IBOVESPA -2,9% | 101.031 Pontos
CÂMBIO -0,7% | 4,13/USD
O que pode impactar o mercado hoje
Ontem o Ibovespa caiu -2,9% e retornou ao patamar de 101.031 pontos, impactado pelo movimento de aversão a risco global e aumento de incertezas na fase final de aprovação da reforma da Previdência.
Mercados globais também operaram em forte queda ontem, com o índice S&P recuando -1,79% ainda impactado pelo desapontamento com dados da indústria americana. Também destacamos noticiário negativo a respeito de tensões comerciais: os EUA obtiveram autorização da Organização Mundial do Comércio (OMC) para impor tarifas sobre US$7,5 bilhões de importações da União Europeia como forma de retaliação a subsídios concedidos à Airbus pelo bloco.
O Escritório de Comércio Exterior dos EUA afirmou que serão impostas tarifas de 10% sobre jatos da UE e 25% sobre outros produtos como uísque, queijos e ferramentas. Esse é o maior anúncio no contexto de tensões comerciais entre EUA e União Europeia desde a aplicação de tarifas sobre aço e alumínio do bloco do ano passado.
Na agenda econômica internacional, destaque para a divulgação de dados de PMI mais fracos no Reino Unido, Zona do Euro e Japão. No geral, todos os indicadores apontaram para um quadro de contração da indústria e do setor de serviços das principais economias globais, mas o maior destaque foi a Alemanha, cujo PMI composto caiu de 51,7 em agosto para 48,5 em setembro. A leitura ficou muito abaixo da expectativa de mercado (52,5) e indicou contração da atividade do país pela primeira vez desde abril de 2013.
Em meio aos receios com a desaceleração das economias globais, o mercado está atento a decisões de bancos centrais de cortes de juros, principalmente no caso do Fed (Banco Central americano). Nesse sentido, será importante monitorar os dados de emprego dos EUA divulgados amanhã, com o mercado prevendo uma criação de 145 mil novos postos de trabalho. Frente a um cenário de maior desaceleração da economia, o Fed pode continuar a cortar taxas de juros, o que forneceria um alívio a bolsas globais e mercados emergentes.
Na agenda doméstica, ontem o Senado completou a votação em primeiro turno da reforma da Previdência. Os seis destaques que foram apreciados ontem foram rejeitados ou foram retirados após negociação com o governo. A reforma encolheu R$ 133,2 bilhões na casa legislativa, e deve gerar economia próxima a R$ 800 bilhões em 10 anos.
A reforma precisa ser apreciada novamente em um segundo turno, que estava previsto para a próxima semana. Entretanto, senadores falam em adiamento como forma de pressão para que a Câmara não redirecione para prefeituras recursos arrecadados com o leilão da Cessão Onerosa que o Senado havia destinado aos estados. A desorganização da articulação política do governo também aumenta os riscos para que a votação ocorra na segunda quinzena do mês. O Ministro da Economia Paulo Guedes estaria insatisfeito com a desidratação da reforma, e prepara uma compensação em outro projeto, o do pacto federativo, embora não haja detalhes até o momento.
Do lado das empresas, participamos ontem do evento anual da Vale para Analistas & Investidores. A Vale reforçou sua forte posição como fornecedora de materiais de alta qualidade, detalhando oportunidades a frente. As discussões também incluíram o caminho para que os riscos sejam mitigados, o que na nossa visão deve permitir que as ações gradualmente voltem a negociar com base em fundamentos. Mantemos recomendação de compra e vemos as ações em patamares muito atrativos, negociando a 4x EV/EBITDA 2020, com forte geração de caixa.
Tópicos do dia
Brasil

- Política Brasil: Senado completa aprovação em primeiro turno da reforma da previdência
Internacional

- Dados de PMI sinalizaram contração da atividade das principais economias globais em setembro
- Disputa Comercial: Estados Unidos impõem tarifas sobre mercadorias da União Europeia
- Petróleo: Novo aumento nos estoques de petróleo dos EUA
Empresas

