- Nos dias 7 e 8 de dezembro, ocorrerá a próxima reunião do Copom.
- Vemos dois cenários como mais prováveis:
- Cenário-base: Elevação de 1,5 ponto percentual (pp), em linha com o indicado na última reunião.
- Cenário alternativo: Elevação de 1,75 pp, mais hawkish (ver glossário ao fim do relatório), destacando esforços para o controle da inflação.
- Caso o cenário-base se concretize, acreditamos que não deva haver reação significativa do mercado, uma vez que essa perspectiva já está bem precificada na curva de juros.
- No cenário alternativo, mais duro, acreditamos que o mercado possa reagir reduzindo suas expectativas de elevações no futuro, resultando em perda de inclinação na curva de juros.
- A nossa expectativa (XP) é de, com esta reunião, a Selic atinja 9,25% em 2021. Esperamos ainda que encerre o ciclo de alta em 11,5%, no início de 2022.
Nesta semana, nos dias 7 e 8 de dezembro ocorrerá a última reunião do Copom em 2021. Para a decisão, a grande maioria do mercado, incluindo os economistas da XP, aguarda um aumento de 1,5 pp, o que elevaria a Selic a 9,25%.
Existem ferramentas no mercado que precificam essas expectativas dos agentes. Como exemplo, às 11h30 do dia 06/12, as "apostas" nas Digitais de Copom se davam como segue:
Expectativa | Probabilidade |
---|---|
Elevação para 9,25% (+1,5pp) | ~85-87% |
Elevação para 9,50% (+1,75pp) | ~7-8% |
Elevação para 9,75% (+ 2,0 pp) | ~4-6% |
Ou seja, há uma probabilidade, na visão do mercado, de cerca de 86% de que a Selic seja elevada em 1,5 pp reunião do Copom desta semana. Já a probabilidade de elevação maior, de 1,75 a 2,0 pp, era de cerca de 12,5% na mesma data.
Nossos economistas da XP enxergam este mesmo cenário base. Dado o fluxo ambíguo de dados divulgados recentemente, o Copom deverá fazer poucas mudanças em sua estratégia. Fará a sinalizada elevação de 1,5 pp, e continuará sinalizando “outro ajuste da mesma magnitude” para janeiro. Desta forma, a expectativa é que o Copom não altere a redação de seus parágrafos de implementação de política monetária do comunicado.
A comparação entre as expectativas do mercado nas vésperas do Copom de outubro e agora ajudam a entender o cenário:
Indicador | Expectativas na semana do último Copom (outubro) | Expectativas atuais |
---|---|---|
DI Jan/23 | 11,06% | 11,39% |
DI Jan/27 | 11,92% | 10,91% |
Câmbio (R$/US$) 2021 (Focus - Mediana) | 5,45 | 5,56 |
Câmbio (R$/US$) 2022 (Focus - Mediana) | 5,45 | 5,55 |
IPCA 2021 (Focus - Mediana) | 8,96% | 10,18% |
IPCA 2022 (Focus - Mediana) | 4,40% | 5,02% |
Selic 2021 (Focus - Mediana) | 8,75% | 9,25% |
Selic 2022 (Focus - Mediana) | 9,50% | 11,25% |
Além de precisarmos acompanhar qual será a decisão do Copom em relação à elevação da taxa Selic, é necessário nos atentarmos ao comunicado sobre os planos do BC para próximos passos da política monetária, que guiarão as expectativas para os juros nos próximos meses.
Com base nisso, o que o Copom dirá desta vez? Acreditamos que sejam dois os cenários mais prováveis:
Cenário 1: +1,5pp
Elevação de 1,5 pp ou mais, para 9,25%, mantendo o que foi indicado na última reunião e seus comunicados posteriores. Esperamos ainda pouca alteração no texto do comunicado.
Em nossa visão, o "Cenário 1” teria menos potencial de movimentar a curva de juros, uma vez que a maioria do mercado já precifica este movimento. Sendo assim, nossa visão para os ativos de renda fixa pouco se alteraria, bem como seus preços e taxas negociados no mercado.
Para conhecer nossas recomendações de renda fixa para o mês de dezembro, acesse aqui.
Um cenário menos provável seria elevação de 1,5 pp, porém com mudança no texto do comunicado, indicando maior foco na política monetária de 2023 do que em 2022. Ou seja, seria visto como um comunicado mais dovish e, potencialmente, levaria a uma reação ruim do mercado, resultando em ganho de inclinação na curva de juros.
