Destaques
- Juros em alta e incertezas fiscais pesam sobre a atividade econômica. Mantivemos a projeção de estabilidade do PIB em 2022. Para 2023, esperamos recuperação moderada (crescimento de 1,2%);
- Esperamos recuo da inflação para 5,2% em 2022, ainda acima do intervalo das metas. Para 2023, acreditamos que o IPCA ficará na meta (3,25%), em resposta à ação do Banco Central e à provável queda da inflação global;
- As contas públicas devem se deteriorar este ano por conta do aumento no teto de gastos e da desaceleração da economia, que afeta a arrecadação tributária. A discussão sobre o arcabouço fiscal nos próximos anos será chave durante o debate eleitoral;
- A taxa de câmbio deve oscilar em torno do patamar de 5,70 reais por dólar até que fique mais claro o regime fiscal para além de 2022;
- Prevemos elevações adicionais da taxa Selic no primeiro trimestre deste ano, até 11,50% a.a.. Com a desaceleração econômica e a desinflação global, entendemos que haverá espaço para corte de 0,5 pp ainda em 2022.
Editorial – 2022, em busca do reequilíbrio global
Durante quase dois anos, o foco da política econômica global foi combater os efeitos da Covid-19. Ao menor sinal de piora na dinâmica da pandemia, novas medidas de restrição à mobilidade e estímulo à demanda eram tomadas.
Para 2022 as prioridades se invertem. A pandemia já parece um risco menor ao crescimento. As vacinas têm se mostrado eficientes em reduzir mortes e hospitalizações. A variante Ômicron parece levar a uma versão mais leve da doença, embora ainda existam incertezas sobre seus impactos na economia.
O foco passa a ser combater os efeitos colaterais das medidas anti-Covid: desequilíbrios nas cadeias de produção e aumento da inflação. A principal mudança é na postura dos bancos centrais, endurecendo o discurso e subindo juros.
Esta mudança se traduz em demanda desacelerando em meio à possível recuperação da oferta. O número final do PIB seguirá forte – o FMI projeta crescimento de 4,9% para o PIB global em 2022. Mas a composição deve ser mais benigna para a inflação.
Nossa visão é que essa tendência ajudará o Banco Central brasileiro, completando o substancial ajuste monetário já implementado por aqui. Acreditamos que o Copom elevará a taxa Selic até 11,50% em março e depois entrará em período de observação. A desaceleração da atividade econômica e a melhoria do cenário hídrico reforçam esta projeção.
Para que ela se confirme, no entanto, o país precisa equacionar seu risco fiscal. No curto prazo, haverá pressão por medidas eleitoreiras que colocam em xeque o já combalido teto de gastos.
A maior delas vem de reajustes de servidores, que já se mobilizam para alguma recomposição da inflação. Não é simples. Seria necessário mudar novamente a constituição, pois um reajuste linear, ainda que moderado, não caberia no teto. Se acontecer, seria o desmonte final do regime fiscal brasileiro.
Para o médio prazo, os mercados estarão atentos às propostas dos candidatos à Presidência da República, em meio à dívida elevada, juros em alta e pressão por gastos sociais e investimentos. Sem uma visão clara de como a dívida pública vai se equilibrar, dificilmente os prêmios de risco sobre os ativos brasileiros irão se reduzir significativamente.
Neste relatório mensal, o primeiro de 2022, apresentamos também nosso cenário completo de projeções para 2023. A hipótese básica é de que não haverá ruptura na política econômica no próximo mandato presidencial, pelo menos no curto prazo.
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Pano de fundo global: Juros em alta
A recuperação da economia americana ganhou tração no último trimestre de 2021. As vendas online aumentaram 61% em comparação com 2019 (pré-pandemia). A projeção do Fed de Atlanta aponta crescimento de 7,6% (anualizado) no período. Seguimos projetando elevação acima do potencial em 2022 (3,8%), desempenho que provavelmente ajudará a reduzir a taxa de desemprego para 4% (dos atuais 4,6%).
Esperamos que o Fed (banco central americano) siga um processo gradual de normalização da política monetária. Nossa visão é que o Fed iniciará o processo de alta de juros em junho deste ano. Os mercados projetam três aumentos no juro básico durante 2022; nós esperamos apenas dois. A principal diferença entre a nossa visão e o consenso do mercado é que acreditamos em reversão à média mais rápida da inflação. Esperamos que a inflação cheia e a medida de núcleo encerrem 2022 com altas de 3,2% e 3,4%, respectivamente.