- Vale (VALE3): Destaques do evento para analistas e investidores corroboram nossa recomendação de Compra
- Frigoríficos: Exportações brasileiras de carne bovina acumulam alta de +9,2% em 2019
Renda Fixa

- Negociação de terrenos mais lenta em São Paulo para incorporadoras
Veja todos os detalhes
Brasil
Política Brasil: Senado completa aprovação em primeiro turno da reforma da previdência
- Senado completa aprovação em primeiro turno da reforma da previdência. Os seis destaques que ficaram para ontem foram rejeitados ou foram retirados pelos autores após negociação com o governo. Na Casa, a reforma encolheu R$ 133,2 bilhões e ficou e deve gerar economia próxima a R$ 800 bilhões em 10 anos;
- A proposta precisa ser apreciada novamente em um segundo turno, que estava previsto para a próxima semana. Entretanto, senadores falam em adiamento como forma de pressão para que a Câmara não tome para prefeituras recursos do leilão do pré-sal que o Senado havia destinado aos estados. A desorganização da articulação política do governo também contribui para que a votação ocorra na segunda quinzena do mês;
- Paulo Guedes está insatisfeito com a desidratação da reforma e prepara uma compensação em outro projeto, o do pacto federativo. A ordem é que cada bilhão perdido seja recuperado na nova proposta. Não há detalhes, mas falava-se em R$ 500 bilhões de transferência de recursos do governo federal para estados e municípios.
Internacional
Dados de PMI sinalizaram contração da atividade das principais economias globais em setembro
- Na agenda econômica internacional, o foco de hoje esteve nas divulgações de dados de atividade mais fracos no Reino Unido, Zona do Euro e Japão;
- Na Zona do Euro, o PMI composto (que abrange tanto o setor industrial quanto o de serviços) caiu de 51,9 em agosto para 50,1 em setembro, atingindo o menor nível desde 2013 e sinalizando que a atividade na região está praticamente estagnada. Apesar da queda generalizada, o maior destaque negativo da região foi a Alemanha, cujo PMI caiu de 51,7 em agosto para 48,5 em setembro, atingindo um patamar muito abaixo da expectativa de mercado (52,5). As vendas no varejo da Zona do Euro apresentaram expansão de 0,3% em agosto ante julho, mas também surpreenderam negativamente o mercado, que esperava alta de 0,4%;
- Por fim, os dados de PMI de serviços do Reino Unido e do Japão também apresentaram resultados piores do que o esperado. No Reino Unido, o indicador caiu de 50,6 em agosto para 49,5 em setembro, sinalizando contração da atividade na região. E no Japão, o indicador recuou de 53,3 em agosto para 52,8 em setembro, mas permaneceu acima da marca dos 50 pontos, sinalizando expansão da atividade no país.
Disputa Comercial: Estados Unidos impõem tarifas sobre mercadorias da União Europeia
- Os Estados Unidos planeja impor tarifas em cerca de US$ 7,5 bilhões em importações de aeronaves, alimentos e outros bens vindos da União Europeia a partir de 18 de outubro. A OMC (Organização Mundial do Comércio) autorizou o aumento de tarifas após um processo de mais de 15 anos e trata-se de uma retaliação aos subsídios do governo europeu à companhia Airbus;
- Apesar da exclusão de artigos de couro e tarifas menores que o esperado sobre vinhos e outras bebidas alcoólicas, essa é a ação comercial mais significativa desde o aumento de tarifas de aço e alumínio no ano passado e deve dificultar as relações entre Estados Unidos e União Europeia.
Petróleo: Novo aumento nos estoques de petróleo dos EUA
- Ontem, os preços do petróleo caíram (-2,9%), refletindo uma preocupação com a desaceleração da economia global e um aumento maior do que o previsto nos estoques de petróleo americano;
- A Agência de Informação de Energia dos EUA (EIA) relatou um aumento de 3,1 milhões de barris nos estoques de petróleo dos EUA, acima das expectativas do mercado de 1,5 milhões de barris, dando continuidade ao movimento de crescimento da semana anterior (2,4 milhões de barris);
