Este conteúdo faz parte do especial "Contagem Regressiva para 2023: As oportunidades geradas na incerteza e como aproveitá-las". Para conferir o relatório completo, acesse o PDF no fim da página.
No Raio XP de setembro de 2022, mostramos que, ao longo de agosto, o rali da Bolsa não foi sustentado por ações de valor, mas sim papéis de crescimento, com a inflação começando a mostrar sinais de desaceleração e expectativas de uma política monetária mais dovish – branda. Como resultado, as taxas de juros de longo prazo no Brasil e nos EUA sofreram uma correção, o que beneficiou diretamente as ações com maior parte de seu valor no futuro, que são sensíveis a mudanças na curva de juros.
Para os próximos meses de 2022, vemos algumas oportunidades de tomar um pouco mais de risco, mas não achamos que há muito mais espaço para os juros caírem, principalmente com riscos fiscais e políticos no radar com a proximidade das eleições, como mencionamos anteriormente.
Nossa preferência hoje é para empresas de Qualidade, Risco Baixo, e Valor. Focamos nos seguintes temas principais:
1. Commodities
continuamos otimistas com empresas de energia, principalmente no segmento de Petróleo & Gás. As top picks (principais escolhas para investir) nesse setor são a Petrobras (PETR4) e 3R (RRRP3).
2. Histórias seculares de crescimento
Nesse momento de bastante incerteza macroeconômica, preferimos empresas mais resilientes, que tenham suas dinâmicas de crescimento menos correlacionadas com o ambiente Macro, como Vamos (VAMO3) e Weg (WEGE3).
3. Qualidade a preços razoáveis
Com a Bolsa bastante descontada, há muitas ações negociadas a múltiplos atrativos, mas focamos naquelas com perspectivas positivas de crescimento. Destacam-se varejistas como Assaí (ASAI3), Grupo Mateus (GMAT3) e Grupo Soma (SOMA3).
Vale pontuar também que preferimos reduzir um pouco a exposição a empresas estatais seguindo a possibilidade de um aumento de riscos políticos, como Banco do Brasil (BBAS3), mas esse nome continua sendo a top pick do setor financeiro.
A seguir, saiba mais sobre as principais escolhas por setor. Conheça também nossas carteiras recomendadas, atualizadas mensalmente por um time multidisciplinar de ações e estratégia.
Agronegócios
Apesar de nossas estimativas de margens menores para a safra 2022/23, continuamos otimistas com os produtores, pois a maior parte da safra foi hedgeada (protegida) com preços interessantes e as margens devem ficar acima dos níveis históricos, em nossa visão. Acreditamos que margens menores podem diminuir o ritmo de adoção de tecnologia pelos agricultores, mas não revertê-lo totalmente, o que deve levar a maiores indicadores de produtividade e aumentar a lucratividade no longo prazo. Portanto, continuamos muito positivos e projetamos um forte crescimento nos próximos anos para os players de tecnologia agrícola e varejistas agrícolas.
Principal Escolha – Açúcar e Álcool: Jalles Machado (JALL3)
Principal Escolha – Grãos: BrasilAgro (AGRO3)
Alimentos
Para as empresas de bens de consumo básicos, esperamos um forte momentum nos resultados, devido ao alívio nos preços das commodities, que se traduzirá em margens mais altas, em nossa opinião, embora o ambiente macroeconômico continue desafiador. Para os frigoríficos, o principal fator no resultado será a virada do ciclo do gado nos EUA, afetando negativamente as margens do negócio de carne bovina. Para os players de aves e suínos, preços mais altos, aliados a custos mais baixos de ração devem se traduzir em margens mais altas, em nossa visão, e, por isso, reiteramos a nossa preferência por players mais diversificados.
Principal escolha — Frigoríficos: JBS (JBSS3)
Principal escolha — Alimentos: Camil (CAML3)
Bancos
O primeiro semestre de 2022 foi bastante positivo para os bancos, culminando com uma série de revisões para cima dos guidances. Para 2023, mantemos visão positiva, apesar de vermos aumento das preocupações com os níveis de inadimplência. Seguimos monitorando eventuais intervenções regulatórias, assim como a possibilidade de acirramento da competição no setor. Entretanto, não esperamos que estes aspectos afetem a dinâmica positiva de curto prazo em curso no mercado de crédito.
