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Economia em Destaque: Acomodação no câmbio, mas pressão na inflação

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

No cenário internacional, Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos e já publicou uma série de decretos, que passam por imigração, clima e geopolítica. Apesar de reiterar a intenção de aumentar tarifas de importação, não deu sinais específicos sobre o momento e a magnitude das mudanças.

No Japão, o banco central elevou a taxa básica de juros para o maior patamar em 17 anos. O presidente da instituição sinalizou alta adicional adiante, refletindo otimismo em relação ao aumento dos salários e da inflação na economia asiática.

No Brasil, a taxa de câmbio registrou um dos melhores desempenhos entre os emergentes, encerrando a semana abaixo de 6 reais por dólar.

Nos indicadores, o IPCA-15 de janeiro trouxe inflação de serviços mais pressionada do que o esperado, com alta generalizada. O cenário preocupa e traz viés de alta para a nossa projeção de inflação em 2025.

Por fim, o governo indicou que medidas de reforço ao arcabouço fiscal e a reforma do Imposto de Renda estão entre as prioridades para este ano, mas preocupações com o Orçamento persistem.

Gráfico da Semana

Cenário Internacional

Primeira semana de Trump: Sem sinais específicos nos aumentos de tarifas de importação

Donald Trump assumiu a presidência dos EUA nesta semana e publicou uma série de decretos que passam por imigração, clima e geopolítica. Dentre eles, destacamos: (i) declaração de emergência na fronteira sul, (ii) saída dos EUA do Acordo Climático de Paris e da Organização Mundial da Saúde e (iii) retomada do Canal do Panamá. Ainda, Trump participou do Fórum Econômico Mundial de Davos. “Vou exigir que as taxas de juros caiam imediatamente. E, da mesma forma, elas deveriam estar caindo no mundo todo”, disse. A autoridade também afirmou que pedirá à Arábia Saudita e à Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) que reduzam o preço da commodity e que os líderes empresariais enfrentarão tarifas se fabricarem seus produtos fora dos Estados Unidos.

Apesar de reiterar intenção de elevar tarifas de importação, ele não deu sinais específicos sobre o momento e a magnitude das mudanças. O presidente norte-americano disse que considera impor taxas de 10% sobre as importações chinesas a partir de 1º de fevereiro, ao mesmo tempo em que levantou a possibilidade de aumentar as tarifas sobre várias economias importantes, como México, Canadá e União Europeia.

Taxa de juros alcança o maior patamar em 17 anos no Japão

O Banco Central do Japão elevou sua taxa básica de juros de 0,25% para 0,50%, o maior patamar em 17 anos. O presidente da autoridade monetária, Kazuo Ueda, sinalizou alta adicional adiante, refletindo otimismo em relação ao aumento dos salários e da inflação na economia asiática. No entanto, a autoridade forneceu poucas pistas sobre o momento e o ritmo de futuros ajustes nos juros, afirmando que as decisões serão baseadas em quão rápido a inflação mostrar convergência sustentável em direção à meta de 2%.

A decisão, amplamente esperada pelo mercado, marca outro passo de afastamento do quadro de deflação e crescimento econômico estagnado que vem preocupando o país por décadas. Após a decisão, a taxa de juros de 2 anos do título público japonês (JGB) atingiu 0,725%, nível visto pela última vez em outubro de 2008. Os mercados esperam mais uma alta de 0,25 p.p. nos juros de referência até o final deste ano.

Cessar-fogo entre Israel e Hamas entra em vigor; não há garantias de término do conflito após a conclusão do acordo

Após mais de um ano de conflito, o acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas entrou em vigor. As duas primeiras etapas contemplam a libertação de reféns por ambos os lados. A última fase terá início em 3 de fevereiro, quando começarão as negociações para a reconstrução da Faixa de Gaza. No entanto, a principal dúvida é até quando o arrefecimento das tensões bélicas na região se manterá. Não há garantias de que o conflito terminará após o atual período de paz. Por exemplo, em seu primeiro discurso depois da aprovação do acordo, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o cessar-fogo é “temporário”.

Pressões inflacionárias preocupam na América Latina; impacto do novo cenário global é de neutro para negativo

Publicamos nosso relatório mensal de economia global e da América Latina “Como andam nossos vizinhos” de janeiro. No cenário internacional, os movimentos de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos podem impactar sensivelmente o panorama de alguns países da América Latina, com destaque para o México. Por ora, o cenário para Brasil, Chile e Colômbia é considerado de neutro para negativo. Enquanto isso, o governo mexicano busca evitar a imposição de tarifas de importação.

No âmbito doméstico, nossos vizinhos enfrentam um cenário de desinflação e desaceleração econômica, embora persistam riscos de pressões inflacionárias na grande parte dos países. No México, apesar de possível choque nos preços, a taxa de juros real em níveis historicamente elevados permite a continuação do ciclo de cortes. No Chile, a depreciação cambial e alta recente de custos são fatores que preocupam o cenário inflacionário. Na Colômbia, o quadro fiscal incerto e o aumento do salário mínimo acima do esperado também exigem atenção. Nesse cenário, será necessária uma postura mais cautelosa da política monetária nos próximos meses.

