IBOVESPA -0,5% | 98.363 Pontos
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O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa encerrou a semana em queda, fechando com baixa de 0,5% na sexta-feira, aos 98 mil pontos, pressionado por piora das bolsas nos EUA e o desempenho negativo do petróleo.
Hoje, mercados globais amanhecem em território neutro para positivo; nos EUA (+1%), bolsas recuperam-se após 2 semanas de queda diante do anúncio da Pfizer de que uma vacina estará provavelmente disponível para o público ainda em 2020. Na Europa, índices de lado enquanto a indefinição do Brexit pesa nos papéis.
Ainda no cenário internacional, as tensões entre os EUA e a China ganharam novos capítulos neste fim de semana: Beijing anunciou na sexta-feira que adotará medidas contra diplomatas americanos no país após determinações do governo Donald Trump sobre diplomatas chineses nos EUA. Ainda, com 15 de setembro como a data limite afirmada por Trump para que o Tik Tok seja vendido a uma empresa americana, a Microsoft comunicou que sua oferta para comprar o aplicativo foi rejeitada pela chinesa ByteDance, que caminha para fechar parceria com a Oracle.
No Brasil, destaque para discussões sobre a reforma administrativa. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as alterações nas regras do setor público discutidas na reforma podem resultar em uma economia entre R$ 673 bilhões e R$ 816 bilhões em dez anos para União, Estados e municípios. O impacto seria fruto principalmente do congelamento de salários por dois anos e de eventuais mudanças nas carreiras que ainda estão sendo discutidas no governo.
Na seara de indicadores, o setor de serviços, o mais prejudicado pela pandemia do novo coronavírus, completou o quinto mês consecutivo em queda na última sexta-feira, apresentando contração de 11,9% A/A em julho (o equivalente a uma expansão de apenas 2,6% M/M). O resultado, apesar de bem abaixo do esperado, compensa o viés positivo trazido pelos dados do comércio varejista e da indústria, portanto não altera por ora a nossa projeção de PIB nem para o terceiro trimestre desse ano (-5,4% A/A e +6,8% T/T), nem para 2020 (-4,8%).
Na agenda econômica dessa semana, os destaques serão as reuniões de política monetária de diversos países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, Japão, Rússia e África do Sul. No Brasil, a nossa expectativa é de que a taxa Selic seja mantida nos atuais 2,00% e que o BC sinalize, em suas comunicações, a redução do espaço para novos cortes de juros adiante, apesar de não fechar totalmente a porta. Na frente de indicadores econômicos do dia, o dado mais importante será o índice de atividade econômica brasileira (IBC-Br) de julho.
Já no palco político, a semana começa com o veto do presidente Jair Bolsonaro de parte do projeto que permitia perdão de dívidas de instituições religiosas.
Na semana, a principal expectativa é em relação à apresentação do relatório do senador Márcio Bittar sobre a PEC do Pacto Federativo. Ele pretende incluir no texto gatilhos e outros mecanismos polêmicos de redução de despesas primárias, além das linhas gerais do novo programa social Renda Brasil, mas a proposta ainda passará pelo crivo do Planalto. Há expectativa também quanto à realização de sessão do Congresso na quarta-feira, quando pode acontecer a deliberação do veto à extensão das desonerações, mas ainda sem acordo.
Tópicos do dia
Coronavírus
Revisamos em agosto o target do Ibovespa para 115.000 pontos
Medidas econômicas para combater o coronavirus no Brasil
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Brasil

- Boletim Focus: Com inflação de alimentos acima do esperado, projeção para o IPCA de 2020 segue em ritmo de expansão
Internacional

- Política internacional: tensões entre os EUA e a China voltam a ser destaque
Acesse aqui o relatório internacional
Empresas

