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Rússia invade a Ucrânia: Por que isso impactou a renda fixa no Brasil?

Entenda como o conflito na Ucrânia influencia os ativos de renda fixa no Brasil.

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Resumo: O conflito causado com a invasão militar russa em território da Ucrânia agravou as tensões geopolíticas e movimentos de mercado característicos de aversão a risco global. Valorização do dólar e ouro, elevação nos juros futuros externos e brasileiros e queda da Bolsa.

Por conta da Rússia e Ucrânia serem produtores importantes de commodities energéticas (petróleo, gás), agrícolas (milho, trigo) e fertilizantes, a alta de preços nesses produtos seguem pressionando o ambiente inflacionário no mundo, afetando diretamente as expectativas das ações dos bancos centrais sobre os juros.

Com a alta nos prêmios, observamos a desvalorização de títulos prefixados e indexados ao IPCA. Até o momento, não vemos mudanças relevantes nos fundamentos de emissores que justifiquem realocações. Além disso, os mercados tendem a se recuperar após períodos de tensões geopolíticas. O momento reforça a necessidade de cautela e diversificação.

O Conflito

A invasão russa ao território ucraniano foi oficializada nesta quinta-feira (24/02), gerando reação imediata na comunidade internacional. O discurso usado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, é o de defesa de civis russos fora da fronteira submetidos ao regime de Kiev, mencionando o objetivo de "desmilitarizar" o país, sem ocupá-lo.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que o país e aliados responderão de forma "unida e decisiva", aumentando as tensões nos mercados financeiros globais logo pela manhã, que permaneceram ao longo do dia à medida que medidas de sanções à Rússia eram anunciadas.

Aversão ao risco

Em momentos como este, há elevação generalizada de percepção de risco global. Neste caso específico, o vetor tem sido as sanções econômicas já anunciadas e com novas previstas, levando a grande alta nas commodities, principalmente as mais relevantes na Europa e Rússia, como petróleo e o gás natural, pelo grande risco de oferta que novas sanções podem resultar.

Consequentemente, diversos movimentos acontecem ao mesmo tempo, como a elevação nas taxas de títulos soberanos globais, depreciação de moedas emergentes a partir da fuga de capital para moedas mais fortes e, como reflexo, desvalorização de ativos de risco.

É o que está sendo observado no dia de hoje, em que o dólar subiu de R$ 5,01 no fechamento de ontem para R$ 5,10 até o momento da publicação deste relatório. A bolsa de valores apresentou queda de cerca de 2,0% para aproximadamente 110 mil pontos.

Assista aqui a visão de nossos especialistas sobre as perspectivas para o mercado!

Curva de juros

No mercado de renda fixa, destaca-se a alta nos prêmios de juros futuros. A curva de juros futuros fechou com alta após a invasão russa em todos os vértices (vencimentos).

O contrato do DI de curto prazo, com vencimento em janeiro de 2023, subiu de 12,36% para 12,445%. Já as maiores elevações com o conflito ucraniano foram os vencimentos de janeiro de 2026 e janeiro de 2030. A taxa de 2026 subiu de 11,12% para 11,215% (9 basis points) e a taxa de 2030 foi de 11,425% para 11,58% (15 basis points).

Pressão inflacionária

O ritmo de elevação de preços nas economias mundiais já estava acelerando desde o fim de 2021, por conta de efeitos colaterais da forte expansão monetária feita na crise pandêmica dos últimos anos e problemas nas cadeias produtivas e logísticas. Este tema está detalhado no nosso último relatório sobre o impacto da alta do juro americano na renda fixa.

Entretanto, a invasão russa ao território da Ucrânia pressiona para cima os preços de commodities, representando um fator de desaceleração do processo de desinflação esperado para os próximos meses. Rússia e Ucrânia são produtores importantes de commodities energéticas (petróleo, gás), agrícolas (milho, trigo) e fertilizantes. Os custos desses produtos, que já estavam elevados por conta dos efeitos da pandemia, recebem este impulso adicional com a ação militar russa.

A pressão inflacionária afeta o mundo todo, com destaque da Europa, onde 40% do consumo de gás é diretamente ofertado pela Rússia, e a falta de abastecimento gera uma elevação relevante nos preços. No Brasil, a inflação de commodities impacta diretamente o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) através dos preços internacionais repassados à economia doméstica.

Já o efeito do câmbio na inflação brasileira ainda é incerto, dado que, por um lado, a maior aversão ao risco enfraquece o real no curto prazo, mas a alta das commodities e o fluxo de recursos que saem da Rússia para outros emergentes sugerem que a tendência de valorização das últimas semanas pode continuar.

Comentamos mais detalhadamente nossa visão econômica após a invasão aqui!
Também publicaremos um cenário revisado em nosso relatório Brasil Macro Mensal, no dia 8 de março.

Oferta reduzida de prefixados no leilão do Tesouro Nacional

Toda quinta-feira, o Tesouro Nacional (TN) realiza o leilão de títulos prefixados. Nesta quinta-feira, o leilão programado era das seguinte séries:

  • 1,5 milhão de Letras do Tesouro Nacional (LTN) | Vencimentos em 2022, 2024 e 2025
    (Título de taxa prefixada sem pagamento de cupom)
  • 200 mil Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F) | Vencimentos em 2029 e 2033
    (Título de taxa prefixada com pagamento de cupom semestral)

Apesar de ter realizado a oferta ao mercado, o TN não aceitou nenhuma proposta no leilão de NTN-F. Já na oferta das LTNs, foram vendidas 500 mil papeis com vencimento em 2022, na taxa média de 12,3% a.a., 500 mil com vencimento em 2024 na taxa média de 11,89% a.a., e mais 500 mil com vencimento em 2025, na taxa média de 11,4% a.a. As taxas representam elevação nos prêmios em relação ao que era negociado antes do dia de hoje.

Em relação às duas semanas anteriores, o TN havia ofertado mais de quatro vezes mais de LTNs, com 7 e 8,5 milhões de papeis. O mesmo ocorreu para as NTN-Fs, que tiveram ofertas de 2,8 milhões e 900 mil papeis nas últimas duas semanas.

O volume de oferta muito reduzido é explicado pela aversão ao risco global, que fez o Tesouro Nacional diminuir o tamanho da emissão por enquanto.

Tudo que você precisa saber sobre leilões do Tesouro: Clique aqui!

E agora, o que fazer?

O cenário atual, de elevada aversão a risco relacionada às consequências da invasão e incertezas sobre os próximos acontecimentos, exige cautela — e calma — dos investidores.

Devido à movimentação na curva de juros, por exemplo, os títulos de renda fixa (principalmente prefixados e atrelados ao IPCA) tendem a se desvalorizar, porém, em nossa visão não é o momento para realizar alterações nas carteiras.

É muito importante, primeiro, que os investidores entendam os motivos para eventuais quedas nos valores de seus títulos. Caso não tenha tido piora nos fundamentos de longo prazo dos emissores (que, até o momento, não houve) não há motivo para a realização de perdas.

Além disso, historicamente, os mercados tendem a se recuperar após crises geopolíticas, portanto realizar alterações no curto prazo podem resultar em perdas que poderiam ser evitadas mantendo-se a alocação.

Os acontecimentos de hoje reforçam a importância de manter parcela da carteira reservada para a reserva de emergência ou de oportunidade (em ativo de renda fixa com alta segurança e liquidez) e o restante bem diversificado.

Gostou? Quer saber mais? Deixe suas dúvidas e sugestões nos comentários!

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