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Pacote fiscal (versão atualizada): nossa visão preliminar sobre seu impacto potencial

Um novo pacote de medidas fiscais deve ser anunciado na próxima semana.

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Discussões sobre um novo pacote fiscal ganham força após alta do IOF

Um novo pacote de medidas fiscais deve ser anunciado na próxima semana. As possíveis medidas incluem: revisão de gastos tributários, mudanças na complementação da União ao Fundeb, nos pisos de saúde e educação, reforma administrativa, antecipação de dividendos do BNDES, aumento da CSLL e da tributação sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP) e receitas do petróleo. Abaixo, avaliamos cada uma dessas medidas e seus possíveis impactos.

1. Gastos tributários

Descrição: A medida envolve a redução ou extinção de benefícios fiscais. Destacamos que um corte linear nos benefícios é técnica e juridicamente inviável. Por exemplo, um corte de 5% exigiria a exclusão de 5% das empresas do Simples Nacional – o que é impossível, dado que qualquer critério para isso seria arbitrário. Assim, ajustes precisam ocorrer em programas específicos – hoje existem 100 benefícios vigentes.

Impacto: Depende do programa reduzido ou extinto. Por exemplo, a revogação dos benefícios para títulos isentos do setor imobiliário e do agronegócio – já discutida na reforma do Imposto de Renda – teria impacto estimado de R$ 18,1 bilhões em 2026.

Necessário: Depende do programa. Zona Franca de Manaus e entidades filantrópicas exigem proposta de emenda à constituição (PEC); Simples Nacional requer lei complementar. Para outros casos, lei ordinária basta. O exemplo citado (títulos isentos) teria efeito apenas a partir de 2026.

2. Fundo de desenvolvimento da educação básica (Fundeb)

Descrição: Em 2020, o Fundeb foi renovado com regra que eleva progressivamente a complementação da União de 10% para 23%. Em 2025, a complementação atingiu 21% (R$ 59,1 bilhões). A medida discutida envolve manter ou reduzir esse percentual nos próximos anos.

Impacto: Manter a complementação em 21% em 2026 (em vez de subir para 23%) geraria economia de R$ 6 bilhões.

Necessário: Mudança exige emenda constitucional.

3. Pisos de saúde e educação

Descrição: Atualmente, os pisos são vinculados à receita (15% da receita corrente líquida para saúde e 18% da receita de impostos para educação). A proposta é atrelar os pisos ao limite de crescimento do novo arcabouço fiscal, de forma similar ao salário mínimo.

Impacto: Pequeno no curto prazo. Considerando o relatório resumido de execuçaõ orçamentária (RREO) e o projde de lei de diretrizes orçamentárias (PLDO) de 2026, o impacto seria de R$ 4,9 bilhões em 2026, mas se tornaria negativo (ou seja, aumento de despesa) em 2027 e 2028.

Necessário: Requer emenda constitucional.

4. Reforma administrativa

Descrição: A reforma trata de regras de contratação, desligamento, progressão e promoções no setor público. Uma das possibilidades é limitar os supersalários.

Impacto: Não afeta despesas no curto prazo, pois busca ganhos de produtividade. O limite a supersalários pode gerar economia de R$ 5 bilhões (R$ 1,5 bilhão na esfera federal), segundo o Centro de Liderança Política (CLP).

Necessário: Requer mudanças constitucionais e legais.

5. Juros sobre Capital Próprio (JCP) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

Descrição: Trata-se da retomada de medidas propostas no ano passado, no âmbito do PL n.º 3.394/24, como parte das ações orçamentárias para reforço de receitas. No caso da CSLL, a proposta previa um aumento de 1 p.p. em todas as alíquotas. Já no JCP, a mudança consistia na elevação da alíquota do Imposto de Renda retido na fonte de 15% para 20%.

Impacto: Como alterações tributárias envolvem certo grau de incerteza, sobretudo devido a efeitos de segunda ordem (como mudanças de comportamento dos agentes), adotamos as estimativas divulgadas pelo governo: impacto de R$ 14,9 bilhões com CSLL e R$ 6,0 bilhões com a tributação do JCP em 2025. Contudo, como o aumento da CSLL requer noventena e as mudanças no JCP só entrariam em vigor no próximo ano, o impacto em 2025 seria de apenas R$ 3,7 bilhões. Para 2026, a arrecadação adicional chegaria a R$ 22,5 bilhões.

Necessário: As mudanças podem ser realizadas por meio de lei ordinária.

6. Dividendos do BNDES

Descrição: O balanço do BNDES mostra uma disponibilidade de R$ 16 bilhões em reservas para dividendos. Parte desses recursos já foi incluído no último relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas, mas ainda há disponibilidade para distribuição.

Impacto: Estimamos entre R$ 6 bilhões e R$ 10 bilhões.

Necessário: Decisão administrativa do conselho do BNDES.

7. Receitas do petróleo

Descrição: As medidas incluem:

i) mudanças no Imposto da Participação Especial (SPT);

ii) mudanças no preço de referência do petróleo da ANP;

iii) leilão de áreas não contratadas (não recorrente);

iv) acordo de individualização no campo de Jubarte (não recorrente);

v) leilões de blocos exploratórios. Para detalhes, veja o relatório do time de Oil & Gas.

Impacto: Estimativas variam de R$ 35 a R$ 40 bilhões, sendo:

  • R$ 9 bilhões via Participação Especial;
  • R$ 3 bilhões por preço de referência da ANP;
  • R$ 15 bilhões com leilões de áreas não contratadas;
  • R$ 3,3 bilhões via leilões e outras medidas. Obs.: mudanças na PE e no preço de referência impactam as empresas, podendo reduzir arrecadação via IRPJ e CSLL.

Necessário: Apenas o item iii exige lei específica; os demais são possíveis via atos administrativos.

Somando tudo

O pacote pode gerar impacto de R$ 38 bilhões em 2025 e R$ 66 bilhões em 2026. Em estimativa preliminar, com base em informações da imprensa e hipóteses adicionais, vemos um potencial de R$ 38 bilhões em 2025 (100% via receita). Para 2026, o impacto chega a R$ 66 bilhões, dos quais R$ 53,6 bilhões em receitas e R$ 12,4 bilhões via contenção de despesas.

Detalhes devem ser anunciados na próxima semana. Após a divulgação oficial, avaliaremos novamente os impactos efetivos e o potencial das medidas para atingir o ajuste estrutural necessário.

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