IBOVESPA -0,6% | 99.981 Pontos
CÂMBIO -0,3% | 4,10/USD
O que pode impactar o mercado hoje
Ontem o Ibovespa teve queda de 0,6% e fechou abaixo dos 100 mil pontos, seguindo preocupação com as negociações comerciais EUA-China. Por outro lado, hoje o dia se inicia em tom mais positivo nos mercados internacionais, com a China reacendendo esperanças de progresso nas negociações, apesar de incertezas ainda permanecerem.
Apesar das tensões comerciais terem se intensificado na última semana, com a inclusão de empresas chinesas na lista negra norte-americana, o governo chinês afirmou ainda estar aberto a fechar um acordo parcial com os Estados Unidos. Notícias também destacam que a Casa Branca deve seguir com discussões para restringir fundos de pensão americanos de investirem na China, mas os mercados seguem no aguardo das reuniões comerciais, que devem ser retomadas em Washington na próxima quinta-feira.
Além disso, o presidente do Banco Central americano (Fed), Jerome Powell, sinalizou ontem que a autoridade monetária está disposta a fazer novos cortes nas taxas de juros para evitar riscos econômicos globais, reiterando que o Fed agirá “conforme apropriado” para garantir a expansão da atividade econômica. O discurso foi bem recebido pelos mercados e fortaleceu a bolsa europeia no início desta manhã.
No Brasil, Câmara e Senado entram em acordo para divisão dos recursos do leilão do pré-sal. Após dias de embate entre governadores das regiões norte e nordeste e sul e sudeste, ficou acertado que os recursos destinados aos estados serão repartidos 2/3 pelos critérios do Fundo de Participação dos Estados, que beneficia norte e nordeste, e 1/3 pelos critérios da Lei Kandir, que beneficia os estados do sul e sudeste. A solução do impasse abre caminho para aprovação da reforma da previdência no Senado no dia 22 de outubro.
Bolsonaro expõe conflito com a liderança do PSL e o presidente pode deixar o partido. Não existe estimativa precisa, mas cerca de 15 a 30 deputados de uma bancada de 54 parlamentares poderiam deixar o partido junto com o ele, o que enfraqueceria o relacionamento com o Congresso.
O movimento não é trivial, pois o partido hoje é o que mais recebe recursos do fundo partidário e também disporá de parcela significativa de dinheiro e tempo de TV nas as eleições municipais de 2020. Além disso, os deputados desfiliados precisarão defender sua posição na justiça, uma vez que o entendimento atual é que o mandato pertence ao partido.
Do lado corporativo, iniciamos cobertura do setor de saneamento, com recomendação de Compra em Sanepar e Neutro em Sabesp e Copasa. O Brasil é um país muito atrasado em métricas de saneamento. Diante desse cenário, não há outro caminho para melhorar tais indicadores que não seja a atração de investimentos do setor privado. Para isso, será necessário uma regulação mais robusta, tema que está sendo endereçado pela primeira vez na história do Brasil, com a tentativa de aprovação do novo marco regulatório do setor de saneamento básico.
Tópicos do dia
Brasil
- Política Brasil: Parlamentares entram em acordo sobre recursos da Cessão Onerosa
- Oposição e governo seguem analisando como participar da reforma tributária da Câmara
Internacional
- Discurso mais brando de Jerome Powell, alívio nas tensões comerciais entre China e Estados Unidos; Sinalizações positivas na Europa são bem recebidos pelos mercados
- Petróleo: Mercado espera aumento de 1,413 milhões de barris de petróleo nos estoques
Empresas
- Saneamento Básico: Início de cobertura de Sanepar com Compra; Sabesp e Copasa com Neutro
- Saneamento Básico: Relatório do novo marco regulatório de saneamento não deve ter extensão dos contratos de programa
- Frigoríficos: Risco de sobreoferta de carne de frango entra no radar; Empresas de carne bovina falam sobre ‘superdemanda’
- Gol (GOLL4): Atualização ao Investidor 3T19; Tendências positivas de receitas parcialmente compensadas pelo Real mais fraco
Renda Fixa
- Caixa reduz juros de crédito habitacional
Veja todos os detalhes
Brasil
Política Brasil: Parlamentares entram em acordo sobre recursos da Cessão Onerosa
- Câmara e Senado entram em acordo para divisão dos recursos do leilão do pré-sal. Após dias de embate entre governadores das regiões norte e nordeste e de sul e sudeste, ficou acertado que os recursos destinados aos estados serão repartidos 2/3 pelos critérios do Fundo de Participação dos Estados, que beneficia norte e nordeste, e 1/3 pelos critérios da Lei Kandir, que beneficia os estados do sul e sudeste. A solução do impasse abre caminho para aprovação da reforma da previdência no Senado no dia 22 de outubro;
- Bolsonaro expõe conflito com a liderança do PSL e o presidente pode deixar o partido. Não existe estimativa precisa, mas cerca de 15 a 30 deputados de uma bancada de 54 parlamentares poderiam deixar o partido junto com o ele. O movimento não é trivial, pois o partido hoje é o que mais recebe recursos do fundo partidário e também disporá de parcela significativa de dinheiro e tempo de TV nas as eleições municipais de 2020. Além disso, os deputados desfiliados precisarão defender sua posição na justiça, uma vez que o entendimento atual é que o mandato pertence ao partido.
