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Mercados desabam após decisão da Arábia Saudita, petróleo opera em 21% de queda

Tudo o que você precisa saber sobre os mercados nacional e internacional, com análises econômicas e políticas sobre fatos que podem impactar seus investimentos.

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IBOVESPA -4,1% | 97.996 Pontos

CÂMBIO -0,23% | 4,63/USD

O que pode impactar o mercado hoje

O Ibovespa fechou a sexta feira em forte queda de 4,1% e baixou dos 100.000 pontos pela primeira vez desde agosto de 2019, fechando em 97.996 pontos, seguindo o movimento das bolsas globais. Porém, os investidores que esperavam notícias mais positivas durante o fim de semana foram surpreendidos pelo anuncio da Arábia Saudita de anunciar uma guerra de preços de petróleo, e anuncio da Itália de colocar em quarentena mais de 16 milhões de pessoas no Norte do país.

Dessa forma, os mercados operam em fortes baixas hoje pela manhã, com os índices na Ásia caindo entre 4-7%, Europa em queda de 7% e os futuros do S&P500 nos EUA negociando na mínima permitida para variação diária, que é de -5%. A busca por ativos de menor risco segue forte, com toda a curva de títulos americanos negociando abaixo de 1% e o mercado passando a precificar que o Banco Central americano (FED) baixe juros já pra próximo de 0% nas próximas reuniões. O Ouro continua subindo, com alta de +0,3% hoje, cotado a US$1.677/onça.

Coronavírus: a OMS computa 105.586 casos confirmados e 3.584 óbitos em 101 territórios. Neste fim de semana a Itália superou a Coreia do Sul como segundo país com maior número de casos, alcançando 7.375 confirmados. O governo anunciou novas medidas de prevenção que deixam Milão e Veneza em quarentena. No Brasil, já são 25 casos confirmados.

A Arábia Saudita iniciou durante o final de semana um processo de retaliação ao fracasso do acordo de cortes de produção na OPEP com a Rússia. Segundo notícias, a estatal petrolífera do reino, a Saudi Aramco (maior empresa do mundo listada em bolsa), está oferecendo elevados descontos de preços oficiais de venda de petróleo cru a partir de abril, e o reino está se preparando para elevar sua produção significativamente acima do patamar de 10 milhões de barris ao dia (mbpd). Isso levou a um grande choque no preço do barril de petróleo, que chegou a cair mais de 30% hoje pela manhã, e agora opera em queda de 21%, cotado a US$35,86/barril para o petróleo Brent.

No Brasil, a queda do preço do petróleo tende a reduzir a pressão na inflação doméstica e, portanto, deve reforçar o entendimento do mercado de que o Banco Central cortará a Selic em 0,50 ponto percentual na próxima semana. No entanto, os efeitos de aversão ao risco sobre o Real e o choque de oferta de diversos produtos vão na direção contrária, aumentando a incerteza sobre o plano de voo do BC. Seguimos acreditando que o Banco Central cortará 0,50 ponto percentual, levando a Selic para 3,75%. Na agenda do dia, o BC fará leilão de US$ 3 bilhão no mercado de câmbio à vista às 9h10, visando acalmar os mercados. Outras moedas de mercados emergentes, como o Peso Mexicano, operam hoje com 5% de queda.

Do lado político, os jornais reportam um aumento na temperatura no embate entre o governo e o Congresso no fim de semana que antecede as manifestações de 15 de março. Na sexta-feira, em São Paulo, Rodrigo Maia afirmou que o governo afasta investidores e que a omissão poderia levar ao “estancamento das reformas”. A resposta veio no sábado: Jair Bolsonaro chamou a população aos atos, que disse não serem contra o Congresso, e sustentou que político que tem medo de rua não serve para ser político. A cúpula do Congresso e do Supremo buscam uma reposta, mas tentam evitar um desgaste que alimente os atos do domingo que vem. Ontem à noite, no Twitter, o presidente da Câmara voltou ao tom conciliador, ao chamar a atenção para a necessidade de encaminhamento da agenda econômica. O aumento no nível do embate pode trazer mais turbulência para a discussão dos PLNs que o Planalto enviou ao Congresso para redistribuir os recursos do Orçamento impositivo vetados por Bolsonaro. Sem esse avanço, crescem as chances de a agenda no Legislativo continuar parada.

