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Economia em Destaque: Fed mantém cautela em meio a tensão com tarifas

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

Nos Estados Unidos, o Presidente do Fed (banco central) disse que a autoridade monetária está bem-posicionada ante o cenário econômico até ter clareza sobre a necessidade de ajustes nos juros. Sobre a guerra comercial, a Casa Branca sinalizou a isenção de produtos eletrônicos oriundos da China. Por outro lado, divulgou que as tarifas contra alguns bens do país asiático chegam a 245%.

Na China, dados de exportação, produção industrial e vendas no varejo surpreenderam positivamente no 1º trimestre. Na Zona do Euro, o Banco Central Europeu reduziu os juros em 0,25 p.p., e ressaltou o aumento da incerteza com as tensões comerciais.

No Brasil, o governo enviou ao Congresso o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2026, mantendo a meta de superávit primário em 0,25% do PIB. Ademais, destaque para a aprovação da nova faixa do programa habitacional “Minha Casa Minha Vida”, que contempla famílias com renda mensal de até R$ 12 mil.

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Tudo sobre as tarifas de Trump

Gráfico da Semana

Veja na seção “Presidente do Fed reforça necessidade de cautela na condução da política monetária” do Cenário Internacional

Cenário Internacional

Presidente do Fed reforça necessidade de cautela na condução da política monetária  

Em entrevista nesta semana, o Presidente do Fed (banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, reafirmou que a autoridade monetária precisa assegurar que o aumento das tarifas não tenha efeito persistente sobre a inflação. Powell disse que os Diretores do Fed devem observar seu mandato dual de estabilidade de preços e pleno emprego, mas mantendo em mente que, sem controle da inflação, não é possível atingir longos períodos de mercado de trabalho sólido. Ele também declarou que o banco central está bem-posicionado até ter maior clareza sobre o cenário econômico antes de considerar qualquer ajuste nos juros.

Ademais, a autoridade expressou que os mercados estão voláteis, mas permanecem funcionais. E que “apesar da elevada incerteza e dos riscos negativos, a economia dos Estados Unidos ainda se encontra em uma posição sólida”. A comunicação de Powell foi interpretada como hawkish (conservadora) pela maioria dos analistas, penalizando ativos de risco.

Tarifas à China chegam a 245%, mas com alívio no setor de tecnologia

A Casa Branca divulgou que as tarifas contra alguns produtos da China somam até 245%. Este total se refere à combinação entre tarifas recíprocas vigentes (125%), tarifas sobre o tráfico de fentanil (20%) e tarifas de 100% sobre alguns produtos chineses impostas pelo governo anterior. Na lista de bens sujeitos à taxa de 245% estão veículos elétricos e seringas, por exemplo. A China sinalizou que não pretende mais acompanhar eventuais novos aumentos de tarifas por Washington. Segundo o Presidente Xi Jinping, o patamar tarifário vigente já praticamente inviabiliza o comércio entre as nações.

Ainda nesta semana, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou que alguns eletrônicos seriam isentos das tarifas comerciais recentemente anunciadas. Entre os itens beneficiados estão smartphones, computadores, semicondutores e outros produtos de tecnologia. Embora Trump tenha afirmado que a isenção será temporária, os mercados reagiram com alívio. Os eletrônicos chineses têm elevada exposição ao mercado de exportações para os Estados Unidos, em parte por desempenharem papel fundamental na cadeia de suprimentos de grandes empresas de tecnologia.

Dados de atividade nos EUA vêm em linha, mas temores com estagflação persistem

A produção industrial cresceu 0,3% em março, em linha com as expectativas. No entanto, a indústria americana deve enfraquecer nos próximos meses em meio à escalada da “guerra comercial” com a China. Enquanto isso, as vendas no varejo subiram 1,4% (mercado: 1,3%), o melhor desempenho desde janeiro de 2023. O comércio varejista avançou 4,6% em comparação a março de 2024. Em relação à abertura setorial, destaque para o crescimento de 5,3% nas vendas de veículos, a leitura mais forte em cerca de dois anos. Os consumidores americanos aparentemente aceleraram as compras de veículos e outros bens para evitar preços mais altos com a imposição de tarifas.

Os temores de estagnação da atividade e pressão inflacionária persistem.

Economia da China apresenta bom desempenho no 1º trimestre

O PIB da China cresceu 5,4% nos primeiros três meses de 2025 ante o mesmo período de 2024, acima das expectativas de 5,2%. Na comparação trimestral, o crescimento ficou em 1,2%, desaceleração moderada em relação ao 1,6% visto na leitura anterior. O período reportado é anterior ao chamado “Dia da Libertação” (02 de abril), ou seja, refletiu os efeitos das medidas de estímulo de Pequim, mas não as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Em relação aos dados desagregados, a produção industrial cresceu 7,7% em março (comparação interanual), acima das projeções de 5,9%. As empresas aumentaram significativamente a produção devido às preocupações de que as novas tarifas impostas pelo governo Trump limitariam o acesso ao mercado e aumentariam os custos para compradores estrangeiros, levando os exportadores a adiantar envios. Por sua vez, as vendas no varejo subiram 5,9%, acima da expectativa de 4,2%, influenciadas pelos estímulos ao consumo implementados recentemente.