Oposição e governo seguem analisando como participar da reforma tributária da Câmara
- Os partidos de oposição (PT, PSB, PDT, PSol, PCdoB e Rede) apresentaram ontem na Câmara uma proposta de inclusão de tributação sobre dividendos, grandes fortunas e heranças e cobrança de IPVA de aeronaves e embarcações na proposta de reforma tributária que está em discussão na Câmara;
- Além disso, de acordo com o noticiário local, a equipe econômica estaria avaliando propor uma alíquota maior do IVA para compensar a renúncia fiscal causada pela desoneração da folha de pagamento. Adicionalmente, alguns benefícios fiscais seriam revogados, que hoje impõem uma renúncia fiscal de mais de R$ 300 bilhões aos cofres públicos;
- Uma possível alternativa ainda sendo considerada pelo governo seria o aumento da tributação sobre a renda, mas a ideia ainda e tratada com cautela.
Internacional
Discurso mais brando de Jerome Powell, alívio nas tensões comerciais entre China e Estados Unidos; Sinalizações positivas na Europa são bem recebidos pelos mercados
- No campo internacional, o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou ontem que a autoridade monetária está disposta a novos cortes nas taxas de juros para evitar riscos econômicos globais, reiterando que o Fed agirá “conforme apropriado” para garantir a expansão da atividade econômica. O discurso foi bem recebido pelos mercados e fortaleceu a bolsa europeia no início desta manhã;
- Além disso, apesar da intensificação das tensões comerciais na última semana, com a inclusão de empresas chinesas na lista negra norte-americana, o governo chinês afirmou ainda estar aberto a fechar um acordo comercial parcial com os Estados Unidos. A expectativa é de que as negociações comerciais sejam retomadas em Washington na próxima quinta-feira;
- O noticiário também mostrou que já se desenha um racha no Partido Conservador do governo de Boris Johnson caso ele opte por defender um Brexit sem acordo. O partido afirmou que um Brexit mais radical pode ser uma saída quando não houver mais nenhuma possibilidade, mas não uma meta em si. Além disso, a EU sinalizou que está pronta para fechar um acordo em relação ao backstop, um dos principais empecilhos para um consenso entre as partes até o momento, o que também foi bem recebido pelos mercados.
Petróleo: Mercado espera aumento de 1,413 milhões de barris de petróleo nos estoques
- O relatório oficial de fornecimento da Agência de Informação de Energia dos EUA (EIA) deve ser publicado hoje às 11:30 (horário de Brasília), com expectativas do mercado de um aumento de +1,413 milhões de barris de estoques de petróleo nos EUA ante um aumento de 3,100 milhões de barris na semana anterior;
- Nessa manhã de quarta-feira, o petróleo tipo Brent opera em alta de 0,8%, em US$58,73 / barril, após queda nas últimas semanas em virtude das preocupações com o crescimento global e tensões comerciais.
Empresas
Saneamento Básico: Início de cobertura de Sanepar com Compra; Sabesp e Copasa com Neutro
- O Brasil é um país muito atrasado em métricas de saneamento. Diante deste cenário, não há outro caminho para melhorar tais indicadores que não seja o aumento dos investimentos. No entanto, muitas mudanças serão necessárias para atrair tais investimentos, que deverão vir primordialmente do setor privado. Para isso, muitas melhorias no ambiente regulatório são necessárias;
- A hora de resolver esses problemas chegou: há um esforço de diversas frentes para aprovar um novo marco regulatório do setor de saneamento básico. Tudo começou nas tentativas frustradas de aprovar as Medidas Provisórias 844 e 868, que culminaram no Projeto de Lei 3.261/2019, elaborado no Senado e atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados;
- Apesar do nosso otimismo com o setor, nossa estratégia de investimentos permanece a mesma: buscamos ações de risco-retorno atrativo. Por este motivo temos recomendação Neutra em Sabesp e Copasa. Estes são dois casos de potenciais privatizações para os quais enxergamos muitas incertezas adiante.Nossa única recomendação de Compra é em Sanepar, para a qual enxergamos potencial de ganho mesmo em caso de aumento das incertezas regulatórias. Clique aqui para acessar nosso relatório.
Saneamento Básico: Relatório do novo marco regulatório de saneamento não deve ter extensão dos contratos de programa
- Hoje (09/10), será lido na comissão especial da Câmara dos Deputados o relatório sobre ao PL (3.261/2019), referente ao novo marco regulatório do saneamento. Segundo o Estadão, o relator da proposta, deputado Geninho Zuliani (DEM-SP), não deve prever em seu relatório a prorrogação dos chamados contratos de programa entre empresas estatais e municípios;
- Atualmente, os titulares, autoridades locais das prefeituras, podem estender contratos de programa firmados com as companhias estaduais de saneamento de forma automática que, em muitos casos, são contratos precários e não formalizados. Na versão aprovada no Senado, do Projeto de Lei 3.261/2019 os contratos de programa atualmente vigentes poderão ser prorrogados e permanecer vigentes por até 30 anos, um aumento em relação aos 5 anos previstos no projeto original;
- Esse prolongamento dos contratos pode dificultar o movimento de redução da participação estatal no setor de saneamento básico. Assim, a mudança proposta poderia acelerar a transformação do setor. Discutimos o setor de saneamento nos detalhes no nosso início de cobertura recentemente publicado. Para entender melhor a discussão regulatória clique aqui.