Acreditamos que os juros dos títulos de 10 anos do Tesouro Americano encerrem 2022 em 1,7%, acima da taxa de 1,5% observada no final de 2021.
Em relação à China, projetamos crescimento de 5,5-6% em 2022, após expansão de 9% em 2021. Acreditamos em novas rodadas de estímulo fiscal e monetário e que as autoridades chinesas reverterão o mantra de “Covid zero” em algum momento deste ano, conforme o vírus se torne menos agressivo. No setor de construção, continuamos convictos de que as autoridades adorarão medidas pragmáticas a fim de evitar que os problemas do Grupo Evergrande afetem a confiança na economia e se tornem uma ameaça à estabilidade política.
Para as commodities, nosso cenário básico contempla preços relativamente estáveis ou ligeiramente em queda em 2022, à medida que a política monetária global se torna mais restritiva. Na Covid, acreditamos que o lançamento das pílulas de tratamento da Pfizer e da Merck – aquelas que prometem manter as pessoas longe dos hospitais mesmo que contraiam o vírus (a versão Covid do Tamiflu) – provará ser a solução final para a pandemia.
Conforme argumentado no mês passado, reconhecemos que a variante Ômicron aumentou o risco para nossas previsões de crescimento para 2022, mas continuamos a acreditar que os governos do mundo ocidental não voltarão a adotar medidas muito restritivas.
Brasil: Ano novo, mesmos riscos
Atividade – Em Rota de Esfriamento
A atividade doméstica mostrou sinais adicionais de enfraquecimento. Os últimos dados de produção industrial, vendas do comércio varejista e receitas do setor de serviços frustraram as expectativas. Restrições no fornecimento de insumos, pressão inflacionária e níveis deprimidos de renda são as principais causas dos resultados fracos, em nossa avaliação. Alguns setores ainda se beneficiam da reabertura econômica e maior interação social, com destaque aos serviços prestados às famílias. Mas mesmo a retomada destas atividades começa a perder velocidade.
Esperamos queda (ainda que sutil) do PIB pelo terceiro trimestre consecutivo. Com isso, reduzimos marginalmente nossa estimativa de crescimento econômico em 2021. Após significativa surpresa positiva no primeiro trimestre, o PIB total recuou no segundo e no terceiro, e deve exibir ligeiro decréscimo no quarto. Prevemos contração de 0,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior, após ajuste sazonal (e elevação de 0,8% ante o 4º trimestre de 2020). Dessa forma, estamos revisando nossa projeção de expansão do PIB no ano passado, de 4,5% para 4,4%. Considerando tal expectativa, o efeito de carrego estatístico (carry-over) deixado para o PIB de 2022 corresponde a -0,2 p.p., bem abaixo do que calculamos há alguns meses (+0,7 p.p.).
Para o PIB de 2022, mantemos a projeção de taxa de variação nula (0%).
O 1º trimestre deve mostrar crescimento. As estimativas favoráveis para a agropecuária, a recuperação mais intensa da população ocupada e a aceleração dos gastos em estados e municípios fornecem alguma sustentação à atividade no curto prazo. Esses fatores, combinados aos efeitos ainda positivos da normalização dos serviços e alguma recomposição de estoques na indústria devem culminar em aumento do PIB no 1º trimestre de 2022. Não esperamos medidas rígidas de restrição à mobilidade em resposta à Ômicron, mas este é um risco a ser monitorado.
A partir do 2º trimestre, entretanto, o PIB deve voltar a cair. A política monetária contracionista, as incertezas fiscais e políticas, a queda da confiança de empresários e consumidores e a desaceleração da demanda global indicam contração do PIB ao longo deste ano. As estatísticas do mercado de crédito seguem relativamente favoráveis, mas a elevação dos juros e o crescente comprometimento de renda das famílias tendem a reverter esse quadro. A massa de renda disponível deve crescer de forma tímida em 2022, já que as contribuições positivas do maior nível de emprego e das transferências governamentais sob o programa Auxílio Brasil (que substituiu o Bolsa Família) serão compensadas, em grande medida, pelo fim dos pagamentos emergenciais relativos à Covid-19 e pela massa salarial real em patamares historicamente baixos.
