Recuperando a credibilidade do mercado de carbono

O mercado de carbono é crucial para o futuro sustentável e, na Expert XP 2024, especialistas debateram os caminhos para restaurar sua credibilidade. Janaína Dallan, CEO da Carbonext, Paulo Laguardia, superintendente de operações sustentáveis da Orizon, Annie Groth, representante da Verra no Brasil, e Marcella Ungaretti, head de Research ESG da XP, compartilharam suas perspectivas sobre os desafios e as soluções necessárias para fortalecer esse mercado, garantindo transparência e impacto ambiental positivo. 

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Integridade do mercado

Para Marcella, é difícil falar do mercado de carbono, atualmente, sem falar também de confiança e credibilidade. Em linha, Janaína comentou sobre o momento transformacional que o mercado está enfrentando, caminhando para um “momento de transparência absoluta, onde conseguimos verdadeiramente separar os projetos que são bons dos ruins”. Segundo Annie, é bom estarmos passando por esses questionamentos, caminhando para a recuperação da credibilidade do mercado.

De forma geral, para os palestrantes, o “copo meio cheio” é que estamos avançando para adotar metodologias mais rígidas.

Desafios do lado da oferta e da demanda

Para a Janaína, estamos enfrentando alguns problemas na geração de projetos. Segundo ela, “o processo de certificação está levando muito tempo”. De acordo com Annie, “o maior medo da Verra é virar um bottleneck“. Embora ela tenha reconhecido que o timing de certificação de um projeto seja longo – variando de acordo com metodologia, tipo de projeto e local -, ela reforçou que a organização está digitalizando alguns processos e contratando mais pessoas para destravar esse fluxo.

Os palestrantes comentaram ainda que a demanda estava crescendo, mas foi impactada pela crise de legitimidade. Contudo, para Janaína, “a demanda existe, ela só está um pouco reprimida, mas já está dando sinais de recuperação”.

Do ponto de vista da empresa, Paulo comentou sobre a importância da diversificação do portfólio, lembrando que a Orizon teve bastante sucesso em registrar e vender seus projetos de créditos de carbono. Segundo ele, “quando pensamos em crédito de carbono, pensamos em floresta, mas a diversificação é fundamental”. Nesse sentido, ele lembrou que a empresa trabalha com projetos de destruição de metano, que possui um potencial de aquecimento global 20% maior que o CO2.

Potencial do Brasil

Segundo Janaína, o Brasil tem o potencial de representar 15% das oportunidades globais de soluções baseadas na natureza, atraindo cerca de US$ 1,5 bilhão em recursos para o país. Contudo, para Paulo, o país está deixando passar a janela de oportunidade. De acordo com Annie, “o potencial do Brasil é também o nosso calcanhar de alquiles: o desmatamento”. Nesse sentido, ela comentou que o maior potencial de projetos no Brasil é o Afforestation, Reforestation, and Revegetation (ARR) depois Redd+ (conservação). Em contexto, a Verra hoje tem 273 projetos no pipeline de aprovação, só que apenas 30% deles foram registrados.

Sobre o PL do mercado regulado, os palestrantes concordaram com a importância de um rápida aprovação, comentando que possivelmente veremos alguns avanços importantes ao longo dos próximos meses. Para eles, o mercado regulado tem um papel muito importante e traz segurança para o comprador.

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