Cenário 2: +1,75pp
Elevação da taxa Selic em 1,75 pp, para 9,5%. Neste caso, o BC optaria por um caminho mais hawkish, ou seja, mais duro, antecipando um pouco as novas elevações que deverá continuar a realizar nas próximas reuniões. Acreditamos que este caminho poderia ser escolhido para demonstrar comprometimento com o controle da inflação, cujas estimativas no Focus tem se elevado nas últimas semanas.
Acreditamos que caso o "Cenário 2” se concretize, a curva de juros tende perder inclinação, uma indicação de que novas elevações no futuro seriam menos necessárias para controle da inflação, uma vez que parte do ajuste estaria sendo antecipado. Com isso, os prêmios em vencimentos mais longos da curva cairiam.
Quais ativos vão melhor neste cenário?
Títulos prefixados e indexados à inflação de prazos curtos: desvalorização
Títulos prefixados e indexados à inflação de prazos longos: valorização
Em caso de concretização deste cenário, os títulos prefixados e indexados ao IPCA de prazos mais curtos apresentariam desvalorização. Ou seja, quem buscasse por esses títulos a partir desse movimento, conseguiria rentabilidades mais interessantes para prazos mais longos, a preços mais baixos em relação ao período pré-Copom.
Neste cenário, com a redução dos prêmios (taxas) de longo prazo, os títulos de prazos mais longos se valorizariam no mercado secundário, o que resultaria em possibilidade de ganhos de capital para quem já tivesse os títulos e decidisse vendê-los antes do vencimento, para capturar esta possível oportunidade
Para os títulos pós-fixados, que acompanham a taxa de juros, nossa visão pouco se altera entre os cenários 1 e 2. A diferença é de que a expectativa seria de juros sendo elevados mais rapidamente no cenário 2 do que o esperado no cenário-base.
Exemplos de investimentos
Curto prazo (Pré e IPCA+): No caso de títulos públicos, há as LTNs com vencimento em 2022 a 2025 e NTN-Bs com vencimentos até 2026. Estes títulos são prefixados e indexados à inflação, respectivamente. Nem todos estão disponíveis no Tesouro Direto, necessitando, portanto, de um intermediário para a compra (como um assessor de investimentos).
Longo Prazo (Pré e IPCA+): Títulos com duration (prazo médio de vencimento) acima de 5 anos como por exemplo NTN-Bs que vencem após 2028.
Há também títulos bancários e de crédito privado, que podem apresentar comportamento semelhante aos citados para títulos públicos.
Pós-fixados: Tesouro Selic 2024, Tesouro Selic 2027, além de LFTs negociadas no mercado secundário e títulos bancários e de crédito privado com a mesma característica de acompanhar a taxa Selic. Vale notar, no entanto, que estes títulos podem sofrer oscilações, embora menores do que os prefixados e indexados à inflação. Para reduzir o risco de variações antes do vencimento, procure títulos de prazos mais curtos.
O que pode acontecer de diferente?
Tudo o que apresentamos aqui leva como base apenas a reunião do Copom dos dias 7 e 8 de outubro, sua decisão e posterior comunicado. No entanto, devemos ter em mente que, além de os cenários analisados serem apenas expectativas (ainda que com base em observações anteriores), outras forças agem no mercado diariamente que muitas vezes fogem do radar.
Como exemplo, podemos citar movimentos nos mercados externos que podem ter efeito sobre a percepção de risco local ou até mesmo acontecimentos no cenário político-econômico nacional que podem exaltar ou acalmar os ânimos dos agentes para além do que for decidido na reunião, assim como piora adicional na percepção do risco fiscal.
Tendo isso em mente, é importante sempre acompanhar as principais movimentações e análises de mercado para ajudar na melhor tomada de decisão, além de sempre considerar seu perfil de investidor(a) para melhor estratégia de composição de carteira.
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Glossário
Entendendo os termos sobre as condutas do Banco Central
Dovish: A origem vem da palavra dove, pomba em português. Sinaliza uma conduta do Banco Central mais confiante de que o cenário de inflação não será um problema, e, portanto, pendente a adotar uma política monetária expansionista ou menos restritiva para estimular a economia.
Hawkish: A origem vem da palavra hawk, falcão em português. Sinaliza uma conduta do Banco Central preocupada com os riscos inflacionários, e, portanto, pendente a adotar uma postura monetária mais dura, com subidas mais fortes na taxa de juros, ainda que isso possa prejudicar o emprego e a atividade no curto prazo.
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