Projetamos recuperação moderada em 2023 (1,2%). A expectativa de convergência da inflação em direção às metas e subsequente afrouxamento da política monetária a partir do final de 2022 sustenta o cenário de recuperação gradual da atividade no ano que vem. Esse cenário assume como hipótese fundamental que a agenda de consolidação fiscal (ou seja, de sustentabilidade da dívida pública a longo prazo) norteie a política econômica do próximo governo.
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Inflação – IPCA deve cair em 2022, mas convergência para a meta virá apenas em 2023
2021 terminou com inflação perto de 10% (o resultado do IPCA de dezembro será conhecido no próximo dia 11). O resultado é muito superior à meta do banco central e ao que previam os economistas no inicio do ano passado A mediana das expectativas dos agentes de mercado, medida pelo Boletim Focus, era de 3,5% em janeiro de 2021.
Em meio à pandemia, diversos choques de oferta e intensos estímulos à demanda tornaram especialmente difícil projetar a inflação no último ano. O Banco Central reagiu e desde março vem subindo os juros básicos, mirando conter os avanços de preços correntes e as expectativas de inflação.
O que esperar para 2022? Projetamos que a inflação medida pelo IPCA recue para 5,2%. Em uma economia com expressivo peso inercial, principalmente devido à indexação, pode parecer uma desinflação muito grande. Mas vale a pena entender algumas das principais hipóteses por trás dessa projeção (a tabela ao lado compara nossas projeções de 2021 e 2022).
Primeiro, para o grupo de alimentação no domicílio, a alta de 4% é compatível com a leve queda nos preços de commodities agrícolas, taxa de câmbio estável (já em nível bem depreciado) e condições climáticas melhores. Este número poderia ser menor, não fossem as preocupações de abastecimento e altos custos de fertilizantes e defensivos agrícolas.
Para bens industriais, a desaceleração da demanda interna, a gradual normalização na cadeia global de suprimentos e os preços de energia mais estáveis devem evitar altas expressivas adicionais de preços ao consumidor. Nossa estimativa sugere que esses preços continuem subindo, mas em ritmo menor (4,8%).
Preços administrados devem registrar arrefecimento significativo em 2022. Projetamos recuo de 17,2% em 2021 para 5,1% em 2022, por conta principalmente da deflação em energia elétrica. Estimamos que as contas de luz cairão, em média, 5% este ano (“bandeira tarifária Vermelha 1” em dezembro). Se a recomposição dos reservatórios continuar no ritmo atual, a queda pode ser ainda maior. A inflação da gasolina também deve ser bem menor, dado que os preços correntes já refletem o petróleo e o câmbio em patamares elevados. As demais tarifas públicas, por outro lado, devem continuar pressionadas, dado que a maioria dos reajustes de preços tem como base a inflação passada.
Por fim, no grupo de serviços, projetamos aceleração da inflação de 4,7% para 6% entre 2021 e 2022. Apesar da política monetária mais restritiva, desaceleração da atividade e menor renda disponível, os reajustes mais pesados do início deste ano, muitos baseados na inflação passada, serão carregados até o fim de 2022.
Para 2023, projetamos inflação na meta de 3,25%. Apolítica monetária contracionista, que tem efeitos sobre a inflação já a partir de 2022, deverá levar o IPCA para meta em 2023. Câmbio e commodities mais estáveis são hipóteses importantes para esta projeção.
Fiscal – A discussão do arcabouço fiscal pós-22 será fundamental
O ocaso de 2021 continuou mostrando resultados fiscais bastante positivos. As receitas líquidas cresceram 12,8% em termos reais, impulsionadas pelo bom desempenho em receitas administradas, que cresceram 21,3% no acumulado do ano até novembro ante o mesmo período do ano anterior.
Despesas primárias recuaram 24,1% na comparação anual. Esse desempenho decorre da redução significativa em créditos extraordinários (-74%), em função do menor gasto com auxílio emergencial e com o programa de manutenção de emprego e renda (BEm).
Ainda assim, o Governo Central acumulou déficit de 1,1% do PIB em 12 meses até novembro. Em dezembro esperamos um déficit, já que esse mês tradicionalmente concentra pagamentos de despesas discricionárias empenhadas nos meses anteriores, mas em magnitude inferior a 2020. Assim, entendemos que 2021 encerrou com um déficit de 0,8%.