Publicamos um relatório ontem “Momentos turbulentos pela frente: revisando a carteira Top 10 ações XP” onde respondemos as principais perguntas que recebemos nos últimos dias. A principal delas é se a Bolsa brasileira pode cair ainda mais? Sim, acreditamos que a Bolsa brasileira possa corrigir ainda mais no curto prazo, apesar das fortes quedas recentes. Isso porque as bolsas nos países desenvolvidos, devem continuar sofrendo por conta do aumento dos riscos para a economia advindos dos impactos das restrições de oferta e demanda impostas pelo alastramento do Coronavírus e pela guerra de preços de petróleo iniciada esse final de semana pela Arábia Saudita.

No relatório, analisamos todos os episódios de fortes correções no Ibovespa nos últimos 20 anos, ou seja, momentos no qual o índice caiu mais de 15% do pico ao vale. A correção média foi de 27,5% em 19 desses períodos, vs. -18% na correção atual. A duração média dessas correções foi de 115 dias, comparado a 43 dias da correção atual.

Dado que o cenário externo tem se mostrando ainda mais desafiador, revisamos novamente nossa carteira Top 10 Ações XP, com a saída de JBS e VALE e inclusão de AmBev e Engie.Com isso, aumentamos ainda mais a exposição ao setor elétrico e de consumo doméstico e reduzimos a exposição aos setores cíclicos globais, reduzindo também o Beta da carteira – ou seja, a sensibilidade aos movimentos do mercado. Apesar disso, continuamos otimistas com as ações tanto da JBS e da Vale, com recomendação de Compra nos dois papéis. Temos R$39/ação de Preço-Alvo para as ações da JBS e R$64/ação de Preço-Alvo para a Vale. Assim, esse movimento tático visa apenas reduzir o risco da carteira, migrando para papéis mais defensivos durante esse mês de março.

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Temporada de resultados do 4º trimestre

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Brasil

  1. Governo pretende ampliar regra de saques do FGTS
  2. Mercado reduz sua projeção de PIB para 1,99% em 2020

Internacional

  1. Petróleo: Crise se aprofunda com retaliação da Arábia Saudita ao fracasso das negociações da OPEP+ para cortar produção

Empresas

  1. IRB (IRBR3): Antonio Cassio pode ser nomeado Presidente do conselho
  2. Companhias Aéreas (AZUL4, GOLL4): Isenção de PIS/Cofins sobre QAV pode sair esse ano
  3. Frigoríficos (JBSS3, MRFG3, BRFS3): problemas logísticos na China e aumento dos custos de produção estariam desafiando a indústria de carnes

Veja todos os detalhes

Brasil

Governo pretende ampliar regra de saques do FGTS

  • De acordo com o noticiário local, o governo estuda a possibilidade de permitir que trabalhadores antecipem o saque do FGTS;
  • A ideia consiste em permitir que os trabalhadores que optarem pelo saque-aniversário (que prevê retiradas anuais do Fundo) possam antecipar os resgates em até três anos somente para operações de crédito. O montante poderá também ser sacado em dinheiro, em critério de antecipação, ou usado como garantia de empréstimo em qualquer banco;
  • O Ministério da Economia estima que cerca de oito milhões de pessoas poderiam aderir ao programa, o que estimularia a concessão de R$ 100 bilhões em financiamentos em até quatro anos. A medida segue em estudo e pode ser anunciada até o final do mês.

Mercado reduz sua projeção de PIB para 1,99% em 2020

  • O mercado elevou marginalmente sua projeção de inflação para 2020 de 3,19% para 3,20%. Para 2021, a projeção permaneceu estável em 3,75%;
  • A projeção de PIB para 2020 passou de 2,17% para 1,99% e para 2021 permaneceu estável em 2,50%; A projeção da taxa de câmbio permaneceu estável em 4,20 para 2020, mas passou de 4,15 para 4,20 para 2021. Enquanto isso, a projeção da taxa Selic permaneceu estável em 4,25% para 2020, mas foi reduzida de 5,75% em 5,50% para 2021. Clique aqui para acessar a análise completa.