- Azul (AZUL4): Proposta de financiamento do BNDES
- Eletrobras (ELET6): Proposta de privatização deve ficar apenas para 2021
- Proteínas (MRFG3, BRFS3): China proíbe importações de carne suína vinda da Alemanha; restrição poderia beneficiar Brasil e EUA
- Segundo dados do Inpe, Amazônia teve 1.359 km² sob alerta de desmatamento em agosto
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Brasil
Boletim Focus: Com inflação de alimentos acima do esperado, projeção para o IPCA de 2020 segue em ritmo de expansão
- Com a surpresa inflacionária vinda principalmente de alguns alimentos consumidos no domicílio, a projeção de inflação (IPCA) para 2020 passou de 1,78% para 1.94%. Para 2021, passou de 3,00% para 3,01%;
- Após a divulgação de indicadores de atividade econômica mais fortes do que o esperado no curto prazo (especialmente do comércio varejista brasileiro), a projeção de PIB para 2020 passou de -5,31% para -5,11%. Para 2021, permaneceu em 3,50%;
- A projeção da taxa de câmbio permaneceu em 5,25 para 2020 e em 5,00 para 2021. E a projeção de Selic permaneceu em 2,00% ao final de 2020 e passou de 2,88% para 2,50% ao final de 2021. Clique aqui para conferir as demais projeções de mercado.
Internacional
Política internacional: tensões entre os EUA e a China voltam a ser destaque
- As tensões entre os EUA e a China ganharam novos capítulos neste fim de semana: Beijing anunciou na sexta-feira que adotará medidas contra diplomatas americanos no país após determinações do governo Donald Trump sobre diplomatas chineses nos EUA. Ainda, com 15 de setembro como a data limite afirmada por Trump para que o Tik Tok seja vendido a uma empresa americana, a Microsoft comunicou que sua oferta para comprar o aplicativo foi rejeitada pela chinesa ByteDance, que caminha para fechar parceria com a Oracle;
- A Câmara dos Representantes dos EUA deve retomar as sessões nesta segunda-feira, mas o panorama permanece adverso para a aprovação de um novo pacote de estímulo;
- No Japão, o chefe de gabinete de Shinzo Abe, Yoshihide Suga, venceu a eleição para liderar o Partido Liberal Democrata. A vitória abre caminho para que ele se torne o novo premiê.
Empresas
Azul (AZUL4): Proposta de financiamento do BNDES
- A Azul anunciou ontem que recebeu a proposta de financiamento do BNDES, que prevê uma oferta pública de um instrumento híbrido com intuito de captar pelo menos R$ 2 bilhões. O instrumento consiste em uma combinação de debêntures simples e bônus de subscrição, cujos valores ainda serão determinados através do processo de bookbuilding;
- O assunto ainda será discutido pelo Conselho de Administração da empresa, bem como outras alternativas de financiamento disponíveis. Apesar da potencial diluição, acreditamos que o instrumento em questão seria uma importante fonte de fortalecimento para o caixa da Azul se aprovado. Temos recomendação de Compra para as ações, com preço-alvo de R$ 29,0/ação;
- A estrutura proposta prevê que a BNDESPAR subscreva até 60% da oferta enquanto os bancos do sindicato colocarão uma garantia firme de até 10%. O valor remanescente deverá ser captado junto a outros investidores através da oferta pública. Com base no preço de fechamento da última sexta-feira, estuma-se uma diluição potencial de ~15% com a emissão do bônus de subscrição.
Eletrobras (ELET6): Proposta de privatização deve ficar apenas para 2021
- Segundo o Valor Econômico, as negociações em torno do projeto de privatização da Eletrobras esbarraram, novamente, na falta de vontade política da cúpula do Congresso Nacional. O tema havia ganho novo fôlego nas últimas semanas, a partir de articulações envolvendo parlamentares e o Ministério de Minas e Energia, mas não prosperou devido à resistência dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Com isso, a proposta deve ficar apenas para 2021;
- A recente investida do governo federal buscava reiniciar a tramitação do projeto no Senado. No entanto, segundo o Valor, lideranças afirmam que o tema não seria votado pelos deputados antes das eleições pelo comando do Legislativo, marcadas para fevereiro de 2021. Diante do recado, Alcolumbre passou a defender que não enxergava mais sentido na análise do assunto;
- Essa desmobilização acontece mesmo após o governo fazer um importante aceno ao Congresso. Há algumas semanas, o Ministério de Minas e Energia sinalizou aos parlamentares concordância com a volta de uma “golden share” (ação especial com direito a veto em decisões estratégicas) da União e a criação de um fundo bilionário para a Região Norte como forma de destravar o andamento do projeto. As duas propostas eram consideradas essenciais para quebrar as resistências de alguns parlamentares. Ainda assim, o tema não deve avançar significativamente em 2020.
Proteínas (MRFG3, BRFS3): China proíbe importações de carne suína vinda da Alemanha; restrição poderia beneficiar Brasil e EUA
- De acordo com o Financial Times, o Ministério da Agricultura e a Administração Geral das Alfândegas da China (GACC) disseram em um comunicado conjunto no sábado que a China passou a proibir a importação de carne suína e produtos relacionados vindos da Alemanha. Tal proibição teria como objetivo “proteger a indústria chinesa de criação de animais e prevenir a propagação da doença”, após a Alemanha ter registrado seu primeiro caso de Peste Suína Africana (PSA);
- A proibição ocorreu apenas dois dias antes da realização de uma videoconferência entre o presidente chinês Xi Jinping e Angela Merkel, chanceler alemã, para discutir questões comerciais. A reunião será realizada na segunda-feira e contará também com os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia. Isso levou analistas a acreditarem que a proibição das importações vindas da Alemanha teria mais a ver com considerações políticas do que preocupações com a indústria de suínos da China;
- Como comentamos na semana passada, entendemos que essa proibição de importações de carne suína vinda Alemanha poderia ser benéfica para frigoríficos expostos à carne suína situados em outros países exportadores, como Brasil e Estados Unidos. No caso do Brasil, tal impulso seria a “cereja no bolo” das exportações do país, cujo ritmo segue em alta tanto para carne bovina quanto para a suína. Confira todos os detalhes no Expresso Alimentos & Bebidas desta semana.
Segundo dados do Inpe, Amazônia teve 1.359 km² sob alerta de desmatamento em agosto
- Dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados na última sexta-feira mostra que o desmatamento na Amazônia em agosto permaneceu em níveis elevados, com uma área de 1.359 km² sob alerta de desmatamento no mês, a segunda maior em cinco anos. Comparado ao mesmo mês de 2019, a área foi 21% menor, quando tivemos a marca máxima para o mês, 1.714 km² (gráfico à esquerda);
- Olhando o ano referência, que diz respeito ao desmate acumulado de julho de 2019 a agosto de 2020, houve um aumento de 34% em relação ao período anterior – que também já tinha apresentado um aumento acentuado, conforme ilustra o gráfico à direita abaixo;
- A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro, e engloba a área de 8 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão. A maior parte da área desmatada da floresta em agosto foi no Pará. Agosto marca o início da temporada de medições de desmatamento nos biomas brasileiros, com as medições sendo feitas até julho do ano seguinte;
- Vemos a Amazônia como uma responsabilidade de todos, incluindo não só o governo, mas também a iniciativa privada, que tem gradualmente assumido a frente do debate.

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