Os governos regionais já acumulam superávit de R$ 110,5 bilhões em 2021. Como temos destacado, grande parte deste resultado é explicado pela elevação substancial de arrecadação de ICMS, em especial sobre indústria, comércio atacadista, combustíveis e energia elétrica, e pela impossibilidade de os governos utilizarem esses recursos extras para elevar gastos correntes como salários de servidores, limitação introduzida pela lei complementar nº 173/2020.
Com o resultado de novembro, elevamos nossa projeção de 2021 para governos regionais de um superávit de 1,1% para 1,2% do PIB e, para o setor público consolidado, de 0,3% para 0,4% do PIB.
Para 2022, esperamos uma piora dos resultados fiscais. A desaceleração da economia deve moderar o crescimento da arrecadação. As despesas, por sua vez, devem crescer em torno de 1% do PIB, depois da alteração no teto de gastos.
Assim, projetamos déficit de 1,2% do PIB para o Governo Central este ano.
Também esperamos elevação substancial das despesas em decorrência do ciclo eleitoral nos estados. Já foram anunciados reajustes de remuneração dos servidores em 22 das 27 unidades da federação, e as despesas com obras devem mostrar aceleração. Desta forma, estimamos que o superávit dos governos regionais recuará para 0,2% do PIB.
Assim, estimamos déficit de 1% para o setor público consolidado (Governo Central, estados e municípios).
Em 2022, será fundamental monitorar os riscos fiscais. Na parte das receitas, os riscos decorrem do comportamento da arrecadação diante de uma inflação mais baixa (principalmente de commodities) e da estagnação da atividade econômica.
Do lado das despesas, riscos decorrem de fatores políticos. O mais latente decorre da pressão dos servidores públicos por reajuste salarial. O governo federal reservou R$ 1,7 bilhão para reestruturação e reajuste de carreiras, indicando que esse montante seria utilizado para dar aumento aos policiais federais, rodoviários federais e agentes penitenciários. Isso gerou insatisfação nas demais categorias, que já entraram em greve (caso da RFB) ou aprovaram um calendário de greve. Um reajuste da ordem de 1% para o conjunto dos servidores públicos tem impacto de R$ 3,2 bilhões; se o reajuste for circunscrito aos servidores civis do Poder Executivo, o impacto é de R$ 1,6 bilhões.
Outro risco é a expansão dos gastos via créditos extraordinários. Eventual piora da pandemia em função da variante Ômicron pode ser o gatilho para ampliação de despesas, especialmente com transferências.
Em 2023 esperamos alguma redução do déficit primário. A manutenção do teto constitucional de gastos para o próximo exercício será suficiente para que o déficit do Governo Central volte a se reduzir (estimamos 0,9% do PIB). No consolidado do setor público, também esperamos déficit menor, de 0,7% do PIB.
Ainda assim, o maior gasto com juros nominais deverá elevar a dívida para 87,1% no final do ano que vem.
Para o médio prazo, a discussão sobre uma nova âncora fiscal será fundamental. A manutenção, alteração ou substituição do atual arcabouço fiscal, incluindo o teto de gastos, deve dominar o debate fiscal em 2022. A nosso ver, é imprescindível que o novo arcabouço consiga coordenar as regras operacionais (resultado primário e teto de gastos) com a trajetória da dívida. Além disso, entendemos que o teto reúne características importantes, como comportamento acíclico (independente do ciclo econômico), gatilhos de ajuste automático e regras de escape bem definidas. Logo, é importante que qualquer nova regra incorpore essas características (para detalhes desta discussão, ver nossa publicação Macro temas para o ano eleitoral).
Setor Externo – Real continuará refletindo riscos fiscais e políticos
Taxa de Câmbio: Riscos eleitorais e fiscais pesarão sobre o Real em 2022
A taxa de câmbio brasileira se descolou dos fundamentos das contas externas em meio à pandemia, movimento que aconteceu em maior ou menor intensidade também com outros emergentes. Mesmo a importante elevação da taxa Selic ao longo de 2021 não reverteu esta tendência. O que pesou na dinâmica da moeda foi a percepção de risco, especialmente do lado fiscal.
