‘As empresas que não colocarem o funcionário em primeiro lugar vão ter dificuldade para reter talentos’, diz Adam Grant

A pandemia mudou não só a forma com que as pessoas se relacionam nas empresas, com a adoção do trabalho remoto, mas também trouxe novos desafios para as companhias de como manter a criatividade e que novas habilidades um líder deve ter para lidar com essa nova realidade pós-pandemia. O psicólogo e atualmente professor da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, Adam M. Grant, disse que “as empresas que não colocarem os funcionários em primeiro lugar vão ter dificuldade em reter talentos”. Adam participou do painel do último dia da  Expert XP 2021.

Nesse sentido, Grant disse que é fundamental dar apoio à saúde mental dos colaboradores, “os gestores estão tendo muita dificuldade com isso”, disse.

Especializado em psicologia organizacional, Grant é autor dos best sellers “Dar e Receber”, “Pense de Novo” e “Originais” e tem estudado o desempenho de várias empresas. Veja abaixo os principais destaques do painel.

Veja abaixo os principais destaques da palestra.

É preciso ter equilíbrio entre a vida pessoal e profissional

A pandemia tornou mais difícil separar a vida pessoal da profissional, com as pessoas trabalhando mais, passando de uma reunião para outra, com consequências para a saúde mental dos funcionários, que já tem afetado a produtividade. Grant defende que é preciso ter um tempo para se desconectar do trabalho, reservar um tempo para não responder e-mails. “As pessoas só tiram tempo livre quando estão doentes”. “Não tem separação entre corpo e mente. Você precisa ter a permissão para tirar uns dias livres, ligar para a empresa e dizer que está triste e vai tirar uma semana de folga para cuidar da saúde mental e recarregar as energias”, disse.

Segundo Grant, as pesquisas mostram que os segmentadores, que conseguem separar a vida pessoal da profissional, tendem a ter uma vida mais saudável.

Como manter a criatividade trabalhando remotamente

Grant disse que fazer reuniões de brainstorm pelo Zoom não funciona por três fatores:  bloqueia a produção, os mais tímidos não conseguem interagir, ameaça ao ego e por causa da conformidade, que leva as pessoas concordarem com as outras porque acham que elas têm opiniões melhores. A sugestão dada por ele é fazer dinâmica primeiro individualmente, dando alguns minutos ou um dia para os colaboradores mandarem suas ideias para depois discutí-las em grupo.

Pensar como “cientista” ajuda na criatividade

Quando se fala em inovação, pensar como cientista ajuda na mentalidade de líder, testar as novas ideias, procurar pensar por que elas podem dar errado, testar novos produtos.

Na pesquisa observada por ele, o grupo com pensamento de cientista trouxe 40% de receita a mais que os empreendedores, que focavam muito na crítica de por que não deu certo, enquanto o perfil de ‘político’ pediu apoio do conselho para não mudar o status quo.

Líderes precisam de novas habilidades

Quando se fala em liderança, logo se pensa em estereótipos com algumas características como dominante, assertivo e carismático. Mas Grant diz que o bom líder tem que ter a capacidade de ouvir, de ter empatia, ser humilde. “Precisamos mudar os estereótipos de líder, de dominância, precisão ser assertivo”, disse.

Nesse sentido, ele destacou os homens se sentem mais confiantes na habilidade de liderança, mas nas avaliações 360, as mulheres são classificadas como mais competentes.

Ele destacou que é preciso mudar a distribuição de tarefas por gênero e sim por perfis. Grant citou como exemplo  muitas atividades consideradas não estratégicas,  como organizar um evento, escrever uma ata de reunião, são designadas às mulheres, enquanto os homens, quando incumbidos dessas atividades podem não querer cumpri-las sem nenhum problema.

Importante atrair pessoas que possam ampliar a cultura da empresa

Grant destacou que as empresas precisam definir seus valores principais e depois de ter três a quatro valores claramente definidos elas devem buscar pessoas que vão enriquecer essa cultura, que vão preencher as lacunas. “Por exemplo, se você tem uma cultura muito concentrada em tarefa e trazer um CEO mais focado em relacionamento ou vice-versa, vai ter um desempenho financeiro alto”, disse.

Ele citou como exemplo uma empresa que criou o mouse de computador e contratou antrópologos para tocar projetos em diferentes áreas, como supermercado

Grant destacou que as empresas podem buscar inovação promovendo, por exemplo, torneios, em que todos os colaboradores podem dar novas ideias para desenvolver um projeto. Ele citou como exemplo os torneios de inovação da Dow Chemical para reduzir custos em que todos os funcionários da fábrica participaram, que trouxe uma economia de US$ 100 milhões por ano. “A maioria das ideias veio do chão de fábrica,”, disse.

Pai de três filhas ele citou que a colaboração, a capacidade de adaptação e agilidade de aprendizado como as três competências que ele julga importante os pais incentivarem em seus filhos. “Talvez , ao invés de notas, a gente tenha que perguntar quem você ajudou e quem ajudou você”, disse.

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