- Além disso também há um receito com relação as tensões comerciais entre EUA e União Europeia, haja visto que o governo americano anunciou ontem tarifas a bilhões de dólares em exportações da UE, após a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizar a Casa Branca a adotar medidas retaliatórias por causa de subsídios concedidos pelo bloco à Airbus. Nesta manhã de quinta-feira, os preços ainda operam em em queda de +0,42% em US$57,45/barril.
Empresas
Vale (VALE3): Destaques do evento para analistas e investidores corroboram nossa recomendação de Compra
- Participamos ontem do evento anual da Vale para Analistas & Investidores, na sede da empresa no Rio de Janeiro. A Vale reforçou sua forte posição como fornecedora de materiais de alta qualidade, enquanto as preocupações ambientais aumentam a necessidade de novas soluções e sofisticação de matéria-prima, levando a oportunidades para a empresa;
- As discussões também incluíram o caminho para que os riscos da Vale sejam mitigados, com quatro principais passos: (1) Reparar os danos da tragédia de Brumadinho; (2) Garantir a segurança das barragens e a integridade dos ativos; (3) Estabilizar a produção e alavancar a competitividade, enquanto a empresa espera redução de custos a partir do terceiro trimestre deste ano; e (4) Sustentar uma sólida geração de caixa, que traz várias oportunidades para alocação de capital e a Vale vai continuar a analisar e explorar as opções de forma disciplinada;
- Mantemos nossa recomendação de Compra para as ações da Vale. Na nossa visão, menores riscos adiante devem permitir que a Vale volte a negociar com base em fundamentos. Vemos as ações em um patamar muito atraente, negociando a 4x EV/EBITDA 2020, com um forte rendimento de geração de caixa de 12% no ano que vem. Clique aqui para ver o relatório completo, com os principais destaques do evento.
Frigoríficos: Exportações brasileiras de carne bovina acumulam alta de +9,2% em 2019
- Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o volume das exportações de carne bovina do Brasil acumularam alta de +9,2% no ano, somando 1,2 milhão de toneladas. O faturamento, por sua vez, atingiu US$4,9 bilhões, avanço de 4,6% de janeiro a setembro deste ano vs. ano passado;
- Apesar do avanço no acumulado do ano, os dados de setembro mostraram um recuo. Os embarques tiveram queda de -18,6% A/A, para 145kt, com as receitas recuando -12,8% no período, para US$609,4 milhões;
- A China continua sendo o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, importando 253kt entre janeiro e setembro, alta de +11,2%, frente ao surto de peste suína que atinge o país. Reiteramos nossa visão positiva para o setor.
Renda Fixa
Negociação de terrenos mais lenta em São Paulo para incorporadoras
- De acordo com o Valor Econômico, o mercado para a negociação de terrenos no estado de São Paulo pelas incorporadoras de média renda passa por momento mais complicado. A demanda por terrenos está alta, levando proprietários a tentar conseguir preços mais altos nas negociações;
- As incorporadoras se preparam para lançar novos projetos em 2020 e 2021, porém uma dificuldade encontrada é que a tendência de alta nos valores dos terrenos ainda não pode ser repassada aos preços dos imóveis de média renda, pois o mercado ainda vive momento de acomodação;
- Sob essas condições, as empresas que atuam no segmento de média renda deverão ceder aos preços mais altos ou reduzir a previsão de lançamentos. No entanto, empresas maiores e fundos imobiliários acabam sendo os principais compradores de terrenos e conseguem em geral negociar com vendedores, reduzindo possíveis pressões sobre indicadores financeiros no curto prazo.

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