Em 2022, seguimos vendo a incerteza pesando sobre o real, especialmente em meio ao processo eleitoral. Diante disso, mantivemos nossa expectativa de taxa de câmbio de R$ 5,70 para o final de 2022. Para o ano que vem, assumindo cenário de menor instabilidade macroeconômica, haveria espaço para alguma valorização do câmbio real. Isso deve acontecer em parte com alguma valorização nominal e em parte como efeito da inflação (que continuará maior no Brasil vis-à-vis seus parceiros comerciais).
Projetamos a taxa de câmbio a R$ 5,30 ao final de 2023. Mesmo com essa apreciação marginal, a taxa real de câmbio permanecerá em patamar historicamente depreciado.
Balanço de Pagamentos: Balança Comercial robusta deve garantir tranquilidade às contas externas brasileiras
As contas externas brasileiras seguem como fonte de estabilidade macroeconômica. Em 2021, a balança comercial brasileira totalizou US$ 60,1 bilhões, refletindo exportações recordes e importações robustas. O cenário de 2022 não deve ser diferente, dado que os preços das commodities seguirão favoráveis para nossa pauta de exportação, enquanto o valor importado deve continuar alto, especialmente porque o preço médio do petróleo este ano será maior do que o visto em 2021. Com isso, projetamos saldo comercial de US$ 64 bilhões em 2022. Para 2023, esperamos que o saldo se reduza a US$ 41,8 bilhões, em linha com as expectativas de apreciação do câmbio real e retomada gradual da demanda doméstica.
Após os ajustes para a metodologia do BPM6, vemos o saldo em Conta Corrente deficitário em US$ 14,7 bilhões (-0,9% do PIB) em 2022. Menor demanda interna e melhor saldo comercial explicam a descompressão do déficit em relação a 2021. Para 2023, vemos reversão da conta de Serviços à média histórica, bem como redução do saldo comercial, fazendo com que a Conta Corrente encerre o ano com déficit de US$ 40,4 bilhões (-2,3% do PIB), ainda abaixo dos patamares pré-pandemia. Por fim, vemos os Investimentos Diretos no País em US$ 60 bilhões neste ano e US$ 65 bilhões em 2023, valores que cobrem com folga os respectivos déficits em Conta Corrente.
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Política Monetária – O desafio continua, mas há razões para a desinflação
O cenário segue desafiador para a política monetária, com a inflação corrente rodando muito acima da meta. Na média dos últimos 3 meses, os núcleos do IPCA ficaram, em termos anualizados, próximos a 10%. A meta para 2022 é de 3,5%.
Esta realidade indica que a política monetária deve permanecer bem contracionista – ou seja, juros bem acima do neutro – por todo o ano. Como referência, estimamos os juros neutros em torno de 7,5% (em termos nominais, utilizando a meta de inflação como parâmetro).
Há fatores, contudo, que nos levam a acreditar em relevante desinflação ao longo de 2022:
- A inflação de commodities deve se reduzir significativamente com a política monetária menos expansionista no mundo;
- Os efeitos do substancial ajuste na taxa Selic ainda estão no início (estimamos defasagem média de 9 meses entre a elevação dos juros e o efeito completo sobre a inflação).
- Fim do efeito da depreciação cambial sobre a inflação (nosso cenário prevê a taxa de câmbio a 5,7 reais por dólar este ano)
- A atividade econômica já vinha perdendo força mesmo antes do efeito da alta de juros, e vai contribuir para amenizar repasses de custos que ainda estão represados nas cadeias de produção.
Esperamos altas adicionais no primeiro trimestre e depois uma pausa. Acreditamos que o banco central se sentirá confortável em desacelerar a alta de juros em sua reunião de março para 0,75 pp, após uma elevação adicional de 1,5 pp em fevereiro e manterá a taxa Selic em 11,50% por um bom tempo, observando seus efeitos sobre a dinâmica da inflação.
Se estivermos certos em nosso cenário de desinflação, o IPCA já rodará (na margem) próximo à meta no último trimestre do ano. Isso abrirá espaço para o início da flexibilização monetária ainda em 2022.
Acreditamos que o banco central reduzirá a taxa Selic em 0,5pp em dezembro deste ano, para 11,00%. Depois seguirá reduzindo gradualmente a taxa básica até 7,50% em meados do segundo semestre de 2023.
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