Principal escolha: Banco do Brasil (BBAS3)
Bebidas
Estamos muito positivos nos próximos meses para os nomes de bebidas devido a: 1) o alívio nos preços das commodities, que se traduzirá em recuperação de margens, em nossa visão; 2) os preços da cerveja estão abaixo da inflação nos últimos 2 anos e, portanto, vemos espaço para os players pressionarem por preços mais altos; 3) a Copa do Mundo, que será realizada no verão e, junto com o auxílio emergencial, deve ser fator-chave para o crescimento do volume, em nossa opinião; e 4) isso tudo ocorre em meio a uma contínua recuperação do canal on-trade e aumento de embalagens retornáveis (RGB), os quais são mais rentáveis
Principal escolha: AmBev (ABEV3)
Bens de capital
As empresas de bens de capital continuam impactadas por gargalos relacionados à cadeia de suprimentos e escassez de componentes, embora os sinais de normalização comecem a aparecer. Entre as nossas escolhas, destacamos: 1) WEG pela combinação única de alto retorno e perspectivas promissoras de crescimento, com valuation ainda atrativo considerando altos spreads de retorno e expectativas de crescimento; e 2) Tupy, que esperamos se beneficiar da redução da escassez de componentes nos próximos trimestres, com perspectivas positivas em função das recentes aquisições. Por fim, vemos o valuation da Embraer como abaixo do merecido, sem valor significativo de Eve implícito no preço atual das ações, e a recuperação da aviação comercial representando um momento operacional positivo para a empresa.
Principais escolhas: WEG (WEGE3), Tupy (TUPY3), Embraer (EMBR3)
Construtoras
Do lado das construtoras de baixa renda vemos uma combinação positiva das atualizações do programa Casa Verde Amarela (CVA) e a demanda ainda sólida do segmento, beneficiando as empresas posicionadas no topo do programa CVA em 2022. Para as empresas de média e alta renda temos uma visão neutra, baseada no cenário desafiador com taxas de juros imobiliários mais altas e volatilidade de demanda devido às eleições.
Principais escolhas: Cury (CURY3), Direcional (DIRR3)
Educação
As empresas de ensino superior ainda dependem fortemente das captações do 1º semestre no presencial, impactadas negativamente por medidas de distanciamento social e incertezas macro durante a pandemia. No entanto, a temporada de captação do 1º semestre de 2022 apresentou números positivos de volume (e preços mistos), apesar de ainda não ter chegado aos níveis de 2019, o que, em nossa visão, aponta para uma recuperação gradual do segmento. O ensino digital, por outro lado, teve um bom desempenho em termos de volumes ao longo de toda a pandemia, embora os tickets estejam em tendência de queda, impulsionada pela forte concorrência. Temos uma visão cautelosa em relação ao setor de educação, considerando os difíceis cenários micro e macro.
Principal escolha: Cruzeiro do Sul (CSED3)
Energia elétrica
Apesar do desempenho acima da média de grande parte das companhias em 2022, continuamos otimistas com as empresas do setor elétrico. Nesse momento preferimos histórias com baixos riscos operacionais, balanços saudáveis, perspectivas de crescimento claras e risco-retorno assimétrico. Dito isso, encontramos oportunidades ainda descontadas no setor de geração e distribuição de energia.
Principais Escolhas: Omega Energia (MEGA3), Auren (AURE3) e Equatorial (EQTL3).
Mineração e Siderurgia
O setor de mineração vive um momento de incerteza, com 1) uma desorganização da cadeia mundial de metais, 2) o atual conflito entre dois países fornecedores importantes, 3) preços elevados de combustíveis e energia e 4) dúvidas quanto às expectativas da demanda de produto final, devido à inflação e piora dos dados econômicos na China. Apesar destes fatores, seguimos gostando de Vale. Também gostamos das credenciais ESG e do diferencial da autoprodução de energia renovável de CBA.
Principais Escolhas: Vale (VALE3), CBA (CBAV3)
Óleo & Gás
Apesar da recente correção, continuamos otimistas com os preços do petróleo tipo Brent, que ainda se encontra em patamares elevados, dado à dinâmica estrutural de investimentos no setor nos últimos anos somada a questões mais momentâneas, como, por exemplo, o conflito entre Rússia e Ucrânia e a consequente crise energética em países europeus. Seguimos otimistas com a commodity e com o valuation descontado das empresas do setor.
