactos do pacote fiscal

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A medida provisória que substitui o aumento do IOF foi publicada ontem. A discussão concentrou-se principalmente em medidas de aumento de receita, mas alterações nas despesas também foram incluídas. Nossas estimativas preliminares indicam um impacto potencial de R$ 18,9 bilhões no próximo ano. Em nossa visão, a arrecadação não será suficiente para compensar integralmente a redução do IOF (assumindo que um terço de seus efeitos será mantido), e novas medidas podem ser necessárias. Além disso, as alterações no lado das despesas são positivas, mas estão longe de garantir a sustentabilidade do limite de gastos no próximo ano.

O governo reduziu as alíquotas do IOF... As principais mudanças foram: i) redução da alíquota fixa do IOF sobre crédito para empresas, de 0,95% para 0,38% (a alíquota diária foi mantida); ii) redução de 80% no custo das operações de risco sacado, com eliminação da alíquota fixa de 0,95%; iii) o IOF sobre seguros de vida com cobertura de sobrevivência (VGBL) passará a incidir apenas sobre aportes acima de R$ 300 mil em 2025 e R$ 600 mil em 2026; iv) cobrança de alíquota mínima sobre Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC); v) isenção de IOF sobre retorno de Investimento Direto Estrangeiro. Segundo indicou o ministro da Fazenda em discurso no último domingo, um terço do impacto do decreto original será mantido.


 ...mas aumentou outros tributos para compensar perdas... Tributação de criptoativos, títulos imobiliários e do agronegócio, aumento das alíquotas para empresas de apostas online (“bets”), equiparação da CSLL para fintechs, elevação do IR sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP) e alterações em compensações tributárias são as principais medidas de aumento de receita.


...e propôs alguns (limitados) cortes de gastos.
A inclusão do programa “pé de meia” no cálculo da despesa mínima de educação, a redução do período de concessão de benefícios temporários via análise documental (Atestmed), a limitação da compensação entre regimes previdenciários e a vinculação do seguro-defeso à disponibilidade orçamentária podem gerar algum impacto fiscal, mas não configuram mudanças estruturais. Detalhamos as principais medidas e seus impactos.

Medidas de aumento de receita

1. Tributação de criptoativos

Descrição: Estabelece tributação de 17,5% sobre rendimentos com criptoativos para pessoas físicas. Para empresas, os ganhos entram na base do IRPJ e da CSLL.

Impacto: Potencial muito pequeno; não é possível estimar com precisão pela falta de dados.

Início: 2026 (sujeito ao princípio da anterioridade anual).

2. Tributação sobre títulos imobiliários, do agronegócio e debêntures incentivadas

Descrição: Cria alíquota de 5%, eliminando isenção atual.

Impacto: Potencial anual de R$ 10 a 12 bilhões. Impacto efetivo de R$ 1,2 bilhão em 2026 devido à maturidade média longa dos títulos. Estimativa oficial: R$ 2,6 bilhões.

Início: 2026 (anterioridade anual).

3. Aumento da alíquota para apostas online ("bets")

Descrição: Alíquota sobre Gross Gaming Revenue (GGR) sobe de 12% para 18%.

Impacto: Estimado em R$ 2,5 bilhões/ano. Em 2025, efeito fiscal de R$ 0,4 bilhão (início em outubro).

Início: Outubro de 2025 (anterioridade de 90 dias).

4. CSLL para fintechs

Descrição: Eliminação da alíquota reduzida de 9% da CSLL, equiparando fintechs a outras instituições financeiras.

Impacto: Estimado em R$ 0,3 bilhão em 2025 e R$ 1,6 bilhão em 2026.

Início: Outubro de 2025 (anterioridade de 90 dias).

5. Aumento da alíquota de IR sobre JCP

Descrição: Alíquota sobe de 15% para 20%.

Impacto: Considerando as informações dos grandes números do imposto de renda, estimamos impacto em R$ 6 bilhões, acima da estimativa oficial de R$ 5 bilhões.

Início: 2026 (anterioridade anual).

6. Mudanças em compensações tributárias

Descrição: Veda compensações indevidas ou não relacionadas à atividade econômica.

Impacto: Estimado pelo governo em R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 10 bilhões em 2026. Adotamos estimativa mais conservadora devido à frustração recente com arrecadação do Carf e transações tributárias.

Início: Imediato.

Medidas de redução de despesas

1. Inclusão do “Pé de Meia” nas despesas mínimas com educação

Descrição: Permite incluir as despesas do programa no cálculo do mínimo de educação, aumentando a flexibilidade orçamentária.

Impacto: Nenhum impacto direto sobre despesas, mas há maior margem para cortes discricionários. No entanto, dada o atual nível das despesas discricionárias de educação, o ganho potencial tende a ser bastante limitado.

Início: Imediato.

2. Seguro-defeso

Descrição: Exige aprovação municipal do registro de pescador e submete o benefício à disponibilidade orçamentária.

Impacto: Economia estimada de R$ 0,3 bilhão em 2025 e R$ 0,5 bilhão em 2026.

Início: Imediato.

3. Mudanças em benefícios previdenciários temporários

Descrição: Duas alterações foram incluídas na medida provisória. A primeira reduz de 180 para 30 dias o período máximo de concessão de benefícios temporários (como auxílio-doença) por meio de análise documental, sem necessidade de perícia médica. A segunda medida limita a compensação entre regimes previdenciários à dotação orçamentária disponível. Em nossa visão, esta é a medida mais problemática, uma vez que a despesa com compensações é obrigatória e a ausência de dotação apenas posterga o gasto.

Impacto: Assumindo que 10% dos benefícios por incapacidade concedidos no ano passado tenham origem fraudulenta e considerando pagamentos por um período médio de seis meses, estimamos uma economia de R$ 1,7 bilhão em 2025 e R$ 4,3 bilhões em 2026 com a redução no prazo de concessão via análise documental. Quanto à limitação orçamentária nas compensações entre regimes, o ganho tende a ser muito pequeno, dado que valores não pagos em um exercício deverão ser pagos no exercício seguinte, sob risco de geração de passivos.

Início: Imediato.

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