Frigoríficos: Risco de sobreoferta de carne de frango entra no radar; Empresas de carne bovina falam sobre ‘superdemanda’
- De acordo com o Valor Econômico, o risco de uma sobreoferta de frango no Brasil entrou no radar, levantando preocupações entre especialistas do setor. Frente a uma boa rentabilidade da agroindústria de carne de frango, o estímulo ao aumento da produção já se faz notar com a ocupação de capacidade ociosa e com o anúncio de novos investimentos na ampliação de frigoríficos de aves;
- Embora os projetos levem alguns anos para afetar a relação entre oferta e demanda, devido ao tempo necessário para a produção e comercialização da proteína, o receio, contudo, é que os projetos de expansão podem estar superestimando a demanda global – o choque de oferta provocado pela epidemia de peste suína na China não é eterno;
- Do lado da carne bovina, o ânimo é visível, frente a um volume de vendas que vem crescendo, com preços cada vez mais altos. Com uma cadeia produtiva de ciclo mais longo que a das carnes de frango e suína, o segmento de carne bovina já especula, inclusive, sobre a possibilidade de formação de uma onda de “superdemanda” impulsionada pelas compras do país asiático, frente à peste suína africana que atinge o país;
- Diferentemente do que acontece na área de carne suína, na bovina as boas perspectivas não dependem necessariamente de que novas plantas sejam autorizadas a exportar à China. Seria mais importante, por exemplo, que o país asiático deixasse de aceitar apenas carne abatida de um “boi jovem” – ou seja, de até 30 meses de idade;
- Segundo apuração do Valor, a suspensão dessa restrição é uma proposta que está sobre a mesa da ministra Tereza Cristina, mas há outras prioridades. É possível que a China abra primeiro seu mercado para a carne industrializada do Brasil, o que poderá ser anunciado já na próxima viagem do presidente Jair Bolsonaro ao país, agendada para este mês de outubro. Mantemos nossa visão positiva para as empresas do setor, que ainda devem ter resultados fortes adiante.
Gol (GOLL4): Atualização ao Investidor 3T19; Tendências positivas de receitas parcialmente compensadas pelo Real mais fraco
- A Gol divulgou ontem sua atualização para investidores relativa ao 3T19, com receita unitária de passageiro (PRASK) acima do esperado na comparação anual, porém com custos unitários ligeiramente mais pressionados que esperado, devido ao Real mais fraco principalmente;
- Os principais destaques foram: (1) Crescimento PRASK A/A deve atingir 20%, acima de nossas expectativas; (2) Margens EBIT e EBITDA devem permanecer na faixa de 17-18% e 29-31%, respectivamente, o que se compara às nossas estimativas de 18,5% e 29,9%; e (3) Crescimento do custo unitário sem combustível (CASK ex-comb) de 15%. Destacamos que os valores estimados de margens e do CASK excluem despesas não recorrentes de R$79 milhões (~2 p.p. nas margens);
- Apesar da pressão nas margens seguindo tendências menos favoráveis de petróleo e câmbio, as tendências de receita foram novamente positivas no 3T19, com forte crescimento de receitas unitárias de passageiros combinadas à adição racional de capacidade. Mantemos recomendação Neutra para as ações da Gol.
Renda Fixa
Caixa reduz juros de crédito habitacional
- De acordo com o Valor Econômico, a Caixa Econômica Federal cortou os juros do crédito habitacional com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para novos contratos. A mudança entrará em vigor na próxima segunda-feira e não abrange financiamentos para unidades do Minha Casa Minha Vida;
- Agora, as linhas mais baratas serão de TR + 7,5% ao ano a TR + 9,5% ao ano, ficando próximas de empréstimos competitivos oferecidos por instituições privadas. Anteriormente, variavam de 8,5% a 9,75% acima da TR. Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, o banco está realizando a redução consistente da taxa de juros, o que indica que novas reduções poderão ocorrer conforme novos cortes sejam feitos na Selic;
- No curto prazo, porém, não haverá movimento de correção em linhas corrigidas pelo IPCA, por se tratar de outro tipo de discussão, como a securitização do crédito. Além disso, Guimarães ressaltou que essas linhas embutem maior risco, pela volatilidade dos preços. A novidade deverá ser positiva para novas vendas de imóveis de média-alta renda, uma vez que aumenta o acesso de compradores. Vale lembrar que, apesar de ser uma redução de “apenas” 1 ponto percentual, financiamentos imobiliários têm horizontes muito longos e esse corte tem efeito importante sobre o financiamento.
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