Principais Escolhas: Petrobras (PETR4), 3R (RRRP3)
Papel e Celulose
O setor tem surfado uma tendência mais positiva de preços de celulose nos últimos trimestres, principalmente devido às crescentes restrições de oferta e gargalos logísticos. Isso proporcionou uma boa margem para as principais empresas do setor, apesar dos aumentos de custos. Ainda assim, continuamos cautelosos, dada a preocupação com a dinâmica de custos e, dessa forma, a perenidade estrutural das margens atuais. Nesse contexto, recomendamos Klabin, pela resiliência do modelo de negócios diversificado e assimetria do valor nos preços atuais, na nossa avaliação.
Principal escolha: Klabin (KLBN11)
Saneamento
Do lado das companhias de saneamento, esperamos que o cenário eleitoral ainda seja um driver de volatilidade no curto prazo, especialmente para os players públicos. Do lado de resíduos sólidos, esperamos um semestre mais forte, impactado pela venda de créditos de carbono do ano.
Principal escolha: Orizon (ORVR3)
Saúde
Os prestadores de serviços de saúde passaram por um período com desempenho operacional historicamente fraco, causado principalmente pela pandemia de Covid-19. Além disso, o alto endividamento pressionou o desempenho financeiro da maioria das empresas de saúde nos últimos trimestres, aumentando os impactos no lucro líquido. No entanto, no último trimestre pudemos ver algum alívio em ambos os aspectos, dado que 1) as taxas de ocupação de leitos e número de procedimentos complexos vêm apresentando melhorias, com a Covid-19 perdendo relevância; e 2) os juros de longo prazo diminuíram, reduzindo o efeito negativo nos resultados financeiros. Em relação à indústria farmacêutica, as empresas têm apresentado forte desempenho, tanto em termos de crescimento quanto em rentabilidade nos últimos trimestres. Nossa expectativa para o médio prazo é positiva, com as companhias fortalecendo seus portfólios de produtos e extraindo crescimento dos atuais.
Principal escolha: Blau (BLAU3)
Shoppings e propriedades comerciais
Esperamos continuar vendo uma forte recuperação do setor de shoppings em 2022, baseada na combinação entre o desempenho resiliente de vendas dos shoppings dominantes do segmento de alta renda e a progressiva redução de descontos, mantendo níveis saudáveis de inadimplência líquida e custo de ocupação, levando a um crescimento robusto das receitas de aluguéis.
Principais escolhas: Multiplan (MULT3), Iguatemi (IGTI11)
Tecnologia
Para o setor de tecnologia, continuamos gostando da exposição às companhias de tech brasileira na Bolsa, apesar da volatilidade de alguns papeis no curto prazo. Cabe destacar que as companhias de nossa cobertura (Bemobi, Locaweb, Positivo, Allied, G2D e TOTVS) possuem dinâmicas e modelos de negócio muito distintos.
Principais escolhas: Bemobi (BMOB3), TOTVS (TOTS3)
Telecomunicações
Temos uma visão positiva para as companhias de telecom de nossa cobertura, tanto ISPs (Unifique, Brisanet e Desktop), quanto big telcos (TIM e Vivo). Nossa visão positiva é suportada por uma forte dinâmica de crescimento, além de execução operacional e sólida rentabilidade.
Principais escolhas: Unifique (FIQE3), TIM (TIMS3)
Transportes
Focamos as nossas recomendações do setor em nomes que acreditamos ter uma microdinâmica positiva, que deve ajudar a evitar potencial volatilidade em um cenário macro ainda desafiador. São elas: 1) Vamos, com base em uma forte combinação de posição de liderança crescente em um mercado ainda inexplorado – isso deve permitir, em nossa opinião, um desempenho operacional superior, apesar dos desafios macro (aumentando yields enquanto cresce); e 2) Rumo, onde esperamos que a empresa supere o consenso para 2022 e seu próprio guidance. O 2S22 deve mostrar melhorias significativas na dinâmica do mercado, permitindo recuperação de yields (preço) e fortes volumes. Esse cenário, a nosso ver, deve implicar em um momento positivo para a empresa negociar seus contratos para 2023.
Principais escolhas: Vamos (VAMO3), Rumo (RAIL3)
Varejo
Como costumamos falar, dividimos os segmentos do Varejo em 4 subsegmentos, que são: alimentar; farmácias; consumo discricionário e comércio eletrônico. Para os próximos meses, seguimos preferindo exposição a nomes mais resilientes e de alta qualidade, com consistência de execução e liquidez em bolsa, com destaque para os setores de varejo alimentar e consumo discricionário, sobretudo aqueles nomes que atuam no mercado de alta renda.
Principas escolhas: Assaí (ASAI3); Grupo Mateus (GMAT3); Grupo Soma (SOMA3), Arezzo (ARZZ3)
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