Internacional

Petróleo: Crise se aprofunda com retaliação da Arábia Saudita ao fracasso das negociações da OPEP+ para cortar produção

  • A Arábia Saudita iniciou durante o final de semana um processo de retaliação ao fracasso do acordo de cortes de produção na OPEP com a Rússia. Segundo notícias, a estatal petrolífera do reino, a Saudi Aramco (maior empresa do mundo listada em bolsa), está oferecendo elevados descontos de preços oficiais de venda de petróleo cru a partir de abril, e o reino está se preparando para elevar sua produção significativamente acima do patamar de 10 milhões de barris ao dia (mbpd);
  • A notícia é uma sinalização negativa aos preços de petróleo, dado que o mercado da commodity pode rapidamente chegar a uma situação de excesso de oferta e elevação rápida de estoques devido ao efeito combinado de (1) queda abrupta da demanda devido aos impactos negativos do coronavírus à economia global e (2) um potencial aumento de produção desenfreado pelos países da OPEP e seus aliados com o fim da aliança para controle de oferta. A notícia levou a um grande choque no preço do barril, que chegou a cair mais de 30% hoje pela manhã, e agora opera em queda de 21%, cotado a US$35,86/barril para o petróleo Brent;
  • Para concluir, nossa visão é a de que é necessário cautela com ativos relacionados ao setor de petróleo e gás no curto prazo, em particular àqueles mais expostos às atividades de exploração & produção (normalmente agrupados na sigla E&P) e refino, enquanto o setor de distribuição de combustíveis deve sofrer impactos marginais relacionados à desvalorização de estoques. Clique aqui para acessar nosso relatório completo.

Empresas

IRB (IRBR3): Antonio Cassio pode ser nomeado Presidente do conselho

  • Segundo jornais locais, Antonio Cassio pode ser nomeado presidente do conselho do IRB. Cassio substituirá Ivan Monteiro, que deixou o IRB em 28 de fevereiro;
  • Cassio é um executivo experiente no segmento, já ocupou cargo de diretor financeiro de uma companhia de seguros desde 1985 e atualmente é o CEO da companhia de seguros italiana, Generali, nas regiões das Américas e sul da Europa;
  • A nomeação, se confirmada, não surpreenderá, pois o perfil do executivo corresponde ao comunicado para o mercado por Pedro Guimarães na última teleconferência. No entanto, como alguém com experiência no segmento, Cassio poderia esclarecer algumas das incertezas remanescentes em torno do IRB, embora seja cedo para saber se o novo presidente estaria disposto a discorrer sobre estes assuntos.

Companhias Aéreas (AZUL4, GOLL4): Isenção de PIS/Cofins sobre QAV pode sair esse ano

  • De acordo com o jornal Estado de S. Paulo, o Ministério da Infraestrutura trabalha para que o governo edite ainda neste ano decreto para zerar a partir de 2021 o PIS/Cofins do querosene de aviação (QAV). O tributo é alvo da proposta de reforma que tramita no Congresso e está em estudo pelo governo;
  • A estimativa é que a arrecadação do tributo incidente no combustível seja de R$ 250 milhões ao ano. Ao zerar o tributo, R$ 0,07 seriam reduzidos no preço do litro do QAV, que custa em torno de R$ 3,00. Pela proposta no Executivo, ainda não apresentada, o PIS/Cofins seria substituído pelo IVA Federal;
  • Combustível representa cerca de 35% dos custos das companhias e, portanto, essa medida seria positiva tanto para as aéreas que operam no país como para manter a atratividade do setor. Porém, ressaltamos que o timing dessa medida ainda é incerto, e potencialmente beneficiaria as empresas a partir de 2021 apenas.

Frigoríficos (JBSS3, MRFG3, BRFS3): problemas logísticos na China e aumento dos custos de produção estariam desafiando a indústria de carnes

  • Problemas logísticos na China e aumento dos custos de produção estariam desafiando a indústria de carnes neste começo de 2020, após um ano de 2019 estelar para o segmento. Com o agravamento do coronavírus na China e a consequente desaceleração da economia chinesa, os portos se tornaram um problema, e contêineres parados no país passaram a ser desviados para outros destinos;
  • Aos poucos, a avaliação de fontes da indústria é que a atividade nos portos está se normalizando, mas que vai demorar algum tempo até que todos os efeitos colaterais na logística sejam resolvidos. Além disso, a avaliação é que a menor circulação de pessoas na China reduzirá o consumo fora do lar, impactando negativamente a demanda por proteínas;
  • Do lado dos custos de produção, em fevereiro, o indicador Esalq/B3 para o boi gordo subiu 5,74% em São Paulo, superando a casa de R$ 200 por arroba outra vez. A avaliação na indústria é que esses preços não remuneram a carne vendida no mercado interno, afetando sobretudo os frigoríficos menores que não exportam e, portanto, não conseguem se beneficiar do dólar valorizado.
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