O potencial climático do Brasil e seu papel-chave na descarbonização global

Principais mensagens do Brazil Climate Summit

Na semana passada, acompanhamos o Brazil Climate Summit em Nova York, evento internacional focado no clima, realizado na Universidade de Columbia. A conferência reuniu vozes relevantes de diversos setores econômicos, investidores e empresas. De modo geral, o evento posicionou o Brasil como um ator fundamental na transição climática global, destacando o crescente interesse pelo país por parte tanto dos investidores nacionais quanto estrangeiros que buscam oportunidades focadas no clima. Abaixo estão os principais destaques dos painéis.

O papel do Brasil na cadeia global de energia. Um tema recorrente na conferência foi como as políticas globais de sustentabilidade, as tensões geopolíticas e a fragmentação do mercado estão cada vez mais transformando o fornecimento de energia em uma ferramenta geopolítica estratégica, impulsionada principalmente por preocupações com a segurança energética e a interdependência dos países. Nesse cenário, o Brasil foi frequentemente destacado como um agente central, sustentado por sua matriz energética predominantemente renovável e pelas oportunidades que ela proporciona. Por outro lado, o principal desafio debatido foi como o Brasil pode se posicionar efetivamente para aumentar a competitividade e garantir um papel central na crescente cadeia global de fornecimento de energia.

Potencial de liderança do Brasil na descarbonização global. Diversos painéis ao longo do evento destacaram o potencial único do Brasil para liderar os esforços globais de descarbonização. As principais áreas de oportunidade exploradas incluem: (i) liderança em aço verde: com reservas de minério de ferro de alta qualidade, o país está bem posicionado para impulsionar a produção de aço de baixa emissão de carbono; (ii) agricultura sustentável: incentivos vinculados ao combate ao desmatamento podem canalizar recursos financeiros para a restauração e a bioeconomia das áreas florestais brasileiras; e (iii) iniciativas de financiamento verde: o progresso recente no setor financeiro brasileiro abriu ainda mais caminhos para investimentos sustentáveis, como o Eco Invest e iniciativas promovidas pelo BNDES, embora os riscos regulatórios e as preocupações dos investidores com os retornos continuem a limitar o ritmo de desenvolvimento do mercado.

Desvendando o potencial do mercado de carbono brasileiro. Em um painel dedicado ao mercado de carbono no Brasil, especialistas enfatizaram a necessidade de um arcabouço regulatório robusto para garantir a eficiência do mercado. As principais prioridades incluem reduzir a volatilidade dos preços, a integração dos mercados voluntários e regulados, e a viabilização de acordos bilaterais. De modo geral, os palestrantes concordaram que, embora o Brasil tenha uma oportunidade competitiva única nos mercados de carbono, liberar esse potencial requer mecanismos de precificação eficazes e um fluxo de capital claro para apoiar o ganho de escala.

Contagem regressiva para a COP30: Principais mensagens da presidência da COP30. O Embaixador André Corrêa do Lago enfatizou que a COP30 deve servir como um momento crucial para a diplomacia climática, transferindo o debate global da negociação para a implementação. Para isso, o setor privado e os governos subnacionais têm um papel fundamental na obtenção de resultados tangíveis e na garantia do sucesso a longo prazo. Acontecendo antes da conferência, Corrêa do Lago também compartilhou grandes expectativas para a próxima reunião entre o Presidente Lula e o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que busca incentivar os países a apresentarem Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) atualizadas.