Para detalhes, leia o relatório completo “Como andam nossos vizinhos | Pressões inflacionárias exigem cautela”.

No Brasil...

Real apresentou um dos melhores desempenhos entre moedas emergentes

Nesta semana, a taxa de câmbio acomodou para a casa dos 5,90 reais por dólar – um dos melhores desempenhos entre os países emergentes. O recuo reflete majoritariamente o cenário externo, após indícios de que a política comercial americana será menos agressiva do que o prometido durante a campanha de Donald Trump.

Apesar do recuo, projetamos 6,20 reais por dólar no final de 2025. A nosso ver, os fatores que levaram à depreciação do Real no final do ano passado não se dissiparão no curto prazo, mantendo elevados os prêmios de risco nos preços dos ativos financeiros.

Prévia da inflação mostra preços de serviços pressionados

O IPCA-15 de janeiro – prévia da inflação – registrou alta de 0,11% na base mensal, acima das expectativas de -0,02%. A inflação acumulada em 12 meses caiu de 4,71% para 4,50%. O dado mostrou uma composição dos preços de serviços preocupante. O núcleo de serviços – que exclui preços voláteis – avançou 0,96% entre dezembro e janeiro com alta generalizada. Mesmo itens inerciais (como aluguéis), que apresentaram aumentos moderados em 2024, registraram forte aceleração em janeiro. Serviços intensivos em mão de obra, métrica monitorada de perto pelo Banco Central, avançaram 0,85% entre dezembro e janeiro. Ademais, todas as principais métricas relevantes estão rodando acima da meta de 3%.

Nossa projeção de 6,1% para o IPCA de 2025 tem viés de alta.

Medidas para fortalecer o arcabouço fiscal e reforma do Imposto de Renda estão entre prioridades do governo neste ano...

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, listou 25 prioridades da agenda econômica para 2025. Dentre elas, apontou (i) medidas para fortalecer o arcabouço fiscal, (ii) a reforma do imposto de renda, que isentará do pagamento de impostos aqueles que ganham até R$ 5 mil por mês e (iii) regulamentação da reforma tributária: lei de gestão e administração do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), fundos e imposto seletivo.

... Mas preocupações com o Orçamento continuam

O governo prometeu manter o programa Auxílio-Gás mesmo depois de ficar sem dinheiro para pagar as parcelas deste ano. Mesmo com a aprovação, o valor disponibilizado – R$ 600 milhões – é suficiente apenas para uma das cinco parcelas necessárias para atender aos beneficiários. Inicialmente, o Ministério do Desenvolvimento Social, que cuida do programa, disse que não havia previsão para o pagamento do benefício nem definição de um cronograma, mas depois prometeu manter o repasse por meio de remanejamento de despesas. A primeira parcela de 2025 está prevista para fevereiro.

Ainda, o Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu a execução de R$ 6 bilhões do programa Pé-de-Meia (programa de incentivo financeiro-educacional voltado a estudantes matriculados no ensino médio público), com o argumento de que os recursos não estavam previstos no Orçamento Geral da União. Com isso, o governo tem apenas R$ 1 bilhão para pagar o programa neste ano, valor considerado insuficiente para a política pública. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que vai negociar uma solução temporária com o TCU, enquanto busca incluir os recursos necessários ao Pé-de-Meia no Orçamento.

Ainda no âmbito político, o governo negou notícias de que estaria formulando medidas para controlar preços de alimentos, como a criação de uma rede popular subsidiada. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que “não há espaço fiscal para isso” e “o que vai resolver esse problema não é esse tipo de medida, e sim melhorarmos a concorrência, o ambiente de negócios, as contas externas”.

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O que esperar da semana que vem

No cenário internacional, o principal evento econômico será a decisão de política monetária pelo banco central americano (Fed), para a qual espera-se manutenção da taxa básica de juros. Na zona do euro, o Banco Central Europeu também se reunirá e deverá entregar queda de 0,25 p.p. nos juros, após dados frágeis de atividade econômica divulgados recentemente. Do lado da inflação, o destaque será a publicação do deflator do PCE nos Estados Unidos – dado referente a dezembro. Além disso, a China divulgará os lucros industriais e PMIs (índices de gerentes de compras) de janeiro no final de semana.

No Brasil, o Banco Central deverá elevar a taxa Selic em 1,0 p.p. para 13,25%. A comunicação que acompanhará a decisão será fundamental para os preços de ativos domésticos. Do lado da atividade econômica, conheceremos o saldo de empregos formais (CAGED) e a taxa de desemprego (PNAD) de dezembro. Por fim, do lado fiscal, teremos a divulgação da arrecadação federal de dezembro e os resultados do governo central e do setor público consolidado.

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