Por fim, a balança comercial também cresceu acima do esperado, puxada pelo aumento expressivo nas exportações — provavelmente reflexo do envio antecipado de mercadorias antes da imposição de tarifas. O saldo comercial de março foi superavitário em US$ 102,6 bilhões (previsão: US$ 74,3 bilhões). As exportações avançaram 12,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Banco Central Europeu reduz juros em meio ao aumento da incerteza com as tensões comerciais

O Banco Central Europeu (BCE) cortou suas taxas de juros de referência em 0,25 p.p., conforme amplamente esperado. Com isso, a taxa de depósito chegou a 2,25%. No atual ciclo de flexibilização monetária, o BCE já implementou sete reduções de juros. A autoridade deu ênfase ao aumento das incertezas econômicas devido à questão tarifária e reafirmou o compromisso com uma abordagem “dependente de dados”. Ademais, o BCE destacou que o processo de desinflação “segue bem encaminhado”, com a inflação se aproximando da meta de 2%.

Em relação aos indicadores, a produção industrial cresceu acima das expectativas. Por outro lado, a confiança dos agentes econômicos declinou de 39,8 pontos em março para -18,5 pontos em abril, o menor patamar desde dezembro de 2022. Segundo o BCE, esses dados pioraram “em razão do aumento das tensões comerciais”.

Ainda segundo a comunicação oficial, os juros agora se encontrariam no limite superior da "taxa neutra"- nível em que os juros não estimulam nem restringem o crescimento econômico.

Enquanto isso, no Brasil...

Governo define superávit fiscal de 0,25% do PIB como meta para 2026

O governo enviou ao Congresso o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2026. A proposta estabelece a meta de resultado primário para o ano que vem em R$ 34,3 bilhões (0,25% do PIB), e estima um superávit primário de R$ 38,2 bilhões (0,28% do PIB). Além disso, o documento projeta que a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) atingirá um pico de 84,2% do PIB em 2029 (4,6 p.p. acima da estimativa anterior). O PLDO também apresentou metas indicativas de 0,5% do PIB para 2027, 1,0% do PIB para 2028 e 1,25% do PIB para 2029.

Nossas projeções indicam um déficit primário de R$ 74,8 bilhões para 2026. Portanto, o governo precisaria de um adicional de R$ 110 bilhões para cumprir a meta de resultado primário. Dito isso, acreditamos que 2026 será desafiador, uma vez que a i) atividade econômica e a inflação devem desacelerar, reduzindo também as receitas tributárias; e ii) as despesas, por outro lado, serão pressionadas pelo crescimento dos benefícios sociais, que devem continuar a ser ajustados acima da inflação. Não descartamos a possibilidade de uma mudança na meta de resultado primário, embora este não seja o nosso cenário base.

FGTS aprova a criação da faixa 4 do “Minha Casa Minha Vida”

Foi aprovada a criação da faixa 4 do programa habitacional “Minha Casa Minha Vida” (MCMV), que contempla famílias com renda mensal de até R$ 12 mil. A modalidade terá juros de 10% a.a. e contará com R$ 15 bilhões do FGTS e R$ 15 bilhões de recursos próprios (poupança e LCI) das instituições financeiras – aporte que deverá ser capitaneado pela Caixa Econômica Federal, segundo anúncio recente do próprio Presidente do banco.

Estimamos que a mudança no MCMV deverá aumentar o crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (investimento em ativos fixos) em 0,4 p.p. em 2025 e 0,6 p.p. em 2026. Dessa forma, o impacto sobre a expansão do PIB total seria de 0,10 p.p. e 0,15 p.p., respectivamente.

Os possíveis efeitos dessa e de outras medidas governamentais já haviam sido incorporados ao nosso novo cenário base para a atividade doméstica. Conforme publicado no último relatório Brasil Macro Mensal, revisamos nossas projeções para o crescimento do PIB em 2025 (de 2,0% para 2,3%) e 2026 (de 1,0% para 1,5%).  

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Destaques da próxima semana   

No cenário internacional, o destaque da próxima semana será a divulgação dos PMIs – sondagens com empresas que medem o clima dos negócios – nos Estados Unidos e na Zona do Euro. Além disso, o Fed divulgará o “Livro Bege”, documento bimestral que traz uma avaliação qualitativa de empresários sobre as condições econômicas correntes. Como nas últimas semanas, os mercados estarão atentos a anúncios relativos à “guerra comercial” entre Estados Unidos e China. Em meio às turbulências globais, o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicará relatório com a atualização de projeções macroeconômicas para a maioria dos países.  

No Brasil, o único destaque da agenda será a divulgação do IPCA-15 de abril. Esperamos que a prévia da inflação mensal desacelere em relação a março, devido à moderação nos preços de energia, combustíveis e passagens aéreas. Por outro lado, os preços de bens industrializados devem acelerar. No geral, as principais métricas de monitoramento para a condução da política monetária devem permanecer em níveis preocupantes.

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